segunda-feira, janeiro 03, 2005

A BAIANIDADE NAGÔ FAZ MAIS UMA VÍTIMA

Em entrevista publicada na edição de ontem do jornal A Tarde, o cineasta baiano Edgard Navarro afirmou estar "despongando do cinema". O lendário agitador cultural, autor do histórico média-metragem O Superoutro (1988), se diz cansado de dar murro em ponta de faca para conseguir fazer cinema na Bahia, e por isso, está se retirando aos 50 e poucos anos de idade para "fazer coisas mais produtivas".

Atualmente tentando finalizar seu primeiro (e garante, único) longa, intitulado Eu me lembro, cujas filmagens se deram ainda em 2002, um desiludido Navarro diz não fazer parte de (estou citando de memória, é mais ou menos isso aí) "uma plêiade, uma elite dominante global que tem acesso ao meios de produção e que decide quem pode trabalhar ou não". "Essas pessoas não me convidam para suas festas, pois sabem que eu vou soltar um peido, um palavrão", completou. Ainda não há previsão de lançamento para Eu me lembro. Quem quiser ler essa entrevista para maiores detalhes, ela foi publicada ontem (domingo, 2 de janeiro) no Caderno 2 d'A Tarde.

Enquanto isso, uma campanha milionária (filmada em película) estrelada pelos nossos mais populares cantores das multidões (só faltou o Beto Bahia) convida todo o Brasil em alto e bom som: "vem pra Bahia, que a Bahia é uma boa". Pra quem, cara-pálida? Vai uma lobotomiazinha, aí?

O ROCK LOCO se solidariza com o desbocado cineasta e lhe deseja melhor sorte em futuros empreendimentos. E que Eu me lembro seja lançado logo pra gente poder ver e aplaudir.

E o Rock continua.

4 comentários:

cebola disse...

Se prá música o bicho é feio imagina prá cinema. As vezes começo a achar q melhor opção é a última: Simbora, e o último esvazia a piscina que já tá cheinha de bosta. Mas, faça o que eu digo... Enquanto isso, no Highlander Calypso, dia 08, Tequilers e Lobo Guará, ániversário meu e de minha irmã Simone, o natal já passou, ano novo também, mas a putaria continua a mesma, nem pensem em mudar agora, valeu?

Marcos Rodrigues disse...

rapaz, eu li aquilo. desilusão pura. quantas vítimas ainda, de outras formas de expressão, vão agonizar em praça pública? a coisa tá feia por aqui. e tem quem ache que as coisas estão melhores...pra quem mesmo?

m.

Franchico disse...

pois é, Marcão. aqui é assim: ou vc dança conforme a música, ou vc... dança. todo mundo comigo agora, sai do chããããõ! nesse verão não quero ver vc a toa, vem pra bahia que a bahia é uma boa.

Ernesto Ribeiro disse...

Curioso, Edgard: eu diria a mesmíssima coisa sobre o, hã, ambiente (poluído) MUSICAL. Alíás, sobre qualquer coisa na indústria cultural desse país-esgoto.


O Brasil é tão abominável que somos governados por demônios inimigos do bom gosto. São sempre os piores no poder, inclusive econômico, no esforço ditatorial da obsessão psicótica de impedir que se tenha acesso a qualquer coisa boa, brilhante, profunda, REALMENTE rebelde, subversiva, transgressora.


Sempre vão eliminar tudo o que é bom e impor tudo o que é ruim. É invariavelmente uma cagada atrás da outra. Brasileiro quando não caga na entrada caga na saída.


Você percebe que um povo é completamente desprezível e pervertido até a demência quando entra numa livraria e encontra tudo sobre o cocô do pop brasileiro e nada do Camisa de Venus, vê 10 merdas sobre Merdonna e nenhum livro sobre os Sex Pistols (nem mesmo um filme documentário premiado em todos os festivais, até em São Paulo), acha 5 bostas sobre Justin Biba e nenhuma obra sobre o Clash, topa com 500 bostas de CDs de axé, pagode, breganejo, funk carioca e nenhuma obra das Runaways. Nem importado.


Repetindo Paulo Francis: a América Latrina vive em estado de entropia; passou da selvageria á barbárie, numa decadência que nunca teve um apogeu.