terça-feira, maio 28, 2019

TESÃO QUE NÃO SE ESGOTA

Rapeize rodada cansou de descansar: Meus Amigos Estão Velhos estreia no sábado, no Lebowski

Dudare! Bruno! Thiago! Glauco! Crédito! Glauco!
Tem gente que não se manca, mesmo. Olha só esses caras: três veteranos e um quase, bons de se casar, botar um terno e gravata, criar uns pimpolho e comprar uma arma, como bons cidadãos de bem, mas o que fazem? Empunham guitarras e inventam mais uma banda de rock – entre as várias em que já tocaram – pra ficar fazendo zoada no fim de semana no Rio Vermelho.

E quer saber? Graças a Jah!

Pois então, é com o coração latejante de emoção que esta coluna dá as boas-vindas à Meus Amigos Estão Velhos (MAEV), nova banda de quatro respeitabilíssimos profissionais do rock local: Bruno Carvalho (guitarra), Glauco Neves (bateria), Dudare (baixo) e Thiago Guimarães (voz, guitarra).

Ex-membros de bandas diversas, como The Honkers (Bruno) e Vinil 69 (Dudare, Glauco), Vendo 147 (Bruno, Glauco) e Ronco (Thiago), esses quatro enfants terribles estreiam ao vivo neste sábado, em night de rock ‘n’ roll de alta performance, junto com a Trixx Bomb (outra banda de Thiago) e Búfalos Vermelhos & A Orquestra de Elefantes, duo dos irmãos Thiago e Jamil Jende.

"Eu, Glauco e Dudare já tocamos juntos em diversas bandas diferentes, como Vendo 147, Orquestra Elegante, Vinil 69, Pessoas Invisíveis, Falsos Modernos. Nós três fizemos um show em 2017 com a Vinil 69, e foi tão legal que decidimos que seguiríamos fazendo um som nosso. Passamos um tempo tocando em trio, até que resolvemos chamar Thiago, que é dono do estúdio em que ensaiamos até hoje, e que acompanhava tudo a distância, para se juntar a nós. Depois que ele entrou passamos a organizar as ideias e virar uma banda de verdade", conta Bruno.

"O nome é uma provocação aos amigos que ficaram velhos e não saem mais de casa pra curtir um show sem compromisso. A gente também já não é mais garoto, mas ainda estamos na ativa, acompanhando tudo do jeito que dá", garante.

Nas plataformas digitais já dá pra curtir as três primeiras faixas gravadas pelo trio: Coragem, Mentira e Autoestima – todas com o certificado “joinha” deste colunista aqui.

“Vamos lançar um EP com 4 músicas em julho. Três dessas  já estão online. Tem muita música ainda para ser gravada, e como temos um estúdio a disposição (de Thiago), vamos fazendo tudo com calma. O nosso plano é compor, gravar, lançar e tocar, o máximo que der e da melhor forma possível”, detalha Bruno.

"A gente se encontra religiosamente no mínimo uma vez por semana para compor músicas novas e trabalhar arranjos das composições. Fora o grupo do whatsapp, que toda hora pinta um áudio com a demo de uma música nova enviada por um de nós pra ser afiada em conjunto nos ensaios. E tem sido tudo muito fluido e bacana, a gente tem uma afinidade legal, por isso acredito que até o fim do ano sai muita coisa ainda. Tem um segundo EP no forno já, mas mesmo assim a produção não para", acrescenta Thiago.

Clássico porém cosmopolita

Tá falando com alguém aqui, fera? Foto Glauco
No show de estreia no Lebowski, poderemos ouvir essas e outras: “Vamos tocar oito músicas próprias e covers do Creedence e Bowie”, diz Bruno.

“Além da MAEV, o evento ainda vai contar com show da minha outra banda, Tryxx Bomb, que também tá estreando na cena (nosso segundo show), então pra mim vai ter esse gostinho mais que especial! Isso pra não falar da Búfalos Vermelhos & A Orquestra de Elefantes, que sempre detona”, reforça Thiago.

Uma coisa que tem impressionado o colunista em casos como o da MAEV é a força (ou o tesão) que move esses músicos, depois de tantos anos, em seguir fazendo rock em uma cidade que caga e anda para essa resiliente cena.

"Claro que dá (tesão pra fazer rock em Salvador). É obvio que o rock não parece estar muito em alta atualmente, ainda mais em Salvador, mas a gente faz a música que gosta, do jeito que quer, sem interferências ou restrições", afirma Bruno.

" Oxe, claro que dá tesão! O retorno financeiro é difícil? É! Mas a gente ama isso, cara", ecoa Thiago.

Quem já conhece essas figuras já sabe o que esperar do som: rock clássico, porém cosmopolita,  com cheirinho de novo, do básico (Led, Sabbath) ao atual (Black Keys, QOTSA).

“A gente adora rock de garagem dos anos 60, psicodélico, pesado, leve. Se for bom, inspira a gente, é o que importa”, afirma Bruno.

