sexta-feira, janeiro 14, 2005

O DIA EM QUE ROUBARAM O CORPO DO GRAM PARSONS

"He is the patron saint of alternative country, a role model for a nation of Ryan Adamses"
Neil Strauss, the New York Times.


http://www.grandtheftmovie.com/
http://us.imdb.com/title/tt0338075/

Chegou na surdina, essa semana mesmo, em algumas locadoras de Salvador, o filme Parceiros até o fim. Mas que título ridículo, Franchico, que porra de filme é esse, catzo? Bom, se o título nacional não diz nada, o título original diz tudo: Grand theft Parsons, dirigido por David Caffrey (???), conta a história real do roubo do corpo do astro do country-rock Gram Parsons, morto aos 26 anos em 1973. Parsons, como diz o cara do NY Times aí em cima, foi um dos responsáveis pelo surgimento do estilo contry alternativo, antes mesmo que os malditos críticos e jornalistas inventassem mais esse rótulo.

Confesso que não conheço sua obra, mas já ouvi falar bastante da figura. Influenciou os Stones na fase Exile on Main Street, participou da fase Sweetheart of the rodeo dos Byrds e lançou alguns discos com sua banda The Flying Burrito Brothers, antes de se lançar em carreira solo.

O filme começa com o jovem astro morrendo de overdose de tequila e barbitúricos na cama. Entra em cena Johnny Knoxville (o Jackass himself) como Phil Kaufman, road manager e melhor amigo do músico. Cerca de dois meses antes, no enterro de um outro doidão, amigo comum, Phil e Gram fizeram um pacto: quando um de nós morrer, o outro vai levar o corpo para o deserto de Joshua Tree e crema-lo, para, desta forma, libertar o seu espírito.

E o filme é isso: Johnny Knoxville (em atuação bastante razoável), rouba o corpo do amigo no aeroporto de L.A. (de onde seria trasladado para Nova Orleans), e foge em um rabecão psicodélico, pintado de amarelo com flores na lataria, dirigido por um relutante hippie chapadão.

Na sua cola, o pai de Gram Parsons, a polícia, e ainda a amante de Gram e a esposa de Phil, temporariamente associadas. Curto (tem menos de 90 minutos), o filme é um road movie leve, que se assiste com prazer. Alternando momentos hilários com outros mais tocantes, é uma linda homenagem ao músico, praticamente desconhecido do grande público.

A trilha sonora, claro, é um primor e nos brinda ao longo do filme com maravilhosas canções de Bruce Springsteen, Primal Scream (a clássica Movin on up), Starsailor e, óbvio, Gram Parsons, entre outros.

Disponível nas menos piores locadoras da cidade.
Só é chato chegar na locadora e perguntar: tem aí Parceiros até o fim? Que título xarope da pega...

Um comentário:

osvaldo disse...

Vi o filme na locadora e não peguei, achei a sinopse meio absurda, mas historias absurdas não são novidades quando se fala em Gram Parsons e quero crer que este filme é baseado em algumas historias veridicas envolvendo o lance do corpo morto do cara. Herdeiro,por parte de mãe, de uma das maiores fortunas da Florida,Parsons teve uma morte absurda e algo babaca. Segundo varios relatos de musicos que conviveram com o cara, ele morreu tentando imitar o estilo de vida de Keith Richards, principalmente em relação a uma coisa lamentavel como o vicio em heroina e Richards tinha uma resistencia inigualavel. Num recente tributo pelos 30 anos da morte de Parsons, Richards foi mas uma vez questionado se não se sentia culpado pela morte do cara, ao que Richards respondeu:
"Como assim?, ele era um dos meus melhores amigos, sinto falta dele até hoje." O fato é que quando da morte de Parsons os dois já não conviviam tanto quanto em 69/71, quando o talentoso Parsons foi cogitado pra ser um Stone(tocou em "Exile in Main Street"), e sua carreira solo não parecia ir a lugar nenhum.Numa triste ironia seu legado como pioneiro do country-rock principalmente no seminal(mesmo) Flying Burrito Brothers estava se transformando em uma mina de ouro via sua versão diluida; os Eagles, um dos maiores vendedores de discos da historia. Definitivamente o "Gilded Palace of Sin", foi o disco no qual, juntamente com o igualmente importante Chris Hillman(ex-Byrds), eles cristalizaram e moldaram o que se denominou country-rock. Existe uma diferença entre "folk" e musica "country",e os Burritos( de forma alguma rednecks) forjaram uma visão alternativa, juntando generos ideologicamente antagonicos como rock( naquele tempo revolucionario) e o country(reacionario), mas se apropriando de mitos norte-americanos como o cowboy(neste caso bem doidão), com soluções musicais oscilando ao mesmo tempo entre o "laid back" e o grandioso( com fortes pitadas de psicoledia).Achei o disco na net há alguns anos no finado audio-galaxy ,e faixas como "Sin City","Dark End of The Street",e "Cristine's Tune" são atuais ainda hoje. Sem duvida foi o pai do country-rock,e avó do alt-country.