quinta-feira, dezembro 18, 2008

DESTAQUES DE 2008 - AS VELHAS LISTAS....

Pois é, crianças, mais uma porra de ano passou e cá estamos nós com a velha lista de melhores de 2008.

Este é um post conjunto meu e de Osvaldo Braminha. Sem muita conversa fiada, considerações, huh, “profundas” ou declarações bombásticas. Apenas as boas e velhas listas.

Como não somos deuses oniscientes - nem temos paciência – não somos capazes de ouvir todos os discos que saíram, ver todos os filmes, ler todas as HQs etc. Então as listas que seguem são referentes aos produtos que nós consumimos e, porventura, curtimos.

Portanto, segue primeiro a lista de Bramz e depois a minha. Sem mais delongas....

A LISTA DE BRAMZ
(Os que eu ouvi. E olhe que foram muitos!)

Discos do ano:
Nick Cave & The Bad Seeds – Dig!!! Lazzarus Dig!!!
O periodo com com o Grindermen fez bem a Cave. Mais irônico, quase maduro, e mais desencanado, as cançoes sao matadors.
- My Morning Jacket – Evi l Urges
Com um pé na tradição do southern rock dos Allman e dos Skynyrd e outro na americana cósmica do Lips e dos Rev, a melhor banda da atualidade traz faixas com influencias de Prince(!?), confundindo de vez quem os via apenas como os herdeiros da coroa de premier jam/head band . Jim James é um puta cantor de soul.
- Cat Power – Jukebox
A maravilhosa Chan Marshall mostra a diferença entre covers e recriaçoes. Classico instantâneo.
- British Sea Power – Do you like Rock Music
Ocean Rain continuado com talento.
- AC/DC – Black Ice
Only rock’n’roll ,but I like it.
- Beck – Modern Guilt
A melhor forma de Beck, desde Odelay um (estranho) mestre da moderna musica mundial.
- Stephen Malkmus & The Jicks – Real Emotional Trash
Malkmus deixa de finger que não sabe tocar e assume de vez que é um puta guitarrista.Verlaine não ficaria triste.
- Black Mountain – In The Future
Hard rock mezzo psicodélico, quase mistico. McBean é foda.
- Hot Chip: Made in the Dark
Melhor disco de dance para garotos(quase) brancos.

A LISTA DO FRANCHICO

Músicas do ano
(Por que disco inteiro mesmo, tá foda!)

• Death Cab For Cuttie – I Will Possess Your Heart (A cantada mais genial que um homem possa passar numa mulher).
• Berlinda – O Lado Escuro da Rua (Cebolitos e sua veia poética no beco da lama)
• Charles Bradley and The Bullets – Now That I’m Gone (Neo soul feito por negros americanos com o feeling lá no dez. Ou seja: The Real Thing, babe).
• Jards Macalé – Só Assumo Só (O Brasil filha da puta resumido em poucas linhas numa letra genial de Luis Melodia e resgatada de forma nua e rua por Jards em seu último disco. E olha que eu nunca fui fã do Melodia).
• Hot Chip – Ready For The Floor (A melhor faixa para discotecar do ano. Levanta qualquer pista)
• Evil Urges – My Morning Jacket (Que porra de som é esse, meu deus? Perguntem pra Braminha, que ele explica melhor que eu).
• The Jesus and Mary Chan – All Thigs Must Pass (Eles voltaram com uma letra que mais parece um adeus. Linda e muito tocante para quem pensa no fim todos os dias - como eu).
• Long Blondes – Guilt (Balanço new wave, a voz sexy da vocalista e a melhor faixa desta banda, extinta há poucos meses)
• She And Him – Why Do You Let Me Stay Here (Folk beatlesco psicodélico, melodia encantadora, arranjo idem).
• Theatro de Seraphin – Sombras Chinesas (Alguém me arruma uma gilete, rápido).
• Supergrass – Diamond Hoo Ha Man (Pau na orelha!)
• Mudhoney – I’m Now! (Pau na orelha 2)
• Declinium – Fênix (A revelação de Dias D’Ávila e uma das melhores bandas do rock baiano atual)
• Rockferry – Duffy (Soul pop de branco semi-erudito e absolutamente encantador)
• Beck – Chemtrails (O bom e velho Beck de volta: lo fi e suingado).
• Truanescos – Nosso Jeito (Quase ninguém ouviu essa musiquinha boba e muito bacana dessa banda baiana que tem tudo para tocar na radia. Vc sai cantando o refrão na hora).

Shows
(Apenas em Salvador, pois o mané aqui anda com síndrome de Belchior. Ou seja, medo de avião.)

• Mudhoney – Boom Bahia, Praça Pedro Archanjo
• Vandex – Sala do Coro
• Cascadura - Praça Pedro Archanjo
• Lúmpen – Boom Bahia, Largo Teresa Batista

Filmes

• Antes Que O Diabo Saiba Que Você Está Morto
• Sombras de Goya
• Homem de Ferro
• O Pequeno Italiano
• Irina Palm
• Diary of The Dead (ROMERO IS THE MAN!!!)

HQs

• A Guerra dos Anéis (Geoff Johns e o brazuca monstro Ivan Reis criam a saga cósmica mais fodona de todos os tempos na revista Dimensão DC: Lanterna Verde).
• Sete Soldados da Vitória (série louquíssima de Grant Morrison, lançada na verdade em 2007, mas só recentemente, tive tempo para ler).
• Grandes Astros: Superman (outra série louquíssima de Grant Morrison)
• A Nova Onda (de Warren Ellis e Stuart Immonen, lançada na revista Marvel Max).
• Lost Girls (Pansexualismo e o declínio da civilização ocidental sob a ótica macro-mística-genial de Alan Moore).
• Ex-Machina (De Brian K. Vaughan e Tony Harris (Política e super poderes na Nova Iorque pós 9/11)

Pescados na internet
(“Fresquinhos ou não, mas sempre saborosos”)

• Ida Maria – Drive Away My Heart
• M83 – Kim and Jessie
• Jan Davis – Watusi Zombie
• Les Beatlettes – C’est Grâce À Toi
• The Duke Spirit – Lassoo
• Yelle – Mal Poli

Cover Section:
(“Rock vagabundo quase sempre dá uns covers do caralho”)

• Mary Lou Lord – Jump
• Josh Joplin - Eye of The Tiger
• Manic Street Preachers – Umbrella
• The Harvey Girls – White Wedding

BRAMA E CHICO CONCORDAM EM NÃO RECOMENDAR:

BUFAS FRIAS DO ANOS
(“Trocadilho proposital e merecido”)

• Chinese Democracy – Guns ‘n’ Roses (Chico comenta: Quem não sabia que a "obra-prima" daquele megalocênctrico insuportável seria uma mega bufa n’água?)