“Rock é bom demais”, conclui. Ah, me conta uma novidade!

Meus Amigos Estão Velhos, Tryxx Bomb e Búfalos Vermelhos & A Orquestra de Elefantes / Sábado, 21 horas / Lebowski Pub / R$ 10 ou gratuito, com nome em: www.facebook.com/meusamigosestaovelhos



NUETAS

Quarteto fantástico

Entre suas muitas atividades, o hub de cultura Mercadão CC inicia mais uma amanhã: é o projeto Nobreza Vinyl Sessions, com o quarteto de DJs Leandro Vitrola, Pureza, Raiz e Telefunksoul mandando ver altos sons analógicos das 19 horas até as 23:59. Cola lá.

Restgate Blues no Pub

Na quinta-feira, aproveite os eflúvios bluesísticos da Restgate Blues no Lebowski Pub, 20 horas, R$ 10 e R$ 15.

Niver do magnânimo 

Finalmente, no sábado, destampe os ouvidos no Niver do Chefe, no caso, de Wilson PDM, com shows de sua banda Pastel de Miolos e Ramoníacos.  A partir das 17h30, no Bardos Bardos Casa da Trinca. Pague quanto quiser e prestigie a cerveja da casa.

quarta-feira, maio 22, 2019

ASCENSÃO E QUEDA DE STEVE DITKO, O COCRIADOR DO HOMEM-ARANHA

Biografia de Roberto Guedes mostra o perigo que é o apego à ideologias baratas

Cena ícone de Ditko  com o Aranha, em Spider-Man 33 
Todo mundo conhece Stan Lee, o sorridente criador do Homem-Aranha, Homem de Ferro, X-Men e da maioria dos  super-heróis Marvel.

Obviamente, ele não criou tudo sozinho. Ao seu lado, uma equipe de artistas geniais foi responsável por criar o visual e a narrativa que os tornou icônicos. Os principais foram Jack Kirby e Steve Ditko.

Este último, o mais discreto de todos eles, acaba de ganhar uma bela biografia do pesquisador brasileiro Roberto Guedes.

Intitulada O Incrível Steve Ditko, a obra ganha contornos de cautionary tale (conto de alerta) ao narrar, de forma leve e objetiva, a triste história de um grande artista que sabotou a própria carreira por puro apego – quase fanatismo – a uma ideologia pra lá de duvidosa.

Nascido em 1927, descendente de imigrantes tchecoeslovacos, Stephen John Ditko começou a desenhar quadrinhos profissionalmente em 1953, após tomar aulas com Jerry Robinson, desenhista do Batman nos anos 1940.

Desenhou muitas HQs de terror e crime para a editora Charlton, até que foi atropelado duas vezes: primeiro, pelo psiquiatra Fredric Wertham, autor do livro Seduction of the Innocent (1954), no qual defendia que quadrinhos estavam transformando crianças em criminosos, homossexuais, comunistas e adoradores do demônio.

Em pleno mccarthismo, isso levou o governo americano a perseguir as editoras. O resultado foi a devastação do mercado, com editoras fechando e um monte de artista, escritor e editor desempregado.

Depois, passou por uma tuberculose. Voltou a trabalhar no final de 1955, desenhando para várias editoras, incluindo a Atlas, futura Marvel Comics, depois de ter conhecido Stan Lee ainda em seus tempos de estudante. Até que, em 1962, veio o furacão que mudaria toda a sua vida.

Objetivismo e queda

Ditko ficou #xatiado com hippies que fumavam umzinho pra curtir Dr. Estranho
Lee, que já havia criado o Quarteto Fantástico ao lado de Jack Kirby,  passou para Ditko a incumbência de ilustrar uma HQ de cinco páginas para o número 15 da revista Amazing Fantasy. Nascia o Homem-Aranha.

O sucesso foi estrondoso e transformou Ditko em uma das estrelas da Marvel, a  editora que mais se beneficiou da onda da contracultura dos anos 1960.

Não a toa, sua cocriação seguinte na Marvel foi o Doutor Estranho, prato cheio para o visual psicodélico em que ele era especialista.

E aí é que entra a grande contradição do artista: Ditko era profundamente conservador. Ficou horrorizado quando soube que hippies fumavam maconha para “viajar” na  leitura do Doutor Estranho.

Era também recluso. Ninguém sabia de sua vida fora do bullpen, o escritório da Marvel em Nova York. Logo começou a se desentender com o solar e bem-humorado Stan Lee, seu completo oposto em tudo.

As coisas pioraram quando se tornou adepto do Objetivismo, doutrina criada pela escritora russa naturalizada americana Ayn Rand, autora de  A Revolta de Atlas, entre outros livros.

Muito em voga ainda hoje, apesar de já ter sido refutada e desmascarada inúmeras  vezes, Rand é, na superfície, a defensora definitiva da individualidade e da “meritocracia”.

Mas, na realidade, Rand não passava mesmo de uma defensora do 1% mais rico , enquanto considerava todo o resto parasita. O mundo em preto e branco, sem tons de cinza.

