sexta-feira, outubro 28, 2011

SUPER POST NOITES ROCK E INSTRUMENTAL NO BIG BANDS + NUETA FUTURAMA

Inspirados nos andarilhos beatniks, a Mendigos Blues, de Itabuna, volta a cidade sábado

Ninguém gosta de mendigos, certo? Na melhor das hipóteses, eles nos causam pena, aquele momento de empatia em que pensamos: “Poderia ser eu ali, passando fome”. Mas eis aqui alguns andarilhos da rua que nos causam outras sensações. É a banda Mendigos Blues (em foto de Marcelo Sena), lá de Itabuna, que faz um rock do bão e levanta até defunto.

Em suas andanças eles já estiveram aqui em Salvador, fazendo show no evento Faustão Falando Sozinho (a essa altura, um reduto da resistência alternativa local), no Imbuí.

Neste sábado, o quarteto retorna à cidade para se apresentar dentro da programação do festival Big Bands 2011, com a promissora banda feirense Magdalene & The Rock ‘n’ Roll Explosion e a soteropolitana Autoreverso, ambas já vistas e recomendadas nesta coluna.

Mendigada a caminho


Formada por Jonnie Walker (voz e guitarra), Ismerarock (guitarra), Ayam U´Brais (baixo) e Chucri (bateria), a Mendigos Blues pratica um blues rock cru, de pegada eletrizante e letras sujas em português.

“O lance do mendigo é que ele consegue absorver todas as negativas que recebe da sociedade, e mesmo assim, consegue sobreviver e vai em frente. Nós somos assim também. De não em não, nós vamos prosseguindo”, explica Jonnie.

 Fãs de literatura beatnik, eles citam o único livro escrito por Neal Cassady, o muso inspirador do clássico On The Road, de Jack Kerouac.

“No livro O Primeiro Terço, de Neal Cassady, ele diz que o andarilho nunca pode parar, nem de dia ou de noite, por que só andando, a providência vai chegar. Por isso estamos sempre trabalhando, é isso que nos dá forças para continuar”, acrescenta Ismerarock.

Com um punhado de faixas demo já gravadas, o quarteto formado em 2008 está e preparando para gravar seu primeiro álbum, que já tem título: “Vamos regravar essas faixas demo e acrescentar mais algumas. O disco será chamado Repúblicas e Mutretas e  deve sair no início de 2012”, anuncia Ismerarock.

“Salvador que se segure, pois a mendigada aqui está chegando!”, brinca Jonnie Walker. Ora, sejam bem-vindos...

Mendigos Blues / Show no Big Bands Festival  2011 / Com  Magdalene & The Rock ‘n’ Roll Explosion e Autoreverso / Sábado, 22 horas / Ali do Lado Boteco Musical (Rio Vermelho) / R$ 5

Ouça: mendigosblues.tnb.art.br

MEGA NUETA: Futurama traz Baia e Madame Saatan
O evento multimídia Futurama – Música e Intervenção Ambiental é uma ótima pedida para este sábado. Vai ter a fera da guitarra baiana Júlio Caldas & Choro Rock, a elogiada banda paraense de metal amazônico Madame Saatan (em foto de Wickbold) que terá participação de Fábio Cascadura e, fechando a night,  nosso querido Baia, um dos grandes compositores / showmen de sua geração. Adorado por um fiel séquito de fãs locais, o ex-Rockboys sempre faz valer a saída de casa nesta cidade bizarra. Ah, ainda tem os Vjs Gabiru e EsquizoMachine com suas traquitanas de video mapping –,  seja lá o que for isto, com o perdão pela ignorância do colunista jurássico. Gabiru, curador e residente da mostra de vjing, faz suas projeções sobre obras da artista plástica Andrea May. Já  a VJ EsquizoMachine, sobre casarões que estão em volta da praça. Sábado, na Praça das Artes, Pelourinho, 18h30, com entrada gratuita. É ir e curtir.

Inspirado em Herman Melville, Tentrio lança primeiro álbum no festival Big Bands

Uma das bandas de rock instrumental surgidas na geração pós-Retrofoguetes mais interessantes do cenário, o Tentrio (em foto de Thiago Guimarães) está  soltando, hoje mesmo,  seu primeiro álbum para download gratuito no blog do grupo.

O show de lançamento será  na edição 2011 do festival Big Bands, no dia 1º de novembro, no Póstudo, dentro de uma noite inteiramente dedicada ao rock instrumental – pelo visto, uma forte tendência na cena alternativa, que ainda contará com as bandas Hessel, Retro Visor e Peito de Planta.

Intitulado Melville, o disco foi produzido por Jera Cravo (o último em que ele trabalhou antes de se mudar para o Canadá) e conta com participações dos guitarristas Junix 11 (Subaquático) e Edson Rosa (ex-Ronei Jorge & Os Ladrões de Bicicleta), do tecladista Heitor Dantas (Teclas Pretas) e do vocalista Sérgio Franco Filho (Automata).

A inspiração vem justamente de Herman Melville (1819- 1891), autor do clássico Moby Dick.

“O disco é inspirado nele por que temos uma música chamada Cachalote, que, inicialmente era uma homenagem ao Led Zeppelin, por causa da (música) Moby Dick (faixa do álbum Led Zeppelin II, de 1969)”, conta o guitarrista Eduardo César.

“Como cachalote é justamente a espécie da baleia  Moby Dick, e eu estava lendo o livro na época,  essas coincidências nos levaram a chamar o disco de Melville. E todo o conceito visual do álbum também segue essa inspiração”, detalha.

Investigação musical

Com João Marques no baixo e Thiago Jende na bateria, o Tentrio pratica, com certa fluência e precisão técnica, uma música que, como todo som instrumental, sugere paisagens e viagens visuais – a trilha sonora de um filme imaginário em longas suítes musicais.

“É a questão do instrumental. Tem muita banda instrumental que cria suas músicas com uma estrutura de canção. Nós nos permitimos fugir disso. É um trabalho de exploração, investigação musical mesmo”, diz Edu.

 Com influências entre o rock clássico (Led, Pink Floyd, King Crimson) e o pós-rock (Tortoise, Mogway), o Tentrio, no entanto, se esforça para não soar inacessível.

“Não queremos ser herméticos, complicados demais. Até por que a influência do formato canção está presente. Tanto que uma faixa do disco tem voz”, conclui Eduardo.

Baixe grátis: tentrio.blogspot.com

NOITE INSTRUMENTAL no POSTUDO / 01/11 / Com  HESSEL, PEITO DE PLANTA, RETROVISOR e TENTRIO / R$ 10


terça-feira, outubro 25, 2011

BIG BANDS 2011: "SEM MARQUINHAS DO GOVERNO ESTE ANO"



Realizado desde 2008, o festival alternativo Big Bands 2011 dá uma mostra inequívoca da força e da união que movem os militantes da música que não se prostitui. Sem qualquer apoio / aporte financeiro governamental, ele acontece maior e mais diversificado do que nunca.

Nos outros anos, o festival aconteceu nas praças do  Pelourinho, via apoio do Pelourinho Cultural. Este ano, porém, segundo o idealizador Rogério Big Bross Brito, “o Pelourinho não teve data pra gente. Acho que esqueceram de nos agendar. A gente também não ficou no pé, achamos que estava tudo certo. Aí, quando chegou lá, não tinham pauta pro BB”, afirma.

Através  da assessoria de imprensa, o Pelourinho Cultural informa que “o festival Big Bands solicitou as datas de 28, 29 e 30 de outubro, no Largo Pedro Archanjo. A solicitação foi protocolada em 16 de agosto. Nessa data, a solicitação  foi analisada e foi informado a eles que dois dos dias solicitados, 28 e 30, já estavam pautados. Depois disso, não recebemos mais nenhum outro documento”.

Sem “casa”, o festival corria o risco de não  acontecer. Aí  entrou em prática a política de colaboração em rede do Circuito Fora do Eixo e da Associação Brasileira de Festivais Independentes (ABRAFIN), entidades às quais o coletivo Quina Cultural (do Big Bands) é filiado. Como diz o próprio Big, "sem marquinhas do governo este ano".

A estratégia adotada foi se articular com as próprias bandas e outros coletivos alternativos de Salvador, Região Metropolitana e interior, aproveitando pautas já marcadas por bandas locais em bares e casas de show.

“Boa parte das datas já eram pautas marcadas por bandas daqui, que adotamos e incrementamos, adicionando bandas de fora do estado”, conta.

Além disso, ainda  abarcou outras linguagens além da música: artes cênicas, cinema e vídeo.
Cabaré no Póstudo

Resultado: o Big Bands 2011 terá 39 atrações em 10 dias de evento que se espalharão por sete bairros da cidade. Isso, só na programação  musical (na foto ao lado, a banda feirense Magdalene & The Rock 'n' Roll Explosion).

A maratona começa hoje a noite, no Bar Póstudo, com o Cabaré Fora do Eixo, evento coordenado pelo Palco Fora do Eixo, frente de artes cênicas da rede FdE.

Haverá performance dos artistas Mab e Ian Cardoso, do grupo Malabares Mágicos, Orquestra Sporo, banda Pirigulino Babilake, palhaços da Cia. Pé na Terra, “performance surpresa”, de João Matos (Coletivo Osso),  exposição de fotovídeo de Rodrigo Wanderley e discotecagem de Big Bross e Bernard Le Querré.

“A ideia é a mistura de linguagens mesmo”, afirma Larissa Oliveira, coordenadora do  Palco Fora do Eixo - Salvador. “A proposta é dialogar com todas as artes. Tudo contribui”, diz.