• Viva La Vida – Coldplay (Brama comenta: Disco estéril e bem produzido de canções inofensivas. Não chega sequer a ser ruim. Apenas formulaico).

quarta-feira, dezembro 10, 2008

TEX, O CAUBÓI DEFINITIVO, AOS 60

HQ - Fenômeno editorial surgido na Itália do pós-guerra é o personagem com mais títulos no Brasil, além de representar o fascínio europeu pela América mítica

Quem nunca, no mínimo, folheou uma revista do Tex, que dispare seu Colt primeiro. Fenômeno editorial como poucos no Brasil e no mundo, o caubói definitivo criado pelos italianos Giovanni Luigi Bonelli (texto) e Aurelio Galleppini (arte) completou, em 2008, nada menos que 60 anos de muitas aventuras e tiroteios.

Até aí, tudo bem, o negócio é que, só no Brasil, este galante ranger texano bate ponto nas bancas de revistas há nada menos que 37 anos (desde 1971), ininterruptamente. São 444 meses com um, dois, às vezes até 4 ou 5 gibis simultâneos do personagem nas prateleiras.

Além da revista mensal, hoje em seu número 469 (de novembro), o leitor tem ainda à disposição uma enxurrada de títulos como Tex Coleção (reedições), Os Grandes Clássicos de Tex, Tex Edição Gigante (formato álbum), Tex Edição Ouro, Tex Especial de Férias, Tex Edição Histórica e Tex Almanaque.

Antes disso, ainda houve uma breve fase do gibi nos anos 50. De lá para cá, ele passou por quatro editoras: Rio Gráfica Editora (anos 50), Vecchi (anos 70), de novo pela RGE / Globo (anos 80 e 90) e a atual, Mythos, do início da década para cá.

Paixão nacional, pelo visto, é pouco para definir o relacionamento entre o Águia da Noite (seu apelido entre os índios navajos) e os leitores brasileiros. Por que nenhum outro personagem de HQ (excetuando-se o orgulho nacional Turma da Mônica) oferece tantos títulos no mercado brasileiro: nem Superman, nem Homem-Aranha, nem Batman, nem os X-Men.

Para comemorar tão ilustre ocasião, chegou recentemente às bancas a edição Tex Especial 60 Anos, com uma aventura em cores, escrita pelo atual roteirista oficial do personagem, Claudio Nizzi, com desenhos do fantástico Fabio Civitelli.


Tradutor há mais de uma década das revistas do Tex, o paranaense Júlio Schneider – que na sua identidade secreta é advogado – conta que, a edição, lançada em setembro último na Itália, saiu quase simultaneamente aqui.

"Antes mesmo de ir para a gráfica lá na Itália, o material veio para mim. Fui a primeira pessoa no mundo a ler a história. Até apontei um ou dois errinhos, corrigidos antes da revista chegar às bancas de lá", relata, sem esconder o orgulho.

Adequadamente, a história da edição revisita o passado de Tex, mais especificamente, seu relacionamento com a índia Lyllith, mãe do seu filho Kit. Há ainda matérias especiais do próprio tradutor e de Sergio Bonelli, filho de Giovanni e dono da editora que leva seu nome, a Sergio Bonelli Editore, a maior casa editorial especializada em HQs da Europa.

Uma das maiores autoridades do personagem no Brasil e dono de uma mítica gibiteca (já foi até objeto de reportagens), Schneider credita o sucesso do personagem no Brasil "às histórias lineares com começo, meio e fim, ao mesmo tempo inteligentes e acessíveis".

Para ele, a época do lançamento também ajudou: "Em 1971, não existia muita opção de distração. E na TV e cinema, o que mais tinha era bangue-bangue. Todo mundo que lia Tex, gostava. Aí ele foi ficando. Talvez, se tivesse chegado mais adiante, ele não teria permanecido", acredita.

Western e pós-guerra

Criado em uma Itália em pleno processo de reconstrução após os flagelos do regime fascista e da 2ª Guerra Mundial, Tex reflete em si a esperança que os americanos levaram à Europa após a libertação do continente. "Tem total relação uma coisa com a outra", pontua Júlio Schneider.

"Com a Europa destruída pela guerra, eles precisavam de um fiapo de esperança no futuro. Aí o que acontece? Quem libertou Roma e parte da Itália foram os americanos", lembra.

"Quando acabou a Guerra, foi uma festa. De repente, começaram a chegar os filme e gibis americanos mostrando a conquista do oeste: a construção de um país. Essa era a imagem que os italianos estava precisando, de reconstruir todo um país e se opor a quem estava reprimindo", observa.

"Os gibis de bangue-bangue mostravam que era possível lutar por liberdade e justiça. Se fosse aqui, na mesma época, não teria o mesmo efeito, por que não estávamos vivendo aquele momento tão difícil. O sucesso do Tex é exatamente em função do pós-guerra – além da qualidade inerente ao material em si, claro", acredita Júlio.

O enorme sucesso de Tex na Itália fez a fortuna de Gian Luigi Bonelli, que através dos anos, criou, em parceria com os grandes profissionais que arregimentou, outros personagens extraordinários, como Zagor, Martin Mystère, Dylan Dog, Nick Raider e até um meio brasileiro, meio americano, Mister No, defensor da Amazônia.

Todos eles são ainda hoje publicados na Itália pela editora que hoje leva o nome do seu filho, a Sergio Bonelli Editore. Quase todos esses já foram, em algum momento, publicados no Brasil.

Mais recentemente, séries brilhantes como J.Kendall - Aventuras de Uma Criminóloga e Mágico Vento vêm dando continuidade à tradição bonelliana de contar boas histórias. Ambas estão sendo publicadas regularmente no Brasil, com relativo sucesso.

O Brasil, aliás, é quase uma segunda casa para Sergio Bonelli, amigo pessoal de Júlio Schneider. "O Sergio se diz brasileiro de corpo e alma. Quando você vai lá na sede da editora em Milão, é uma casa simples, mas com um ambiente familiar, calor humano. Se souberem que você é brasileiro, então, eles levantam logo os olhos, curiosos e muito simpáticos", relata Júlio.

Tex Especial 60 Anos
Claudio Nizzi / Fabio Civitelli
Mythos / Sergio Bonelli Editore
R$ 9,90
www.mythoseditora.com.br

terça-feira, novembro 25, 2008

DEMOCRACY É ANTICLÍMAX

Chinese Democracy, o "lendário" álbum do Guns 'n' Roses, é lançado hoje no Brasil

Não dava para esperar outra coisa: Chinese Democracy, primeiro álbum do Guns ‘n‘ Roses desde The Spaghetti Incident (1993) – que aliás, era um disco de covers – é uma grande colagem semi-esquizofrênica que reflete a confusão mental do seu único membro original remanescente, o renitente vocalista Axl Rose.

Em processo criativo e de gravação desde meados dos anos 90, o CD poderá até satisfazer aos fanáticos pela banda – e estes, por incrível que pareça, ainda são muitos ao redor do mundo – mas não dá para entender por que um disco tão mediano levou tanto tempo para ficar pronto.

De sonoridade obviamente datada, Chinese Democracy fica no meio termo entre o hard rock que fez sua fama, a eletrônica (com muitas programações) e algumas orquestrações.