Na época, Ditko acreditou em cada palavra da escritora. E passou a querer defender sua doutrina em seus trabalhos. Resultado: sua carreira só decaiu dali em diante.

Em vez de boas HQs, passou a criar panfletos – às vezes até amadores – nos quais expunha e defendia os “nobres” ideais do Objetivismo.

Ainda teve bons momentos e criou personagens interessantes, como o Rastejador, o Questão e a dupla de heróis Rapina e Columba (e mesmo eles, uma óbvia alegoria da forma dualista como via o mundo).

Morreu solitário em 2018, aos 90 anos. Seu corpo só foi encontrado dois dias depois, o que denota sua reclusão.

O livro de Guedes é uma preciosa contribuição à historiografia dessa ala da cultura pop, com muitos detalhes de bastidores da indústria de HQs americana em seu auge.

Não se espera menos do autor de  livros  como A Era de Bronze dos Super-heróis (2008, HQM) e Jack Kirby: O Criador de Deuses (2017, Noir).

O Incrível Steve Ditko / Roberto Guedes / Editora Noir / 264 p. / R$ 54,90 / www.editoranoir.com.br

Gênio recluso

Solitário por natureza,  Ditko não gostava de aparecer em fotografias. Acima, o retrato do artista quando  jovem, uma das suas raras imagens. Misterioso, recusava qualquer contato para entrevistas ou convenções

Rapina e Columba

Em seu período na DC, criou  Rapina e Columba, alegoria de sua ideologia. Enquanto Rapina é conservador, reacionário e violento, Columba é mostrado como um palerma pacifista

Mister A

Ditko radicalizou na ideologização com Mister A, um justiceiro filosófico sem meios termos: “Apenas tolos afirmam que o dinheiro é a raiz do todo o mal”, alertava ele em suas lições de moral

terça-feira, maio 21, 2019

DO METALCORE AO RAP

Rebaianizar o rap é a busca de Eldo Boss. Confira ao vivo sábado no Mercadão CC

Eldo Boss em seu cantinho. Foto Daniele Cézar
Em 2012, esta coluna apresentou ao seus leitores uma banda de metalcore cristão (?!?) chamada Dynamus. À frente do power trio estava um jovem eloquente chamado Eldo Luiz.

Qual não foi a surpresa do colunista ao receber um novo contato de Eldo, desta vez rebatizado Eldo Boss e com um novo trabalho, como rapper.

Rebaianizar é o título do seu EP de seis faixas, que já chega todo conceituado, como “um disco para resgatar e ressignificar a música rap baiana”, promete o artista.

Se cumpre o que promete, o colunista prefere deixar para os reais entendidos em hip hop (confesso minha ignorância), mas o fato é que Rebaianizar tem mesmo bons momentos, como Avião, Cidade Groove Caos e É Proibido Aqui.

"Desde o antigo grupo eu mesclava elementos do rap com rock, cresci ouvindo bandas que faziam isso, como Planet Hemp, Pavilhão 9, Rodox e Rage Against the Machine. O rap brasileiro mudou bastante, a 'nova safra' consegue caminhar por outros caminhos, como samba, MPB, rock e jazz, o que potencializou a vertente nacionalmente e atraiu músicos de outros estilos. Em relação ao nascimento da figura Eldo Boss, eu fiz um trabalho a convite de uma produtora local que foi meu passo inicial em maio de 2018, lancei duas musicas com eles, depois a Aquahertz Beats me abraçou e produzimos esse EP além de singles", relata Eldo.

“A ideia e a concepção de disco como  objeto de cultura esta se perdendo por que, para fazer um, é necessário conteúdo, experimentalismo e, acima de tudo, coragem. Possivelmente muito disso falta a cena local. Se nos reportarmos aos anos 90, uma parte (do rap)  era feito com bandas, em bases orgânicas. Os grandes artistas de rap hoje como Rincon, Rael, Emicida e até o Racionais MCs nessa ultima tour, todos se apresentam com banda. Quero reaver essa importância dos elementos orgânicos  e não simplesmente reproduzir / “copiar” o que vem do Sul, somos riquíssimos, podemos reconstruir”, exorta o rapper.

"Isso é rebaianizar, resgatar o que temos de melhor musicalmente sem regras ou grilhões. Temos artistas que já entenderam esse caminho, como Opanijé, Xarope MC, Baco Exu do Blues (inclusive ele é o primeiro produto rentável vindo da Bahia na roupagem do rap), entre outros, trazendo elementos tipicamente da nossa raiz oriunda das matrizes africanas. A cena ainda é primária, necessita de um grande investimento como acontece no eixo RJ/SP, entretanto talentos não faltam, pois desde os anos 90 existe um movimento acontecendo, principalmente nas periferias. Hoje com a abertura das plataformas de streaming, a possibilidade de levar seu som para diversos lugares com um clique deixou tudo mais dinâmico, porém criou uma montanha de repetidores, deixando o ouvinte mais passivo do que seletivo. A cena baiana carece de produções artísticas focadas na formação de público e trabalhos mais profissionais. Existem sites especializados no gênero como o RAP071 e canais como o BASE071, mas ainda é pouco, faltam festivais relevantes no estilo, cursos de formação, oficinas periódicas, enfim um apoio mais forte", detalha.

