quinta-feira, outubro 31, 2013

LAIA GAIATTA: MÚSICA CONTEMPORÂNEA E COZINHA EMOTIVA DOMINGO SIM, DOMINGO NÃO, NO CARMO 13

Novidade é bom e esta coluna este blog gosta muito.

Uma bem interessante, fresquinha, chegou outro dia por email. Intrigante, trazia pouca informação.

Basicamente, era um cartaz de evento: “Dominicaos - Ensaio aberto. Música experimental de Laia Gaiatta. Cozinha emotiva do chef Cleber Chiovetto. Carmo 13, Pelourinho. Pague o quanto quiser”, dizia o arquivo anexo.

Peraí, que diabo é isso? Laia Gaiatta? Cozinha emotiva? Esquema monetário Radiohead?

Entrei em contato com o remetente, o músico Heitor Dantas, que conhecia de nome, por ser parceiro de Glauber Guimarães em seu projeto Teclas Pretas.

E o  rapaz passou o serviço todinho: “O Laia Gaiatta (foto: Miguel Sepreny) é um grupo especializado em  canções. Eu toco guitarra, gaita, kazoo e canto. Aí tem o Antenor Cardoso (do Retrovisor) na percussão e voz e Eugênio Biondi no violoncelo e voz”.

Aluno da Escola de Música da Ufba (atualmente com a matrícula trancada), Heitor diz que tenta levar para este trabalho sua “experiência de academia”.

“A gente tenta trazer essa vivência da escola para o âmbito do popular. O que tá rolando na academia pode acrescentar ao popular e vice-versa”, acredita.

“As canções são basicamente minhas, mas   de épocas bem diferentes. Tem coisas que fiz esse ano e  coisas de bandas que tive lá em 2001, 2003”, conta.

“As parcerias também são uma grande marca desse show, já que muitas canções são minhas em parceria com Glauber, Ricardo Sangiovani, Wladimir Casé e outros”, acrescenta.

Convidados & cozinha

Além do Laia, o Dominicaos  conta com músicos convidados. O primeiro foi Thiago David. Anteontem,  foi Jorge Solovera. E o próximo, dia 10, terá Vandex.

“A ideia é que o convidado toque com a gente e faça um show deles. Dou prioridade a sons mais intimistas,  gente que toque violão, com poucos acompanhamentos. A exigência é ser sempre autoral”, diz Heitor.

E quanto à tal “cozinha emotiva”? “É uma gastronomia que não sei dizer se foi inventada pelo Cleber,  mas ela tenta resgatar pratos tradicionais com nova roupagem. Ele reinventa comidas que temos na memória”, explica.

Ainda no início, o trio está montando repertório para um show completo e um EP de  blues contemporâneo

Bon appétit.

Dominicaos #3 /  Com Heitor Dantas e Vandex / 10 de novembro, 15 horas / Carmo 13 (Rua do Carmo nº 13, Santo Antonio) / Pague o quanto quiser 

www.facebook.com/laiagaiatta


NUETAS

Érika e as modinhas

Residente no Rio desde os tempos da banda Penélope, a cantora Erika Martins nos convida  a ouvir a primeira faixa do seu novo álbum. Fundidos (Botika), a faixa em questão, conta com a participação da banda paranaense Nevilton. Baixe: http://modinhasdaerika.wordpress.com/

Hoje: Jazz plutoniano na Vandex TV

Falando em Vandex, ele abre novo canal na sua Vandex TV: é o Jazz em Plutão, com sessões transmitidas ao vivo e  conversas descontraídas entre os músicos. Começa nesta quinta-feira, com a cantora Stina Sia. Vai rolar toda última quinta-feira do mês, às  20h30 (horário local). Viabilizado pelo Edital Culturas Digitais do Fundo de Cultura. No www.vandex.tv.

quarta-feira, outubro 30, 2013

PODCAST CCR #14: ESPECIAL LOU REED

Com Miguel Cordeiro, Osvaldo Braminha Jr, Marcos Rodrigues e Sérgio Cebola Martinez.

Parte 1



Parte 2


segunda-feira, outubro 28, 2013

VAMOS PRECISAR DE UM CAMINHÃO DE FÉ

Ainda sob o impacto da notícia que estragou o domingo de meio mundo, me toquei que a ficha desse tipo de notícia nem sempre cai no momento em que a recebemos.

Em 2001, me debulhei em lágrimas ao saber da notícia da morte de George Harrison.

Mesma coisa em 1990, quando soube do acidente de helicóptero que nos privou de acompanhar a evolução e a genialidade crescente de Stevie Ray Vaughan.

Outras mortes chegam como confirmações de um destino há muito previsto: Kurt Cobain, Amy Winehouse. Como uma espécie de "eu não disse?", do morto.

Já a morte de um cara como Lou Reed - assim como a de um George Harrison - são, no fundo, esperadas. Mas não aguardadas.

Explico: gente assim é tão onipresente – nas nossas vidas, no nosso imaginário – que sabemos que um dia eles vão morrer, mas teimamos em encarar de frente este momento.

Não ficamos aguardando a notícia de suas mortes, tão (inconscientemente) convencidos que somos de suas imortalidades.

Até por que suas mortes não os matam de fato – imortais que são.

A morte de Lou Reed, aos 71 anos, me fez lembrar que, em breve, muito em breve, vamos perder muito mais gente tão grande e tão imortal quanto o Transformer.

Sim, amiguinhos: vamos precisar de muita força nos próximos anos, pois vamos perder TODOS aqueles que nos fizeram ser o que somos.

Vamos precisar de um caminhão de fé.



Busload of Faith

You can't depend on your family
you can't depend on your friends
You can't depend on a beginning
you can't depend on an end

You can't depend on intelligence

ooohhh, you can't depend on God
You can only depend on one thing
you need a busload of faith to get by, watch, baby
Busload of faith to get by
busload of faith to get by
Busload of faith to get by
you need a busload of faith to get by

You can depend on the worst always happening
you can depend on a murderer's drive
You can bet that if he rapes somebody
there'll be no trouble having a child

You can bet that if she aborts it
pro-lifers will attack her with rage
You can depend on the worst always happening
you need a busload of faith to get by, yeah

Busload of faith to get by
Busload of faith to get by
Busload of faith to get by, baby
busload of faith to get by

You can't depend on the goodly hearted
the goodly hearted made lamp-shades and soap
You can't depend on the Sacrament no Father, no Holy Ghost
You can't depend on any churches unless
there's real estate you want to buy
You can't depend on a lot of things
you need a busload of faith to get by, woh

Busload of faith to get by
busload of faith to get by
Busload of faith to get by
busload of faith to get by

You can't depend on no miracle
you can't depend on the air
You can't depend on a wise man
you can't find 'em because they're not there
You can depend on cruelty
crudity of thought and sound
You can depend on the worst always happening
you need a busload of faith to get by, ha

Busload of faith to get by
busload of faith to get by
Busload of faith to get by
busload of faith to get by

LAZZO MATUMBI FAZ SHOW HOJE PARA LANÇAR PRIMEIRO ÁLBUM EM 13 ANOS

Lazzão. Foto: Filipe Cartaxo
Se a música da Bahia tomasse forma humana, seu rosto não seria de outra pessoa além de Lazzo Matumbi.

Patrimônio cultural vivo do que de melhor esta terra pode oferecer, Lazzão lança hoje seu primeiro álbum de músicas inéditas em 13 anos.

CD autointitulado, Lazzo Matumbi sai pelo selo local Garimpo, com produção fonográfica do experiente – e competentíssimo – Jorge Solovera.