Esperto, Axl soube manter, em quase todas as faixas, os timbres vocais (entre o rouco e o agudo) e de guitarras à Slash que caracterizaram o som da banda e fizeram sua fama – até para que as pessoas ainda consigam reconhecer algo do antigo Guns ali.

Dito isso, há que se considerar que o CD apresenta lá seus bons momentos, como nas faixas Riad N' the Bedouins (hard rock tradicional, com refrão empolgante), I.R.S. (no estilo de Use Your Illusion, com muitas subidas e descidas de tom) e There Was a Time (boa melodia vocal, conduz o ouvinte com certa gentileza).

Outro bom momento é a faixa que encerra o álbum, Prostitute, que, apesar da anacrônica programação de bateria introdutória, ganha pela bem resolvida dinâmica entre cordas, peso e a voz bem colocada.

Já a faixa Shackler's Revenge (lançada primeiro no game Rock Band) seria melhor se não fosse tão derivativa (e claramente inferior) de tudo o que o White Zombie já fazia desde meados dos anos 90.

Porém, apesar de ser, no geral, facilmente digerível, falta no álbum o brilho pesado, sujo e suingado que somente o grupo original de 1987 era capaz de gerar.

Afinal, Appetite for Destruction (1987), o clássico LP que catapultou a banda ao estrelato planetário não é chamado por muitos críticos de “O Último Grande Disco de Rock“ à toa.

Faltou – As ausências de membros fundamentais da banda, como os guitarristas Slash, Izzy Stradlin e o baixista Duff McKagan também se fazem sentir, até por que, eles não apenas tocavam, como também eram parceiros de composição de Axl.

Outro ponto fraco são os solos de guitarra. Apesar de seguirem os timbres do velho Slash, soam frios e muitas vezes se perdem em demonstrações olímpicas de velocidade. Faltou sentimento, coisa que nos bons tempos, o ex-guitarrista demonstrava ter de sobra.

Quando dá vazão à sua megalomania e à síndrome de Elton John que o persegue desde Use Your Illusion (1991), aí sim, o CD encontra seus piores momentos, como na mega balada This I Love (uma November Rain muito, muito piorada) e Streets of Dreams, outra baladinha sem graça.

Saldo final: 14 faixas que poderão até agradar adolescentes incautos e velhos fãs, mas que dificilmente entrarão nas listas de Melhores de 2008. Um disco que, em apenas uma faixa (a já citada There Was a Time), conta com seis guitarristas diferentes – só para dar um exemplo – dificilmente primaria pela coesão.

O que fica é o sentimento de anticlímax de um CD que deveria ter saído 15 anos atrás. Espero que os americanos apreciem bastante sua garrafinha de Dr. Pepper, por que nesse CD aqui não há muito o que saborear.

Chinese Democracy
Guns ‘n‘ Roses
Universal
R$ 27,90
www.gunsnroses.com

PRÊMIOS PARA O ROCK BAIANO EM CERIMÔNIA BEM ORGANIZADA

Primeira edição do Bahia de Todos os Rocks demonstrou potencial da cena e transcorreu sem imprevistos

O duo Dois Em Um, formado por Luisão Pereira e Fernanda Monteiro, foi o grande vencedor da primeira edição do prêmio Bahia de Todos os Rocks. A bem azeitada mistura de indie rock, eletrônica e bossa nova conquistou público e a crítica.

Do primeiro, a dupla ganhou o troféu Figa Rock ‘n‘ Roll de Melhor Música, com 26% dos votos no site da premiação. Já a crítica concedeu o prêmio de Ano 1, equivalente à Revelação.

Todos os cinco concorrentes à Música do Ano – Vandex, Yun-Fat, Fomidável Família Musical, Matiz e a Dois Em Um – ainda ainda fizeram boas apresentações, defendo suas respectivas canções.

A festa, muito bem organizada e apresentada pela cantora Nancyta Viegas e Tiago Moura, ocorreu sem nenhum vexame (diferente do famigerado Grammy Latino) e teve momentos de emoção, como quando os membros d‘Os Panteras, banda que acompanhou Raul Seixas em seu primeiro álbum, Raulzito & Os Panteras (1968), subiram ao palco para receber o prêmio de Dinossauro Referência.

Um merecido reconhecimento para quem, quarenta anos atrás, tinha que viajar a São Paulo para comprar uma simples baqueta de bateria, como contou um dos membros. Foram aplaudidos de pé pelo público.

O prêmio de Artista / Banda do Ano, um dos principais da noite, foi para a banda Cascadura, que também fez uma grande festa no palco ao subir com todos os seus colaboradores, como roadies, empresário e assessora de imprensa.

A Cascadura ainda levou Clipe do Ano, com o vídeo de Mesmo Eu Estando do Outro Lado, uma divertida animação, assinada por Luis Guilherme Campos e Zeca Forehead de Souza.

Já o de Disco do Ano foi para a estréia da banda Pessoas Invisíveis, cujo líder, Bruno Carvalho, dedicou o prêmio à esposa.

O prêmio de Músico Destaque, que todos esperavam ir para o Retrofoguete Morotó Slim, acabou mesmo foi com o baterista / rolo compressor Emanuel Venâncio, das bandas Subaquático e Bestiário (esta última, ainda em fase de ensaios).

A figa rock 'n' roll de Show do Ano foi para banda Vivendo do Ócio, cujos integrantes estão em São Paulo, participando da final do concurso nacional Gas Sound.

segunda-feira, novembro 24, 2008

BAHIA DE TODOS OS ROCKS FAZ NOITE DE GALA PARA CENA LOCAL

Premiação pode ser sinal de que algo mudou na mentalidade das instâncias pública e privada

Para quem não acompanha o que está acontecendo no cenário alternativo, a idéia pode parecer esdrúxula, mas a verdade é que não dá mais para ignorar o rock local. O governo estadual (via Secult) já sabe disso e a iniciativa privada também (ou pelo menos, sua porção mais esperta). Agora, só falta o público.

Esse é o espírito da primeira noite de gala do rock baiano: a cerimônia de entrega do Prêmio Bahia de Todos os Rocks, que acontece hoje, no Teatro Casa do Comércio.

O evento (para convidados) vem coroar os esforços do jovem idealizador do projeto, o jornalista Emmanuel Mirdad. Com uma idéia na cabeça, o rapaz bateu na porta da Secretaria de Cultura e da iniciativa privada – no caso, da empresa de telefonia Oi, através do Fazcultura – e, para sua própria surpresa, recebeu todo o apoio de que precisava para tocar adiante sua vontade de conceder um reconhecimento aos músicos e produtores que militam no (por enquanto) mingüado mercado do rock baiano.

“O pessoal (da Secult e da Oi) achou interessante o projeto por que é uma lacuna que precisa ser preenchida, até para facilitar a profissionalização do rock baiano”, conta Mirdad.

