Vou começar logo com a melhor lembrança que guardo da nossa celebração roqueira na maior e mais tradicional festa de largo da Bahia, a festa do Senhor do Bonfim:
fim de tarde, aquele solzão, aquele calor, a cerveja gelada na mão, as luzes começando a se acender na igreja no alto da colina e Rogério Morotó Slim (Retrofoguetes), mais guitar hero do que nunca, debulhando (com todo o fervor de um fiel torcedor do Bahia) o hino do Senhor do Bonfim (eternizado na voz do mano Caê) da varanda de sua casa.
Passantes pasmos, velhos roqueiros com lágrimas nos olhos, todos maravilhados. Nunca me senti tão baiano. Armandinho (caso estivesse lá) certamente teria orgulho desse discípulo assumido. Só não lembro que ano foi isso. Mas ele toca o Hino todos os anos. Já é um momento tradicional da festa.
O Bonfim Hard, como hoje é conhecido, começou em 1997 (o mítico verão do Vicious,
Lembro que, Jandyra (mulher de Joe Tromondo, ex-Dead, ex-Retro, atual Pitty) e Dóris (mulher de Morotó), encheram um tonel de gelo e cerveja pra vender pra galera e, obviamente, no final, acabou faltando loura gelada pra quem queria.
Lembro dos Dead Billies executando sua lendária versão de Careless whispers, clássico mela cueca do George Michael (fase Wham!) para o povo que delirava em volta da banda.
Lembro da Inkoma de Pitty executando seu hit Pirigulino Babilake, aquele do refrão vote em galvããããão / e leve um morrão / vote em Galvão!. Lembro inclusive que eu, bebum, bebum, ainda achei um microfone (que não lembro se estava ligado ou mesmo plugado) pra fazer backing vocals (com uma galera, Apú, Mauro, sei lá) a plenos pulmões nessa hora.
Lembro de Joe, Morotó, Rex e Mosca (os Dead), mais os já citados Apú, Mauro, Pitty, Josane (então guitarrista da Penélope) e sei lá mais quem detonando o clássico uterino You just follow all the rules em uma jam histórica, todo mundo pulando, cerveja voando sobre nossas cabeças, aquela loucura.
Lembro de palhetar pra caralho, tanto para ir, quanto para voltar. Do Bonfim até o Comércio a pé é fodinha, companheiro. Mas como o trajeto já era feito meio bebum e trocando idéia com a galera, até que passava rápido.
A Dois Sapos e Meio, do doidivanas Peu Sousa, tocando seu histórico hit Segura meu caralho.
Bandas a dar com pau subindo e descendo do palco varanda: Lisergia, Dr. Cascadura, Dinky Dau, as já citadas Dead Billies, Inkoma, Dois Sapos e ainda músicos avulsos de diversas outras, como Ùteros em Fúria, brincando de deus, Penélope e sabe-se lá quem mais.
Churrasquinho de gato.
Pausa para aquelas rodinhas amigas na praia.
Um canto para mijar o excesso de cerveja.
O sol inclemente do verão baiano cozinhando nossos cérebros já imersos em banho-maria de cerveja quente.
Enfim, o Bonfim Hard (uma feroz contraposição ao asséptico e deprimente Bonfim Light dos lamentáveis colunáveis, playboys e wannabes) é uma experiência única, data já tradicional no calendário roqueiro baiano. Tomara que Morotó (e sua família) continuem essa tradição por muitos anos ainda, por que só quem foi lá é que sabe como é bom.
Dai-nos a graça divina, da justiça e da concórdia. Amém, Morotó.
(Eu não vou poder ir hj, mas quem for, please, conta pra gente como foi aqui nos comments, valeu?)
(Na foto acima, Leonardo "Lionman" Leão em show dos Mizeravão, no Bonfim Hard de 2007, clicado pelo companheiro Tiago Fernandes.)
9 comentários:
Bem, por partes. Chegamos lá ( eu Priscila, Tiago, Iara, Simone e Ronaldo ), já com um chuvisco que acabou não rolando. É, desta vez NÃO choveu, aleluia. Começo a beber com sofreguidão. Todos nós. O som começa a rolar lá pelas tantas, 5 ou 6 horas, sei lá com o trio predileto de salvador tocando, advinha, o hino do senhor do bomfim. Continuo bebendo. A galera vai chegando aos poucos e a esbórnia vai se estabelecendo. Depois entra Nancyta e o som continua rolando. Pena que este ano o som estava uma bosta, mas quem liga? Começava a ficar bêbado. Depois entrou uma banda de uns guris que até que tocam legal, ou eu já estava semi-louco e nesse momento vexatório de cachaça beeem tomada Xanxa resolve me filmar...meu Deus, tenha medo de como ficou. Foi legal, foi divertido, mas acho que faltou mais bandas prá ficar como nos anos anteriores, aquela esbórnia interminável... Isso aí. Ah sim, Chiquita, já mandei meu texto sobre o estrelão lá pro clash city rockers, vê lá e me conta se tá uma merda, valeu? inté.
Chiquita? como assim, cara? vc é muito engraçado...
Estrelão? quem é?
de qualquer jeito, ficou muito bom seu relatório, Cebola, valeu. pena que eu num pude ir.
ah, no Correio da Bahia de hj, tem uma declaração do senhor Nikima falando da festa alternativa do Sr do Bonfim que rolou no Casarão Santa Luzia, que parece que ele administra. diz Nikima: "é um retrato do Senhor do Bonfim dentro do casarão, uma espécie de Bonfim Hard".
tsc, tsc. parece que esqueceram de avisar ao descolado (suspiro) dj que esse nome já tem dono.
eu acho q vou desistir de ler jornal nessa cidade. todo dia tem uma bomba pior que a outra. isso pra não falar da generalizada e melancólica babação de ovo pela decadente cena axé.
eu ainda me mudo pra Glasgow.
Estrelão é o Big Star, Chiquéuris, já já vai estar lá no blog. Quanto a Glasgow, tem lugar prá dois? Tracoisa, quer q eu leve Um Contrato Com Deus no Casca hj?
dãããããããããããããããããããã....
foi mal, Cebolitos. peraí, deixa eu limpar o sorvete escorrendo da testa aqui...
só um segundinho q eu já te respondo.
não leve não, Cebola. não vai dar preu ir. o rock loco é quase no mesmo horário.valeu...
Bem, eu só vi Nancyta e Retrofoguetes - pra quê mais? Duas bandas do caralho. Morotó "mais guitar hero do
Bem, eu fui e só vi 2 bandas: Nancyta e Retrofoguetes - pra que mais? Morotó "mais guitar hero do que nunca" mesmo, e Nancyta botando pra fuder mesmo com o som do microfone ruim. Depois ainda iria ter Paquito e não sei o que mais, mas eu´fui embora. Foi rock. Fiz uma mini-resenha no meu blog. Abraços,
Sid(www.infernodosid.blogger.com.br)
Aê Chicão, eu também fui e foi tudo muito foda. Lietralmente... Iclusive o desarranjo do dia seguinte depois de comer uns churrasquinhos por lá. Postei um texto no meu blog também: musiknonstop.blogspot.com
Cara, você acabou de descrever a versão baiana do INFERNO.
Dante Alighieri deve estar vomitando.
Postar um comentário