“O convite de Big para estender o festival para (o bairro de) Cajazeiras é fantástico”, comemora Jamerson Silva, coordenador do Coletivo Cajá e membro da banda Soul Negro. “A coisa não tem apoio, mas a proposta é se virar, mesmo, para que as coisa aconteçam”.

 Já Messias Bandeira, mediador de um dos debates da programação, vê o festival como “um dos mais importantes do país ao oferecer um panorama da música emergente. Artistas de outros estados enxergam o festival como uma oportunidade de entrada no nordeste ou passagem para o sudeste”, opina.

 “Vejo uma evolução a  cada ano e isto se deve, principalmente, ao trabalho persistente de Rogério. Ele prova que é possível sair da dependência eterna de editais para viabilizar um festival. Sou a favor dos editais e de políticas públicas para a cultura. Mas na perspectiva do seu papel indutor, não da dependência. Este é um evento que ainda precisa de incentivo, mas que, logo, andará com as próprias pernas. Vou comprar ingresso para cada apresentação”, aplaude.



ATRAÇÕES DO FESTIVAL BIGBANDS 2011 CONFIRMADAS 25/10 A 06/11

25/10 POSTUDO – RIO VERMELHO – R$10.00

PRODUÇÃO: PALCO FORA DO EIXO / QUINA CULTURAL

CABARÉ FORA DO EIXO - 20H

- ABERTURA COM  DJ BIG BROSS
- APRESENTAÇÃO DO CABARÉ COM VIVIANE ABREU
- SHOW ACÚSTICO PIRIGULINO BABILAKE
- FOTO-VÍDEO 'CAUSOS FOTOGRAFADOS' COM RODRIGO WANDERLEY
- PERFORMANCE COM MAB CARDOSO E IAN CARDOSO
- MALABARES E PERFORMANCE COM DERY (MALABARES MÁGICOS) E JOÃO MATOS
- INTERVENÇÕES VISUAIS COM ORQUESTRA SPORO
- NÚMEROS DE PALHAÇO COM CIA PÉ NA TERRA
- ENCERRAMENTO COM  DJ BERNARD LE QUERRÉ

27/10 QUINTA TRASH – CARLOS GOMES

PRODUÇÃO COLETIVO EPA / CAVALO DO CÃO / QUINA CULTURAL

https://www.facebook.com/groups/180139372043342/?ref=ts

HALLOWEEN QUINTA TRASH - 27.10 – 22H - r$15 – Carlos Gomes
GUNS
BIGBROSS
ALMA
MALDITO
TECK TECH BANG BANG
ANDRE D. SINGLETON
STRIPERS

28/10 ROCKABILLY SESSIONS – PORTELA CAFÉ – RIO VERMELHO

https://www.facebook.com/event.php?eid=184666194946163

CANASTRA – RJ http://www.myspace.com/canastra

DJ BIGBROSS

DIA 28/10 SEXTA 22H

R$15 LISTA AMIGA listaamiga@portelacafe.com.br

R$ 20 ANTECIPADO COM CD (A VENDA NA COMPANHIA DA PIZZA – RIO VERMELHO / LOJA MITO – IGUATEMI) R$20 NA PORTA

29/10 NOITE ROCK – ALI DO LADO – RIO VERMELHO – R$5.00
AUTOREVERSO - BA
MAGDALENE ROCKNROLL EXPLOSION - FEIRA DE SANTANA - BA
MENDIGO BLUES - ITABUNA – BA

29/10 TARDE EXTREMO – OTHER PLACE – BROTAS – R$10.00

PRODUÇÃO OTHER PLACE /  QUINA CULTURAL

The Other Place (Antigo Red Devils MC)
Rua Ariston Bertino de Carvalho, 247 - Brotas

OVERTURN - BA
FACADA – CE
CLAMUS – CE


29/10 NOITE CAJÁ – PERFIL FEST - CAJAZEIRAS – R$5.00 – CASADINHA 15H SÁBADO
FIM DE LINHA CAJAZEIRAS VI

PRODUÇÃO COLETIVO CAJÁ
NOUVE - BA
OS AGENTES - BA
SOUL NEGRO (na foto ao lado) - BA
AGRESSIVOS - BA
INCRÉDULA - BA



29/10 NOITE HIPHOP –SUNSHINE – RIO VERMELHO – R$30 HOMEM R$25 MULHER


PRODUÇÃO POSITIVOZ / SUNSHINE / QUINA CULTURAL
BLACK ALIEN – RJ
DOGA LOVE - BA
PEDRO VUKS - BH
DJ JARRÃO E MCING: DAGANJA

30/10 NOITE HIPHOP –SUNSHINE – RIO VERMELHO – R$20 HOMEM R$10 MULHER

PRODUÇÃO POSITIVOZ / SUNSHINE / QUINA CULTURAL
EFEITO ZUMBI – FSA
MC MARECHAL – RJ
RASHID – SP
VERSU2 - BA
DJ JARRÃO E ROBSON VEIO

30/10 NOITE ROCK – IRISH PUB – RIO VERMELHO  - R$5.00

PRODUÇÃO TENDA ALTERNATIVA / QUINA CULTURAL

TRONICA - BA
VC ME EXCITA - BA
MAMUTES- SE
NEVILTON – PR

01/11 NOITE INSTRUMENTAL – POSTUDO – R$10.00

HESSEL - BA
PEITO DE PLANTA - BA
RETROVISOR - BA
TENTRIO - BA

04/11 PRAIA DOS LIVROS – PORTO DA BARRA - FREE

Nuvem de DJ's com DJ Elettra e convidados

05/11 FESTA PUNK – DUBLINERS IRISH PUB – RIO VERMELHO

PRODUÇÃO BRECHÓ DISCOS / QUINA CULTURAL

PASTEL DE MIOLOS - LAURO DE FREITAS - BA
THE PIVOS - CAMAÇARI - BA
THRUNDA – CE
MAPACHE MAN - BA

Horário: 21h
Ingresso: R$ 5,00 - Mulher FREE até as 22h

05/11  FAUSTÃO FALANDO SOZINHO - ESPAÇO D. NEUZA – MARBACK – FREE

PRODUÇAO CAVERNA DO SOM / QUINA CULTURAL

BABI JAQUES & OS SICILIANOS - PE
IRMAO CARLOS & O CATADO (foto ao lado) - BA
MONOGRAMA – MG

17H FREE

DE 25 A 27/10

PALESTRAS / MOSTRA E OFICINA DE AUDIOVISUAL DO CLUBE DE CINEMA QUINA / FDE

LOCAL: ELETROCOOPERATIVA / PRAÇA DAS ARTES PELOURINHO

FREE – A PARTIR DAS 16H ATÉ AS 19H

PALESTRAS

25/10 – 18h a 19h

O rap como novo gás na produção alternativa da cidade: modelos de gestão de grupos independentes na Bahia.

DAGANJA / NELSON MAKA

Mediador: Rangel Santana (Positivoz / Versu2)

26/10 – 17h a 19:00

Produção da música independente na Bahia: desafios contemporâneos para gravar, produzir, divulgar,distribuir, e tocar.

Vandex / Vince de Mira / Irmão Carlos

Mediador: Rogério Brito (Quina / PAN-FDE)

27/10  – 17h a 19:00h

Profissionalização e mercado: cenário contemporâneo da música independente na Bahia

Chico Castro (Jornalista, critico de Musica)/ Osvaldo Silveira(MTV Salvador)/Luana Vilutis (UNICULT)

Mediador: Messias Bandeira (UNICULT/UFBA-HIAC)

CLUBE DE CINEMA QUINA /FDE / MOSTRA AUDIOVISUAL: A MÚSICA AUTORAL INDEPENDENTE BRASILEIRA
Serão exibidos pequenos formatos de videoclipe e documentários sobre o panorama da música autoral independente brasileira:

    videoclipes da produção musical independente brasileira
    documentários sobre a produção independente de bandas brasileiras
    documentário sobre festivais independentes brasileiros


LOCAL: ELETROCOOPERATIVA / PRAÇA DAS ARTES - PELOURINHO

FREE – A PARTIR DAS 16 HORAS

25/10 – A PARTIR DAS 16 HORAS

Videoclipes e documentários sobre Hip Hop

26/10 – A PARTIR DAS 16 HORAS

Videoclipes e documentários sobre bandas autorais Independente

27/10 – A PARTIR DAS 16 HORAS

Videoclipe de bandas autorais e Documentário sobre festivais independentes

quinta-feira, outubro 20, 2011

DI MELO, O IMORRÍVEL, IMPERDÍVEL, IMPODÍVEL

Nem só de Tim Maia, Jorge Ben e Cassiano se fez a  onda samba funk soul que varreu o Brasil nos anos 1970. Grandes músicos como Orlandivo, Marku Ribas, Luis Vagner e Di Melo também contribuíram muito para o estabelecimento deste estilo como um dos mais ricos da música pop brasileira. Agora, um destes caras, o pernambucano Di Melo, está de volta à cena e faz show em Salvador  sexta-feira, com a banda recifense PE Preto.

Cantor, compositor, poeta, figuraça, Di Melo foi recentemente redescoberto e revalorizado pela juventude pernambucana através do documentário Di Melo, O Imorrível, dirigido por Alan Oliveira e Rubens Pássaro.



Di Melo  tem  apenas um único (e espetacular) disco no currículo. Lançado em 1975, Di Melo foi relançado em CD em 2002, dentro da coleção Odeon 100 Anos, coordenada por Charles Gavin (que aparece no documentário dando  depoimento).

Com arranjos assinados por Hermeto Paschoal (que ainda tocou flautas e teclados) e Heraldo Dumonte (nos violões), o álbum “vendeu bem”, segundo o próprio Di Melo. “Se você emprestar, não volta”, garante.