Ele acredita que houve uma mudança de mentalidade nessas duas instâncias – dos poderes público e privado – em relação ao rock: ”Não tem mais aquela história de tratarem o rock baiano a pontapés, como era antigamente. Conseguimos o patrocínio da Oi através de edital justamente por que se tratava de um projeto de rock na Bahia.

Foi exatamente isso que eles acharam interessante. Tanto, que fizeram questão de deixar bem claro: ‘a gente gostou por ser um projeto de rock da Bahia e nós apoiamos isso‘”, cita Emmanuel.

Claro que, mesmo com apoio, nada vai muito adiante se não houver um bom estofo por trás (coisa que o rock local tem) e apoio popular. Este último, como se sabe, ainda é tímido por uma série de razões que não vale a pena elencar aqui, e certamente, não serão fáceis de superar.

Até por que, não é hora de se lamentar, e sim, de muito trabalho pela frente para quebrar essas barreiras. ”Eu acho que o momento de apresentar projetos ligados à essa diversidade cultural e ao rock é agora. As portas estão se abrindo”, aconselha Emmanuel.

Com a cantora Nancyta e o disc-jockey da Transamérica FM Tiago Moura como mestres de cerimônia (com direito à telão no palco e bancada, como manda o figurino), a noite terá apresentação das cinco bandas indicadas à categoria Música do Ano, cada uma defendendo a sua.

No foyer, antes da cerimônia, o público poderá se divertir com a jam livre do Palco Toca Raul, comandado por Ted Simões (da banda Starla) e a vídeo instalação montada pelo artista Mark Dayves, do GIA - Grupo de Interferência Ambiental. Todos os premiados ganharão o Troféu Bahia de Todos os Rocks, uma figa estilizada criada pelo artista cachoeirense Doidão, dono de um ateliê em Praia do Forte.

”Agora, o principal é que o próprio pessoal do rock deixe de ser rock star, por que a gente precisa trabalhar sério. Chega de vaidade. Sou anti-panela, cabô essa história. Então, não me enquadrem, OK?”, conclui.

Prêmio Bahia de Todos os Rocks | Cerimônia de premiação | Hoje, 20 horas | Teatro SESC Casa do Comércio | Evento restrito para convidados

segunda-feira, novembro 17, 2008

THE CLASH POUCO ANTES DA QUEDA

Clássico pirata ao vivo é enfim lançado e captura os punks no auge

Em outubro de 1982, a banda inglesa The Clash estava no topo do mundo. Sobreviventes dos escombros que a explosão punk de 1976 espalhou pelo mundo, o grupo experimentava seu momento mais rentável até então: Combat Rock, LP lançado poucos meses antes, foi seu disco comercialmente mais bem-sucedido, com as faixas Rock The Casbah e Should I Stay Or Should I Go bombando nas paradas de sucessos.

Internamente, porém, as coisas não iam nada bem. Pouco após as gravações de Combat Rock, Joe Strummer (vocais e guitarra), Mick Jones (guitarra e vocais) e Paul Simonon (baixo) demitiram o baterista Topper Headon devido ao seu abuso de drogas pesadas, sendo substituído por Terry Chimes, que já havia tocado com a banda nos seus primeiros dias em Londres. (Chimes, por sua vez, foi demitido de novo menos de um ano depois).

A guerra de egos entre Strummer (com Simonon tomando seu partido) e Jones era outro ponto de desgaste. Enquanto o primeiro queria manter a banda numa postura estritamente punk rocker – com a contestação política e o rock cru em primeiro plano –, o segundo era mais ambicioso, buscando aprofundar a mistura do som da banda com outros ritmos, como reggae, dub e rap, além de se sentir bem mais confortável na condição de rock star do que seus companheiros.

Para completar, a turnê americana com os dinossauros do The Who não ia nada bem. Tocando em estádios lotados de fãs de classic rock, a banda era quase sempre vaiada e alvo de latas de cervejas arremessadas em sua direção. Os fãs do Clash mesmo, os punks legítimos, sentiam-se pouco confortáveis no esquema dos megashows em estádio e pouco compareciam.

Azar o deles – pelo menos, daqueles que deixaram de ir ao show do dia 13 de outubro de 1982, no Shea Stadium de Nova Iorque, ocasião conservada no disco pirata mais popular da banda e agora lançado de forma legal, para alegria dos fãs do Clash – naqueles dias, a banda mais relevante da sua época.

Tocando entre o ex-New York Dolls David Johansen e o The Who (em uma de suas muitas “turnês de despedida“), o Clash fez uma daquelas apresentações para ficar na memória. No palco, devidamente vestidos de guerrilheiros, o grupo destilou seu punk rock eclético, híbrido de rockabilly, reggae, dub, rap e, claro, punk ‘76 legítimo, com a fúria de quem já andava muito puto de tomar lata de cerveja na testa.

Logo após serem chamados ao palco pelo seu amigo / assessor de imprensa Kosmo Vinyl (“Nada de futebol por aqui hoje!“), o Clash já chegou arrepiando com a genial London Calling, um termômetro cínico daqueles dias de ameaça nuclear iminente. Daí em diante, é só clássico atrás de clássico, um mais matador que o outro e sem muita conversa entre as canções: The Guns of Brixton, Tommy Gun, Train in Vain, Rock The Casbah, Spanish Bombs, Should I Stay Or Should I Go, Police on My Back etc.

Em The Magnificent Seven, uma surpresa: no meio da música, a banda faz um interlúdio para o dub intoxicante de Armagideon Time, para retornar, pouco depois, e de forma bombástica, ao rap western spaguetti de The Magnificent Seven. Um delírio.

O pau come solto até o final devastador com I Fought The Law, cover de Sonny Curtis que fez tanto sucesso com o Clash, que, até hoje, muitos acham que a música é deles mesmos. Não deve ter sido fácil para o The Who subir ao palco depois daquilo.

No encarte, texto e fotos do fotógrafo Bob Gruen sobre a ocasião, com direito às presenças de David Bowie e Andy Warhol nos bastidores para testemunhar aquela noite histórica.

Live At Shea Stadium
The Clash
Sony BMG
R$ 24,90
www.theclash.com

sábado, novembro 15, 2008

UMA PALAVRINHA DO SEU BLOGUEIRO ROCKLOQUISTA

Abaixo, segue minha fala durante o II Fórum de Música, Mercado e Tecnologia, que até hoje ainda rola no Icba (com shows no Pelourinho). Compus mesa ontem de tardinha com os companheiros Luciano Matos (mediador), Bruno Nogueira (de Pernambuco, atualmente na Bahia, autor do site Pop Up!) e Bruno Maia (do Rio de Janeiro, do site Sobremúsica). A mesa foi intitulada Jornalismo Musical - Tecnologia da Informação em Música. Agradeço à galera da mesa, à todos que compareceram lá e especialmente ao Gilberto Monte, Diretor de Música da Fundação Cultural do Estado, por ter me convidado, fato que me concedeu um prestígio que eu ainda estou em dúvida se mereço mesmo. Segue o texto...

