domingo, julho 29, 2012

MOROTÓ SLIM DÁ BAIXA NA ESPAÇONAVE SÔNICA DOS RETROFOGUETES, JÚLIO MORENO ASSUME POSTO, BANDA É CONTEMPLADA EM EDITAL PARA GRAVAR DISCO NOVO


Em qualquer saga espacial, baixas são um acontecimento comum (e até mesmo esperado) entre os tripulantes das naves.

O que não quer dizer que seja fácil.

Agora chegou a hora da espaçonave sônica chamada Retrofoguetes (foto: Sora Maia) dar “até logo” a um de seus principais tripulantes.

Morotó Slim, o fabuloso guitar hero que ajudou a definir o som da banda nos seus dez anos de atividades, acaba de deixar a ponte de comando da nave.

No seu lugar, assume o experiente imediato Julio Moreno (na foto mais abaixo, a bordo do Trio Foguetão, em foto de Paula Berbert).

Egresso das distantes terras de além do Rio da Prata (Baia Blanca, Argentina), Julio já singrava a imensidão sideral a bordo dos Retrofoguetes há anos: há pelo menos cinco, é membro da chamada “equipe Retrofolia”, responsável pelo baile anual de Carnaval da trupe.

Mas afinal, por que Morotó, com quem o baterista Rex vem tocando em conjunto há mais de 20 anos, deixou a banda?

A trajetória da dupla atravessou três bandas: a seminal Os Feios,  The Dead Billies e Retrofoguetes.

Há pelo menos duas versões para a saída de Morotó – que, na verdade, se completam e não deixam margem para dúvidas: não houve briga no processo.

“Eu não estava mais conseguindo acompanhar a banda no caminho que ela vem tomando nos últimos anos”, declarou Morotó. “Resolvi sair para que a banda não pare, para que dê continuidade a sua trajetória”.

“E fui eu mesmo quem sugeriu o nome de Julio  para ficar no meu lugar. Apesar de ser argentino, Julio é um grande músico”, descontrai Morotó.

Já Rex, apesar de não demonstrar qualquer traço de mágoa com o velho amigo, se permite discordar: “Eu tenho uma visão diferente. Não que não seja verdade (o que Morotó diz), mas acho que faltou um pouco mais de dedicação. Pra mim, foi uma questão de disponibilidade, mesmo, de ter tempo para a banda”, acredita.

Disco novo, bola pra frente

Portanto, a amizade e a colaboração mútua – incluindo o baixista CH Straatman e Julio – continua.

“Além do Retrofolia, que Morotó  vai participar sempre, ainda tocamos juntos na Les Royales, nossa banda de covers de rockabilly”, lembra Rex.

A questão com Morotó, que já era antiga (“Desde ates do Cha Cha Cha, nosso disco de 2009”, segundo Rex) se precipitou para a saída definitiva do guitarrista com o anúncio, no início dessa semana, dos contemplados nos editais do Fundo de Cultura da Fundação Cultural do Estado da Bahia (Funceb-Secult).

A banda terá direito a quantia de R$ 46.450 para gravar seu novo disco, já intitulado Dramascope Vol. 1.

Com isso, eles já entram em estúdio neste semestre, sob a batuta do de outro colaborador de longa data, o produtor andré t.

“O anúncio do edital foi o ponto de virada pra mim. Tive que tomar uma decisão definitiva”, diz Morotó.

“Não vai ser fácil pra mim calçar os sapatos de Morotó. As comparações serão inevitáveis”, admite Julio. “Mas me sinto imensamente privilegiado por ter sido escolhido”, diz.

Já CH dá as boas-vindas ao novo tripulante: “Julio sempre foi um cara que estava colado na gente, musicalmente e como amigo. Então foi natural ele ser efetivado na banda”, observa.

Agora, em Dramascope, os Retrofoguetes vão “aprofundar o conceito original da banda. A relação com o cinema, principalmente”, detalha Rex.

“Para nós, compositores de trilhas de cinema são tão influentes quanto outras bandas de rock. Vamos trabalhar com muitos sopros, percussão, cordas, na linha do chamado spy jazz”, conclui o baterista.

