terça-feira, janeiro 22, 2019

O INDIE ROCK NÃO MORREU

Iorigun, foto Maíra Morena
Trilha sonora da apatia e desesperança adolescentes nos anos 1980 / 90, o indie rock, nos últimos dez, 15 anos, desistiu de ser “rock triste”: vestiu um calção e foi à praia, se “tropicalizou”.

Saíram as paredes de guitarra saturadas de distorção, entraram  riffs limpinhos de axé music. Porões escuros deram lugar às ensolaradas “micaretas indie” e ao hedonismo de Instagram.

Descrito assim, parece até um bom negócio. Talvez. Pena que a música mudou do vinho pra água.

Eis porque a banda feirense Iorigun é excelente notícia: seu EP Skin é indie rock à vera: sem alegria artificial nem pretensões bestas, à base de guitarras sujas, melodias sombrias, algum desespero.

Mas calma, não é o caso de requentar o cadáver do Jesus & Mary Chain: em suas seis faixas há ecos de pós-punk clássico (In the Edge of Something Big), My Bloody Valentine (Under my Skin), Pixies (Fight To Forget) e até da referência soteropolitana brincando de deus (Hold On) – sem deixar de lado as  influências de boas bandas atuais do gênero, como DIIV e Wild Nothings.

“É por aí mesmo, Chico. Mas não que a gente tenha racionalizado, meio que surgiu dessa forma”, confirma  Iuri Moldes, vocalista.

“A gente quis fazer um som que, apesar de beber de influências do movimento pós- punk lá dos anos 80, trouxesse um pouco de contemporaneidade também. O objetivo era um som que tivesse um 'feel' familiar mas com um 'look' moderno. O engraçado é que nenhum de nós viveu de fato essa eferverscência dos anos 80, mas por influência dos pais ou curiosidade, meio que crescemos ouvindo”, acrescenta.

Certamente, um bom ponto de partida para entender o som do quarteto é o revival pós-punk de alguns anos atrás.

“Acho que as influências diretas foram o ponto de partida conceitual da banda. Nesse caso bandas como Diiv, The Cure, Wild Nothings, dentre outras. A gente sempre buscou tanto beber da onda revival do post- punk quanto dos 'originais', por assim dizer”, conta.

Lariú se ligou

Iuri Moldes vai pra galera, foto Maíra Morena
Prova que os meninos não são fracos é o selo que lançou Skin: o pioneiro carioca Midsummer Madness, de Rodrigo Lariú, patrono do indie no Brasil.

“Luciano (Ferreira) do site Urge (urgesite.com.br), que já acompanha nosso trabalho e tem certa proximidade com a banda, entrou em contato com Lariú e apresentou nosso som pra ele. Com isso trocamos uma ideia e ele se mostrou interessado em por a Iorigun no catálogo de bandas da Midsummer Madness, o que deixou a gente pra lá de satisfeito”, conta Iuri.

“Curtimos muita coisa em comum e é bom saber que estamos com gente que pensa o som da mesma forma que nós”, observa.

"Todos nós já tocamos em outras bandas da cena feirense, então meio que todo mundo já conhecia os projetos um do outro. Eu (Iuri, vocalista/guitarrista) conheci Moysés (baixista) por um embrião de outra banda idealizada por um amigo em comum. Mas aí percebemos que nossos gostos musicais batiam de uma forma maravilhosa e começamos a idealizar a IORIGUN. E isso foi lá em 2015. Passamos dois anos compondo, aprendendo a gravar, a produzir melhor e de fato encerrando nossas participações em todos os outros projetos musicais pra se jogar de cabeça nesse. Leonel (baterista) e Fred (guitarrista) tocavam juntos em outros projetos e foi uma escolha natural chamá-los pra compor nosso Dream Team", relata.

Formada por Iuri (guitarra, voz), Moysés Martins (baixo), Fredson Henrique (guitarra) e Leonel Oliveira (bateria) a Iorigun já é uma das bandas preferidas deste colunista.



NUETAS

Rock de Brasília

As bandas brasilienses Cadibode e Agressivo Pau Pôdi fazem a Terça Independente! hoje, no Bardos Bardos. A banda local Chocolate com Blues faz as honras da casa. 19 horas.

Jazz na Avenida X 2

O evento Jazz na Avenida comemora cinco anos com dois dias de show. Na quinta-feira a banda B. B. Blues recebe o gaitista convidado  Luiz Rocha. E na sexta o esquema é com Mariella Santiago e o saxofonista argentino Remo Bianco. Na Associação Projeto Jazz Na Avenida, na orla da Boca do Rio. 18 horas, grátis.

Hype em Stella

Márcio Mello, Restgate Blues, Tabuleiro Musiquim e outros tocam sábado no Hype Festival. Na praça em frente ao Gran Hotel Stella Maris.

Um comentário:

rodrigo sputter disse...

toquei com os caras no big bands...gostei muito do som...e todo mundo comentou que os caras faziam um som bem legal...lembrei o cure naquela fase inicial, mais pós punk, menos gótico. vou ouvir o ep.