Confesso que, quando fui convidado para vir falar aqui, fiquei meio assustado. Eu sou só um jornalista formado pela Ufba, sabe, não tenho mestrado, não ensino em faculdade nenhuma, nunca escrevi um livro, e, o mais importante de tudo: tenho pânico de falar em público.

É, falar em público para mim é tão agradável quanto andar de avião, ir ao dentista ou enfiar o dedo na tomada. Mas enfim, cá estou eu, numa mesa sobre jornalismo musical na era da informação.

Já disseram por aí que depois de matar o CD, a internet e suas engenhocas virtuais mataram também o jornalismo musical. Sinto informar, mas acho que a notícia da morte do jornalismo musical foi um tanto exagerada.

Sim, hoje, qualquer moleque de 15, 30 ou 50 anos pode abrir um blog dizer tudo o que pensa sobre música. Mas isso faz dele um jornalista musical? Suponho que não. Sabe por que? Eu embro que, nos anos 80, no auge da empolgação com o Plano Cruzado, o rock brasil teve um boom de bandas lançadas pelas grandes gravadoras. Mas e daí? Quantas dessas sobreviveram? Só as realmente boas e que trabalharam certo.

O que eu quero dizer é que existe uma seleção natural em tudo na vida. Quantos blogs musicais já nasceram e morreram, depois de meia dúzia de posts? Não adianta sair falando que entende de rock, se, na verdade, vc começou a ouvir música com Teatro Mágico, NX Zero ou Arctic Monkeys - sem juízo de valor para qualquer uma dessas bandas - e não foi muito além disso, por que na verdade, essa pessoa teria muito pouco conteúdo a oferecer. Basicamente, meia dúzia de posts.

Então, eu não vejo ameaça nenhuma ao jornalismo musical via blogs de apreciadores que só querem um passatempo ou, no máximo, babar o ovo de sua banda preferida.

O cara que se dispõe a ser jornalista de música - ou mesmo de cultura em geral - é, geralmente, alguém que já tem uma tendência a isso desde muito jovem. É um apaixonado. Pior: é um cara que foi pego por essa paixão ainda adolescente. Como toda paixão adolescente, ela é capaz de nos cegar, mas também de nos inspirar, de nos dar força para para realizar, buscar, fazer e acontecer em nome de consumar essa paixão.

Eu mesmo decidi que ia trabalhar na Bizz aos 13 anos de idade. Apesar de provavelmente, ser o jornalista com menos experiência de redação em caderno 2 aqui da mesa, devo ser o mais velho. Não vem ao caso agora, mas além de ter batalhado duro e durante muito tempo até chegar ao Caderno 2 da Tarde, fiz um desvio que me levou a trabalhar com propaganda durante seis anos. Mas nunca joguei fora essa idéia. E durante todo esse tempo, nunca deixei de acompanhar o que acontecia, até por que sempre fui do rock e parte do meio rock local.

Boa parte dos jornalistas do rock só desperta para esse mundo quando chega na faculdade, aí cai num certo deslumbre e tal. Eu, não. Meus melhores amigos sempre foram do rock. Era a galera da Úteros, da Cascadura, da brincando deu deus, etc. Quando eu entrei na faculdade aos 21 anos (atrasado, como sempre), já era macaco velho desse meio. Hoje tenho 37.

Não sei se é o meu caso, mas os melhores jornalistas musicais, para mim, são aqueles que vieram desse mundo: do rock para o jornalismo, e não o caminho inverso.

Como sabemos, a imprensa musical é parte da própria mitologia do rock 'n' roll. Foi um fanzine americano que batizou o movimento punk. Foi um DJ de Londres que divulgou as bandas desse mesmo movimento em diante para o mundo. Foi para um editor da Rolling Stone que John Lennon declarou morto o sonho da era hippie. Há muitos outros exemplos, mas por fim, e mais importante, foi um radialista americano que deu nome a tudo isso: rock 'n' roll.

Então, eu acho que a imprensa musical, especialmente no Brasil, ainda é muito subvalorizada. O jornalista cultural em si - não apenas o musical - vive sobre uma corda bamba. Ele tem direito a emitir opiniões, mas só é respeitado enquanto essas são favoráveis aos músicos.

Por que quando ele critica de verdade, aponta inconsistências e tal, imediatamente os fãs e os próprios músicos logo se apressam a desmoralizá-lo, com argumentos do tipo: "esse cara não entende porra nenhuma de música", "ele não entendeu nossa proposta", "ele tem inveja", "os críticos são músicos frustrados" etc.

As reações na hora do elogio são exatamente o contrário: "excelente matéria, cara", "apareça no nosso show" etc.

Então o cara que se propõe a escrever sobre música é sempre esse ser indefinido, que os músicos não sabem se é "amigo" ou "inimigo" até que ele publique alguma coisa sobre sua banda.

Mas afinal, qual é o papel do jornalista musical? É a obrigação dele ter uma opinião sobre tudo? É a obrigação dele fabricar um um significado sobre a obra dos outros, por mais insossa que esta seja? "Ah, este disco é um tratado sobre a futilidade hi-tech da vida urbana pós-pós-moderna deste início de século, blá blá blá". Alguém ainda aguenta esse papo? Qual o nosso papel, afinal?

O jornalista de música precisa ser músico também para poder falar? Por que eu suponho que muitos dos melhores jornalistas do ramo jamais empunharam uma guitarra. Na minha humilde opinião, é até melhor que o jornalista de música não seja músico, para não impregnar o texto de observações técnicas que só entediariam o leitor. Por que a gente não escreve para outros músicos. A gente escreve para o público. Somos consumidores de música, como qualquer outro.

O cara que escreve sobre cinema, com raras exceções, jamais vai dirigir um filme. Então, na minha opinião, a visão do jornalista de música deve partir de um ângulo muito mais próximo ao do consumidor comum do que ao do músico.

Qual foi a intenção desse cara ao fazer esse disco? Ele teve sucesso, atingiu seu objetivo? Ele é popular ou erudito? Enquanto um ou outro, ele foi bem sucedido? Essa música tem poder para seduzir o público ao qual ela se destina?

São essas as perguntas que me faço quando vou escrever sobre um disco ou uma banda. Por que meu papel não é me colocar do lado do músico, mas ao lado do público. Na verdade, de um ideal de público: informado, inteligente e bem formado.

É aquela coisa: tem muito músico que se revolta quando falamos mal de suas bandas, por que supostamente, não temos autoridade para falar de música por que não somos músicos – a não ser quando falamos bem, claro. Então, quem tem essa autoridade? Só outros músicos? Mas esses não são jornalistas para escrever no jornal. Se eles forem escrever sobre música vai ser uma tragédia, por que não é assim que eles se expressam melhor. É fazendo música.

Recentemente, acho que acabei criando uma micro-polêmica no meio rock local, por que eu reclamei que tinha muita banda por aí que, apesar de ter potencial, não estava lançando mão de um dos principais recursos de sedução do público: o refrão.

O refrão, como sabemos, é parte integrante de uma estrutura maior, que é a canção. A canção é o formato mais simples e popular da música, é aquilo que ouvimos quando ligamos o rádio.