CRONOLOGIA RESUMIDA RETROFOGUETES: DEZ ANOS A JATO

2002: Das cinzas do The Dead Billies, nasce o trio de surf music instrumental Retrofoguetes, com Morotó Slim, Rex e Joe Tromondo (foto Marcos Bragatto)

2003: Depois do EP de estreia (Protótipo de Demonstração 1, independente), a primeira baixa: Joe vai tocar com Pitty. Entra CH Straatman. Sai o CD Ativar Retrofoguetes! (Monstro Discos)


2004:  Indicação ao Prêmio Claro de Música, categoria instrumental. Lançam o compacto em vinil O Maravilhoso Natal dos Retrofoguetes (Monstro Discos)

2006: Começam os bailes Retrofolia, ponto de partida para a retomada da guitarra baiana

2008: Trio Foguetão (foto Jera Cravo) rende a Morotó um Troféu Dodô & Osmar (Melhor Instrumentista). A música Asteroide Fantasma é trilha de comercial premiado em Cannes e Berlim,  pela agência paulista F/Nazca 

2009: Sai Cha Cha Cha (Indústrias Karzov), o segundo álbum. O show de lançamento, para um TCA lotado, é consagrador. A faixa Maldito Mambo! ganha  prêmio de Melhor Arranjo (de autoria de Letieres Leite), no Festival Educadora FM. A Orkestra Rumpilezz, de Letieres, participa da música, com seus metais em brasa

2010: Se apresentam pela primeira vez no exterior, em Buenos Aires, Rosário e La Plata (Argentina)

2012: Segunda baixa: sai Morotó, entra o antigo colaborador Julio Moreno. Entram em estúdio para gravar Dramascope Vol. 1.





www.reverbnation.com/retrofoguetes
www.myspace.com/retrofoguetes
www.twitter.com/retrofoguetes

terça-feira, julho 24, 2012

DE VOLTA AOS PALCOS, LO HAN ANUNCIA ÁLVARO ASSMAR COMO PRODUTOR DO PRIMEIRO ÁLBUM

Ativa na cena roqueira local desde 2005, a banda de hard rock Lo Han (foto: Marcelo Nunes) tinha dado um tempo para se estruturar entre algumas trocas de integrantes.

Há alguns dias, contudo, anunciou sua volta aos palcos, enquanto se prepara para entrar em estúdio e gravar seu primeiro álbum cheio – que aliás, será pilotado pelas hábeis mãos do bluesman Álvaro Assmar como produtor.

Difícil pensar em alguém mais adequado para a tarefa – pelo menos, no limitado mercado local.

Já no último sábado, a Lo Han e a divertidíssima Capitão Parafina & Os Haoles lotaram o Portela Café no show que marcou a volta da banda aos shows ao vivo.

Com a voz rouca ainda na manhã de segunda-feira (a night de sábado foi boa mesmo, pelo jeito) o guitarrista Alexandre Amoedo contou que a parada da banda até recentemente foi também para a galera se dedicar à composição do repertório autoral.

“O principal compositor da banda é o nosso tecladista, Ricardo Lopo, um cara muito criativo, que ainda tem um projeto solo, o Nefasto, que é bem divertido”, conta.

De um ano para cá...

Além de Alexandre e Ricardo, a Lo Han ainda conta com Rafael Breschi (vocais), Caio Aslan (guitarra), André Sodré (baixo) e Thiago Brandão (bateria).

“Levou um tempo, mas finalmente conseguimos estabilizar com essa formação atual, após um longo rodízio de bateristas”, acrescenta Alexandre.

Já Álvaro Assmar, patrono do blues baiano e membro de uma antiga banda de hard rock local, a Cabo de Guerra, foi procurado por iniciativa própria dos caras da Lo Han.

“A gente estava procurando alguém para dar umas dicas, fazer uma direção musical. Falamos com ele, que pediu para  mandar algumas músicas. Tínhamos só umas três, mas foi o bastante”, relata.

Álvaro sugeriu que a banda gravasse um disco, mas ainda não havia repertório suficiente. Isso foi há um ano, tempo que os rapazes utilizaram para se dedicar à criação e ao arranjo das músicas.

