Pra começar, hj em dia, acho um porre esse negócio de lista. Se todo mundo tem suas listas, que sentido tem em simplesmente fazer mais uma? Quem se importa? Who fookin cares? Com todo o respeito aos nossos amigos partidários de Nick Hornby que gostam, ainda se importam e se dão ao trabalho de elaborar listas sérias e sinceras, mas... na boa: esse ano eu num vi nada de Melhor em relação aos anos anteriores, não. Pra mim, continua tudo a lesma lerda. Então.
Filme do ano: Bob Esponja - O Filme. O senhor Calça Quadrada se supera (em relação aos episódios na TV) e nos oferece uma hora e meia de puro delírio - meio ingênuo, meio sacana -, para rachar o bico de tanto rir. Quando estréia o 2?
CD do ano: eu sei lá. Num ouvi quase nada dessas coisas que andam elegendo por aí, não. E tb num vou pagar o mico de dizer que o disco novo do Libertines é maravilhoso, por que NÃO É. Aqueles meninos tem que comer muito feijão, ainda.
The Killers, então?
Ah, tá.
Olha, eu sou de um tempo em que banda de rock que se dizia influenciada por Duran Duran tomava era MUQUETA NAS FUÇA. E Franz Ferdinand tb é chato pra caralho, tenha a santa paciência. Então, anota aí: disco do ano: Feitiço do Rio, de Agnaldo Timóteo. Quem sabe qdo eu ouvir esses tais Arcade Fire, The Shins e coisa e tal eu mudo de opinião.
Show: Teenage Fanclub em Recife. Agora eu tô falando sério. Tanto, que nem quero falar mais nada.
HQ do ano: América, de Robert Crumb. Desse aqui eu já falei. Clica aí do lado em Dezembro e dá uma fuçada nos meus posts.
HQ mensal do ano: Marvel Max, em qualquer banca por meros R$5,50. Agora eu cheguei aonde eu queria. A Marvel Max (da Panini Comics) é a revista que publica aqui no Brasil os títulos da atual divisão de hqs adultas da Marvel (nos anos 80 era a Epic Marvel, quem lembra do Dreadstar?), com palavrões, insinuações de sexo (hetero e homossexual) e drogas liberadas. A revista tem 76 páginas (o que comporta três títulos de 24 páginas por mês), e atualmente publica as séries Alias, Poder Supremo e Thor: Vikings.
A primeira, do ultra-hypado (no mundo dos quadrinhos) Brian Michael Bendis, apresenta as aventuras de Jessica Jones, uma detetive (com uma certa predileção por sexo anal) que já foi super, mas que abandonou as roupas colantes por que decidiu crescer. O destaque aqui são os diálogos ultra realistas e irônicos que Bendis coloca na boca dos personagens. Impossível não se identificar com os dramas vividos pela detetive e seus clientes em um mundo cheio de gente que, quando não é mutante, adquiriu super poderes por que foi picado por algum inseto radioativo. A série tem ritmo de seriado de TV, tipo um CSI da vida. Infelizmente, no caso de Alias, algum conhecimento prévio da mitologia dos personagens Marvel ajuda na compreensão das histórias, mas a série tb não chega a deixar o neófito boiando, não. Essa série é fixa, sendo encontrada todo mês na revista. O Bendis também anda botando pra fuder na atual série do Demolidor, considerada por muitos (eu aí incluído) o melhor momento do herói desde sua emblemática fase com Frank Miller.