Um retorno em grande estilo para um dos maiores astros da música baiana em sua face mais legítima  – e digna.

“Estou felicíssimo com o resultado do disco”, afirma, sorriso aberto na sua mesa de preferência no Boteco do França.

“É um disco que resume a minha identidade. Por isso o título é só meu nome. Com a satisfação de desfilar vários parceiros de composição, como Gileno Félix, Jorge Portugal, Antonio Risério, Ricardo Luedy, Jorge Costa, Beto Marques e Sílvio Hernandez”, enumera.

“E ainda me dei ao luxo de observar como outra pessoa – Solovera – vê e aborda a minha música”, acrescenta, entre um goles de suco de laranja.

Foi por medo de avião...

A gênese deste novo momento para Lazzo começou em 2009, quando o guitarrista de sua banda pulou fora de uma viagem à Europa para  alguns shows.

“O cara tinha medo de avião. Aí chamei Solovera para substitui-lo. Na viagem de volta, ele disse que queria me produzir”, conta o músico.

“Ora, quando um músico do peso de um Solovera te diz um negócio desses, você tem que aproveitar a oportunidade. É como um casamento perfeito”, acredita Lazzo.

O resultado é, muito provavelmente, o melhor disco lançado na Bahia em 2013 – com grandes chances de ser um dos melhores do país.

Trata-se de um apanhado de black music em  diversas vertentes, com arranjos sofisticados, orgânicos.
E a voz majestosa e aveludada de Lazzo deitada sobre um berço esplêndido de sopros, cordas, percussões e vocais femininos de apoio – o Caymmi black em seu melhor momento: maduro, poético, irrotulável. Pura arte.

“Essa foi a visão de Solovera, dentro do universo da música negra. Visão que bateu totalmente com a minha, de fazer uma música negra, da Bahia para o mundo”, afirma.

Acertada a parceria, Lazzo gravou em casa o que tinha de melhor em sua produção recente e passou para o produtor ouvir e fazer uma curadoria.

“Aí ele foi fazendo essa arrumação do conceito do álbum, com toda a liberdade de escolha de um diretor musical mesmo. Solovera está presente nesse disco de cabo a rabo”, resume.

“Agora eu quero apresentar esse meu novo filho ao mundo. Estou com gás total para tocar muito ao vivo”, garante.

O pontapé inicial é justamente hoje a noite, em um show especial no Pelourinho, dirigido  (e filmado) pelo cineasta baiano André Luiz Oliveira (Meteorango Kid - O Herói Intergaláctico).

“André é meu amigo e está elaborando um documentário sobre mim. Além de dirigir e filmar, ele também faz projeções. Além disso, Williams Martins assina o  cenário  e Márcia Ganem, o figurino”, detalha.

“Vai ser um encontro para dançar e cantar junto com os amigos, parentes e admiradores – todo mundo que torce por mim estava cobrando um disco novo há tanto tempo”, conta.

Lazzo diz que o longo hiato desde Nada de Graça (Warner, 2000) é recorrente em sua carreira. “Sempre fiz um longo intervalo entre um disco e outro. Essa coisa de gravar um disco por ano é exigência de gravadora major, comercial”, vê.

“Vamos nessa”

Filho do Gantois, lar de Mãe Menininha, Lázaro Gerônimo Ferreira cresceu entre batuques sagrados de terreiro e levadas profanas de rodas de samba.

“Era o som do candomblé de um lado e o samba do Alto do Garcia do outro. Os dois sons me confortavam muito. É uma memória muito viva, um encanto que carrego comigo desde criança”, descreve Lazzo.

Até por que a música sempre foi de casa: “Minha mãe tocava prato e meu pai é de Santo Amaro, que é de onde vem o samba de roda, a chula”, conta.

Capa do CD. Foto e design de Filipe Cartaxo
Em meados dos anos 1970, engajou-se no Ilê Ayiê, ao qual  emprestou sua voz como puxador de bloco por três Carnavais: 1978, 79 e 80.

“Um amigo que me convidou. Ele disse que era um bloco que enaltecia a Mãe África. Eu disse na hora: ‘vamos nessa’”.

Lázaro virou Lazzo Matumbi pelas mãos do radialista Baby Santiago (1947-2001).

“Fiz meu primeiro show solo no Teatro Vila Velha, em 1981. A necessidade de trilhar solo foi pela descoberta do reggae e de sua similaridade com o samba. Ambos tem o grave bem marcado. O samba, no surdo. E o reagge, no baixo”, vê.

“Mas a mensagem questionadora por respeito e igualdade é  a mesma. Caiu como uma luva para mim”, conta. O resto é história – que continua hoje.

Show de lançamento do CD Lazzo Matumbi / Hoje, 19 horas / Largo Tereza Batista Praça Pedro Archanjo (Pelourinho) / entrada gratuita

http://www.deezer.com/br/album/703597

quinta-feira, outubro 24, 2013

MENDIGOS BLUES, DE ITABUNA, LANÇA 1º ÁLBUM COM SHOW (LÁ)

Vista pela primeira vez nesta coluna há dois anos, a banda itabunense Mendigos Blues (foto Kallyne Cristina) volta à Coletânea ao Rock Loco para anunciar o lançamento do seu primeiro álbum: Repúblicas & Mutretas.

O disquinho saiu físico (em formato SMD, o semi-metallic disc, um CD de custo mais baixo), mas também pode ser baixado gratuitamente para quem quiser conhecer seu blues rock bagaceiro – e divertidíssimo.

“Aqui em Itabuna e Ilhéus já tem nas lojas”, conta Ismera Rock, guitarrista e vocalista.

“Ainda estamos vendo aí em Salvador os lugares aonde distribuir. Estamos em contato com Rogério Big Bross pra ele botar na banquinha dele", relata.

"Mas também dá para comprar  por email ou pelo Facebook, que nós enviamos para qualquer canto. O preço é tabelado: R$ 7”, diz.

Beatnik blues rock bagaceiro

Gravado no estúdio de um amigo em Ipiaú, o CD da Mendigos foi gravado em boa parte na base da boa e velha brodagem.

“A gente tem esse probleminha que está no nome da banda. Não nos chamamos Mendigos Blues a toa, não”, ri Ismera.

“Enfim, não tivemos muita grana para gravar, mas gostamos muito do resultado. Nosso camarada de Ipiaú nos tratou super bem e pelo que pudemos pagar, ficou fantástico”, diz

Fãs de literatura beatnik e do bagaceirismo alcóolico-literário de Charles Bukowski (1920- 1994), os rapazes da Mendigos tentam transpor para suas músicas um pouco do espírito desses autores, dentro do próprio universo que habitam.

“Na verdade, é uma coisa até bem natural pra gente. Só tomei contato da cultura beat depois que formamos a banda. E o Bukowski eu fui vendo referências em como o pessoal jovem daqui vivia nas república de estudantes. As festas, as loucuras. Vi que tinha um paralelo, não era forçado, tipo ‘vamos fazer assim’”, relata Ismeraldo.

Além dele, a banda hoje conta em sua formação com Jonnie Walker (vocais e guitarra), Marcelo Mendigo (baixo), Chucri (bateria) e Victor Brasileiro (piano). “Estamos muito a fim de poder tocar  aí em Salvador também, mas ainda não temos previsão. Mas como dizia o beat Neal Cassady, ‘não pode parar de andar. Uma hora a providencia chega’“, conclui.