Rock conservador não dá

Eldo, o pensador. Foto Daniele Cézar
De fato, as faixas mais fortes de Rebaianizar são também as que soam mais orgânicas, ou seja, gravadas com guitarra, bateria etc.

“Sou instrumentista e, junto com o produtor do disco, Marcelo Santana, construímos todas as linhas de forma orgânica. Toquei todos os instrumentos menos guitarra baiana, que ficou a cargo de Marcelo”, conta.

“Buscamos resgatar essa essência e trabalhar com o que acreditávamos ser real. No EP tem muita guitarra e refrãos pesados, que lembram ate punk além de versos mais melancólicos. Sampleamaos diretamente do vinil vários trechos de nomes baianos, desde Dorival Caymmi a Camisa de Vênus, passando por Caetano Veloso. Extraí o máximo dentro de uma roupagem que engloba o pós-hip hop, desde os elementos estéticos da nossa música como sonoros. Priorizei na produção geral apenas a participação de mulheres, desde as canções que contam com Elana Laela (Coletivo Vira Lata) e Mari Buente (A Cama de Manuela) e produção de todo material gráfico de Isadora Furlan, artista plástica que assinou a capa. A cultura brasileira deve demais ao Nordeste, não existe nada comparável na música brasileira a João Gilberto ou à Nação Zumbi. Nacionalmente, na guitarra, Missinho do Chiclete e Pepeu dos Novos Baianos são monstros sem o merecido reconhecimento”, descreve.

A transição do metalcore para o rap, afirma Eldo Boss, foi natural. De fato, desde a Dynamus ele já namorava com o gênero.

E agora, o providencial e necessário dedo na ferida. “O rap é um elemento de rua, do ao vivo, das vivências urbanas, algo muito próximo do  hardcore e do thrash metal, que foram minhas escolas.  O rock está ficando cada vez mais conservador e enfadonho no Brasil. Esse disco foi um grito  nesse quadro caótico, uma forma de reinvenção”, afirma, certíssimo.

Sábado tem som no Mercadão CC. "Sim, dia 25 no Mercadão CC, com Underismo e Faustino Beats. Tem uma produção da Bonke Music, junto com o DJ Nei MHC, que traz muitos convidados, uma festa muito legal. Além disso, tenho algumas datas fechando no interior e certas no segundo semestre para Belo horizonte e São Paulo, vou passar uma temporada lá. Com isso, ainda farei algumas apresentações em Salvador e região metropolitana ainda esse semestre", conclui.

Cola lá.

Festa Sem Ideia – Com Underismo, Eldo Boss, Faustino Beats, Yan Cloud, A cama de Manuela, Rajada de Conciencia e convidados / Sábado, 16 horas /  Mercadão.cc / R$ 10

https://www.bossdiscos.com/




NUETAS

Death metal fest


Behavior, God Funeral e a paulista Podridão fazem o Bahnhof Death Fest nesta sexta-feira, as 20 horas. Extermine seus canais auditivos no Club Bahnhof SSA, R$ 25.

Invena, GOR, E4P

Invena, Game Over Riverside e Entre 4 Paredes trazem as Soterorock Sessions de volta. O esquema é neste sábado, no Buk Porão, às 19 horas e com entrada a R$ 10. Prossigam, Soterorock Sessions!

Sanitário Sexy sábado

A grande banda juazeirense Sanitário Sexy volta à Salvador sábado, na já tradicional session dos sábados no Bardos Bardos. Desfrute o espaço público na Travessa Basílio da Gama (Rio Vermelho) às 19 horas, prestigie a cerveja da casa e pague quanto quiser.

sexta-feira, maio 17, 2019

SHOW-WOMAN À LA DUSSEK

Silvia Machete volta à cidade para duas sessões do espetáculo Dussek Veste Machete. Sábado e domingo, no Sesc Casa do Comércio

Silvia e os balões, foto Nathalie Mellot
Tradição meio esquecida entre os cantantes brasileiros, a figura do artista entertainer – aquele que canta, dança, conta piadas, dá pirueta etc – tem em Silvia Machete um de seus últimos representantes. Amanhã e domingo, a carioca estará em Salvador apresentando um de seus espetáculos (ela faz quatro no momento): Dussek Veste Machete, no Teatro Sesc Casa do Comércio.

Como o nome explicita, trata-se de um show com a base do repertório formada por canções do inimitável Eduardo Dussek. Um dos artistas mais irreverentes da MPB, Dussek é praticamente a alma gêmea artística de Silvia Machete: debochado, bem humorado, romântico, extravagante.