Fui criticado por cobrar dos músicos locais algo que eles, desde o início, deveriam se dispor a fazer: música para o público. Sim, por que quem faz música para outros músicos ou para os amigos não vai para frente nunca.

Se incomodei tanta gente - até alguns dos meus melhores amigos me criticaram duramente por conta dessa minha posição - é por que estou certo mesmo.

Enfim: acho que é esse o nosso papel: não apenas ficar fazendo resenhinhas de disco ou de show, comer pilha de a, b ou c e hypar ninguém, e sim, ter uma visão mais ampla de todo o processo, noticiar, observar, criticar e, até mesmo, apontar direções, caminhos.

E que Lester Bangs venha puxar meu pé de noite se eu estiver errado.

terça-feira, novembro 11, 2008

MICRO-RESENHAS EM DOSES HOMEOPÁTICAS

Manics voltam em forma

Uma das bandas mais importantes (e subestimadas) surgidas nos anos 90 no Reino Unido, a Manic Street Preachers tem sua história marcada pelo sumiço do guitarrista Richey Edwards em 1995. Essa tragédia – ainda não explicada pela polícia – inspirou o (agora) trio a cometer um álbum grandioso, dois anos depois: Everything Must Go (1997). Após alguns altos e baixos, a banda retornou à velha forma com Send Away The Tigers, lançado lá fora em 2007, e que só agora chega ao Brasil. Nele, a banda galesa recupera o som widescreen e o peso que caracterizam seus melhores trabalhos. E ainda tem a ótima participação da maravilhosa Nina Pesson (Cardigans), na faixa Your Love Alone Is Not Enough. CD para ouvir direto, sem pular uma faixa sequer.
Send Away The Tigers
Manic Street Preachers
Sony BMG
R$ 13,90
www.manicstreetpreachers.com


Sherlock & Watson à americana

Nero Wolfe e Archie Goodwin formam a contraparte ianque à dupla de detetives Sherlock Holmes e Doutor Watson. O primeiro é o cérebro analítico, capaz de desvendar crimes complexos sem sequer se levantar da poltrona, enquanto o segundo é um misto de braço direito e biógrafo, já que é ele que narra os casos. Serpente, publicado pela primeira vez em 1934, é exatamente a estréia de Wolfe e Goodwin. Com humor refinado, Stout conquista o leitor logo de cara ao apresentar o obeso detetive como um bebedor inveterado de cerveja. No primeiro caso, a dupla investiga os assassinatos do reitor de uma universidade em um campo de golfe e um imigrante italiano na época da recessão.
Serpente
Rex Stout
Companhia das Letras
328 p. | R$ 42,50
companhiadasletras.com.br


O hard rock dos seres pensantes

Conhecida como “a banda de heavy metal do homem pensante“, a Blue Öyster Cult nunca figurou entre os mais vendidos ou lotou estádios. Graças à sua associação com escritores como Michael Moorcock e Stephen King, ganhou fama de fazer um hard rock elaborado, com letras narrativas entre a ficção científica e a fantasia, o que lhe valeu a admiração de ícones do metal, como Bruce Dickinson (do Iron Maiden), responsável pela seleção das músicas. No CD, curiosos e fãs poderão curtir alguns pontos altos de sua obscura carreira, como Astronomy, (regravada pelo Metallica), Don‘t Fear The Reaper (título deste Best Of) e as pops Joan Crawford e Burnin‘ For You (seu maior hit).
The Best Of
Blue Öyster Cult
Sony BMG
R$ 11,90
www.blueoystercult.com


As origens de Preacher e amigos

Preacher, de Garth Ennis (roteiros) e Steve Dillon (desenhos) é uma das melhores séries do Vertigo, selo da DC especializado em quadrinhos adultos e de terror. Composta de 65 números, luta há uns dez anos para chegar ao final no Brasil. Além da série principal, Ennis lançou quatro edições especiais que explorava com mais profundidade o passado de alguns personagens da série. Memórias reúne essas quatro edições em um encadernado caprichado: O Cavaleiro Altivo enfoca a juventude de Jesse Custer, personagem principal. Guerra de Um Homem Só mostra o passado de Herr Starr, o hilário e azarado vilão de monóculo e cicatriz no rosto. Cassidy: Sangue & Uísque é uma avenyura do vampiro irlandês beberrão, amigo de Jesse, envolvido numa comunidade de ridículos vampiros góticos de Nova Orleans (uma clara tiração de sarro de Garth Ennis com os romances de vampiro para dona de casa de Anne Rice). E A História de Você-Sabe-Quem (a melhor das quatro) mostra a origem do patético personagem Cara de Cú, um jovem loser reprimido pelo pai, um policial white trash durão. Quando Kurt Cobain aparece morto em 1994, o rapaz resolve meter um tiro na ventas para seguir o ídolo. Só que ele não morre, nascendo daí o Caaaaaara de Cúúúú!!!! Genial. O bom dessa edição que o leitor não precisa ser familiarizado com a série para entender as histórias. Dá para ~lê-las isoladamente, e se, gostar, ir atrás da série Preacher principal.
Preacher: Memórias
Ennis / Vários
Pixel Media
244 p. | R$ 22,90
www.pixelquadrinhos.com.br


Guitarra baiana à frente

Instrumentista de mão cheia, Fred Menendez é um fiel seguidor da tradição da família Macedo, tocando guitarra baiana com muita habilidade. Neste trabalho, o músico busca criar temas específicos para a guitarrinha, na tentativa de resgatar sua relevância dentro do cenário musical baiano. Apesar da intenção louvável e de tocar incrivelmente bem, Menendez peca nos arranjos para algumas músicas, um tanto esquemáticos demais, pois calcados nos vícios do hard rock instrumental de nomes como Joe Satriani e congêneres. Depõe contra seu trabalho também a opção de gravar acompanhado de bateria eletrônica e um teclado de timbre artificial (em faixas como Via Contrari e Zanzara), o que tira muito do caráter orgânico que caracteriza a guitarra baiana. Não à toa, tem seus melhores momentos em faixas menos convencionais, como nos blues The Fox Man e Canguru.
Metamorfose
Fred Menendez
Independente
Preço não divulgado
www.fredmenendez.com

quinta-feira, novembro 06, 2008

BOOMBAHIA NA TVE HOJE

Só um aviso rápido, a pedidos:

A matéria da cobertura do Boombahia vai ao ar nessa quinta (HOJE), dia 6/10, às 22h, no Soterópolis (TVE - Canal 2). Divulgue! Assista! Grave! Uhúú!

segunda-feira, novembro 03, 2008

EXIBIÇÃODE CURTAS LEMBRA ALEXANDRE ROBATTO

Pioneiro do cinema baiano, Alexandre Robatto Filho terá seu centenário de nascimento lembrado e homenageado nesta terça-feira (4), na Sala Walter da Silveira, com a exibição pública e gratuita de dois dos seus curta-metragens: Xaréu e Vadiação.