Show de lançamento do CD Repúblicas e Mutretas: 9 de novembro, 22 horas / O Bosque (rua Suíça, 106, bairro São Judas - Itabuna) /  CD + ingresso: R$ 15

Baixe: www.mendigosblues.wix.com/mendigos-blues



NUETAS

Bond Blues no Revolver

Hoje tem a banda Bond Blues (ao lado, em foto de Fernando Udo) em nova formação no Revolver Pub. Se liga na escalação: Mauro Santoli (voz, gaita), Candido Martinez Soto (guitarra), Jerry Marlon (baixo) e Jorge Brasil (bateria). Blues rock alto astral, para dançar. 21 horas, R$ 10.

T-Buzz no Dubliner’s

Teenage Buzz, Van der Vous e Parafernália Sonora prometem uma noite para lá de psicodélica no  Dubliners Irish Pub. Hoje, 21 horas (acredite se quiser). R$ 5 (lista), R$ 8.

Eric Assmar grátis

Eric Assmar Trio quebra tudo em show o  Largo Quincas Berro d'Água, neste sábado (26). 21 horas,  entrada gratuita.

PODCAST CCR 13

De beagles, biografias e boa música.

Com Marcos Rodrigues, Sérgio Cebola Martinez e Caio Tuy.


terça-feira, outubro 22, 2013

VIDA DE SONHADOR COM PÉS NO CHÃO

Recém-lançada no Brasil, biografia de Will Eisner traça perfil fiel de artista genial com tino de empresário

Dizem que visionários são aqueles capazes de antecipar algo que a maioria das pessoas só será capaz de perceber no futuro.

Se alguém assim, além da capacidade de enxergar adiante, ainda dispor de talento artístico, então não há dúvidas: estamos diante de um legítimo gênio.

Will Eisner (1917-2005) era um desses gênios.

Criador do herói Spirit, pioneiro da indústria dos quadrinhos, desenhista insuperável, professor dedicado, escritor de rara sensibilidade, um dos responsáveis por transformar HQ em arte de fato, divulgador incansável – entre muitos outros títulos – o quadrinista tem vida e obra narrados na biografia Will Eisner: Um sonhador nos quadrinhos, de Michael Schumacher.

Schumacher (sem relação com o alemão da Fórmula 1) é conhecido  autor de biografias de peso para Eric Clapton, o poeta beatnik Allen Ginsberg e o cineasta Francis Ford Coppola, entre outros nomes célebres.

Apesar de não te-lo conhecido em vida, Schumacher teve acesso total ao arquivo pessoal do artista, além de ter feito ampla pesquisa e dezenas de horas de entrevistas com Ann Eisner (viúva), amigos, colaboradores, sócios e admiradores.

O resultado é um retrato por inteiro do bom e velho Will, começando pela sua infância dificílima como menino judeu em uma vizinhança paupérrima e pouco amigável à sua religião.

Vida que só ficou mais e mais difícil quando a veio o crack da bolsa e a grande depressão. As cenas de miséria explícita que ele não apenas testemunhou, mas também viveu, o marcaram para sempre e se refletiram  em praticamente toda a sua obra.

Começo difícil

Assinando sua arte em São Paulo, Brasil, 1987. (Cortesia de Denis Kitchen)
Nascido William Erwin Eisner, seu pai era o imigrante austríaco Shmuel (Samuel) Eisner, que apesar de pobre, era um perfeito  artista europeu: autodidata, pintava cenários de peças de teatro iídiche e decorava o teto de igrejas católicas.

A mãe, a romena Fannie Ingber, era o contrário de Sam: uma trabalhadora de fábrica cuja única preocupação era garantir seu sustento e o de sua família.

O jovem Billy Eisner, que teve de começar a trabalhar aos 13 anos vendendo jornais para ajudar no sustento da casa, acabou equilibrando em si tanto o pendor artístico do pai, quanto o pragmatismo da mãe.

E foi vendendo jornais que o garoto Billy descobriu a paixão de sua vida: as histórias em quadrinhos, nas tiras dos jornais: Thimble Theater (de E. C. Segar, na qual surgiu Popeye), Terry & Os Piratas, Krazy Kat etc.

Para desespero da mãe – e orgulho do pai – logo estava desenhando compulsivamente e frequentando as aulas de arte gratuitas oferecidas pelo Metropolitan Museum of Art.

Não demorou e o jovem Will começou a trabalhar nos estúdios que proviam conteúdo para os jornais. A descrição que Schumacher faz da fauna que trabalhava nesses ambientes é especialmente vívida, já que foi nesses primórdios que também começaram gênios do quilate de Jack Kirby (da Marvel), Al Jaffee (Mad), Bob Kane (Batman), Max Gaines (EC Comics) etc.

Em 1940, depois que viu o  estrondoso sucesso de uma HQ que ele mesmo recusara em seu estúdio – Superman, lançado dois anos antes –, desfez a sociedade com Jerry Iger e partiu para criar seu primeiro grande sucesso: The Spirit.

Só que ele queria fazer diferente: Eisner queria tirar o foco do personagem e direcioná-lo para as histórias em si.

“Você lê as histórias de Sherlock Holmes pelas histórias. As histórias perduram, e não a ideia do superdetetive”, acreditava Eisner, em declaração que deu anos depois, citada por Schumacher.

Splash page 26/junho/1949 © Will Eisner Studios Inc. Cortesia Denis Kitchen
O cenário era outro componente essencial em suas HQs.

Na verdade, estudiosos de sua obra dizem que ele fazia HQs sobre cidades – e não sobre pessoas.

O que é perfeitamente plausível, especialmente ao se notar os títulos de algumas de suas melhores HQs: O Edifício, Avenida Dropsie e claro,  Nova York - A Grande Cidade.

Falhas humanas

Com jeitão de biografia autorizada (sem qualquer demérito, como se verá a seguir), o foco do livro de Schumacher é a trajetória, a evolução e as escolhas do artista.

Ainda assim, não deixa de trazer as falhas do homem – que diga-se de passagem, sempre foi considerado exemplo de bom caráter em um meio infestado de escroques.

Especialmente notáveis são as revelações de que, quando foi ouvido como testemunha no processo relativo à propriedade do Superman, ele não foi  totalmente honesto, além de um incontornável ressentimento que sentia por Art Spiegelman ter sido premiado com o Pulitzer pela obra-prima Maus – e ele não, pela igualmente genial Um Contrato com Deus.

A biografia se confunde com a própria história do desenvolvimento deste setor da indústria cultural. Ele passou por todas as fases, conheceu, trabalhou, e muitas vezes deu a primeira oportunidade para alguns do maiores profissionais do meio.

Jules Feiffer, renomado cartunista (outro premiado com o Pulitzer), teve sua primeira oportunidade de trabalho no estúdio de Eisner.

Não a toa o nome Eisner é para as HQs americanas o que o Oscar é para o cinema, nomeando sua mais importante e cobiçada premiação.