No palco, Silvia se apresenta acompanhada apenas do pianista / tecladista Danilo Andrade, desfiando um repertório com muitas canções de Dussek, como Aventura, Cabelos Negros, Chocante, Saga, A Índia e o Traficante e Totalmente Tchá Tchá Tchá – a última feita por Dussek para Silvia.

Além dessas, reforçam o show outras canções que se encaixam no espírito dussekiano / machetiano: Back to Black (Amy Winehouse), Great Balls of Fire (Jerry Lee Lewis) e Tango da Bronquite (Angela Rô Rô).

“Tem as músicas do Dussek que tem esse universo de personagens apaixonantes e decadentes. Dussek faz parte de um cabaré que também é a minha praça”, conta Silvia.
“E escolhi Angela Rô Rô, Jerry Lee e Amy. A Amy é a Angela Rô Rô da Inglaterra, então acho que eles conversam como artistas e dentro da poesia. E coloquei uma música minha, Dois Cachorros”, acrescenta.

Além de cantar, Silvia, ex-artista de rua, com muito orgulho, se esmera no aspecto cênico, a começar pelo glorioso longo preto de Guto Carvalho: “Sim, venho com vestido, salto alto, bambolês e muita sensualidade”, promete.

O nome dela é trabalho

Silvia e Dussek, ft Renato Mangolin
Apaixonada pelo homem do Rock da  Cachorra, Silvia gravou um DVD desse espetáculo, lançado no final de 2017: “O público adora o Dussek. Tem público que não conhece e tem também os fãs do Eduardo e os meus. Esse projeto foi gravado em DVD junto com o Canal Brasil e fizemos ele pelo Rio e São Paulo. Adoraria rodar pelo Brasil com ele. Vou fazer esse show pra sempre... eu amo”, derrete-se a artista.

Sem se apresentar em Salvador há seis anos, ela comemora a volta à capital baiana: “Sim. Faz tempo. Meus projetos ficaram pelo Rio nos últimos anos. Escrevi um musical, Mondo Machete, o primeiro sobre uma cantora viva, estrelado por ela mesma”.

“Fizemos temporada em teatro e foi uma experiência ótima! Antes disso, teve esse projeto, Dussek Veste Machete. Não tive a oportunidade de vir antes. Mas cheguei”, diz.

Além do Dussek Veste... e do Mondo Machete, ela ainda toca outros dois espetáculos: “Tenho feito um show chamado High Times, com Simone Mazzer. Um cabaré muito divertido, cheio de jazz e músicas internacionais. Arrumei uma super parceira de cena”.

“E tem um projeto com Junio Barreto, cantando  músicas de Dolores Duran e Antônio Maria. É emocionante”, conta.

Sem parar, ainda grava um novo trabalho: “Chama-se Rhonda. Composições em inglês de minha autoria com produção de Emerson Vilani e parcerias com Alberto Continentino. Estou apaixonada por esse projeto. Diferente de tudo que já fiz em termos de sonoridade”, conclui.

Silvia Machete: Dussek veste Machete / Amanhã e domingo, 20h30 / Teatro SESC Casa do Comércio (Av. Tancredo Neves, 1.109) / R$ 50 (plateia) e R$ 30 (balcão) / Vendas: bilheteria TSCC Ou no www.ingressorapido.com.br

sábado, maio 11, 2019

DE FOTOGRAFIAS E DESPEDIDAS

Ricardo Cury lança o romance Tchau, seu segundo livro. Hoje, no Mercadão CC

Ricardo Cury, foto Will Vieira
Ex-baterista muito atuante no cenário rock local entre os anos 90/2000, o empresário e publicitário Ricardo Cury lança seu segundo livro hoje, no Mercadão CC.

Tchau, o livro em questão, foi viabilizado após bem-sucedida campanha de crowdfunding junto a amigos e leitores de seu livro anterior, o volume de crônicas Para Colorir (2008), “que não é livro de colorir”, apressa-se Cury.

Se, em Para Colorir, as crônicas abrangiam sua vivência como baterista de diversas bandas do rock baiano (brincando de deus, Dinky-Dau), Tchau é um passo além: trata-se de um romance.

“(A ideia do romance surgiu) A partir de uma imagem e de um diálogo presenciado por mim, e que em seguida se desencadeou em uma série de cenas e situações. Aí juntei esse roteiro com um tema que sempre me interessou: a despedida. Mas não a despedida do ‘até logo’ e sim, a do ‘adeus’, conta Ricardo.

Destemido, Cury explora em Tchau um tema doloroso: a despedida de pacientes terminais. Para tratar do assunto com a seriedade que ele exige, conversou com diversos profissionais da área de saúde.

“As histórias que conto, mesmo que romanceadas, são reais. As experiências da personagem principal, nesse universo de despedidas, existiram e foram fruto de uma pesquisa que fiz com psicólogos e médicos que trabalham com cuidados paliativos e pacientes terminais”, detalha.

“Criei uma história com base em minhas questões pessoais (dúvidas) sobre esse momento de se despedir. Do filho que sabe que aquela ida ao hospital pra ver o pai é a última. Ou da neta com a avó. Da mãe com a filha”, acrescenta.