A iniciativa da Dimas – Diretoria de Audiovisual da Fundação Cultural do Estado, ainda contemplará uma exposição no Palacete das Artes, organizada pela Secretaria de Cultura da Bahia (Secult).

A estatura do homenageado mais do que justifica o esforço. Robatto foi responsável por legar às gerações que se seguiram à dele um inestimável acervo da memória da sociedade baiana nas décadas de 1930, 40 e 50.

“Alexandre Robatto Filho foi o que se pode chamar de pioneiro. Nos anos 30 e 40, quando não se tinha quaisquer condições de se filmar aqui , ele conseguia fazer filmes de curta-metragem documentando ocasiões importantes“, lembra o crítico de cinema e professor da Ufba André Setaro, que escreveu um livro sobre o cineasta em 1992, em co-autoria com o também cineasta José Umberto.

Entre os muitos registros históricos de Robatto, Setaro destaca a inauguração do Fórum Ruy Barbosa – com a vinda dos restos mortais do jurista –, a chegada de Marta Rocha do Miss Universo, os pescadores de xaréu, o parque de exposições agropecuárias que havia em Ondina, os antigos bailes de carnaval do Clube Baiano de Tênis, entre outras. “Sua obra é uma memória muito preciosa do que era a Bahia naquela época“, diz.

“Os filmes e a câmera ele comprou no Rio de Janeiro. Depois que ele filmava aqui, tinha que mandar os filmes de volta ao Rio, para revelar. Esperava meses até que estivessem prontos. Depois disso, ele tinha que viajar ao Rio mais uma vez para montar a película, pois aqui também não havia mesa de montagem ou moviola. Era um persistente“, classifica Setaro.

O professor vê no primeiro longa-metragem de Glauber Rocha, Barravento, uma influência clara daquele que ele considera o melhor filme de Robatto: Entre o Mar e o Tendal, onde ele aborda a pesca de xaréu.

“Este foi seu filme esteticamente mais bem-acabado, pois apresenta uma boa composição de cenas e uma certa elaboração em termos de cinema. Barravento, de fato, tem muitos planos idênticos à Entre o Mar e o Tendal. Enfim, foi um sujeito de grande importância“, observa.

Nascido em 1908, Alexandre Robatto Filho foi cirurgião dentista, professor universitário de radiologia, pintor, rádio-amador e cineasta, por hobby.

Xaréu e Vadiação
Exibição dos dois curtas de Alexandre Robatto Filho | Terça-feira, 4 de novembro, 20 horas | Sala Walter da Silveira (3116 - 8100) | Rua General Labatut, 27 Barris | Entrada gratuita

sábado, novembro 01, 2008

LUGAR DE HQ É (TAMBÉM) NA LIVRARIA

Cada vez mais, quadrinhos de qualidade migram das bancas para as boas lojas do ramo

Longe vai o tempo em que quadrinhos eram aquela coisa de criança que se comprava com os trocados do pão e apenas em bancas de revista. Os leitores, especialmente aqueles que já atingiram a idade adulta, vivem um momento especial. A oferta de HQs de qualidade nas livrarias nunca foi tão variada.

A todo momento, surgem novas editoras, e todas, firmemente determinada a conquistar o leitor – e seu nicho neste mercado – investindo em materiais de qualidade, tanto gringos, quanto nacionais. E essa concorrência, longe de se verificar apenas nas gôndolas dos jornaleiros, hoje se dá mesmo é no nobre espaço das prateleiras das livrarias.

“Esse movimento é irreversível“, opina o editor Cassius Medauar, da Pixel Media, que lança algumas das HQs mais buscadas por leitores jovens e adultos, como as do selo Vertigo (Sandman, Preacher) e Wildstorm (Promethea, Planetary).

“Acho que, tanto o público, quanto as livrarias, já compraram a idéia, mas o potencial desse mercado ainda foi bem pouco explorado. Há um espaço grande para ocupar, pois só agora as livrarias estão descobrindo como trabalhar com esse material diferenciado e a entender que se elas exporem bem (nas prateleiras), terão retorno em venda“, acredita.

“Há uma demanda reprimida do público por quadrinhos de qualidade. Muitas vezes, o leitor que se forma na banca, passa a ler livros. Quando chega na livraria, ele descobre que aquilo também está lá, em outras edições. E acaba descobrindo ainda outras opções de HQ“, raciocina.

CONFIRA A SEGUIR UMA PEQUENA SELEÇÃO DO QUE DE MELHOR TEM CHEGADO ÀS LIVRARIAS

Clássico Vertigo chega à terceira edição no Brasil

Se Alan Moore, com seu Monstro do Pântano, foi quem fincou as bases do selo Vertigo, seu conterrâneo Neil Gaiman foi o responsável por consolidá-lo de vez com Sandman. Iniciada no final dos anos 80, trouxe para o mercado muitos leitores que, até então, não tinham o costume de ler HQ. O segredo? Uma bem amarrada viagem onírica misturando terror, dramas familiares, fantasia, mitologia e personagens fascinantes. Para começar, o personagem principal é uma encarnação do poder humano de sonhar. Muito popular, a série chega à sua terceira edição brasileira, agora com preço (bem) mais em conta, nova colorização e extras.
Sandman - Prelúdios e Noturnos
Gaiman / Kieth
Pixel Media
144 P. | R$ 29,90
www.pixelquadrinhos.com.br


Golaço de jovem brazuca premiado nos EUA

O gaúcho Rafael Grampá era um ilustre desconhecido até 2008. Só neste ano, o rapaz ganhou (em parceria com os gêmeos Fábio Moon e Gabriel Bá), o prêmio Eisner de Melhor Antologia por 5, foi procurado pelo autor Brian Azzarello para ilustrar a revista Hellblazer e viu seu primeiro álbum solo, Mesmo Delivery, lançado aqui e nos EUA simultaneamente. Não é para menos: sua narrativa é para lá de cinematográfica e seu estilo de desenho, uma festa para os olhos. Mesmo Delivery, ultra-violenta, chega a lembrar filmes de Tarantino e torture porn (tipo O Albergue). Uma senhora estréia de alguém que ainda vai dar muito o que falar. Um golaço.
Mesmo Delivery
Rafael Grampá
Editora Desiderata / Ediouro
56 Páginas
R$ 23,50
www.ediouro.com.br


Clássico de Frank Miller em nova edição, colorida

No auge da carreira, ainda quente do sucesso de clássicos dos anos 80 como O Cavaleiro das Trevas e A Queda de Murdock, Frank Miller resolveu dar adeus aos quadrinhos de super-heróis das grandes editoras (Marvel e DC) e partiu para criações próprias na editora Dark Horse. Dessa safra saíram os novos sucessos lançados ao longo dos anos 90, como a série Sin City, Liberdade - Um Sonho Americano, 300 e Hard Boiled. Esta última, criada em parceria com o desenhista (e maníaco detalhista) Geoff Darrow, é uma surrealista (e extremamente violenta) aventura de ficção científica. Anteriormente publicada no Brasil em P&B, ganha agora sua edição definitiva, em cores.
Hard Boiled: À queima-roupa
Frank Miller / Geoff Darrow
Devir
128 P. | R$ 45,00
www.devir.com.br