Will Eisner: um sonhador nos quadrinhos / Michael Schumacher / Globo Livros / 424 p./ R$ 59,90/ www.globolivros.com.br

Imagens gentilmente cedidas por Globo Livros.


sexta-feira, outubro 18, 2013

MICRO-RESENHAS POR QUE GRAÇAS A JAH HOJE É SEXTA-FEIRA

SP 50º C

Espetacular estreia do quarteto paulista de jazz funk rock etc Martinez. São dez pancadas sonoras que transitam entre as trilhas de  Lalo Schiffrin e o lounge de Medeski Martin & Wood. O título avisa: o negócio aqui é quente. Martinez / 50º C / Água Forte / CD: R$ 19,90 / LP: R$ 54,90 / Baixe: www.martinezbr.com





  

 
Best of velhinho

O adorável velhinho cubano que encantou o mundo ao ser redescoberto por Wim Wenders no filme Buena Vista Social Club tem aqui uma bela coleção de hits com vinte faixas, incluindo El Dia Que Me Quieras, Chicharrones e Chan Chan. Compay Segundo / Guantanamera - The Essential Album / Warner /R$ 37,90 /








Pós-punk black music


O power trio baiano Exoesqueleto solta o primeiro CD, com oito faixas. A parte instrumental soa bem azeitada, com levadas bem no estilo pós-punk – para uma banda que se diz  de black music. Intimista, promissor. Exoesqueleto / Exo sessions / Big Bross - Brechó discos / Preço não divulgado








Peter vira Pan

Abordagem em quadrinhos adultos  – em três volumes de capa dura – para a célebre obra de JM Barrie. Neste segundo volume, o destaque é a emocionante sequência em que Peter assume o sobrenome Pan, após as trágicas consequências do conflito entre o Povo Imaginário e os piratas do Capitão Gancho. Peter Pan - Volume 2 / Régis Loisel / Nemo / 120 p. / R$ 69 / editoranemo.com.br






Guerreiro italiano

Fruto de alentada pesquisa (oito anos, seis países), este estudo de Gianni Carta trata da permanência da imagem de Giuseppe Garibaldi (1807- 1882),  como ícone de gaúcho e também como “Heroi de Dois Mundos” (Europa e América do Sul). Exaustivo – no bom sentido. Garibaldi na América do Sul: o mito do gaúcho / Gianni Carta / Boitempo / 296 p. /  R$ 57 / www.boitempoeditorial.com.br






Aulão

Uma super-revisão de história geral, com texto bem acessível um toque de senso de humor é o que oferece este livro do jornalista e escritor David Coimbra. O livro é todo construído em textos curtos sobre cada assunto, podendo ser aberto em qualquer página. Ótima iniciativa. Uma História do Mundo / David Coimbra / L&PM / 272 p. /  R$ 37 / E-book: R$ 27 / lpm.com.br







A prima donna e o gênio de 200 anos

A soprano russa Anna Netrebko, “prima donna assoluta” segundo o New York Post, presta sua homenagem aos 200 anos  de Giuseppe Verdi (1813-1901) entoando árias de Giovanna D’Arco,  Macbeth,  I Vespri Siciliani, Don Carlo e Il Trovatore. Recomenda-se esconder os cristais. Anna Netrebko / Verdi / Universal / R$ 37,90








Azar da Bahia

O 2º CD de Tiganá Santana é cantado em cinco línguas, tem participação de Lazzo e da cabo-verdiana Mayra Andrade, aquarelas de Emanoel Araújo e foi gravado na Suécia. Tamanha sofisticação, na Bahia contemporânea, dificilmente será valorizada como se deve. Azar da Bahia. Música de sofisticação à toda prova, a serviço da poesia ancestral negra. Raro, belo. Tiganá Santana / The Invention of Colour / Ajabu! / Preço não divulgado /





O Bruxo relaxa


Com seleção, introdução e notas do crítico e professor de literatura John Gledson, esta compilação foi feita a partir de consultas aos arquivos da imprensa carioca do século XIX. Preciosidade, traz a visão do Bruxo do Cosme Velho para os assuntos mais quentes de sua época. Crônicas Escolhidas / Machado de Assis / Penguin - Cia. das Letras/ 336 p./ R$ 27,50/ companhiadasletras.com.br





Volta de novo

O apressado périplo ao redor do globo empreitado por Phileas Fogg e seu fiel criado Passepartout, narrado por Jules Verne em 1872, ganha belíssima adaptação no estilo das HQs franco-belga. Aventura, mistério e humor como poucos souberam fazer. Para todas as idades. A volta ao mundo em 80 dias / Júlio Verne, A. Soleilhac e A.C. Jouvray / Salamandra / 144 p. / R$ 48,90 / www.salamandra.com.br






Vão ouvir o Judas!

Em seu sexto álbum, os californianos do Avenged Sevenfold não vão muito além do que mostraram anteontem no Rock in Rio: heavy metal old school mediano, que não acrescenta nada ao que Iron Maiden e Judas Priest  faziam há trinta e tantos anos. Avenged Sevenfold / Hail To The King / Warner / R$ 36,90







Traz o amor de volta em três dias

O Doutor House, que diria, espanta seus males cantando e tocando piano. Neste segundo álbum, segue na linha do blues tradicional de Nova Orleans. E convence. Até por que não só o repertório é de blues antigos: os músicos também. Cura tudo, traz o amor de volta em três dias. Hugh Laurie / Didn't It Rain / Warner / R$ 34,90








Música de calango

A banda baiana Callangazoo manda bem neste EP com um rock orgânico, ensolarado (mas não bobo alegre) e bom de pista. Vão de funk (Brinquedo), valsa (Como Roberto Já Dizia), indie (Nota Certa) e guitarrada (A Viagem do Callangazoo). Callangazoo / Brinquedo / Independente /  R$ 10








Teclas de classe

Virtuoso, o pianista erudito Hercules Gomes “relaxa” um pouco neste belo CD em que exercita suas influências brasileiras, gravando Ernesto Nazareth (Odeon), Hermeto Paschoal (Viva o Rio de Janeiro), Radamés Gnattali (Zanzando em Copacabana) e autorais. Hercules Gomes / Pianismo / Independente / R$ 18 / www.herculesgomes.com








Faltou ideia

Estreia da banda carioca Kita, que faz rock “moderno”, com uns toques de eletrônica e cantado em inglês. Não é ruim, mas falta personalidade. A profusão de clichês por faixa é algo assim, incontável. Nos EUA tem uma pá de similares a cada esquina. Bons músicos e produção idem – mas sem ideias. Kita / Twisted Complicated World / Independente / iTunes: USD 6.93







King of Maine

King, o milionário Rei do Arrepio literário, tem sua trajetória contada tim-tim por tim- tim nesta biografia. Está tudo aqui: sua relação com o temor (“Tenho medo de tudo”),  drogas (“Moro na  República Popular da Paranoia”), obra, cinema, família. Essencial para apreciadores. Stephen King: Coração Assombrado - A Biografia / Lisa Rogak / Dark Side / 320 p. /  R$ 64,90 / www.darksidebooks.com.br







Pioneirismo de colante roxo

Primeiro herói a envergar o calção por cima do colante (roxo, como se não bastasse), O Fantasma ressurge nas bancas e livrarias com esta bela HQ de seus primórdios (1936) em edição bem cuidada e colorida. Uma gangue de lindas piratas aéreas tiram nosso herói do sério (e do chão).  Um clássico eletrizante da super dupla Falk / Moore, com o ritmo acelerado do primeiro e o traço elegante e sensual do segundo. Precisa mesmo recomendar? O Fantasma - Piratas do Céu: A Saga Completa / Lee Falk e Ray Moore / Pixel / 128 p. / R$ 16,90 / www.facebook.com/HQsClassicos





Poetar em Roma é mais gostoso

Poeta e intelectual brasileiro fundamental na literatura do século 20, Murilo Mendes (1901-1975) tem seu longo auto exílio em Roma (de 1957 até sua morte) esmiuçado pela pesquisadora Maria Betânia Amoroso. Trabalho de fôlego, examina também como os italianos viam o poeta. Murilo Mendes: O poeta brasileiro de Roma / Maria Betânia Amoroso / Editora Unesp / 262 p. / R$ 34 / www.editora.unesp.br






Musa com miolos

Há sinais de  inteligência no antro de boçais que é o R&B ianque. Alicia Keys,  além da pinta de modelo,   é uma das poucas que se salvam. OK, há escorregões piegas aqui e ali. Mas salvam-se faixas como Brand New Me, Listen to Your Heart  e When It’s All Over. Alicia Keys / Girl On Fire / Sony / R$ 24,90






terça-feira, outubro 15, 2013

PASTEL DE MIOLOS FAZ SHOW SÁBADO PARA LANÇAR CD TRIBUTO COM 34 BANDAS DO BRASIL E DO MUNDO

Pastel de Miolos - Foto: Américo Jr.
Não é qualquer banda que recebe, em vida, homenagem assim. Muito menos, quando se trata de rock baiano, essa bastarda contradição em termos.