“Tudo isso e muito mais”

Acontece que, mesmo fazendo relativo sucesso na época, quando foi receber sua parte em direitos autorais, ele só recebeu “onze Cruzeiros. Fiquei revoltado. Aí eu saí do ar. Ia (do Rio de Janeiro, aonde morava) para Recife, dizendo que voltava em uma semana, e passava dez meses. Ia para Tóquio passar um mês fazendo show e voltava para o Brasil depois de 24 horas. Eu tenho essa facilidade de ir e vir, sabe? Sou um andarilho, um cidadão mundano”, viaja.

Resultado: de tanto se autoboicotar, Di Melo deu um fim precoce na própria carreira. Ou pelo menos, uma longa pausa, de mais ou menos 35 anos.

O sumiço foi tão bem sucedido que muita gente achava que Di Melo tinha morrido em um acidente de moto, boato que se espalhou Brasil afora – daí o apelido “O Imorrível”.

“De fato, sofri um acidente de moto. Fiquei paralisado por seis meses. Daí assumiram que eu tinha morrido”, conta.

Como costuma acontecer, porém, seu disco foi redescoberto pelos DJs – do Brasil e do mundo –, que começaram a animar bailes moderninhos  com petardos como Kilariô e A Vida em Seus Métodos Diz Calma.





Hoje, o preço de um vinil original de 1975, na Europa, bate nos 700 Euros. “Esse disco é um ícone da MPB? Um êxito musical? Um som para a posteridade? É tudo isso e muito mais”, afirma Di Melo, mandando às favas a falsa modéstia.

Outro momento de puro hype em torno do seu nome foi quando a capa do seu disco surgiu no meio de um clipe da banda Black Eyed Peas, da música Don’t Stop The Party. “Aí perguntaram pro will.i.am quem ele gostava da música brasileira, a resposta veio na ponta da língua: Jorge Ben e Di Melo”, garante.

Na apresentação de amanhã, o recifense e a banda  PE Preto vão executar boa parte do repertório do disco, “e também algumas músicas novas”.

“Vai ser um show como eu estou hoje: bonitinho, quentinho, fofinho, gostosinho, lavadinho, pronto pra turbinar”, brinca o   Imorrível, verborrágico e vivo como nunca.

Di Melo & Banda PE Preto / Amanhã, 22 horas / Portela Café / R$ 30

SONS DA IRLANDA NO PELOURINHO, NESTA SEXTA E SÁBADO

Terra de grande tradição cultural, a Irlanda vem mostrar um pouco de sua arte contemporânea na Bahia, no Brasil Celtic Festival.

A programação conta com shows de música, espetáculo de dança e mostra fotográfica, tudo entre esta sexta-feira o sábado, em diversos locais do Pelourinho.

O evento é a versão local do I Festival Brasileiro, realizado em novembro de 2010 no sul da Irlanda, quando o guitarrista baiano Armandinho Macedo se apresentou e ministrou aulas de guitarra baiana para os irlandeses.

Por trás de tudo isto estão os produtores culturais soteropolitanos Christiano Bomfim e Jaime Oliveira Amor.

“Foi quando surgiu um convite do Culture Ireland (Agência do Ministério da Cultura da Irlanda) para aprofundar esse relacionamento entre Brasil e Irlanda”, conta Christiano.

O resultado poderá ser visto (e ouvido) no Brasil Celtic, que reúne atrações do outro lado do Atlântico e daqui mesmo, em dois dias de evento, quando será possível assistir aos shows de bandas de sucesso na Irlanda, como Mako e Bipolar Empire (foto no alto), do duo de música tradicional celta Séan Garvey e Joe Thoma, da dupla de dança The Tappers, entre outras atrações.

Do lado brasileiro, o próprio Armandinho reedita sua participação, além do celebrado Magary Lord e seu black semba, a banda carioca de rock Medulla e o tradicional grupo de dança Tran Chan (foto ao lado).

Para Christiano, a Bahia pode aprender com a Irlanda  uma ou duas lições de cidadania. “Acredito que a lição irlandesa é respeitar as pessoas, a cultura e os patrimônios material e imaterial. Lá, toda a herança celta ancestral é muito bem conservadas,  a cultura contemporânea é incentivada e tem edital para tudo. Os cidadãos são respeitados e as ruas são limpas. Acho que poderíamos aprender essas coisas com eles”, opina.

BREVE BATE PAPO COM DECLAN O'SHEA, DA MAKO




Com quatro indicações ao Grammy 2011, a dupla irlandesa Mako encara o desafio de tocar em território desconhecido, diante de um público que não os conhece, com naturalidade.

“Tocamos de coração, damos nosso melhor e mostramos como estamos excitados em nos apresentar para uma audiência nova”, afirma o vocalista Declan O'Shea.

“É uma honra tocar em Salvador.  Esperamos que o público goste do nosso estilo de música, pois adoraríamos voltar para tocar de novo e, quem sabe, fazer turnê pelo Brasil”, derrete-se.

Com uma história de peso no rock mundial, a Irlanda gerou nomes fundamentais como Van Morrison (e sua banda inicial, Them), o guitar hero Rory Gallagher, a banda Thin Lizzy (e seu lendário líder, o baixista Phil Lynott), e, claro, o onipresente U2, entre muitos outros.

Longe de ser um peso para novas bandas, Declan vê esta herança como um incentivo: “A Irlanda tem uma grande riqueza em seus artistas, e tudo isto ajuda a inspirar jovens músicos. Falo isto por que me inspirei em todos estes nomes quando comecei a compor”, diz Declan.

Mesmo com algumas indicações ao Grammy, as dificuldades para as bandas britânicas penetrarem no mercado norte-americano ainda existem, como ele conta:

“Tem que dar muito duro, fazer muita turnê tocando em lugares pequenos, abrindo para outras bandas. Até por que a venda de CDs já era”, explica o irlandês.

ATRAÇÕES RECOMENDADAS

Séan Garvey e Joe Thoma 

Visto como um professor, considerado uma das maiores autoridades na tradicional música folclórica irlandesa, Séan Garvey (ao violão) se apresenta em Salvador acompanhado do violinista Joe Thoma. Promete.

Bipolar Empire

Estrelas em ascenção no rock irlandês, a Bipolar Empire tem colhido elogios superlativos na imprensa do seu país desde o lançamento do seu último álbum, Feel That You Own It. É bom conferir, pois podem se tornar bem grandes.



SERVIÇO: I Brasil Celtic Festival / com: Água Negra, The Tappers, Tran Chan, Séan Gravey & Joe Thoma, Armandinho, Bipolar Empire, Magary Lord, Mako e Medulla / amanhã e sábado / PELOURINHO / R$ 30 e R$ 15 / Informações: www.brasilcelticfestival.com

NOVIDADE NO CENÁRIO, nana TRAZ TOQUE DELICADO DE CHANSON, BOSSA E INDIE FOFO COM ELETRÔNICA SUTIL




Quem é nana, recentemente vista cantando na última edição do evento multimídia Zona Mundi? Há duas respostas para esta pergunta.

É uma pessoa (duh!), Ananda Lima, ex-estudante da Facom - Ufba e atual aluna da Escola de Música (também da Ufba), cujo apelido é... Nana.

E há o projeto musical desta pessoa, intitulado  nana, grafado assim, em caixa baixa, em dupla com João Vinicius (violão, guitarra, teclado, escaleta, programação). nana assume a voz e reveza com ele no piano, teclado, escaleta e  programação. Eles se conheceram quando ela ainda estudava na Facom.

“Eu o conheci por amigos em comum”, conta a moça. “Ele tinha ouvido umas coisas que eu tinha postado no MySpace quando morei na Rússia. Ele ouviu, gostou, ficamos amigos”.

Ah, tá. Peraí, como é? Rússia? “Eu estudava jornalismo e queria fazer intercâmbio em um lugar bem exótico. Aí tinha um projeto de intercâmbio na Ufba. Me inscrevi e consegui ir pra Rússia. Fiquei quatro meses em São Petersburgo”, explica.

Na volta, Ananda estava decidida sobre o que queria fazer da vida. “Sempre quis estar envolvida com música, é a minha área de interesse. Aí troquei de curso. Jornalismo não era o que eu queria, então, tomei coragem e entrei no curso de Composição e Regência em Música Erudita da EMUS - Ufba”, detalha.

nana, o duo, tem algumas músicas demo já gravadas e disponíveis na internet: Expressionismo Alemão, O Céu de Estocolmo, Benjamim, I Can't Fall in Love e Aniversário.

Se alguém aí achou a coisa toda muito distante da nossa Bahia-iá-iá, a cantora de voz suave tem sua resposta na ponta da língua: “O mundo está tão globalizado que é  difícil não ver tudo o que está lá fora também”, manda.

“Mas a gente está tentando achar um equilíbrio dessas influencias estrangeiras com uma coisa regional”, acrescenta.

“Os planos agora são gravar um disco e fazer shows. Tem um agora, no  dia 22, no Sebo Praia dos Livros”, avisa.

Com influências de chanson, bossa nova e do indie fofo do Belle and Sebastian (entre outras bandas), o nana também se relaciona com o duo baiano Dois Em Um, com o qual guarda óbvias semelhanças.

Show: nana / sábado / sebo praia dos livros (porto da barra) / 20h30 / grátis
Ouça / conheça: www.ouvindonana.com


NUETA:


Theatro Ali do Lado
A Theatro de Seraphin faz mais um show para divulgar o espetacular e recém-lançado álbum No Fim de Maio. Sábado, 22 horas, no Ali do Lado Boteco Musical (Rio Vermelho), R$ 5. Por R$ 10, assista o show e leve o CD. Recomendadíssimo.