“Agora está tudo pronto. Até queríamos já ter começado, mas adiamos em função desse show de sábado passado, por que estávamos com saudade do palco. Em outubro, na pior das hipóteses, a gente começa a gravar, no Estúdio Em Transe”, conclui Alexandre.

www.facebook.com/lohanband

NUETAS

Finais de temporada
Fim de mês, fim de algumas temporadas. Falsos Modernos encerra suas quartas-feiras no Visca Sabor & Arte, 21 horas, com Callangazoo de banda convidada, R$ 10. Já sábado, 28, os rappers do Simples Rap’ortagem sacam seus chapéus de palha e fecham temporada no Donna Cheffa, com Afro Jhow colado na fita, às 22 horas, R$ 20 e R$ 10. O gaitista de blues Diego Orrico (foto: Breno Pádua / Papo de Gaita) fecha suas sextas-feiras no Visca, acompanhado de super banda, R$ 14. É a última chamada, depois não digam que ninguém avisou...

Bolo de Calangazoo
Anime seu domingão: Callangazoo e Zé Chico Bolo Doido se apresentam no Donna Cheffa. Com propostas similares, as duas as bandas praticam o indie MPB / rock tropical. Destaque para o frontman do Callangazoo, o figuraça Cebola Pessoa. 18 horas, R$ 10.

sexta-feira, julho 20, 2012

MAIS E MELHORES PREGAÇÕES DO REVERENDO T


Ajoelhai-vos, hereges!

O  Reverendo T. (foto: Wilson Santana) está de volta com sua poesia cantada / música falada em um novo EP com seis faixas, disponível para download.

Hein? Nunca ouviu hablar?

Então, receba: Reverendo T. é Tony Lopes, alguém a quem o colunista só não chama de “dinossauro do rock baiano” por que seria sacanagem. Com os lagartões pré-históricos, claro.

Brincadeiras a parte, Tony surgiu no levante dos anos 1980, quando integrou as bandas Dúvida Externa, Guerra Fria e Moisés Ramsés & Os Hebreus.

Em 1991, lançou o LP Tony & Os Sobreviventes, que era basicamente ele, acompanhado da lendária banda Flores do Mal – sem Paquito.

Nos anos 1990, abriu, com alguns sócios, a loja Na Mosca, ponto de convergência   no Rio Vermelho para os pirados locais, palco improvisado para shows inesquecíveis de várias bandas e campo para acirradíssimos campeonatos de futebol de botão.


Nada de show em barzinho

Há alguns anos, Tony assumiu sua persona mezzo messiânica / mezzo poeta marginal como Reverendo T – e resolveu musicar suas muitas letras engavetadas.

Em 2010, lançou o CD Pequenos Milagres de um Santo Barroco de Barro, gravado na brodagem com o help de diversos parceiros do rock soteropolitano.

Agora, solta o EP Muito Prazer. “Que  é fruto dos shows que fiz depois do disco, tanto com o acompanhamento de Heyder Carvalho (ex-Flores do Mal)  e com a Pastel de Miolos”, diz.

“Ali fui procurando uma sonoridade alternativa, em busca de uma identidade. O disco foi um resgate do material que eu tinha e cumpriu sua missão, formatando meu estilo”, conta.

“O EP, então, consolida esse estilo, que passa por Leonard Cohen, Arnaldo Batista solo e Jovem Guarda. Além de Nick Cave, Jesus & Mary Chain etc”.

Por enquanto ainda não há previsão de shows (pregações?) do Reverendo.

“A ideia é ser mais virtual, mesmo. Até por que não tenho como bancar uma banda de acompanhamento assim. Fora que é difícil, não dá pra fazer esse show em barzinho. E teatro eu não devo encher. Minha base de fãs é limitadissima”, admite.

“Por enquanto. Por que meus planos são ambiciosos”, avisa.

Ouça / Baixe

 


NUETAS:

Tripla encrenca
Dimazz, Velotroz e Ricardo Caian & Os Beduínos Gigantes lançam seus respectivos EPS novos nesta sexta, no Europa Club (Praça da Dinha), 22 horas.