Mas o power trio punk Pastel de Miolos merece – e ganhou.

Eu Não Quero Ser O Que Você Quer é um álbum-tributo com nada menos que 34 bandas e artistas – do Brasil e do mundo – reinterpretando as pancadas do repertório da PDM.

“Essa ideia do tributo partiu de Tony Lopes (o Reverendo T), de quem somos banda de apoio em shows esporádicos, uns três anos atrás”, conta Wilson Santana, baterista.

“Na época, pensamos que seria um EP, que não teria essa dimensão toda”, afirma.

Realmente, a coisa tomou uma proporção e tanto. Entre as 34 faixas, há releituras de Vivendo do Ócio, Vandex, Cama de Jornal, Pessoas Invisíveis, Tronica, DJ Mauro Telefunksoul, Laura Dantas, Irmão Carlos & O Catado, Tiago Aziz, Derrube o Muro e o próprio Reverendo T – isso, para ficar em alguns nomes (não todos) daqui da Bahia.

De outros estados, bandas importantes do underground brasuca, como Lobotomia (SP), Snooze e Karne Krua (SE), Jason (RJ), Uganga (MG) e Zefirina Bomba (PB), entre outros.

Do exterior tem Cães Danados (Portugal), Estamos en Eso (Argentina), Riiva (Finlândia), Los Verrugas (Peru) e 50 Seagulls (Alemanha).

HC, indie, MPB, funk etc.

Detalhe do encarte, com todas as bandas e artistas do tributo. Clique para ampliar e ver esse povo todo melhor
“Tributo é aquela coisa: ou você ama ou você odeia. Mas a maioria do que ouvimos está sensacional. Nem a gente esperava que ia ficar dessa forma, por que cada artista enxerga a música de uma forma diferente”, reflete.

A diversidade de estilos é outro fator que só torna a coletânea mais interessante: tem do HC ortodoxo do Riiva ao indie do Snooze, da MPB de Laura Dantas ao hip hop de Mauro Telefunksoul e por aí vai.

“95% das versões estão bem diferentes das originais. Mesmo as bandas punks,  ficou diferente. Só pedimos que não mudassem a letra”, conta Wilson.

“Nosso único medo agora é o pessoal não querer mais ouvir a PDM e sim essas versões fantásticas”, exagera o músico.

Arte do sempre foda Bruno Aziz para a capa do CD
Sábado, a PDM faz show no Dubliner's com convidados e as bandas Theatro de Séraphin, Snooze e Latryna para  lançar o CD.

Show: Lançamento do CD Eu Não Quero Ser O Que Você Quer - Tributo a Pastel De Miolos / Pastel De Miolos & Convidados, Theatro de Séraphin, Snooze, Latryna,  DJs BigBross e  Bruno Aziz / Convidados: Irmão Carlos (O CATADO), Zezinho (NORFIST), Wendel (AGRESSIVOS), Alex (JATO INVISÍVEL), Mauro TeleFunkSoul & Robson Véio, Caveira, Reverendo T, João (TRONICA), Dudu e Doriva (DERRUBE O MURO) / Sábado, 20 horas / Dubliners Irish Pub / R$ 10, R$ 20 (CD + Ingresso)


facebook.com/brechodiscos

NUETAS

Jazz session no Visca

Mou Brasil Foto: Hirosuke Kitamura
O guitarrista master Mou Brasil inaugura as Quartas Instrumentais do Visca Sabor & Arte. Além de Mou, haverá sempre a banda residente, VMW Jazz Trio. Nas próximas semanas, se apresentam ainda Trio Triunvirato, Letieres Leite e  Saravá Jazz.  21 horas, R$ 12.

Kalu, Corda e samba

Kalu e o grupo A Corda Bamba fazem o show De Que Lado Você Samba? no Espaço 116 Graus. O set vai de Noel Rosa a Trio Mocotó, de Caymmi a Jorge Ben.  Sexta-feira, 23 horas, R$ 10.

Ronei vs. Maglore

O projeto InsPire Music promove o encontro inédito das bandas Ronei Jorge & Os Ladrões de Bicicleta e Maglore. 27 de outubro (domingo), 17 horas, no Zen Dining & Music. R$ 25 (antecipado, na Midialouca).

domingo, outubro 13, 2013

HOJE: ARNALDO ANTUNES E BANDA, DE PIJAMAS NO PALCO DA CONCHA

Um dos artistas mais inquietos entre os originais do pop rock oitentista, Arnaldo Antunes (foto: Fernando Laszlo) volta a se apresentar em Salvador.

Desta feita, ele volta à Concha Acústica amanhã, para lançar seu novo álbum.

Com título tipicamente arnaldiano – Disco – o álbum acaba de chegar às lojas e, segundo seu autor, era para ele ter dois lados. Mas acabou com três.

“Propositalmente, esse álbum era para ter duas facetas: uma mais rock e outra, de canções mais serenas. Era minha intenção deixar esse contraste bem marcado”, conta o músico paulista, por telefone.

“Mas aí foram surgindo canções de acento mais pop, como Ela é Tarja Preta e Sou  Volúvel, gerando um terceiro lado, que é mais pop, mesmo”, percebe.

Quem acompanha sua carreira, vai gostar de saber de uma novidade em sua discografia: pela primeira vez, Arnaldo canta acompanhado de cordas, metais e madeiras, nas faixas Muito Muito Pouco e Dizem (Quem Me Dera), parceria dele  com Marisa Monte e Dadi Carvalho.

Os arranjos são de Ruriá Duprat – sobrinho de Rogério,  maestro do Tropicalismo. “Conheci o  Ruriá por causa de um concerto da Orquestra Jazz Sinfônica de que participei – e de cara  eu adorei a experiência”.

Convite feito e aceito, a gravação ficou, como diz Antunes, “um grande barato”.

“Eu nunca tinha trabalhado esse dialogo de banda pop com cordas e sopros. Pra mim, foi uma novidade muito interessante”, relata o cantor.

Outras parcerias em Disco incluem Marina Lima (Grávida), João Donato (O Fogo), Caetano Veloso (Morro, Amor), Céu e Hyldon (Trato), além de  releitura de Mama (Gilberto Gil).

Intimidade de pijamas


“Antes de Disco, fiz dois ao vivo:  o Acústico MTV (2012) e Ao Vivo Lá em Casa (2010). Antes desses teve  o Iê Iê Iê (2009), que era diferente, remetia a uma sonoridade específica”, lembra.

“Disco é mais  diversificado,  mais parecido com Saiba (2004), no sentido de  experimentar diferentes caminhos e temáticas que dialogam entre uma canção e outra”, afirma.

Arnaldo é conhecido pelo cuidado que costuma ter com tudo que envolve seus shows, desde a escalação da banda até cenário e figurino – e no show de Disco não é diferente.