The Honkers, apagando a velhinha

A banda The Honkers comemora 13 anos de strip-teases, equipamentos destruídos e intervenções da Sucom com show e lançamento de clipe novo na terça-feira, dia 25,  na praça Teresa Batista (Pelourinho), com a rapaziada da banda Fridha. Dirigido por Rodrigo Araújo e Diego Haase (já premiados com o troféu Bahia de Todos os Rocks pelo vídeo de Cidade Subtraída: os perigos do sonambulismo filosófico, do Teclas Pretas), o clipe para  24 Hours From Your Heart (ouçam, é a melhor música desses caras) é inspirado em uma passagem d’A Odisseia, de Homero, e coloca os membros da banda dentro de um barco cenográfico, atacado por sereias ninfomaníacas de boca espumando. Hilário é apelido. Terça, 19 horas, Pça. Teresa Batista, entrada gratuita. Confira o teaser abaixo.

sexta-feira, outubro 14, 2011

MICRO-RESENHAS PARA QUE PRECISA PARA QUE PRECISA DE MICRO-RESENHAS

Rock de riffs demoníacos

Jack White, ex-White Stripes, é o Marcelo Camelo inverso. Ambos influenciaram o rock contemporâneo de forma decisiva. Só que, enquanto Camelo praticamente emasculou uma geração, transformando jovens incautos em wannabes de Chico Buarque, White fez outros tantos tomarem o caminho contrário, retomando o rock ‘n’ roll primitivo, baseado no blues de riffs demoníacos à Led Zeppelin. E o duo sergipano The Baggios mostra, neste álbum de estreia, com quantos paus se faz rock de macho – e soando atual. Quem não aguenta mais tantos jovens wannabes de Chico Buarque no rock, a solução está no disco de estreia do duo sergipano The Baggios. Blues rock cru, o álbum carrega aquela sonoridade da pesada, a la Led Zeppelin, que voltou à baila no pós-White Stripes. O disco é bom como um todo, mas dá para destacar o riff entortante de O Azar Me Consome, o lirismo flamenco de Oh Cigana, o boogie endemoniado de Aqui Vou Eu (com teclados de Leo Airplane) e o suingue com trompete de Quanto Mais Eu Rezo. O negócio é tão bom que nem Hélio Flanders (Vanguart) consegue estragar (na faixa Morro da Saudade). Um dos melhores discos do ano. The Baggios / The Baggios / Vigilante - Deckdisc / R$ 20

Acústico e vanguardista

Há 30 anos no comando do Sonic Youth, uma lenda do rock avant garde, o guitarrista e vocalista Thurston Moore mostra seu lado mais intimista neste terceiro disco solo. De sonoridade 100% acústica, o álbum produzido por Beck, consegue, mesmo sem uma nota distorcida sequer, carregar toda a estranheza característica do SY. Claro, há faixas que poderiam estar em qualquer disco da banda original (Orchard Street, Circulation), mas a sofisticação do som baseado em violões de cordas de aço, violinos e harpas soam incomuns – e ao gosto do fã habitual do Sonic Youth. Thurston Moore / Demolished Thoughts / Lab 344 - Matador / R$ 27,90

Sexo é muito gostoso

No exterior, é muito comum ver gigantes do rock, já em idade avançada, gravarem excelentes discos, em que mostram, sem precisar provar mais nada a ninguém, que ainda são os caras. Foi assim com Johnny Cash, Bob Dylan, Lou Reed, Neil Young, Leonard Cohen e outros. Erasmo Carlos tem feito o mesmo agora, aqui no Brasil, desde o álbum Rock ‘n’ Roll (2008). Letrista espetacular, com a voz em boa forma, o Tremendão faz, em Sexo, um inventário das dores e delícias do amor físico, incluindo o antes, o durante e o depois. Difícil citar destaques em um CD tão coeso, bem amarrado e, uh, gostoso. Erasmo Carlos / Sexo / Coqueiro Verde / R$ 29,90

Filosófico, mas sem perder a piada

Um dos maiores talentos das tiras em quadrinhos surgidos no Brasil nos últimos tempos, Daniel Lafayette estreia em livro em grande estilo, com esta coletânea. Dono de traço limpo, cartunesco e de grande expressão gráfica, Lafayette se revela um tirista de primeira linha, transitando com equilíbrio pela linha filosófica contemporânea, mas sem jamais perder a piada. Sem personagens fixos, as tiras passeiam pelas agruras do dia a dia, referências da cultura pop e criaturas bizarras. Ultralafa / Daniel Lafayette / Barba Negra / 176 p. / R$ 39,90 / editorabarbanegra.com.br

Inventário de gênero

Origem de um cultuado filme com Kim Basinger e Russel Crowe, esta pérola da moderno romance noir traz todo o imaginário do gênero: mulheres fatais, incautos envolvidos em sombrias transações, mafiosos, assassinatos, corrupção, beijos e tiros. Clássico. Los Angeles: Cidade proibida / James Ellroy / Best Bolso / 496 p. / R$ 19,90 / edicoesbestbolso.com.br



Jornalista e bêbado, quem aguenta isso?

Com Johnny Depp prestes a retomar nas telas o papel de enfant terrible do jornalismo literário em um novo filme baseado neste livro, é uma boa hora para se inteirar. Este texto, engavetado por 40 anos, é a gênese do estilo gonzo de Thompson, à beira-mar e encharcado de rum em Porto Rico. RUM: DIÁRIO DE UM JORNALISTA BÊBADO / Hunter S. Thompson / L&PM / 256 p. / R$ 19 / lpm.com.br

















Italiano, pioneiro e contraditório

Com o subtítulo A Imprensa Ilustrada da Corte à Capital Federal, 1864-1910, chega as livrarias a biografia de Angelo Agostini (1843-1910), imigrante italiano que foi o principal artista gráfico em atividade no Brasil durante a segunda metade do século XIX. O livro traz uma boa análise de sua personalidade conflituosa, abolicionista e racista ao mesmo tempo. Angelo Agostini / Gilberto Maringoni / Devir/ 256 p./ R$ 39,50/ devir.com.br
















Em entressafra criativa

Veterana do indie rock, a banda norte-americana Death Cab for Cutie já viu dias melhores com álbuns bem mais emocionantes do que este Codes & Keys, mas os fãs que ouvirem com atenção ainda poderão desfrutar de um outro momento bacana, como Doors Unlocked and Open, You Are a Tourist e Some Boys. Tudo bem que eles chegaram naquele momento em que começam a soar como covers de si mesmos (dizer caricaturas seria muita crueldade), o que é um claro sinal de fadiga criativa. Mas se for pensar bem, tem coisa muito pior e mais indigna por aí. Death Cab for Cuttie / CODES AND KEYS / Warner / R$ 34,90







Folk de musicalidade rica

Após um breve namoro com o rock progressivo (The Hazards of Love, 2009), o grupo indie norte-americano The Decemberists dá uma guinada estética e entrega o ouro deste novo disco logo na primeira faixa, Don’t Carry It All: a batida reta em midtempo e o acordeom remetem imediatamente a Out on The Weekend, faixa de abertura do clássico Harvest (1971), de Neil Young. Na linha revival do folk rock, essa rapaziada de Portland até que manda muito bem, cravando um álbum que impressiona pela musicalidade rica e melodiosa. Melancólico, porém redentor. The Decemberists / The King is Dead / EMI Music / R$ 29,90

No tempo em que Barcelona era imunda

Houve um tempo em que Barcelona não era o moderno centro turístico de hoje em dia. Em um bem-humorado tom de sátira social, o escritor espanhol Eduardo Mendoza constrói seu romance de mistério catalão ambientado na suja Barcelona pré-revitalização. Ótimo exemplo da moderna literatura espanhola. O mistério da cripta amaldiçoada / Eduardo Mendoza / Planeta / 192 p. / R$ 29,90 / editoraplaneta.com.br

terça-feira, outubro 11, 2011

COQUETEL MOLOTOV: SEGUNDA EXPLOSÃO BAIANA

Em pleno fechamento desta edição, veio a bomba: a banda inglesa The Fall, uma das mais esperadas da segunda edição do festival No Ar Coquetel Molotov em Salvador, não vem mais.

Segundo a organizadora Ana Garcia, de Recife, o líder da banda, Mark E. Smith, alegou “problemas de saúde” para não embarcar no avião ao Brasil.

Ana, que se disse “em estado de choque”, ainda não havia definido se haverá alguma banda para tapar o buraco na grade de atrações.

“Estamos conversando para tentar encaixar alguém daí de Salvador ou daqui de Recife no lugar”, disse.

O certo é que, mesmo sem The Fall, Salvador recebe, na Concha Acústica do Teatro Castro Alves, hoje e amanhã, a versão baiana do festival recifense No Ar Coquetel Molotov.

Realizado desde 2004 na capital pernambucana, o evento se caracteriza por apresentar uma boa mescla de artistas brasileiros com nomes interessantes do pop rock internacional.

No ano passado, foram dois dias com três atrações cada uma, com a clássica banda alternativa Dinosaur Jr., Céu e a banda Cidadão Instigado.

Em 2011, o festival continua com dois dias, mas acrescentou uma atração, perfazendo quatro shows diários, incluindo bandas locais – uma solicitação dos fãs baianos.

Hoje, o No Ar Coquetel Molotov apresenta a banda local Retrofoguetes, os pernambucanos do Mombojó, a banda inglesa Guillemots e o sempre sensacional Tom Zé.

Amanhã, as atrações se iniciam O Círculo, seguida dos americanos do Health. Na sequência vem um grupo referencial: Mundo Livre S/A.

O pirulito e os hits

“Estamos na expectativa de superar os índices de público alcançados em 2010”, afirma Jorge Albuquerque, diretor de produção da Caderno 2 Produções.