Jason de volta à SSa
Para um som mais pesado, confira  sábado os cariocas da Jason e os baianos da Pastel de Miolos, Agressivos e Fridha no Dubliner’s Irish Pub, às 22 horas, R$ 15 ou R$ 10, via  lista amiga. Pena que não foi semana passada. Pensa: sexta-feira 13, Jason... Pegou? Pegou?

terça-feira, julho 10, 2012

BIOGRAFIAS CURTAS E GENIAIS DE MALFEITORES ESCRITAS POR UM BRUJO ARGENTINO


 Os heróis – sejam supers ou não – só existem por que têm uma função muito clara no grande esquema que é o equilíbrio das forças universais.

É simples: o bem existe para combater o mal – representado nas narrativas pelos chamados “vilões”.

O que é interessante – e também muito revelador em relação à natureza humana – é que estes últimos costumam ser muito mais fascinantes do que os mocinhos, defensores dos fracos e oprimidos.

E por inúmeras razões, que não vem ao caso enumerar aqui agora.

Gênio incontestável da literatura universal, o argentino Jorge Luis Borges (1899-1986) já sabia disso desde muito jovem.

Entre 1933 e 1934, ele criou uma série de biografias curtas  de malfeitores então célebres – a maioria já esquecida hoje em dia –, intitulada História Universal da Infâmia.

Estão aqui as versões borgeanas para as trajetórias de rematados canalhas de várias partes do mundo, sempre encimadas por títulos elegantes, como “O atroz redentor Lazarus Morell”, “O provedor de iniquidades Monk Eastman”, “O incivil mestre de cerimônias Kotsuké No Suké” e “O impostor inverossímil Tom Castro”.

Billy e as gangues de NY

Para além (com o perdão do clichê acadêmico) das peripécias malévolas dos biografados, o que realmente impressiona neste livro curto e de leitura ligeira é a prosa absolutamente majestosa do seu autor.

Ler Borges chega a ser algo humilhante para quem vive de escrever. A maioria dos escritores atuais com menos 40 anos deveria enfiar o laptop no saco, só de vergonha.

Cada parágrafo parece ter sido escrito e reescrito muitas vezes, até chegar em sua forma mais perfeita, enxuta e lapidada. Sua formação erudita desde a infância, claro, também ajuda muito a construir este fascínio exercido pelo seu texto.

Correndo o risco de ser injusto, os dois personagens mais interessantes apresentados no livro parecem ser o já citado Monk Eastman e “O assassino desinteressado Bill Harrigan”, que vem a ser ninguém menos que o lendário pistoleiro Billy The Kid.

Até por que suas histórias quase que se cruzam. Billy, nascido em Nova York (só no fim da adolescência, ele migrou para o Velho Oeste que o tornaria famoso), chegou a integrar a gangue  Swamp Angels, uma das muitas pelas quais passou o mafioso pré-Cosa Nostra Monk Eastman e que tocavam o terror na selvagem Grande Maçã do século 19, início do 20.

E se a história soa parecida com a do filme Gangues de Nova York (2002), de Martin Scorsese, não é por acaso: tanto Borges quanto o cineasta tiveram como fonte primária o livro-reportagem Gangs of New York (1928), de Herbert Asbury.

Mas História Universal da Infâmia ainda oferece muito mais ao leitor interessado. É só ler.

História Geral da Infâmia / Jorge Luis Borges / Trad.: Davi Arrigucci Jr./ Cia. das Letras/ 96 p./ R$ 30

SIMPLES RAP'ORTAGEM FAZ TEMPORADA NO DONNA CHEFFA

Uma das representações mais tradicionais do hip hop baiano, a banda Simples Rap’ortagem (ao lado, na foto de Leo Azevedo) tem ganhado bastante evidência no cenário local nos últimos anos.

Na ativa desde 1996 (!), a Simples já passou por diversas formações e se apresentou em São Paulo e pelo Nordeste – porém, só conseguiu lançar seu primeiro álbum no ano passado: Em Primeira Mão,disponível para download gratuito no site oficial da banda.