“O cenário com vídeos e iluminação é da Ana Turra e Márcia xavier. A ideia é projetar nossas sombras no palco. Tem todo um trabalho de  delinear  os vídeos com as projeções”, descreve.

Mas o mais curioso é mesmo o figurino: Arnaldo e banda sobem no palco de pijamas. “O figurino  é do Marcelo Sommer, com quem trabalho desde o Ao Vivo no Estúdio (2007). Sim, são pijamas, mas como é do Sommer, fica mais elegante”, justifica, bem humorado.

“Me sinto a vontade e elegante de pijama. Também é uma forma de compartilhar certa intimidade”, conclui.

Arnaldo Antunes – Show de lançamento do CD “Disco” / domingo, 19 horas /  Concha Acústica do Teatro Castro Alves / 1º Lote R$ 80 e R$ 40 / Vendas: Bilheteria do TCA e SACs dos Shoppings Barra e Iguatemi


quinta-feira, outubro 10, 2013

CAIXA DE 6 CDS TRAZ A JUKEBOX INCENDIÁRIA DE TARANTINO

A Prova de Morte, com Mary Elizabeth Winstead, Rosario Dawson e Tracie Thoms
Depois do cinema, a coisa que o diretor norte-americano Quentin Tarantino mais gosta é de música.

Não a toa, as trilhas sonoras de seus filmes já são uma atração a parte, sempre aguardadas com expectativa pelos seus fãs mundo afora.

Ele já ficou tão conhecido pelas pesquisas que faz para as trilhas que acabou inspirando o lançamento da caixa de CDs Tarantino Experience - Music From and Inspired by his Films.

São seis discos em três CDs duplos – Take I, Take II e Take III,  que também podem ser adquiridos separadamente  – e que trazem praticamente a totalidade das trilhas de seus sete filmes como diretor – antes de Django Livre, o oitavo, que não chegou a entrar na dança.

Quem espera um certo critério no repertório pode esquecer.  Não há ordem ou tema para cada CD. Músicas da trilha de Pulp Fiction (1994) se misturam com as de À Prova de Morte (2007) e Kill Bill Vol. 2 (2004) e assim por diante, como se tivessem sido programadas por um sistema randômico de reprodução – o velho comando “shuffle” dos sound systems.

Efeitos pop colaterais

Apesar de ser um pesadelo para quem gosta das informações ordenadas, a aparente desordem do repertório misturado é fiel ao espírito anárquico e irreverente do diretor de Cães de Aluguel.

Tarantino sempre dá oportunidade a atores iniciantes, como esses aí
Da mesma forma como faz em seus filmes, pesquisando (quase sempre parodiando) estilos e gêneros às vezes considerados desprezíveis ou esquecidos, as trilhas dos seus filmes se apoiam em ampla pesquisa de gêneros pouco lembrados, como  surf music, disco funk e trilhas de  western spaghetti.

E aí acontece o efeito inverso. Ninguém lembrava – ou sequer sabia da existência – de Dick Dale até sua clássica versão   surf punk para Misirlou (uma canção tradicional grega)  abrir Pulp Fiction em 1994.

Naquela mesma trilha também constavam outros clássicos surf de bandas como The Surfaris, The Ventures e outras.

Resultado: revival instantâneo de surf music, Dick Dale redescoberto e içado a herói cult.

Efeitos colaterais na cultura pop à parte, o fato é que Tarantino, não fosse o cineasta / produtor / roteirista que é, daria um excelente DJ para as festinhas mais descoladas.

Cada um dos seis CDs, com 12 faixas cada, funciona como uma jukebox pronta para animar ambientes potencialmente voláteis, como inferninhos e bares não recomendáveis a moças de família, graças a faixas incendiárias como I Put a Spell on You (de Screamin’ Jay Hawkins), Louie, Louie (The Kingsmen), Johnny Remember Me (The Meteors) e Don’t Let Me Be Misunderstood (Leroy Gomez & Santa Esmeralda),  entre muitas outras em um repertório total com 72 faixas.

Tarantino Experience / Vários Artistas / Music Brokers - Livraria Cultura (Exclusivo) /  R$ 89,90 ou  3x de R$ 29,97


FANTASMAGORIANA TRAZ ÚLTIMOS TRABALHOS DE FLAVIO COLIN

Um dos maiores desenhistas do Brasil (e do mundo, segundo o especialista Gonçalo Jr.), Flavio Colin (1930-2002) tem mais uma parte de sua obra tardia recuperada e lançada com o tratamento que merece.

Fantasmagoriana & Outros Contos Sombrios traz, em formato grandão e papel de qualidade, algumas HQs publicadas em revistas independentes produzidas pelo seu último grande parceiro, o roteirista Wellington Srbek, com quem já havia assinado o premiado álbum Estórias Gerais.

Na verdade, o álbum traz justamente a última HQ concluída por Colin:  Admirável Mundo Novo, aonde a dupla ecoa o conceito que permeia  Do Inferno, de Alan Moore, ao mostrar os males do Velho Mundo (simbolizados em serial killers, igrejas, pestes etc) desembarcando no Novo Mundo. Um conceito ambicioso, desenvolvido em poucas (e certeiras) páginas.

Arte inconfundível

Como o título já diz, o álbum reúne três HQs de temática sobrenatural: A Companhia das Sombras, Uma Noite no Fim do Mundo e a já citada Admirável Mundo Novo.

Em todas, sobressaem-se duas características: a arte personalíssima e  inconfundível de Colin e o poder de síntese narrativa de Srbek.

HQ que abre o álbum, A Companhia das Sombras é apresentada pelo roteirista como uma “alegoria da Inconfidência Mineira”.

Seu início é comum é muitas outras obras de terror: um estranho  chega à uma pequena cidade e entra numa taverna. O que acontece depois já é mais incomum – e remete ao mito cristão do Judas traidor.

A Companhia das Sombras foi publicada em 2000, na revista Mirabilia e premiada com o Trofeu HQMix (categoria Melhor Revista de Aventura e Ficção).

Admirável Mundo Novo  traz um casal de golpistas no Rio de Janeiro do século XIX, que após um assassinato, vão a um estranho baile de máscaras.

HQ mais extensa do álbum, Uma Noite no Fim do Mundo se passa nos dias de hoje e traz uma critica aos programas de jornalismo sensacionalista da TV.

Narra o périplo de um repórter arrogante em meio às superstições populares de uma pequena cidade assombrada.

Fantasmagoriana & Outros Contos Sombrios / Wellington Srbek e Flavio Colin / Nemo/ 48 p./ R$ 28/ www.editoranemo.com.br

quarta-feira, outubro 09, 2013

PODCAST CCR 11: TEMA LIVRE

Mauro, Candido e Ivanzinho em ensaio, pré-show. Foto Chico Castro Jr.
Com Marcos Rodrigues, Osvaldo Braminha, Caio Tuy e a vorta de Master Onions, também conhecido como Cebola!

O tema é livre e o pessoal já começa comentando o fatídico show da Úteros em Fúria (ao lado, em foto durante ensaio) no sábado passado.




terça-feira, outubro 08, 2013

THE BAGGIOS INICIAM TOUR DO SEGUNDO CD EM SALVADOR, NESTA SEXTA

Em meio à pasmaceira fofa e / ou inócua que grassa no que restou do rock brasileiro, o duo sergipano The Baggios é um bálsamo auditivo para os que ainda acreditam que música é coisa para músicos e não para posers de rede social (outra praga).