Poder Supremo é escrita pelo roteirista de televisão Joseph Michael Straczinsky (Babylon 5) e apresenta uma nova versão para um antigo grupo de heróis da Marvel, o Esquadrão Supremo. O Esquadrão nada mais era que um plágio marveliano da Liga da Justiça (da DC Comics) para contracenar com os Vingadores (o super grupo da Marvel) em algumas histórias. Abandonados há mais de uma década, eles voltaram com um novo enfoque, ultra-realista. O que aconteceria se o Super Homem realmente caísse na terra? Será que o governo dos EUA passaria batido e deixaria o ser mais poderoso que já existiu ser criado por um casal de caipiras do Kansas, como aconteceu com o Super convencional? Pode apostar que não. Poder Supremo apresenta versões perversas (e ainda muito misteriosas) dos seus heróis preferidos da DC no traço extraordinário do artista Gary Frank. Essa série é o maior sucesso do selo e está deixando a comunidade nerd (americana e brasileira) de cabelos em pé com seu ritmo lento, porém enervante e constante, e a personalidade sinistra apresentada pelos seus personagens inspirados no Azulão, Batman, Mulher Maravilha, Lanterna Verde, Flash e Aquaman. Se Alias tem ritmo de série de TV, essa aqui tem dava um puta blockbuster super produzido com milhares de efeitos especiais. Com a vantagem de ter um texto realmente bom e personagens igualmente bem desenvolvidos.
Já Thor: Vikings é uma mini-série em quatro edições escrita pelo irlandês mais porra louca do mundo dos quadrinhos, Garth Ennis, o homem que botou Deus pra correr em Preacher, uma das melhores séries dos anos 90 (fácil-fácil ao lado de Sandman de Neil Gaiman e Os Invisíveis de Grant Morrison. E olha que eu nem li até o fim, no número 65). Em Vikings, vemos Nova Iorque invadida por um bando feroz de bárbaros vikings mortos-vivos. Desculpa perfeita para o senhor Ennis e seu desenhista Glenn Fabry (o monstro capista de Preacher) nos brindarem com uma infinidade de crânios rachados por machadadas, corpos fatiados a golpes de espada e maxilares arrancados na base da maça. Lindo. Somente Thor, o Deus do Trovão (ai, santa!) poderá nos salvar. Esse cara (Ennis) odeia super-heróis. Uma vez, em uma história do Justiceiro, ele fez o baixo-astral do Frank Castle usar o Homem-Aranha de escudo e saco de pancada contra um mercenário russo vítima de experiências que o fizeram ficar super forte. O detalhe é que a experiência teve o efeito colateral de fazer crescerem seios enormes no tal mercenário. Já imaginou? O Homem Aranha apanhando que nem mala velha de um russo com seios maiores que os da Fafá de Belém? Com Garth Ennis, as coisas sempre descambam pro bizarro.
O único ponto negativo dessa revista é que, por ser tão boa, vc acaba de ler em 10, 15 minutos. Mas quando a coisa é boa, é assim mesmo.
Para felicidade dos nerds chegados em bizarria e violência gratuita, o selo Marvel Max já publicou e continua publicando diversas outras séries, ainda que a maioria nem chegue aqui no Brasil, infelizmente. Confira aqui ótima matéria do site Fanboy sobre a linha de hqs adultas da Marvel com uma descrição série a série.
É isso, toda essa diversão está logo ali na banca da esquina. E isso, pra mim, foi a melhor coisa do ano. Corre lá e depois me diz o que vc achou.
Blog (que, nos seus primórdios, entre 2004-05, foi de um programa de rádio) sobre rock e cultura pop. Hoje é o blog de Chico Castro Jr., jornalista formado pela Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia. Atualmente, é repórter do Caderno 2+ do jornal A Tarde, no qual algumas das matérias vistas aqui foram anteriormente publicadas. Assina a coluna Coletânea, dedicada à música independente baiana. Nossa base é Salvador, Bahia, a cidade do axé, a cidade do terror.
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Um comentário:
Esse negocio de lista virou uma especie de tradição, e tem que ser levado meio na brincadeira, postei no clash city rockers algumas das bandas novas que devem acontecer em 2005 segundo o que eu escutei e li.Lista de melhores eu não fiz, e não sei se vou fazer, mas pra mim o disco do ano foi o Antics do Interpol, baixei a maior parte dele na net e estou esperando o lançamento no Brasil pra escutar as duas faixas que eu não tenho, Narc e C´Mere, mas o o que eu ouvi já me bastou.Agora Chicão tambem é show em HQ.
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