Experiência boa e ruim

Percorrer terreno tão delicado trouxe muitas dificuldades à escrita, o que acabou levando ao atraso na entrega do livro aos financiadores do projeto: “(A experiência de crowdfunding) Foi ótima e péssima. Ótima porque viabilizei o projeto com dinheiro privado, com 215 leitores que bancaram a ideia a partir de um primeiro capítulo que disponibilizei”.

“Péssimo porque acreditei que a história estava pronta quando divulguei o crowdfunding. Mas, no decorrer da coisa, percebi que não estava e não foi fácil terminar. Até marcar uma consulta com um hematologista pra tirar dúvidas sobre o tratamento de certa leucemia eu tive que fazer. Porém, mantive os colaboradores informados sobre o andamento da produção e nesses dois anos de atraso apenas duas pessoas pediram o dinheiro de volta. Hoje tenho 213 leitores”, detalha.

Felizmente, a espera terminou. No pique, ele já planeja os próximos: “Tenho vários (projetos de livros). Um que se chama A biografia de meu avô, que vai ser a biografia de meu avô", conta.

"E outro que é uma espécie de Para Colorir 2 (mas que não terá esse nome). No Para Colorir, eu conto histórias minhas, sobretudo sobre bandas que fiz parte. Nesse, a ideia é contar a história dos outros, das outras bandas, imortalizando-as, a partir de um certo recorte que começa com Flores do Mal e Rabo de Saia, passando pela Úteros em Fúria, brincando de deus, Cascadura, as bandas da coletânea UmdaBahia e outras daquele recorte, que é pessoal, terminando nos anos 2000, com o fim dos Dead Billies”. Promete!

Tchau, de Ricardo Cury / Lançamento hoje, 17 horas / Mercadão CC / Gratuito

Tchau / Ricardo Cury / Independente (edição do autor) / 240 páginas/ R$ 40


quarta-feira, maio 08, 2019

JULHO DETONANTE: ROCK CONCHA DETALHA CAST E FESTIVAL

Rock Concha apaga 30 velinhas com Planet, Camisa, RDP e grandes bandas locais

Planet Hempa fazendo sua cabeeeeça! Foto Divulgação
Alvíssaras roqueiras. Se não faltam shows de bandas pequenas / médias em bares e casas de show pela cidade, o publico adepto tem ficado meio que a ver navios quando se trata de grandes shows de grandes bandas.

Tradicional, o festival Rock Concha, que rola em julho (dias 13 e 14), surge no horizonte trazendo um respiro pra quem sente falta de guitarras pesadas no solo sagrado da Concha Acústica.

Como sempre, serão dois dias. No sábado tem Camisa de Vênus, Ratos de Porão, Malefactor e Drearylands. E no domingo, Planet Hemp, Pedro Pondé e Alquímea. Uma bela edição comemorativa de trinta anos do festival.

Um dia  metal / punk e outro mais diverso. A produção (desde 1989) é de Irá Carvalho (Íris Produções) e a curadoria, do Alexandre Afonso (leia-se Rock Freeday, rádio on line).

“Quando a Íris Produções fez o convite para a Rock Freeday atuar na produção e curadoria do RC 30 Anos, veio a ideia de criar um line up inédito, sobretudo, pela importância do evento e pelos artistas que atuaram nas últimas edições”, conta Alexandre.

Os inimitáveis Drearylands: metal pra frente. Foto Rafael Almeida
“Não é fácil negociar agenda, condições para um festival importante como o RC. Mas conseguimos! Apesar das dificuldades, montamos um cast onde a maioria dos artistas são inéditos no festival”, afirma.

Nesta edição, as dificuldades inerentes aos eventos voltados ao rock continuam, assim como a busca de soluções.

Disseminado nas inúmeras feiras realizadas pela cidade, o esquema hambúrguer & cerveja artesanais vai invadir a Concha: “A falta de apoio e patrocínio para o projeto também é um problema, mas, para 2019, estamos criando um formato em que vamos ter uma feira com os produtos das bandas, gastronomia e cerveja artesanal”, conta Irá.

“(Para o RC seguir acontecendo) Precisamos que o público que gosta de rock em Salvador volte a prestigiar. Em outros estados são realizados projetos do mesmo segmento com sucesso de público e receita”, lembra a produtora.

Sábado e domingo

Ratos de Porão: antifa até o osso. Foto Wander William
Responsável por montar a grade do festival, Alexandre conta que buscou diversidade, mas também garantir um dia para bandas mais pesadas.

“Tirando a última edição (2016) o RC tinha pouca atuação com bandas  de hardcore e metal. No primeiro dia teremos três grandes representantes, duas da Bahia: Malefactor e Drearylands – mostrando a importância delas num festival desse porte”, conta.

“Aí temos a honra de contar com o RDP, uma das principais bandas de hardcore do país. Eles completam 30 anos  do álbum Brasil e estão a muitos anos sem vir aqui“, conta.