Original de São Cristóvão, bela cidade histórica da região metropolitana de Aracaju, a The Baggios (fotos: Snapic Fotografias) chega agora ao segundo álbum, Sina, cuja turnê nacional se inicia nesta sexta-feira, aqui mesmo, em Salvador.

Verdadeira paulada na orelha, Sina aprofunda a vertente do blues rock do sertão, cru e encharcado de lirismo poético inaugurado no primeiro CD, autintitulado (2011, DeckDisc).

“Nesse segundo disco, a gente queria fazer uma coisa diferente do primeiro. Não nos prendemos muito ao que já fizemos, buscamos outra produção, claro, mas (o primeiro) faz parte da obra da banda, da nossa forma de ver o mundo. Esse segundo eu acho que tem uma temática um pouco mais abrangente. Eu tinha uma música com esse título (Sina), foi uma das primeiras que fiz depois que lançamos o primeiro disco”, conta Júlio Andrade, vocalista e guitarrista, que forma o duo com Gabriel Carvalho (bateria).

“Fala de muitas coisas que passei. É uma letra mais confessional: ‘Sou refém da sina / Haja dor, haja ferida’. É uma palavra bem comum aqui em São Cristóvão”, diz Júlio.

Crônicas de andarilhos

Pouco antes de entrar em estúdio, o músico percebeu que a maioria de suas letras estavam nessa mesma levada: “São tons blueseiros, cheios de lamentos. O titulo ficou perfeito e tudo se liga a esse tema”, afirma.

Além do sonzão, o duo faz a crônica dos personagens de sua cidade, sempre com pegada lírica: “Tem a Salomé (em Salomé Me Disse), que só andava desapegada, por que a sina dela era ser livre. Já Um Roque Para Zorrão é sobre um cara  que andava na rua bebendo cachaça e tem uma história bem triste”.

“Eu busco escrever sobre pessoas que passam despercebidas nas ruas, mas que tem toda uma história. O  destino dos que não tem destino, os  mendigos e andarilhos”, acrescenta Júlio.

"Como não sou um cara poético no sentido convencional, nas minhas músicas eu faço contos que se transformam nas letras das músicas. Tenho mais facilidade para escrever em terceira pessoa, então abordo as pessoas das quais ouvi histórias, reais ou fictícias. Ou mesmo histórias que eu mesmo criei como na faixa Descalço, aonde viajei num personagem que busca reconciliar um relacionamento e pega a estrada na chuva, sozinho".

O próprio nome do duo veio de um desses personagens: “O Baggio era um músico  que viajou para Salvador e depois para São Paulo na década de 70. Se frustrou e não conseguiu nada. Voltou e acabou despirocando. Virou o doido da cidade, usava roupas esquisitas e andava com uma viola nas costas”, relata.

Júlio está orgulhoso: o disco, que está com uma sonoridade poderosa, foi todo gravado em Aracaju mesmo. "A gente tinha um vinculo com a Deck pelo selo Vigilante, que lançou nosso primeiro. A gente gravou tudo e eles lançaram e distribuíram. Esperamos um retorno a médio prazo, mas o que aconteceu foi que Rafael (Ramos, sócio da Deck) pediu as demos das músicas novas, ele gostou, rolou a empolgação, fomos ao Rio, fizemos show e marcamos o dia de começar as gravações em outubro (de 2012). Mas teve tanta história. Primeiro, o estúdio estava em reforma. Aí muda para janeiro, transfere para São Paulo, depois cancela tudo. Foram vários obstáculos, até decidirmos gravar em Aracaju", relata.

"Acabou que gravamos tudo aqui, já que não havia tempo nem grana para ficarmos lá no Sudeste. A diferença foi que tivemos uma pré-produção um pouco longa. Gravamos nos ensaios, mudava detalhaes dos arranjos. A pré é tão importante quanto a produção em si, por que amadurecemos bem as músicas. Aí, quando entramos no estúdio para gravar, já sabíamos bem o que queríamos", percebe Júlio.

"A vantagem foi essa. Como também temos muitos amigos aqui, muita gente ajudou. Levaram microfones, placas de áudio etc. Fizemos tudo em um estúdio simples, mas com muita ajuda e muitas cabeças pensando junto. E foi a primeira vez que gravamos em Aracaju", conta.

"Sina saiu independente, mesmo. Mas vai sair em vinil também, pelo Media 4 Music, selo de São Paulo que importa os vinis de uma fábrica na República Tcheca, que diz que é a maior fabricante de discos de vinil do mundo", revela.

"O lance de não ter saído pela Deck foi uma questão de prioridade da gravadora, mesmo. Eles estão bombando com Naldo, né? Mesmo assim, Rafael tentou reservar o estúdio de Chucky (Vespas Mandarinas) para a gente mas aí a banda dele estava com compromissos e aí não deu para gravar lá".

"No som do disco, a gente queria fugir do lance das comparações com outros duos guitarra-bateria, como Black Keys  e White Stripes. Claro que são bandas importantes para nosso som, mas não buscamos nos parecer com elas, então explorar elementos que eles não exploram, como xote e afrobeat. O peso vem naturalmente, por que eu uso muito pedal de fuzz, que dá mais corpo e peso. Esse disco tem nossa música mais pesada, Um Roque para Zorrão, e a mais balada, Domingo. Além de trazer outras influências é um disco pessoal, não por que é o mais recente, mas pra mim é a obra mais importante que fizemos nesses doze anos de banda, tem um som mais maduro, que me deu orgulho", conclui Júlio.

Depois do show de sexta no Revolver (com as locais Tronica e Gepetto), o duo segue em tour de dez cidades entre Rio, São Paulo e Minas Gerais. Go, Baggios!

The Baggios, Tronica e Gepetto / Sexta- feira, 21 horas / Revolver Pub (Rio Vermelho) / R$ 15

Baixe: www.thebaggios.com.br



CAMA DE JORNAL: ORGULHO PUNK DE VITÓRIA DA CONQUISTA

Uma das coisas que mais agrada este colunista blogueiro é dar visibilidade às boas bandas do interior do estado aqui neste espaço.

E uma das mais importantes do cenário hoje é a banda de punk rock Cama de Jornal (foto: Gilmar Dantas), orgulho  de Vitória da Conquista (ou pelo menos, de seus roqueiros).

Com 12 anos de atividade intensa na região do Sudoeste baiano, o Cama de Jornal lançou em 2011 um DVD ao vivo, comemorando sua primeira década.

O show foi gravado em praça pública e contou com a participação do pioneiro punk Redson Pozzi (1962-2011), da clássica banda paulista Cólera.

“Uns tem vontade de ter televisão de LED. O meu era ter o Cólera aqui, realizei e agora tenho muita história pra contar”, comemora Nem, vocalista.

“O cachê do cólera e as passagens aéreas eu mesmo paguei do meu bolso, com um dinheiro que tinha das minhas férias. A estrutura foi disponibilizada com o apoio da prefeitura (som, palco e luz)”, detalha.

Liderada por Nem – diga-se de passagem, uma tremenda figura no palco – o Cama ainda conta com Lázaro (guitarra), Rose (baixo) e Helder (bateria).

De gaiato no tributo

Experientes, esses caras já rodaram bastante, sempre no esquema punk DIY (faça você mesmo): “Esse ano já fizemos uma turnê pelo Nordeste, com 7 shows em 9 dias, junto com a banda Horda Punk, de Santa Catarina. Tocamos em Cruz das Almas, Feira de Santana, Penedo (AL), Recife (PE), Paulo Afonso, Ribeira do Pombal e  Salvador”, conta Nem.