Hoje, a Simples são dois MCS: o membro fundador Jorge Hilton e Preto Dú, incorporado há dois anos e meio.

Em janeiro último, ganharam uma inesperada exposição na grande mídia local ao se apresentarem ao lado de Saulo Fernandes e da Banda Eva, durante o último Festival de Verão.

“Já sabíamos que Saulo é um cara com um perfil diferente dentro do cenário do axé. Aí nossa produção ligou para ele, propondo uma parceria”, conta Preto Du.

“Ele aceitou de cara. Fizemos uma versão de uma música dele, Que Batuque é Esse. Tempos depois, ele nos ligou,  convidando para se apresentar com a Banda Eva no Festival de Verão. Ele cantou uma música chamada Tudo Bem em Salvador. Na sequência, nos chamou no palco para cantar uma música que diz justamente o contrário, Dá Pra Ver. A experiência foi incrível”, relata.

Na vitrine do Red River

Neste mês de julho, a dupla se apresenta todos os sábados no Donna Cheffa Pizza Music Bar, acompanhados de banda enxuta, formação power trio: Cesar Araujo (baixo), Afro Mocca (guitarra) e Gabriel Cruz (bateria).

O Donna Cheffa fica bem no olho do furacão das agitadas nights do Rio Vermelho, defronte o Largo da Dinha. A intenção, claro, é formar público, se apresentando  para a diversificada fauna do Red River.

“A gente faz umas  palestras em cursinhos de classe média pra garotada e eles adoram. Até por que o rap da Simples não tem essa coisa de ficar só falando de racismo, periferia etc”, explica Preto.

“A gente fala de problemas sociais, claro. Mas com humor e também muita poesia. Isso acaba conquistando a galera mesmo”, acredita.

Letras dedo na ferida

De fato, dá gosto ouvir o trabalho da Simples. Com arranjos eficientes e samples que evidenciam bom conhecimento de black music, a dupla se esmera não só em cantar as belezas da Bahia, mas também em apontar as (lamentáveis) semelhanças entre o pagode baiano e o rap bling-bling americano (Rap da Suingueira), em levantar bandeiras contra a homofobia (Que Babado) e  contra a violência doméstica (Corte o Mal Pela Raiz) e outras boas causas.

Nos próximos sábados, a nova black music baiana está em cartaz no Rio Vermelho. Vá lá.


Noites Remixadas / Sábados de julho, 22 horas / Simples Rap'ortagem e Afro Jhow (dia 28) e Sr. Rânneo & Mc Kdu + DJ M.Jay (14 e 21)  / Donna Cheffa Pizza Music Bar (Rio Vermelho, em frente Largo da Dinha) / R$ 20 e R$ 10 / casadinha: R$ 20  (Até 23h)


Baixe: www.simplesrap.com

NUETAS

Pã: domingo e grátis

A banda Pã, do guitarrista Libório, lança seu disco Pesado & Sujo em show gratuito com Chip Trio. O CD já está disponível para download no liborioliborio.wix.com/panrock#!cd. Domingo, no Dubliner’s Irish Pub, 16 horas. 14 anos.





Triunvirato às terças

Temporadas mil em julho. Além de Simples Rap’ortagem, Falsos Modernos (quartas no Donna Cheffa), mais duas merecem atenção. Triunvirato, trio de jazz formado por Marcelo Galter (piano), Mauro Tahin (bateria) e Ldson Galter (contrabaixo), se apresenta às terças no Visca Sabor & Arte. 21 horas, R$ 10.

E Diego O. às sextas

Já às sextas, o mesmo Visca abriga Diego Orrico & The Blues Bullets. 21 horas, R$ 14.