“Até porque este ano houve uma ampliação de programação, com debates, exibições de filmes e oficina (realizados nos últimos dias)”, lembra.

Atração principal de hoje, o iraraense Tom Zé comemora seu aniversário de 75 anos no palco da Concha, devendo fazer (mais) um grande show em Salvador, com o repertório baseado no DVD ao vivo O Pirulito da Ciência, em que reúne o melhor de sua produção.

“Espero que não esteja muito quente, que é para não derreter o pirulito”, brinca o gênio, por telefone.

“O repertório é um apanhado da carreira. Será toda uma sucessão de sucessos como 2001, Augusta Angélica Consolação, Made In Brazil, Politicar, Xique Xique, etc”, adianta.

Os outros baianos dos Retrofoguetes (em foto de Sora Maia), que abrem a noite, estão superempolgados para se apresentar. Afinal – por incrível que pareça –, a banda, com dez anos, nunca tocou na Concha Acústica.

“Já tocamos duas vezes na sala principal do TCA, mas na Concha é a primeira vez”, diz o baterista Rex.

No som, músicas dos dois discos, mais temas do espetáculo Ultra Retro Twist, tudo acompanhado por dois músicos de apoio (teclados e percussão). “É um evento bacana, que traz boas atrações internacionais e Tom Zé, que é genial”, elogia.

O abismo fractal

Na linha de frente pernambucana, Molotov em punho, estão Fred 04 e seus companheiros do Mundo Livre S/A.

Do ônibus que os levava para tocar em Natal, 04 avisou que, além dos “mega hits, para não deixar a galera na mão”, eles pretendem tocar músicas do próximo álbum, que será distribuído pelo selo Coqueiro Verde.

“O selo tem a programação deles, então ainda não sabemos quando (o disco) sai, já que, agora, estão divulgando Erasmo, Kassin e Karina Bühr”, diz Fred.

O CD chama-se Novas Lendas da Etnia Toshi Babaa. “Essa é a etnia da qual todos nós descendemos, lá da galáxia do abismo fractal”, viaja.

“Tem um texto no encarte que é o preâmbulo, como se fosse o inicio de uma nova saga. Fala de pirataria, ética virtual, cultura digital e por aí vai”, conclui.

NO AR COQUETEL MOLOTOV 2011 / Hoje / Retrofoguetes, Mombojó, Guillemots e Tom Zé / Amanhã / O Círculo, HEALTH, The Fall e Mundo Livre S/A / Concha Acústica do TCA / R$ 20 e R$ 10

ENTREVISTA: TOM ZÉ

O gênio de Irará (foto: Marcelo Rossi) volta à Salvador para um grande show – no melhor palco ao ar livre da cidade – bem no dia em que completa 75 anos em prol do pensamento livre e da rebeldia, artigos cada vez mais escassos no reino das bundas de silicone. Ele vem com o show, inédito por aqui, do CD / DVD ao vivo O Pirulito da Ciência, em que repassa todas as fases da carreira de 40 anos.

Como foi o show com os Mutantes no Rock In Rio?

TOM ZÉ: Ah, foi ótimo! Acabou dando certo, foi bem alegre, o pessoal ficou feliz. Na hora é uma confusão, “chega que tá na hora”, aquelas coisas, o stress de evento grande. Mas no fim deu tudo certo.

O senhor faz 75 anos no dia do show aqui. Mas boa parte de seus fãs é duas ou três gerações mais nova do que você.

TZ: Acho que tem gente até uma dúzia de gerações mais nova! (risos) Quanto mais eu envelheço, mais jovem fica a plateia. As vezes é um problema, trazem crianças de nove anos em lugares em que não é permitido. Mas é uma alegria. Parece que isso se deve ao fato não de eu não fazer música, mas de fazer rebeldia. As gerações necessitam de alguma rebeldia para compreender seu tempo. E depois disso, fazer a antítese, marcar sua passagem pela Terra com seus emblemas. Toda geração precisa disso para não sucumbir, precisa dessa força. E a rebeldia é uma força muito vigorosa que, através dos séculos acaba desembocando na ciência e na própria arte – que na Bahia é o cão vivo! A Bahia tem muita força nisso. Toda geração tem sua rebeldia e a procura aonde ela está disponível. É como se fosse o faro do leão atrás da caça. Com o faro natural, ele sabe onde está. E uma (rebeldia) disponível é a minha. O fato de eu, toda vez que toco aí, encher a Concha e os teatros daqui e do mundo é um assombro. É bastante curioso.

O que o senhor anda preparando? Algum disco novo?

TZ: Tenho duas coisa para serem feitas, mas devo lhe pedir socorro. Diz que a mulher que fala muito perde seu amor. Se você fala dos seus projetos, você os mata. Eles devem ficar escondidos no útero. É bom nem fazer ultrassonografia. Quando nascer é que a gente vai descobrir se é homem ou mulher (risos).

ENTREVISTA: MC LORD MAGRÃO (GUILLEMOTS)

Ele tem nome de funkeiro carioca, mas é paulista e filho de baiano. Nascido Ricardo Bombine Pimentel, MC Lord Magrão (primeiro à esquerda, na foto) toca guitarra na banda inglesa Guillemots, na qual entrou depois de responder a um anúncio do vocalista Fyfe Dangerfield na revista New Musical Express.

Sua banda gerou bastante hype quando surgiu em 2005, mas conseguiu superar essa fase inicial e se manteve unida e em certa evidência no cenário da música pop britânica. Como vocês conseguiram isso?

MC LORD MAGRÃO: Não estou bem certo, acho que nos mantivemos fiéis à nós mesmos. Muitas bandas estão nessa pelo estilo de vida. Nós amamos música e queremos fazer isto pelo resto da vida. O hype é uma coisa bem difícil de entender e também de ignorar. Ele torna as coisas bem confusas para os artistas que estão tentando se estabilizar.

O grande público em Salvador não é famliarizado com sua música. Isto posto, como será o repertório do show por aqui?

MLM: Nós tendemos a variar bastante a cada show, não gostamos de nos repetir muito. Será uma mistura do material dos primeiros discos, dos EPs e lados B. Talvez apresentemos algumas canções novas também...

Sir Paul McCartney elogiou bastante sua banda em uma entrevista de rádio – uma responsabilidade e tanto. Você dormiu naquela noite? Como não deixar que isso o afete de uma forma ruim?


MLM: Sim, eu dormi! (Risos) Não acho que algo assim me afetasse de uma forma ruim. Mas foi maravilhoso ouvir isso – sabe como é, foi o Paul McCartney! Você só deve não se deixar levar por isto e passar a acreditar que tudo o que você faz é espetacular.

Quem mais o influenciou como artista?


MLM: Eu diria que foi Tom Zé. Definitivamente, ele é minha maior influência.

Conhece Salvador? Qual sua expectativa para o show aqui?

MLM: Meu pai é baiano, de uma vila chamada Missão (estrada BA 131), diz que é perto de Senhor do Bonfim. Espero que possamos fazer o melhor show possível.

Qual a inspiração por trás do seu maior hit, chamado Trains To Brazil?

MLM: Na época, tinha várias coisas acontecendo por aqui (Londres) em relação ao terrorismo. Por coincidência, estávamos gravando Trains To Brazil quando aconteceu aquele incidente do brasileiro Jean- Charles sendo morto por engano no metrô em Londres. Eu diria que a música é sobre apreciar ao máximo o fato de estarmos todos vivos.

Além da guitarra, você toca instrumentos incomuns, como máquina de escrever e furadeira. Como é tirar o som que você deseja desses objetos? Ele é gravado e mixado na música do jeito que está ou é reprocessado com o uso de samplers, plugins, pedais e recursos eletrônicos?

MLM: Às vezes é meio difícil mesmo microfonar esses instrumentos, já que eles não dispõem da acústica específica dos instrumentos convencionais. Em geral, o som é introduzido na canção do jeito que está. Às vezes eu acrescento alguns pedais para alcançar um som mais imponente.

O rock ainda é relevante? Ainda é possível fazer algo novo?

MLM: Tudo que é importante na música nos mostra como ela foi feita, coisas que não deveríamos tentar fazer. Acredito que é possível, sim. Você só precisa estar a par da música que há lá fora.

sexta-feira, outubro 07, 2011

A SAGA DA MARIA BACANA

Faz tempo que o Rock Loco não publica textos de convidados - o que é uma pena, por que fica só eu aqui, na minha velha ladainha de pentelho chegando à meia idade. Aproveitando que meu brother Ricardo Cury está publicando textos enfocando dados e histórias curiosas do rock local no Facebook, o propus que republicasse esses textos aqui no Rock Loco. A primeira razão para isso é que eu não tenho Facebook (nem pretendo) e portanto, não tinha como ler os tais textos (e eu adoro as coisas que esse rapaz escreve). Sim, minha comodidade vem em primeiro lugar - afinal, sou baiano. E em segundo lugar, acredito que aqui, essas histórias possam atingir ainda mais gente - aqueles visitantes ocasionais não exatamente ligados ao rock local. Sem mais delongas, segue o primeiro texto, contando a curta porém impressionante trajetória da banda Maria Bacana. Enjoy!

O porquê das coisas ou: às vezes é assim

Por Ricardo Cury

Na historia do rock, quando uma banda que tem tudo pra dar certo não dá certo, é como um acidente de avião. Nunca é um fator só. As causas para a não concretização do plano de voo são inúmeras, as respostas para as questões que se formam são sempre subjetivas e cada historia é singularmente peculiar.

Hoje, passados mais de dez anos desde o final dos anos 1990, já é possível fazer um levantamento, pelo menos superficial, de algumas historias daquela época.