A amizade com o Cólera rendeu  convite ao evento em homenagem ao Redson, que morreu pouco depois do show em Conquista: “Participei de uma música no Tributo ao Redson no Hangar 110 (São Paulo). Fui o único do Nordeste, ao lado de  artistas do naipe de Ariel (Restos de Nada), João Gordo e Jão (Ratos de Porão), Clemente (Inocentes), Miro de Melo (365), Nenê Altro (Dance of Days) e eu, de gaiato”, diverte-se Nem.

Nada mal para quem, quando começou, mal sabia tocar: “Ninguém sabia tocar. A qualidade da aparelhagem era péssima. Mas predominava a vontade de fazer som e de se expressar através da música”, lembra o guitarrista Lázaro.

www.camadejornal.com.br



LEIA ENTREVISTA COMPLETA COM NEM e LÁZARO

Como foi que vs fizeram para gravar este DVD de punk rock em praça pública? Vcs mesmos bancaram? Tem parceiros?

Nem: A idéia inicial da gravação do DVD de 10 anos, era que fosse em um lugar fechado, com cobrança de ingresso pra pagar os custos com o Cólera e também da própria gravação do CD/DVD. Mas depois de tentar alguns espaços aqui na cidade, não consegui nenhum. Como a gente já tava com tudo certo para a gravação, a saída foi fazer de graça, numa praça central aqui de Conquista. o cachê do cólera e as passagens aéreas eu mesmo paguei, do meu bolso, com um dinheiro que tinha das minhas férias. A estrutura foi disponibilizada com o apoio da prefeitura (som, palco e luz). No final das contas, vejo que o esforço e persistência valeu a pena, afinal, tivemos a honra de receber o Cólera em nossa cidade e ainda ter a participação de Redson em uma das faixas do nosso CD/DVD, cantando uma música da Cama de Jornal. Não tem dinheiro que pague isso! Costumo dizer que cada um tem seu sonho. Uns tem vontade de ter televisão de LED. O meu era ter o Cólera aqui, realizei e agora tenho muita história pra contar!

A banda já tá aí há um tempão. Me fala do início? Como começou? Vcs eram amigos de colégio? Da rua? Do trabalho?

Nem: Começamos em 2001, doze anos se passaram, e nem percebi...ehehehe...

Lázaro: Isso mesmo. A banda foi formada no ano de 2001. Na verdade nos conhecemos da rua , dos rolés em shows aqui na região. eu conhecia Rose(baixista) e a gente  já compartilhava a ideia de montar uma banda. Foi quando conheci Nem em um show de rock em Poções. A gente compartilhava da mesma idéia. montar uma banda! Nessa época,uma banda punk de uns amigos aqui da cidade,chamada Renegados, tocava com frequência nos eventos de rock, e foi a proximidade com essa banda e alguns amigos punks dessa época que nos motivou a montar a Cama de Jornal. Logo adquirimos os instrumentos, uma bateria artesanal, um som tosco, e assim surgiu a banda. Ninguem sabia tocar, a qualidade dá aparelhagem era péssima, mas predominava a vontade de fazer o som e de se expressar através da música. Logo nos primeiros ensaios já surgiram as primeiras composições, que posteriormente gravamos, lançando assim o 1° cd da banda chamado "A revolta dos miseráveis".

Quais bandas punks inspiram e influenciam a Cama de Jornal?

Nem: Escuto muita coisa, punk, hardcore, ska, rock and roll e tudo vira influência. Mas gosto muito do Cólera. Curto muito também bandas underground desconhecidas do grande público como: Horda Punk (SC), Sbórnia Social (BA), Aorta (PE), Descarga Negativa (GO), Penúria Zero (DF), Malaco Véio (BA), dentre tantas outras que já trombamos por aí.

Lázaro: Curtimos algumas bandas em comum, principalmente as bandas punk hardcore brasileiras,como Cólera, Olho Seco, Inocentes, além de diversas outras bandas que sobrevivem no undeground. Mas além do que há em comum,cada integrante tem suas influências próprias, que vão desde o rock, ska, punk até o grindcore e a Cama de Jornal é a junção disso tudo.

Como vs conheceram o Redson? Pode contar um pouco da história dele com a Cama?

Nem: Conhecemos o Redson em um show em Simões Filho-Ba. A gente tinha sido convidado pra abrir o show deles lá. A partir dali, começamos uma amizade, um contado mais próximo e constante via internet. Eu me lembro que sempre falava pra ele dessa vontade de vê-los aqui junto com a gente. A idéia amadureceu, e em 2011 eles fizeram essa parceria na gravação do nosso DVD. Redson era um cara super gente boa, humilde, e que valorizava muito qualquer tipo de ação que viesse movimentar o punk rock, o underground. Tanto que convidamos ele para dá um depoimento em um documentário que estamos produzindo sobre a cama de Jornal, e ele se dispôs de imediato a participar. E hoje, continuamos com nossa amizade com o Cólera, inclusive participei de uma música no Tributo ao Redson que rolou no Hangar 110 em São Paulo, sendo o único representante do Nordeste no evento que tinha artistas do naipe de Ariel (Restos de Nada), João Gordo e Jão (Ratos de Porão), Clemente (Inocentes), Miro de Melo (365), Nenê Altro (Dance of Days), dentre outros...e eu lá de gaiato! Ehehehe... (Veja a matéria de onde saiu a foto acima aqui).

Como está a cena rock de Conquista? Aqui a gente sabe que vs tem tradição na coisa....

Nem: A cena aqui vive de altos e baixos. Mas olhando de maneira mais ampla, vendo o que rola aqui e em outras cidades da Bahia, vejo que somos privilegiados. Temos hoje aqui, um número grande de bandas, dois bares que realizam pequenos shows, a Casa do Rock (que sou um dos sócios) e o Viela Sebo Café, além de alguns festivais que acontecem com uma certa frequência. Temos também dois coletivos que também movimentam shows. A Cama de Jornal não tem o costume de fazer muitos shows, mas quando rola a galera se diverte!

O que vcs planejam em seguida? Disco novo, shows? Algum show em Salvador previsto?

Nem: Esse ano já fizemos uma turnê pelo Nordeste, com 7 shows em 9 dias, junto com a banda Horda Punk de Santa Catarina. Foi sensacional, uma experiência e tanto pra gente. Tocamos em Cruz das Almas, Feira de Santana, Penedo-AL, Recife-PE, Paulo Afonso, Ribeira do Pombal e fechamos em Salvador. Então tocar esse ano, pode ser que role, mas não é prioridade. Estamos divulgando ainda o CD/DVD "10 Anos Ao Vivo" lançado ano passado. Mas recebemos alguns convites para tocar em São Paulo esse ano, e estamos tentando nos organizar para pegar a estrada de novo até o final do ano, ou início de 2014. Salvador tá sempre em nossa rota também, mas não tem surgido convites, a ultima vez que tocamos foi em janeiro, durante a Turnê Nordeste. Estamos há uns 2 anos tentando finalizar um documentário sobre a história da Cama de Jornal e da cena aqui de Conquista. Mas como é na base do "faça você mesmo", leva um tempo maior, já que sou eu mesmo que estou produzindo e editando. Mas vai rolar... Em relação ao disco novo, já passou da hora...ehehehehe...o ultimo de estúdio foi o "Punk Rock de Conquista" de 2009, e já temos algumas letras prontas, faltando só ensaiar e entrar em estúdio. Acho que esse final de ano e 2014 vai ser bem movimentado pra gente!