quinta-feira, janeiro 31, 2019

PELE DE CAMALEOA

Em constante reinvenção, Gal Costa traz o show do novo álbum A Pele do Futuro à Sala Principal do Teatro Castro Alves, com ingressos esgotados

Gal ao vivo, foto Teca Lambroglia
Quadragésimo álbum de Gal Costa, A Pele do Futuro (Biscoito Fino) tem seu show de lançamento amanhã, no Teatro Castro Alves – já com ingressos esgotados.

Em grande fase desde Recanto (2011), Gal optou em A Pele... por sonoridades de disco music, soul e samba, privilegiando compositores de várias gerações.

Aí ela vai desde a poesia erudita de Jorge Mautner (Minha Mãe) até a sofrência pop de Marília Mendonça (Cuidando de Longe), passando por Gilberto Gil (a inédita Viagem Passageira), Djavan (Dentro da Lei), Hyldon (Vida Que Segue), Erasmo Carlos e Emicida (Abre-Alas do Verão), Silva (Palavras no Corpo), Dani Black (Sublime) e outros.

No show, as canções novas ganham a companhia de clássicos da carreira que há muito ela não apresentava ao vivo: Sua Estupidez (Roberto e Erasmo Carlos), Oração de Mãe Menininha (Dorival Caymmi) e Festa do Interior (Moraes Moreira e Abel Silva).

“Além do repertório do disco, eu escolhi alguns sucessos da minha carreira e trazendo elas para a sonoridade do álbum, com novos arranjos para que houvesse uma unidade musical”, conta Gal, em entrevista por email.

A tarefa de dar essa unidade, diga-se, está nas mãos mais do que capazes de Pupillo, o baterista da Nação Zumbi que já há alguns anos é um dos mais requisitados diretores musicais do Brasil.

Com Gal à frente e Pupillo atrás da bateria, a banda desta turnê ainda conta com Pedro Sá (guitarra), Chicão (teclado), Lucas Martins (baixo) e Hugo Hori (sax e flauta).

Com dois singles já lançados em vídeo – Sublime e Palavras no Corpo – o que mais surpreendeu no novo trabalho de Gal foi a pegada disco music da primeira, com direito a vídeo do grupo FITDance ensinando a coreografia no You Tube.

“Eu sempre sonhei em gravar um disco com essa sonoridade, com essa pegada disco music, com uma estética anos 70. E o Marcus Preto, diretor artístico e produtor do álbum, foi montando pra mim o repertório do jeito que eu queria”, conta.

Surpreender, aliás, não poderia ser mais natural para Gal, uma cantora com um longo histórico de inquietude e reinvenção.

“Eu gosto de ousar, de mudar, criar novos caminhos e dar saltos dentro da minha carreira. Foi assim com Recanto, com Estratosférica (2015) e tinha que ser assim com esse novo álbum”, afirma.

“Sou uma artista que não tem medo de buscar uma linguagem nova, de me arriscar, me jogar em um trabalho que pode ou não dar certo. Sair da zona de conforto, pra mim, é algo normal”, acrescenta.

Em constante reinvenção desde Recanto (que não por acaso foi produzido por Caetano – e Moreno – Veloso), Gal sabe que, na verdade, essa inquietude não é bem uma fase: é coisa dela, mesmo.

“Concordo. Como eu disse, eu gosto de ousar, de criar coisas novas para a minha carreira. Não é um período (iniciado em Recanto), acho. É uma característica minha, que tenho tentado aplicar nos trabalhos que eu lanço”, diz.

Coração de Mãe Menininha

Gal no estúdio, foto Bob Wolfenson
Com DVD ao vivo já garantido para ser lançado ainda este ano (segundo o colunista do G1 Mauro Ferreira), o show A Pele do Futuro tem um de seus momentos mais emocionantes durante a icônica Oração de Mãe Menininha, apresentada em um fôlego só com a já citada Minha Mãe.

“Essa música uniu a minha voz e a de Maria Bethânia nos anos 70, cantando pra Mãe Menininha do Gantois. Nesse disco novo, cantamos juntas para nossas próprias mães (a minha e Dona Canô), uma música feita por Jorge Mautner e Cesar Lacerda”, conta Gal.

“A ideia de cantar as duas músicas juntas no show é fazer lembrar da beleza da voz de Bethânia, minha irmã da vida toda, além de homenagear nossas mães e Mãe Menininha, que nos guiou e nos inspirou enquanto esteve aqui e até hoje”, acrescenta.

A emoção, claro, tem sido a tônica na reação da galera da audiência. “Tem sido muito bonito ver a emoção da plateia. Estou muito feliz com a repercussão do disco”, diz.

Feliz por um lado, perplexa por outro: “A visão que eu tenho do país hoje, e do mundo também, é que parece que o apocalipse quer chegar. O mundo anda muito violento, tá esquisito”, percebe.

“No Brasil, com as eleições, houve uma radicalidade muito negativa, muito perigosa. E espero que as coisas caminhem para um entendimento melhor”, conclui.

Gal Costa: A Pele do Futuro / Amanhã, 21h / Sala Principal do Teatro Castro Alves (Praça Dois de Julho, s/n - Campo Grande) / Ingressos esgotados / Classificação indicativa: 16 anos

Um comentário:

Franchico disse...

O colega Luciano Matos publicou os resultados de sua votação dos melhores discos de 2018: Baianos e Brasileiros, em votação de público e crítica.

Confiram, comentem:

http://www.elcabong.com.br/os-melhores-discos-brasileiros-de-2018/

http://www.elcabong.com.br/os-melhores-discos-baianos-de-2018/