Na década anterior, os famosos anos 1980, em uma entrevista para a jornalista Leilane Neubarth, a primeira da carreira da banda para a TV, perguntado sobre o sucesso da banda, Renato Russo respondeu:

– Sucesso?!

A Legião Urbana quando deu aquela entrevista estava no processo de gravação do seu primeiro disco que, obviamente, ainda não havia sido lançado, então: como já era “sucesso”? Uma das respostas é que naquela época, o simples fato de uma banda sair da sua cidade natal e ir para RJ ou SP gravar um disco já era sinal de sucesso. Esse mito permaneceu por muito tempo. Ainda em 96 eu tinha uma banda de rock e só porque a banda fez um show no Rio de Janeiro, ouvi o comentário “pooooorra, show no Rio, ta fazendo sucesso, hein?!”.

Grandes merdas show no Rio. Era só pegar uma fita demo, mandar pra vários lugares e esperar uma carta chegar ou o telefone tocar quando você estivesse em casa. Alguma carta de algum lugar chegando, era só marcar um show, concordar em pagar os custos e dividir o lucro (?), pedir o endereço e pegar a estrada. Grandes merdas fazer um show no Rio. Demoramos mais de dois dias pra chegar, num Uno Mille, tocamos pra cinco pessoas e voltamos pra mais dois dias de estrada. Num Uno Mille.

– Sucesso?!

Pra chegar ao que se convencionou chamar de “sucesso” é preciso muito mais do que ir gravar no Rio ou SP, ou ser elogiado por jornalista. A soma das vendas de Beatles, Led Zeppelin, Pink Floyd, Guns and Roses e Nirvana só é menor do que o numero de bandas que acharam que chegariam la. Bandas que só ganharam elogios, sem saber que ganhar elogio é talvez a parte mais fácil da coisa toda.

Diz a lenda que o jornalista baiano Hagamenon Brito tomou um a zero quando, em 1995, em uma conversa com o guitarrista Dado Villa-Lobos, perguntou a ele:

– E ai, Dado, o que é que ta rolando de som? Alguma novidade no rock?

O guitarrista respondeu?

– Já ouviu Maria Bacana, daí de Salvador?

As más línguas dizem que Hagamenon ainda perguntou “Quem? Maria Bethania?!”.

Uma semana depois, Morotó, guitarrista dos Dead Billies, estava fazendo 20 anos de idade e fez uma festa em sua casa. Na sala, ao invés de uma mesa com comidas, tinha uma mesa com bebidas e ao lado uma bateria, uma guitarra, um baixo, amplificadores e microfones. Foi um show histórico para convidados. Depois dos Dead Billies, outros três caras “subiram no palco”. Eram uns caras que, assim como os Billies, eram dali, do Bonfim. Minha primeira reação foi “oxe, quem é esse magrelo, espinhento, de calça rasgada?”. Quando eu pensei isso, Bola perguntou pra mim:

– Já viu esses caras?

– Não – respondi.

– Também não – respondeu ele –, mas eu tenho a fita demo, é legal...

E a banda atacou. Guitarra, baixo e bateria, tocado de forma alta, suja e, sobretudo, muito bem ensaiada.

“A gente ensaiava religiosamente todo sábado e todo domingo, o dia todo”, disse Macello Medeiros, baterista.

O estúdio de ensaio era em um quarto nos fundos da casa da avó dele, dona Maria, que liberou o espaço sem hesitar nem reclamar do barulho. Se os Paralamas do Sucesso homenagearam vovó Ondina, a avó de Bi Ribeiro, pelo mesmo motivo na musica “Vovó Ondina é gente fina”, Macello, André e Lelê homenageariam vovó Maria no nome da banda: Maria Bacana.

Outro motivo – menos nobre – do nome é o fato dele conter as mesmas iniciais da banda antiga do trio, chamada Master Brain. Heavy Metal cantado em inglês com referencia em Black Sabath, Metallica e Iron Maiden “até que André descobriu os Mutantes e chegou dizendo que tinha feito musicas novas”, diz Macello.

Para André Mendes (guitarra e voz) tanto quanto Mutantes, uma forte influencia foi Ratos de Porão: “ali eu percebi que podia fazer um som pesado cantando em português”, disse.

Com nome novo e musicas novas, gravaram uma fita demo composta por três musicas e bateram (via Correios) nas portas de diversas gravadoras e selos independentes (que pipocavam) no Brasil. Uma dessas portas foi a do jornalista Sergio Espírito Santo, que trabalhava naquele momento na produção de um CD só com novas bandas do Brasil, que se chamaria Brasil Compacto e que seria lançado pela Rockit!, selo criado pelo guitarrista da Legião Urbana, Dado Villa-Lobos.

– Ouve isso aqui – pediu Espírito Santo e os três acordes com melodias cantadas em português atingiram em cheio o guitarrista da banda que, 10 anos antes, se tornara a maior em vendas no Brasil a partir de um primeiro disco recheado de três acordes com melodias cantadas em português.

– Recebi uma fita K7 com três faixas e bateu na hora. Não existia vídeo, o material fotográfico era precário, sabíamos apenas que vinham de Salvador. Foi só a musica. A música contagiou a todos no escritório e logo pensamos em como viabilizar o projeto de um disco. Era algo que estávamos buscando – diz o então dono de gravadora Dado Villa-Lobos.

O simples e singelo verso “você me faz pensar” da musica Caroline, composta na tal fita demo, fez Dado comentar assustado “tem uma musica do Aborto Elétrico que nunca foi lançada que fala ‘você me faz pensar’”, disse ele, sobre a banda que depois viraria Legião Urbana.

Com a participação garantida na coletânea Brasil Compacto, a Maria Bacana tocou em todos os buracos de Salvador, sempre chamando a atenção de um publico ainda pequeno, porém, a todo o momento, cada vez maior. Esses shows foram fundamentais para preparar a banda para o lançamento do Brasil Compacto, no festival Humaitá pra Peixe, Rio de Janeiro, no final de 1995.

– Não tinha muita gente, mas todo mundo que tava la tinha a ver com a coisa – relembra André.

“Vim aqui só pra ver o show de vocês”, disse Fred, então baterista dos Raimundos, para ele.

O show foi impecável. Somado aos ensaios exaustivos que se obrigavam a ter, os inúmeros shows nos inferninhos de Salvador deixaram a banda extremamente competente em cima de um palco, sempre impressionando pelo impacto de ser um trio que sabia tocar alto, pesado e, no meio disso tudo, ainda garantir o espaço da melodia. O assoviável dos Mutantes com os três acordes do punk rock.

– Podemos dizer que o pré-emo esta ali – avalia Dado, sem ser pejorativo.

Além dos Raimundos, estavam presentes nesse show músicos do Planet Hemp, Little Quail e Rappa, assim como jornalistas e a MTV, todos rasgando elogios ao trio. Em uma época onde só se falava de maconha e putaria no rock, uma banda falando de coisas mais existenciais e até mais ingênuas foi um sopro de vida até para os próprios responsáveis pela maconhagem e pela putaria. Em pouco tempo, a imprensa de Rio e SP (e fanzines Brasil afora) se rendeu. “Legião Bacana” dizia uma das matérias da revista Bizz, fazendo uma inevitável comparação.

– Em pouco tempo a gente estava sendo elogiado por quem a gente admirava – assume André, antecipando um dos fatores que seria responsável pela mudança da maré.

E o show empolgou tanto a produção que a banda foi de ônibus e voltou de avião, numa época em que andar de avião não era tão acessível, ainda mais se tratando de uma banda de rock de Salvador. O aeroporto ainda se chamava Dois de Julho. Do ponto de vista histórico, os anos 1990 foram ontem, acabamos de vivenciá-los, mas ainda assim é assustadoramente diferente dos dias atuais.



Das bandas do Brasil Compacto, três tiveram investimentos para um vídeo clipe: a também iniciante Eddie, de Pernambuco; Tiroteio, de São Paulo; e Maria Bacana. Feito por Raul Machado, premiado diretor naquele meio de década, o clipe de “Caroline” passava com certa freqüência na MTV, em uma época em que isso era como uma banda de rock de Salvador andar de avião. A banda ainda concorria ao importante premio de Banda Revelação pela revista Bizz, também em uma época em que isso...

– Ali, se um clipe seu passasse uma única vez na MTV, você tinha até 15 dias pra aproveitar a fama e ser reconhecido na rua – diz Rogério Big Brother, produtor cultural de Salvador.

Conversando com ele sobre o tema “bandas que achávamos que iam chegar la, mas não chegaram”, ele disse:

– E Lacertae? – banda sergipana que também estava na coletânea Brasil Compacto. – Os caras saíram de Lagarto, no interior do interior de Sergipe e foram direto, sem escala, pra São Paulo. Todo mundo da MTV dizendo que eles eram legais, todo mundo da Bizz dizendo que eles eram legais, a Folha de São Paulo dizendo que eles eram legais, ficaram seis meses em São Paulo com todo mundo dizendo que eles eram legais, mas ai, de repente, as pessoas que achavam eles legais foram desaparecendo, desaparecendo e eles voltaram pra Lagarto – finaliza Big Brother.

Para a Maria Bacana o ano de 1996 começava com indícios de que o “chegar la” era questão de tempo. A correnteza de acontecimentos se encarregaria de levar a banda. Os shows em Salvador estavam sempre cheios e o tão sonhado primeiro disco finalmente seria gravado. Agora seria um disco só deles.

Foram pro Rio de Janeiro e ficaram hospedados na casa do diplomata Jayme Villa-Lobos, pai do guitarrista. Um dos motivos para isso foi o barateamento da produção, economizando com hotel. Ironicamente, essa economia significava uma cobertura na Gávea, só para eles, três pirralhos de Salvador...