Jera Cravo: workshop de gravação no WR

O produtor fonográfico (e fotógrafo) baiano Jera Cravo, atualmente residindo no Canadá, volta à cidade em agosto, para ministrar um workshop de gravação e mixagem nos Estúdios WR. Será nos dias 4 e 5, das 9  da manhã até as 18 horas.O investimento é de R$ 400 – via depósito bancário (com 5% de desconto), Pagseguro (10 vezes semjuros) ou Paypal. Inscrições e informações: www.jeracravo.com.

domingo, julho 08, 2012

A FÉ LEVE, PORÉM DEVOTADA, DE JOHNNY CASH


Quarto volume de coleção que traz material de arquivo do cantor é álbum duplo reunindo três discos inteiros das décadas de 1970 e 80 – um deles jamais foi lançado, mais algumas faixas inéditas. O resultado é belíssimo

“Senão fosse a música gospel, jamais haveria um Johnny Cash”.

A afirmação abre sem rodeios o texto de apresentação do CD duplo Bootleg Vol. IV: The Soul of  Truth,que reúne parte de sua produção religiosa e acaba de chegar as lojas brasileiras.

O autor do texto está acima de qualquer suspeita: trata-se de John Carter Cash, filho do próprio Man in  Black com June Carter – sua esposa e também cantora.

A história do casal pôde ser vista no badalado filme Johnny & June (2005), que apresentou o cantor às novas gerações de roqueiros.

Ao lado de uma foto da casa aonde Cash cresceu – um casebre mal-ajambrado, em meio ao cenário ermo, de solo ressecado e escuro – ele conta que “Dyess, Arkansas, era um lugar duro para se viver e trabalhar nas décadas de 1930 e 40”.

“A pobreza era uma desoladora realidade para a família Cash. (...) Ainda assim, eles encontraram união e  força na fé cristã. Um dos poucos confortos que havia por ali era um rádio Silvertone, o qual transmitia, basicamente, música gospel”, escreve John Carter Cash.

Com uma infância e juventude assim, de fato não é de se admirar que, após o breve relampejar da rebeldia adolescente do rock ‘n’ roll inicial, Johnny Cash tenha sido um cristão tão fervoroso ao longo de sua vida, tendo gravado uma extensa discografia dedicada àmúsica gospel.

Este álbum duplo, por exemplo, traz nada menos do que 51 faixas. A maioria delas, gravada entre as décadas de 1970 e 80.

Na realidade, o conceito de bootleg (ou seja, gravação pirata) da coleção meio que se perde aqui, já que boa parte delas já havia sido lançada de forma oficial.

Basicamente, o disco duplo traz três álbuns gospel inteiros: A Believer Sings the Truth (1979) ocupa as primeiras 20 faixas do disco um.

As cinco faixas restantes são inéditas. Destaque para Truth, um poema do líder Sufi (facção mística e contemplativa do Islã) Hazrat Inayat Khan.



Curiosidade: foi o lutador Mohamed Ali quem o deu para Cash, rabiscado em um pedaço de papel, e ele musicou.

O disco dois começa com 12 faixas de um disco gospel gravado em 1975, mas que nunca foi lançado.

Na sequência, mais 13 faixas do álbum Johnny Cash - Gospel Singer (1983).

Voz grave, abordagem leve

O conjunto, à primeira vista, pouco harmonioso, soa integrado se ouvido em sequência.

Curiosamente, em contraste ao vozeirão trovejante do cantor, sua abordagem à musicalidade cristã era leve. Bem-humorada,até.

Bem diferente damúsica gospel contemporânea, que é de péssimo gosto e acha que vai evangelizar todo mundo no grito.

Em Would You Recognize Jesus, por exemplo, um country maravilhoso conduzido pela guitarra pedal steel, ele pergunta: “Você reconheceria Jesus se o encontrasse cara a cara? / Talvez ele não venha na carruagem do Senhor / Jesus poderia vir dirigindo um Ford 1949”.

I've Got Jesus in My Soul, um cântico tradicional, alegraria qualquer culto com seu animado arranjo dixieland.



Mas ainda há diversos outros, como Belshazzar , Children Go Where I Send Thee e I’m Just an Old Chunk of Coal.

Leia mais: há alguns anos, foi lançado no Brasil um DVD com o documentário A Música Gospel de Johnny Cash, brevemente resenhado por este blogueiro neste link.

