Jorge Ben Jor, foto Natália Bezerra / Wikicommons |
Há décadas, músicos e pesquisadores se debruçam sobre sua técnica de tocar violão, buscando decifrá-la.
Com uma mão direita veloz, Jorge imprimiu um ritmo sincopado único às suas canções, percutindo as cordas, ao invés de dedilhá-las.
Esse estilo de tocar tornou-o um ídolo entre público e crítica, leigos e músicos, bossa-novistas e jovem-guardistas.
Como todo mundo que criou algo muito próprio, Jorge tem dificuldade em explicar sua criação – seja por opção consciente, seja porque ele simplesmente toca assim mesmo e fim de papo.
“Não sei dizer exatamente… Acho que o grande segredo da música é expor sua personalidade através dela, por isso cada banda tem seu estilo, todos são únicos e especiais”, despista o mestre em uma rara – e exclusiva para o Caderno 2+ – entrevista para a imprensa baiana.
No compasso do caminhar
Na verdade, foi um outro mestre do violão quem inspirou Jorge – um dos mais ilustres baianos de todos os tempos: “Quando comecei a tocar, procurei fazer o que havia de melhor na música. O estilo – a Bossa Nova – não estava na moda. Eu ouvi o João Gilberto, que tocava de modo tão coloquial e único, e levei ele como meu ídolo”, afirma.
Quando estourou com Mas Que Nada, logo no primeiro disco (Samba Esquema Novo, 1963), Jorge já disse a que veio, se tornando o único cantor apreciado tanto pelo pessoal da bossa nova quanto pela patota (termo da época) da Jovem Guarda, então movimentos antagônicos.
Jorge, que então era só Ben, passou batido pelo fenômeno.
“Procuro fazer um ‘Som Universal’ que foi inventado pela marcha e pulsa no compasso do caminhar. É o seu andar, o seu tempo, o seu passo, é o dois por dois. O rock europeu vem dele. Nosso ritmo aqui é dois por quatro, é diferente”, explica Jorge.
“Mas também é preciso fazer uma letra que caia no gosto de todo mundo. Modéstia à parte, consegui fazer uma letra que é universal até hoje: Mas Que Nada toca no mundo inteiro e, todo mundo canta. Alemão canta Mas Que Nada. Japonês faz perfeitamente”, percebe o músico.
Babulina 1972, ano do LP Ben. Arquivo Nacional / Wikicommons |
Mas o fato é que hoje é dia de show de Jorge Ben Jor no solo sagrado da Concha Acústica, uma oportunidade imperdível para velhos e novos fãs sentirem a vibração de Babulina (e sua banda) em pessoa.
E o melhor: é um show de hits, escolhidos pelos próprios fãs em enquete no Facebook do homem.
“É um show alegre e cheio de energia para que as pessoas possam cantar e dançar tanto as músicas mais antigas quanto os lançamentos”, conta.
“O público costuma pedir Mas Que Nada, Filho Maravilha, País Tropical, entre outros. Fizemos uma enquete pelo Facebook para esse show e Taj Mahal está liderando com vantagem”, acrescenta.
No palco, uma banda de feras que é sempre um show a parte: Lucas Real Fernandes (bateria), Neném da Cuíca (percussão), Marlon Sette (trombone), Jean Arnout (sax), Danilo Oliveira (teclado) e Guto (baixo).
Além de todos aqueles hits que o Brasil e o mundo amam ouvir, Jorge lança duas músicas novas: São Valentin e Mete Goal, possíveis prévias de um – espera-se – novo álbum.
Seria o primeiro desde Reactivus Amor Est (2004). (Recuerdos de Asunción 443, de 2007, foi reunião de material esquecido na Som Livre).
Mas nem isso ele revela: “Quando me perguntam isso, costumo responder que o futuro só pertence a Deus. Nem eu sei dizer se haverá esse novo álbum de inéditas, mas só esse ano já foram lançadas duas músicas: São Valentin e Mete Goal”, conclui.
Sábio Jorge.
Jorge Ben Jor: Salve Simpatia / Amanhã, 18 horas / Concha Acústica do Teatro Castro Alves / R$ 60 e R$ 120 / Camarote: R$ 120 e R$ 240 / 14 anos
Nenhum comentário:
Postar um comentário