Fechando a night, a banda baiana mais importante de todos os tempos: “O Camisa de Vênus  é respeitado até hoje por todos no rock. E dialoga bem com todos os artistas da primeira noite. O Camisa faz um show especial, de clássicos de Raul Seixas”, detalha.

O domingão não deixa por menos: “Planet Hemp, Pedro Pondé e Alquímea trazem na letra das músicas muita personalidade e integração com seus públicos. E os shows do Planet na Concha são historicamente memoráveis para o público baiano. Muita gente ainda lembra da época do extinto Garage Rock, shows que entupiram a Concha”, diz.

Camisinha: show com repertório de Raulzito. Foto Carina Zaratin
“Já o incrível Pedro Pondé traz toda energia  que passou pela banda Scambo, agora com um trabalho solo muito legal. E tem a banda Alquímea, liderada pelo músico Geo Benjamin, que faz um rockão estilo anos 70”, detalha Alexandre.

Curiosamente, praticamente todas as bandas do festival  tem um histórico progressista, quase ativista, como o Ratos, ferozmente antifa, ou o Drearylands, que acaba de lançar um novo single bem nessa linha também, além do Planet Hemp (e Marcelo D2), que dispensam comentários. Mas não foi algo pensado, garante Alexandre.

"Não houve intenção política ou ideológica para montar o cast (apesar de EU, Alexandre, ser um ativista progressista) houve foi uma necessidade de montar um cast que dialogasse bem com o público, por isso, temos o primeiro dia mais 'pesado' e o segundo dia mais dançante, digamos assim. Sendo todos os grupos do segmento que batiza o nome do festival, ou seja, Rock", conclui.

Às bilheterias, meus bravos!

Festival Rock Concha 2019 / Com Camisa de Vênus, Ratos de Porão, Planet Hemp, Drearylands, Malefactor, Pedro Pondé e Alquímea / 13 e 14 de julho / Concha Acústica do TCA / Ingressos entre R$ 50 e R$ 200 / Vendas: www.ingressorapido.com.br

NUETAS

Popoff ao quadrado

Contrabaixista de renome, Yuri Popoff faz jornada dupla em Salvador nesta quarta-feira. Às 15 horas, palestra na FoxTrot do Shopping Bela Vista (gratuito). Às 20 horas, show de lançamento do álbum De Paris a Minas no Jazz na Avenida. R$ 60 e R$ 30.

Skanibais & Okwei

Não tem como dar ruim: Skanibais convida Okwei Odili e Viny Brasil. Quinta-feira, 23 horas,  Borracharia. R$ 20.

Oi! Cury lança Tchau

Baterista de bandas importantes como Dinky-Dau e brincando de deus, Ricardo Cury lança seu segundo livro, Tchau, sábado, no Mercadão CC. Se o primeiro, Para Colorir (2008), era uma divertida coleção de crônicas, este é um romance. Promete. 17 horas.

quinta-feira, maio 02, 2019

O POETA DA ALEGRIA

Moraes Moreira, Davi Moraes e banda celebram 50 anos de carreira do homem do Pombo-correio com o show No Teatro do Poeta, amanhã, no TCA

Moraeszão e Moraeszinho, foto Davi Hawk
Sexta-feira de muita alegria, música e poesia no Teatro Castro Alves, amanhã. O gigante Moraes Moreira, seu filho guitar hero Davi Moraes e banda levam ao solo sagrado do palco mais importante da Bahia o show justamente intitulado No Teatro do Poeta, em comemoração ao seu meio século de carreira.

Inspirado, Moraes enviou com exclusividade ao Caderno 2+ não apenas algumas respostas por e-mail, mas também um poema inédito, Dá Pra Viver Sem Cultura?, uma resposta / reflexão aos que tentam transformar os artistas em vilões da História. Aprecie na coluna ao lado mais abaixo.

No show, repertório na medida para deliciar os apreciadores de sua arte: Chame Gente, Preta Pretinha, Cidadão, Eu Sou o Carnaval e também músicas dos recentes Ser Tão (2018) e Tá Em Casa (2017, de Davi). “Com certeza vai ter músicas novas dos nossos mais recentes discos, mas a base é uma só: clássicos, um atrás do outro”, afirma Moraes.

“Clássicos que o povo da Bahia nunca esqueceu, e cultivou com amor na alma e no coração, não se esquecendo, como nos registros oficiais, que tentam contar o caminho certo da história mas pecam, omitindo fase tão importante que aconteceu antes do estouro da axé music”, acrescenta, certamente se referindo à era de ouro do Trio Elétrico Armandinho, Dodô & Osmar, do qual foi o primeiro vocalista, além dos Novos Baianos, claro.

No palco, uma superbanda, a começar pelo próprio Davi Moraes na guitarra, mais a lenda viva Jorginho Gomes (Novos Baianos) na bateria, Augusto Albuquerque (baixo), Roberto Stefesom (saxofone e flauta), Vander Nascimento (trompete), Rafael Meninão (acordeon) e Guerrinha (percussão).