– Naquele momento a gente percebeu que a coisa era muito mais do que uma “simples” relação gravadora-banda. Houve uma identificação, uma admiração e, principalmente, uma amizade entre a gente. Foi tudo muito acolhedor – disse André.

O local escolhido para a gravação foi o mega estúdio novinho em folha A.R., então conhecido como “o melhor estúdio do Brasil”, e foi produzido por Dado Villa-Lobos e por um promissor produtor ainda não tão conhecido, como viria a ser, chamado Tom Capone.

“A banda vai estourar”, dizia o burburinho.

Tive algumas oportunidades de conversar com Tom Capone e em uma delas o assunto foi Maria Bacana:

– Aquela banda era foda e aquelas musicas são fodas. A única coisa que eu me arrependo é que eu não tive tempo pra mixar o disco. Quem mixou foi um cara que faz a mixagem dos discos do Djavan, ai ele deixou tudo meio limpinho... – lamentou Capone, que veio do underground de Brasília e enquanto trabalhava com Maria Bacana já estava sendo requisitado para as mais altas produções fonográficas. Colocando uma sonoridade inovadora por onde passava, artistas consagrados como Gilberto Gil, Barão Vermelho e Skank também passaram a clamar por seu talento. Como produtor do primeiro disco da cantora Maria Rita, ganhou um Grammy em 2004. Após receber o premio, saiu pelas ruas de Los Angeles em sua Harley Davidson, sofreu um acidente de transito e morreu.

Com o disco gravado, a Maria Bacana tocou no festival Close-up, em São Paulo, ao lado de David Bowie, No Doubt e outras bandas iniciantes que, como eles, ainda eram promessas: Charlie Brown Jr, Pavilhão 9, Skamundongos e a conterrânea Catapulta. Todas elogiadas pela MTV, Bizz e Folhas, todas na corrida pelo pódio e com chances de vitoria.

Dessas bandas, Skamundongos sumiu; Catapulta, com o inevitável trocadilho, não catapultou; Pavilhão 9 conseguiu algo, mas nada comparável ao Charlie Brown Jr, que quebrou todos os recordes de vendas e de paciência. E Maria Bacana...

Se o show no Humaitá pra Peixe foi incrível porque foi para um pequeno grupo seleto, esse foi mais incrível ainda porque foi para uma pequena multidão, com milhares de pessoas cantando juntos musicas da Maria Bacana. “Agora vai”, pensaram todos os envolvidos, inclusive Rafael Borges. Se já não bastasse a imprensa comparar a Maria Bacana com a Legião Urbana, de o guitarrista desta ser o produtor executivo e musical do disco, agora era Rafael Borges, o empresário da própria Legião Urbana, quem apostava neles. “Agora vai.”

Macello lembra de uma noite em que ele foi tomar uma cerveja com um técnico da equipe e no meio da bebedeira ele descobriu que eles seriam os outros que trabalhariam no lugar da Legião Urbana. Depois de um “não sei se digo”, o tal técnico disse:

– Rafael ta colocando toda a equipe da Legião pra trabalhar com vocês, ele falou pra gente que quer transformar vocês num novo Legião Urbana.

Mas acontece que um tal de destino apareceu por la. E o que parecia ser vantajoso se tornou o inverso. Em outubro daquele ano, Dado Villa-Lobos e Rafael Borges tiveram de esquecer a Maria Bacana e todas as outras bandas com que trabalhavam – Dado com as da sua gravadora e Rafael com todo seu elenco que incluía, entre outros, Cássia Eller e Kid Abelha – para cuidar dos interesses de apenas uma banda. Naquele mês, a Legião Urbana terminava suas atividades com a morte de Renato Russo e as pessoas mais próximas a ele eram justamente as pessoas de quem dependia o trabalho da Maria Bacana. E tudo isso justamente no peculiar momento de lançamento de um primeiro disco. Ninguém conseguia fechar shows com a Maria Bacana, ninguém encontrava os discos nas lojas.

A Legião Urbana, banda que de certa forma gerou a chance de sucesso da Maria Bacana, com o seu fim, gerou também o fim da Maria Bacana? Esse motivo, por mais intrigante e irônico que pareça, seria simples demais se fosse o único.

Dado Villa-Lobos avalia de forma mais fria e traz argumentos:

– Foi um momento conturbado pra mim, para Rafael e todos à nossa volta, talvez esse seja um de vários motivos do "fracasso", não o único... Os discos não chegavam às lojas porque a distribuidora EMI/Virgin não colocava; não colocava porque não havia demanda; não tinha demanda porque não tocava no rádio; não tocava no rádio porque não tínhamos a montanha de dinheiro exigida pro jabá. Impossível querer de um selo como a Rockit! financiar o "marketing" vigente à época, algo a se lamentar, pois havia a confiança na possibilidade de a Maria Bacana alcançar algum êxito no plano nacional, mas faltou dar um passo além, faltou jabá. Simples assim.

Passada a fase do luto, passava com ela a fase dos elogios e chegava-se a fase seguinte, o tal passo além, a fase do dinheiro. Tem?

Macello lembra também de depois de um show, no meio do camarim, uma produtora renomada entrou e foi bem direta:

– Se tiver 50 mil reais eu estouro. Com Charlie Brown Jr precisei de R$150 mil, mas com vocês só preciso de R$50 mil, tem?

Não tinha.

Uma época estranha esse fim dos anos 1990. As chamadas grandes gravadoras estavam desmoronando em praça publica, mas ainda assim se buscavam contratos com elas e ainda assim se usavam as mesmas ferramentas que estavam fazendo aquele próprio império ruir.

Mesmo antes da morte de Renato Russo, Rafael Borges já sabia que o futuro da “sua” grande banda era mais que incerto. A fila precisava andar e tudo indicava que era a vez da Maria Bacana. Mas saber que o próprio produtor das duas bandas pensava de forma tão megalomaníaca mexeu com a cabeça de André, principalmente depois de que nada passou a acontecer de fato.

– Cadê a turnê? – se perguntavam os três e a resposta era sempre “a Rockit! não tem dinheiro”.

Em um instante, de uma hora pra outra, Dado Villa-Lobos foi de guitar-hero a vilão. Entre desentendimentos e impulsos juvenis, a banda, com exceção de Macello (o mais velho dos três), passou a responsabilizá-lo pela desilusão e decidiram ignorar o contrato e tudo o que já tinha sido feito. Que “livres” e que apenas com Rafael Borges eles conseguiriam um outro contrato, dessa vez com uma grande gravadora.

Hoje lamentam:

– Fomos escrotos e filhos da puta com Dado. Subi no salto, eu pensei ‘eu sou foda’ e vou fazer o que quiser... Fazer o que? Num momento eu sou um guri de Salvador, da cidade baixa e de repente eu estava no Rio, sendo chamado de gênio... Tinha dezessete anos, não segurei a onda, é uma pena – diz André.

Depois de uns dez anos sem saber dele, liguei pra Lelê, baixista, pra ouvir sua versão:

– A verdade é que a gente vacilou com Dado e com todos na Rockit!, a gente endoidou. Ele foi um guerreiro, conseguiu diretores de vídeo clipe, abriu a casa do pai dele pra gente, pagava nossas passagens e a gente deu mole. Tudo foi rápido demais, em um instante já queríamos algo bem maior... Ele ainda mandou uma carta pra cada um de nós, pedindo pra gente não procurar outra gravadora, gravar um segundo CD com ele, mas recusamos e naquele momento eu também já estava pensando em sair.

Em sua carreira, além do Close-up em São Paulo, a Maria Bacana fez algumas apresentações interessantes, como a abertura dos shows de Cássia Eller na Concha Acústica, em Salvador, e no Canecão, no Rio de Janeiro (após o show a cantora Elba Ramalho fez questão de ir no camarim conhece-los); tocou no inovador evento Expo Alternative, também no Rio e no festival Abril pro Rock, em Pernambuco. E cancelou alguns de forma irresponsável. Havia um publico enorme em Aracaju, recebiam inúmeras cartas de la e Rafael Jr, musico e produtor cultural da cidade fechou um show com a banda. Mas, na véspera, André desmarcou, colocando mentiras e burocracias no rock, ao dizer que a Rockit! os proibiu de tocarem nesse evento, quando o verdadeiro motivo foi o de que o evento não tinha sido fechado por Rafael Borges.

– Marquei o show, tudo bem acertadinho, claro e limpo. Fiz cartaz, busquei patrocinadores, comecei a divulgar e quando consegui falar com eles (depois de um tempo dizendo que “não estavam”), vieram com uma conversa esquisita de que foram proibidos pela gravadora de tocar – relembra Rafael Jr, que, imediatamente, através de uma carta, entrou em contato com a Rockit! pra deixar clara a sua indignação, questionando “como eles (um selo alternativo) atrapalharam um pequeno produtor que fazia o rock gerar e trabalhava com seriedade, pela música, fazendo as coisas acontecerem numa cidade provinciana”.

Sérgio Espírito Santo, ao ler a carta, ligou na hora. E pra surpresa de Rafael Jr, disse que a Rockit! não tinha nada a ver com aquilo, que nem sabiam do evento e que todos la também estavam decepcionados com eles.

Para Macello, o único a discordar das atitudes dos companheiros (e que estava atento a todas as nuances), isso foi o começo do fim. Isso e o fato de Lelê ter pedido as contas.

– Deixei a banda porque estava sentindo a necessidade de construir uma família e a banda já não me dava mais garantias nenhuma... Ou investia no meu sonho de rock and roll ou montava uma família com minha esposa; optei pela família e abandonei meu grande sonho que até hoje me persegue – resigna-se o baixista.