BOOTLEG, V.4 - THE SOUL OF TRUTH / Johnny Cash / Legacy - Sony Music / R$ 44,90

quinta-feira, julho 05, 2012

VENDO 147: NOVOS GUITARRISTAS, OUTRAS ROTAS PELO BRASIL

Depois de lançar o elogiado CD Godofredo (2011), rodar o País em turnê, tocar com Deus e o mundo – incluindo Pepeu Gomes – e até ser citada com destaque pela revista Veja, a Vendo 147 (na foto de Nina Fonseca aí ao lado) entra em nova fase com a saída de dois integrantes e a entrada dos seus respectivos substitutos, anunciados na semana passada à imprensa.

Quem saiu: a dupla de guitarristas Pedro Itan e Duardo Costa.

Quem entrou no lugar deles: Enio Nogueira e Bruno Balbi.

“Pedrinho  casou com a cantora Larissa Luz, que era do Ara Ketu. Eles começaram a compor juntos e a fazer planos de ir pro Rio de Janeiro. Projeto de vida mesmo, pelo que sei”, conta Dimmy, um dos dois bateristas da banda.

“E Duardo saiu por que seu trabalho de designer já estava comprometendo nossa agenda. Chegamos a conclusão de que, para continuarmos as atividades com uma certa constância, íamos ter que substitui-los”, acrescenta Dimmy.

147 a 300 Km por hora

Conversas amigáveis concluídas, hora de buscar os músicos certos para preencher as vagas.

“Com o Enio eu já trabalhava como produtor de alguns shows de sua banda, A Maloca. E já tínhamos tocado com ele, no projeto Vendo 147 Convida. Ali  vimos que o cara é um super músico. Qualquer lado que você andar, ele cola junto. Enio tem uma química muito boa com a gente”, elogia.

Já Bruno Balbi, ex-Neologia e atual Tabuleiro Musiquim, “é amigo de Caio (Parish, baixista). Como achamos ele muito talentoso, resolvemos convidá-lo. O cara nem acreditou. Topou  na hora, ficou super feliz”, relata Dimmy.

No dia 12, a nova formação estreia a  ao vivo no Vila da Música do Teatro Vila Velha – já com música inédita no repertório, composta pela banda atual.

“E em agosto tem mais três shows pelo Nordeste: Fortaleza no dia 23, Mossoró (RN) dia  24 e Natal dia 25. No dia 31 voamos para Belo Horizonte, para tocar no festival + Contemporâneo”, enumera.

Com o pé no acelerador, ainda lançam clipe novo e entram em estúdio, visando o segundo CD. Tudo neste semestre.

Show: dia 12 (quinta-feira), 20 horas / Teatro Vila Velha / R$ 20 e R$ 10
 

Baixe Godofredo: www.vendo147.com

NUETAS

Tripla noite instrumental

As locais Hessel e Tentrio tocam com a potiguar Camarones Orquestra Guitarrística (foto Nicolas Gomes) no dia 14. Discotecagem de Bruno Aziz e Rogério Big Bross. Visca Sabor e Arte (Rua Guedes Cabral, 123, Rio Vermelho, em frente à Paroquia de Sant´Ana), 21 horas, R$ 15 (rapazes) e R$ 10 (moças).



O Círculo na Vila

O projeto Vila da Música do Teatro Vila Velha é uma das boas opções de show na city. Toda quinta-feira, confere lá, que tem coisa no mínimo interessante rolando. Nesta semana, a banda O Círculo  toca seu “rock popular brasileiro”. 20 horas, R$ 20 e R$ 10.

Drama gratuito dia 7

A banda  Drama Urbano comemora três anos com show grátis. No repertório, músicas do  primeiro álbum (lançado ano passado) e covers de rock clássico. Sábado,  Espaço Raul Seixas (Sindicato dos Bancários), 20 horas.

Noite dos Agressivos

A banda local de HC e afins Agressivos lança seu primeiro álbum neste sábado, no Dubliner's Irish Pub (Rio Vermelho). Minus Blindness e Alco também comparecem e sobem no palco. 21 horas, R$ 10.

terça-feira, julho 03, 2012

BANDAS DESENHADAS

Se há uma linguagem artística que de fato se aproxima dos quadrinhos, esta é o cinema.