“(O som) Sai bonito, mestre Jorginho, junto com o Davi, garantem tudo, para que o Papai (maiúscula de Moraes) aqui possa flutuar a bordo do seu violão. Todos os músicos são de alta competência e chegam junto”, afirma o treinador do Pombo-correio.

Moraes conta que ele e Davi tiveram a ideia para este show no último Carnaval, tocando no trio, justamente na praça do poeta: “Na Praça Castro Alves, vimos um público maravilhoso que brincava e não brigava. Ficamos felizes por termos abandonado os velhos circuitos, colapsados, tomados por artistas que não conhecem, nem querem conhecer a bela história do Carnaval da Bahia”, afirma o músico.

“A gota d’água para o abandono dos circuitos foi quando recebi dois trios sucateados, maquiados para serem aprovados. Não seguraram a onda, quebraram. O primeiro logo na saída e o segundo no meio do circuito Barra-Ondina. Não posso afirmar que foi de propósito, mas o fato aconteceu e eu não sei se a Bahiatursa cuidou para que vergonhas desse tipo não mais aconteçam. Só sei que outros artistas recebem trios especiais e bancados pela autarquia”, relata.

Jubileu de ouro 

O poeta ao violão, foto divulgação
Chateações à parte, Moraes reafirma seu amor maior: “O show celebra marca importante: 50 anos de carreira com um trabalho que, em todas as suas vertentes, tem como ponto de partida a Bahia”.

“Já Davi completa 30 anos (de carreira), um artista precoce que, aos três anos de idade, me passou a certeza que seria da música”, acrescenta.

Outra grande alegria é se apresentar no Teatro Castro Alves: “O TCA é especial, a melhor acústica do Brasil, o templo do Poeta, que, aliás, será bastante lembrado nas canções, além das declamações, que se tornaram obrigatórias depois que virei ocupante da cadeira numero 38 da Academia Brasileira de Literatura de Cordel, no Rio de Janeiro, agora com o status de Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro”, conta.

Para terminar, outra grande notícia, desta vez sobre os Novos Baianos: “Está previsto um disco de inéditas para o fim deste ou no começo do próximo ano”. Grande Moraes.

Moraes Moreira & Davi Moraes e banda: No Teatro do Poeta / Amanhã, 21 horas / Sala Principal do Teatro Castro Alves / Cadeiras A a H: R$ 140 e R$ 70 / I a P: R$ 120 e R$ 60 / Q a Z6: R$ 100 e R$ 50 / Z7 a Z11: R$ 80 e R$ 40 /Vendas: Bilheteria TCA, SACs Shopping Barra e Shopping Bela Vista e Ingressorapido.com.br / 18 anos

BÔNUS: DÁ PRA VIVER SEM CULTURA?

O poeta ajeita os óculos para enxergar os minúsculos que nos governam 
Sem alma, corpo é cadáver; Sem corpo, alma é fantasma. Ah, como é triste se ater Com quem não se entusiasma! Prefiro uma sepultura Do que viver sem cultura, Onde a matéria não plasma.

A história da humanidade Jamais se escreveu sem arte; Em toda e qualquer idade O grande artista fez parte, Eternizando momentos, Verdadeiros monumentos, Em várias formas, destarte.

E quem é que não precisa Dessas ricas referências? O sorrir de “Mona Lisa”, Entre outras aparências, A beleza foi pintada; Van Gogh – “Noite Estrelada” A despertar consciências.

Veja bem como se trata O traço do grande esteta: Composição abstrata A sua obra é completa; Quão genial é seu toque, O americano Pollock, Pintando, era um poeta.

Apresentou seu talento No mundo da lua, o artista! Ali, naquele momento, Era ele o impressionista.. Vou olhar de pincenê O trabalho de Monet, Que vai encher minha vista.

Do amor se fez o tesouro! Dei nota dez e dou vinte, Pintado em folha de ouro Assim foi o “Beijo” de Klimt, Tela que pegou na veia, Foi ela, – “A Última Ceia” De Leonardo da Vinci.

Não demorou muitas horas O mestre, pra dar ouvidos: Senhores e minhas senhoras! Os relógios derretidos, O Salvador, desses ismos, Formigas, surrealismos, Dali, dos tempos vividos.

Tema: “Bombardeamento” Traz a tristeza no traço; Tem um arrebatamento Que leva a gente ao abraço. A vida significa, Admirando “Guernica” Do grande Pablo Picasso!

Michelangelo pintou No céu, “Capela Sistina” O que Papa encomendou Aquilo que o mestre ensina, Em suas visões idílicas, Mostrou-nos passagens bíblicas, Que a gente nem imagina.

As obras-primas são tantas, Só acha quem as procura. Ó gênios, como me encantas Com a divina loucura!

Meu povo, vai, não vacila! “Abaporu” de Tarsila! Dá pra viver sem cultura?

Moraes Moreira 22 de abril 2019