Para André e Macello, o tecido do sonho do rock ainda se mantinha, mas os fios já começavam a se esfarrapar. Sem Lelê, testaram inúmeros baixistas, mas nenhum conseguiu trazer aquela vibração de volta. Com nova formação, gravaram uma outra fita demo e bateram na porta de outro Rafael. Rafael Ramos, que estava naquele show de lançamento pra um grupo seleto e ficou na frente do palco, hipnotizado, vendo a Maria Bacana tocar. Rafael Ramos, o responsável direto pelo surgimento dos Mamonas Assassinas e que naquele momento era um produtor musical promissor (produziria Los Hermanos e Pitty) respondeu logo em seguida e disse que tinha total interesse em produzir o segundo disco deles.

Com essa promessa, André pensou que estavam salvos. Mas Rafael só se mostrou empolgado até o momento em que ouviu as novas musicas.

– Aconteceu que aquela banda que ele gostava não existia mais – assume André, melancolicamente.

E, enfim, melancolicamente, aquela banda então, literalmente, deixou de existir.

Dez anos depois, em 2007, André, Lelê e Macello se reuniram novamente numa festa de um amigo em comum, como aquela festa dos Dead Billies.

– Esse dia foi uma coisa incrível, parecia que nunca tínhamos parado, foi algo mágico, impressionante, sobrenatural. Macello fazia “3,4” e a musica entrava. É uma das sensações que vou levar pra sempre comigo – se emociona Lelê.

– O que fica são as canções, Primavera, Caroline, Luvas, Bem Pensado... Como gravadora não correspondemos à expectativa do artista, expectativa essa meio fantasiada pelos sonhos do próprio artista. Esse mundo é cruel! – finaliza Dado.

quarta-feira, outubro 05, 2011

SALVADOR NA ROTA DOS EVENTOS DE HQ

Salvador periga entrar no circuito nacional dos grandes eventos ligados aos quadrinhos e às artes gráficas. Pelo menos, é que se espera, a partir da realização da primeira edição do Festival Anual de Quadrinhos (FAQ), que começa amanhã e vai até domingo.

As expectativas são as melhores. Alguns dos principais nomes dos quadrinhos brasileiros e baianos estão escalados para participar de palestras, premiações, encontros com os leitores, oficinas, tardes de autógrafos, apresentações de peças, shows e outras atividades.

A abertura, amanhã no Teatro Eva Herz (Livraria Cultura), contará com a presença do maior e mais bem sucedido quadrinista brasileiro em todos os tempos: Maurício de Sousa.

O anfitrião será o baiano Luís Augusto, criador da tira Fala, Menino! e um dos idealizadores do FAQ, que entregará ao pai da Turma da Mônica o primeiro Troféu Lucas, pela contribuição para a História das Histórias em Quadrinhos nacionais.

“O FAQ é uma maneira de tentar movimentar o mercado, responder a uma demanda que sabemos que existe”, diz Luís.

“Queremos ver esse primeiro evento como um aperitivo. A intenção é promover a turma local e premiar tanto profissionais, quanto amadores. Queremos que as pessoas esperem pelas próximas edições. Esse vai ser o evento no qual as pessoas que querem entrar na área possam ter contato com os principais nomes. Até por que alguns deles estão vindo para passar conhecimento”, detalha.

Para Luís, o empresariado precisa saber que “esse mercado existe. A garotada ama quadrinhos”.

Em outro nível, mais pessoal, ele, fã número 1 do Superman, diz que, “como nerd, sinto muito falta de ter outro nerd para conversar. É chato ficar sem ter com quem discutir o fim da cueca do Superman ou a transa do Batman com a Mulher-Gato. Ninguém leva a sério essas coisas”, queixa-se, entre risos.

Elenco de primeira

Entre os convidados nacionais, pode-se listar alguns dos nomes mais badalados da atualidade, como André Dahmer (Malvados, tira ao lado), Rafael Grampá (Mesmo Delivery), Fábio Moon & Gabriel Bá (Daytripper), Gustavo Duarte (Có!, Taxi), Laudo Ferreira (Yeshuah) e Caeto (Memória de Elefante), entre outros.

Da Bahia, alguns dos nossos melhores talentos marcarão presença, como Antonio Cedraz (Xaxado), Flávio Luiz (O Cabra) e Bruno Aziz (Rock Sujo).

Consagrado Mestre do Quadrinho Brasileiro, Cedraz comemora o evento: ”Espero que seja o ponto de partida, para que eventos dessa natureza venham a colocar a Bahia na rota dos festivais de quadrinhos. Torço por isso e gostaria de colaborar sempre ”, afirma.

Como (ainda) não dá para incluir todo mundo, ele espera mais participação local no próximo FAQ: “Marcos Franco e o Estúdio Fúria, de Feira de Santana, o pessoal que fez o São Jorge da Mata Escura e o premiado Lucas da Feira, Hector Salas. Gente que realmente promove a HQ baiana, e no entanto, foram deixados de fora”, lamenta Cedraz.

Já Flávio Luiz acha “louvável e digna de prêmio a iniciativa. Já estava na hora de Salvador fazer parte do mapa desses eventos, haja vista a sempre significativa participação de artistas baianos nas feiras e convenções que acontecem ao longo do ano pelo Brasil”, reitera.

Para ele, o mais importante é “conseguir com que tenha Festival todo os anos. Eventuais equívocos de organização certamente serão corrigidos nas próximas edições”, considera.

Artistas e organizadores em prol de calendário nacional

Salvador nunca recebeu tantos artistas importantes dos quadrinhos ao mesmo tempo.

Por exemplo: neste sábado, a comic shop RV Cultura & Arte receberá praticamente um who’s who da HQ brasileira atual. Estarão lá André Dahmer, Fábio Moon & Gabriel Bá, Gustavo Duarte, Flávio Luiz, Mário Cau e Rafael Grampá.

“Confesso que relutei um pouco em aceitar o convite por medo de avião”, conta André. “Mas a expectativa é grande, por que as coisas ficam muito concentradas no Sudeste. Então, quando pinta um convite assim, eu gosto muito”, diz.

Ele acredita que é viável, como acontece nos Estados Unidos e Europa, o Brasil ter um calendário fixo de grandes eventos ligados à HQ e cartum.

“Em um pais que produz tanto, com tradição de artes gráficas, cartum, charge, esses eventos deveriam ser naturais. Temos história, como na Argentina e na França. Então, é meio absurdo que ainda não tenhamos um calendário”, acredita.

Maurício de Sousa, do alto de seus 52 anos de carreira, acha que este,felizmente, já é um caminho sem volta. "Sem dúvida. Estamos nos encaminhando rapidamente para isso (estabelecer um calendário de eventos)".

Com orçamento “em torno de R$ 100 mil”, o FAQ foi viabilizado pelo Fazcultura. “Já estamos correndo atrás da edição 2012”, garante Luís Augusto.

CONFIRA A PROGRAMAÇÃO:

06.10.11, 19h30 às 21h30, Teatro Eva Herz: Abertura Oficial do Festival Anual de Quadrinhos: Bate Papo entre Mauricio de Sousa e Luis Augusto. Premiação do Salão de Humor.

07.10.11, 9h às 10h30, Câmara de Vereadores de Salvador, Homenagem Mauricio de Sousa

07.10.11, 14h às 17h, RV Cultura e Arte, Oficina de “Quadrinhos Mudos”, com Gustavo Duarte

07.10.11, 14h30 às 16h30, Teatro Eva Herz, Bate-Papo Mercado de Quadrinhos na Bahia: como anda e como entrar! Com: Antônio Cedraz e Flavio Luis Mediação: Luis Augusto

07.10.11, 17h às 19h30, Teatro Eva Herz, Bate-Papo Quadrinhos Biográficos
Com: Caeto, Laudo Ferreira e Toni Rodrigues Mediação: Luis Augusto

07.10.11, 20h, Livraria Cultura, Noite de Autógrafos: Memória de Elefante, de Caeto, Histórias do Clube da Esquina, de Laudo Ferreira

08.10.11 e 09.10.11, 9h às 17h, Livraria Cultura, Espaço infantil

08.10.11, 10h às 17h Livraria Cultura, Stand de Caricaturas

08.10.11, 09h às 12h RV Cultura e Arte, Oficina de Mangá, Com Shirubana e Soni

08.10.11, 14h às 17h RV Cultura e Arte, Oficina de Quadrinhos Biográficos – construção de narrativas Com Caeto

08.10.11, 14h às 15h30, Teatro Eva Herz, Bate-Papo Quadrinhos em Outras Mídias
Com: Luis Augusto, Luis Adolfo de Andrade e Mario Cau / Lançamento do serie animada da Fala Menino! Produção da RX 30 e Origem. Dur. 7mim

08.10.11, 15h30 às 17h, Teatro Eva Herz, Bate-Papo Humor em seus diversos formatos Com: André Dahmer, Minêu e Will Leite Mediação: Luis Augusto

08.10.11, 17h, RV Cultura e Arte, Feira de Autores, com a presença de: André Dahmer, Fábio Moon, Flávio Luiz, Gabriel, Bá, Gustavo Duarte, Mário Cau e Rafael Grampá

08.10.11, 20h, Livraria Cultura, Lançamento de Livro, MSP 50, com Sidney Gusman, O Menino que Não Era, “Fala Menino! As Tiras em Quadrinhos e A cartilha “Igual a Tudo na Vida”, Luis Augusto

09.10.11, 14h às 16h, Teatro Eva Herz, Bate-Papo Artista Jovem de Quadrinhos Com: Bruno Aziz, Pedro Franz e Rafael Grampá

09.10.11, 19h30, Teatro Eva Herz, Show musical: Banda Set7e, Com participação especial do LDM Cosplay