E por razões óbvias: uma boa HQ é quase um storyboard – uma tendência cada vez mais forte nos Estados Unidos, já que a esgotada indústria de Hollywood anda cada vez mais ávida por ideias novas para blockbusters derivados dos quadrinhos.

Já com a música, a conexão não é tão direta. Ainda assim, há inúmeras obras que tratam dela ou de seus assuntos relativos.

Duas HQs que acabam de chegar ao mercado abordam a música de formas bem diferentes: Bourbon Street: Os Fantasmas de Cornelius e Not Quite Dead: O Último Show.

A primeira é uma sensível bande dessinée (banda desenhada, ou seja, história em quadrinhos francesa), ambientada em Nova Orleans e no mundo do jazz local.

Not Quite Dead: O Último Show é uma anárquica HQ de tons políticos sobre uma decadente banda de rock envolvida em uma conspiração norte-americana para derrubar o governo de Shnagrlig, um país fundamentalista fictício.

Lançada em edição luxuosa, com capa dura, Bourbon Street reflete muito do fascínio dos franceses pelo jazz – talvez o traço mais latino da cultura norte-americana, até por conta da miscigenação das culturas francesa, africana e anglo-saxã que se deu no sul dos EUA.

A história acontece em 1997, quando um músico veterano, Alvin, lê no jornal sobre o sucesso do grupo Buena Vista Social Club, impulsionado pelo documentário homônimo de Wim Wenders, lançado naquele ano.

Animado, ele procura os velhos parceiros para tocar projeto semelhante. Todos, menos Cornelius, o trompetista, topam.

A partir daí, a HQ explora o passado e o presente dos músicos, sempre com muita sensibilidade, um humor delicado e um toque onírico, já que Cornelius costuma conversar com seu mentor já falecido – ninguém menos que Louis Armstrong.

HQ leve e ligeira, é para ser lida de uma sentada.

O que salta aos olhos é o trabalho afinado do desenhista Alexis Chabert ao lado do colorista Sébastien Bouet.

Das ruas de Nova Orleans aos trajes dos personagens, a HQ é uma verdadeira sinfonia visual – e uma tocante declaração de amor à cidade, sua música e sua gente.

Com texto de apresentação do escritor (e jazzófilo) Luís Fernando Veríssimo, Bourbon Street continua em um segundo volume, ainda sem previsão de lançamento.

Profética farsa política

Not Quite Dead: O Último Show é um tipo de HQ completamente diferente de Bourbon Street.

Esta divertida farsa política talvez tenha seu maior ponto de interesse no seu autor, Gilbert Shelton.

Velho conhecido dos apreciadores das boas HQs, Shelton é simplesmente o segundo autor mais importante saído da geração underground norte-americana.

O primeiro, claro, é Robert Crumb.

Criador dos geniais e hilários Freak Brothers, Shelton tem no humor ácido que caracteriza sua geração a sua maior marca.

Residindo na França há décadas com seu amigo Crumb e respectivas esposas, pode-se dizer que os cartunistas fizeram o caminho inverso ao de franceses como o Philipe Charlot de Bourbon Street que se apaixonam pelos EUA.

Em O Último Show, a decadente banda de rock Not Quite Dead recebe um convite para uma turnê no Oriente Médio.

O que eles não desconfiam é que é tudo uma armação do Serviço Secreto Secreto, para derrubar o governo e se apossar do petróleo.

Se qualquer semelhança não é mera coincidência, impressiona o fato desta HQ ter sido publicada originalmente em 1988 – vários anos antes do 11 de Setembro ou mesmo da invasão do Kwuait pelo Iraque (1990).

Quem diria: além de anárquico, Mr. Shelton é profético.

Bourbon Street – Os fantasmas de Cornelius / Philipe Charlot, Alexis Chabert & Sébastien Bouet / 8 Inverso / 56 p./ R$ 51/ www.8inverso.com.br

Not Quite Dead: O Último Show / Gilbert Shelton & Pic / Conrad / 48 p. / R$ 29,90 / www.conradeditora.com.br