HQ nacional com gosto de sessão da tarde

Uma das melhores surpresas dos quadrinhos nacionais em 2008 veio de Joinville, Santa Catarina: criada pelos jovens Diogo Cesar (roteiro) e Pablo Mayer (arte), A casa ao lado conta uma bem amarrada história de terror leve, temperada com muito bom humor. Tudo começa quando o adolescente Felipe leva a jovem filha da vizinha para conhecer a tal casa ao lado do título, tida como mal assombrada na cidade catarinense. Detalhe: no meio da noite. Claro, coisas estranhas acontecem, e, no dia seguinte, o relutante pai do rapaz é pressionado pela vizinha, polícia, imprensa e ex-mulher a dar conta dos adolescentes desaparecidos. A narrativa é muito ágil e carrega o leitor para dentro da história, como numa boa sessão da tarde. Mais um sinal do ótimo momento criativo por que vem passando as HQs brazucas.
A casa ao lado
Diogo Cesar / Pablo Mayer
HQM Editora
56 páginas
R$ 14,90
www.hqmaniacs.com.br


Alan Moore supera a si mesmo em Promethea

Ainda pouco conhecida pelos fãs brasileiros do genial Alan Moore (Watchmen), Promethea é uma das séries que ele lançou no seu próprio selo, o ABC. Super ambiciosa, a série traz, a cada número, uma pequena aula sobre mitologia, fábulas, magia, metafísica, arte, filosofia e até sexo tântrico. A história segue a jovem Sophie Bangs – numa Nova Iorque futurista – em sua pesquisa sobre a Promethea, uma guerreira mitológica que se manifestou em diversas mulheres ao longo dos séculos, até que esta se manifesta na própria Sophie. Destaque para o prodigioso desenhista J.H. Williams III, responsável pelos espantosos leiautes.
Promethea - Livro Um
Alan Moore / J.H. Williams III
Pixel Media
176 p. | R$ 41,90
www.pixelquadrinhos.com.br


Adaptações em HQ de contos do Velho Safado

Publicadas no Brasil – ainda nos anos 80 – em dois álbuns, essas adaptações do quadrinista alemão Matthias Schultheiss para os contos do seu conterrâneo Charles Bukowski voltam às livrarias reunidas em um volume único pela mesma L&PM. Estão aqui, vertidas para a nona arte através do rigor acadêmico de Schultheiss, algumas das mais emblemáticas histórias curtas do Velho Buk, como Mamãe bunduda, N. York, 95 cents ao dia e Kid Foguete no matadouro. Ao todo, são oito contos ilustrados que resumem bem – especialmente para os neófitos – o estilão sujo, bêbado e decadente deste ídolo do underground. O desenhista dá um show nas suas adaptações em P&B, decupando com maestria o texto seco de Bukowski em cenas cheias de poesia e detalhes.
Delírios cotidianos
Charles Bukowski / Matthias Schultheiss
Editora L&PM
152 P. | R$ 29
www.lpm.com.br


A volta dos vampiros sensuais, impiedosos (e incestuosos)

Fãs dos elaborados álbuns de quadrinhos europeus têm um prato cheio com o lançamento pela Devir de Predadores, série em quatro edições criada pela dupla Jean Dufaux e Enrico Marini. A obra dá uma atualizada razoável no batido tema dos vampiros ao focar sua narrativa em uma série de estranhos assassinatos que vêm ocorrendo em Nova Iorque: as vítimas são encontradas sem uma gota de sangue, apenas com um alfinete a perfurar um quisto que todas elas têm atrás da orelha. Intrigada, a detetive Vicky Lenore e seu parceiro Benito Spiaggi partem para investigar a fundo o caso. Em paralelo, acompanhamos os assassinos em si, os irmãos vampiros Drago e Camilla, em sua sangrenta jornada para erradicar uma antiga ordem de vampiros infiltrados em altos escalões do poder. A narrativa – apesar de, aparentemente, apresentar os culpados logo de cara – é forte e arrasta o leitor, também graças à linda arte de Marini. Que venham mais HQs européias.
Predadores - Volumes 1 e 2
Jean Dufaux e Enrico Marini
Devir Editora
64 p. (cada volume) | R$ 29 (cada volume)
www.devir.com.br

terça-feira, outubro 28, 2008

O QUARENTÃO TODO DE BRANCO

Espirituoso, enigmático, precursor da era da individualidade: este é o famoso LP duplo dos Beatles

1968. O ano das barricadas, do AI-5, do assassinato de Martin Luther King e muita luta ao redor do mundo, contra e a favor dos direitos civis. O ano que em tantas coisas se definiram e se desnudaram, depois do chamado Verão do Amor (1967), foi também o ano que prenunciou o fim da banda cujos discos guiavam os rumos da juventude.

Intitulado simplesmente The Beatles, mas universalmente conhecido como The White Album (ou Álbum Branco, para os brasileiros), o sucessor do revolucionário Sargeant Pepper‘s Lonely Hearts Club Band, lançado em 22 de novembro de 1968, trazia em si o prenúncio tanto do fim dos Beatles, quanto da era hippie.

O senso de coletividade que caracterizava o ideal hippie levou um duro golpe quando o Álbum Branco saiu, pois foi neste disco que ficou claro que a parceria de John Lennon e Paul McCartney já não funcionava como antes.

A partir do Álbum Branco, seria o individualismo que daria as cartas – tanto entre os Fab Four de Liverpool, quanto na sociedade ocidental. Apesar de ainda assinarem todas as suas faixas como Lennon-McCartney, é fato público que, a partir do Álbum Branco, eles não compunham mais juntos.

O sonho que John Lennon declararia oficialmente morto no final de 1970, durante sua histórica entrevista para o jornalista Jann Wenner (fundador da revista Rolling Stone), já dava sinais de sua precária saúde ao longo do disco.

Já de caso com a artista plástica japonesa Yoko Ono, Lennon começava a procurar se expressar por si próprio, sem o apoio de Paul. Este, por sua vez, sentia profundamente o afastamento do amigo – graças à Ono e às drogas –, e buscava se firmar como líder da banda. George Harrison, que compunha cada vez mais, também queria mais espaço no grupo – e nos discos, para suas composições.

Até Ringo Starr, um notório cuca fresca, andava emburrado naqueles dias, chegando a abandonar a banda no meio das gravações. Por conta disso, a bateria das faixas Back in the U.S.S.R. e Dear Prudence foram gravadas por Paul. Ringo voltaria pouco depois, a pedido dos outros três.

Os quatro também ainda estavam abalados com a morte do empresário e amigo Brian Epstein, morto um ano antes. O selo fundado pelo grupo, o Apple Records, também ia mal das pernas, fazendo-os perder dinheiro.

O resultado de tanta angústia durante as gravações – além do individualismo reinante entre os integrantes – foi um álbum conhecido pela falta de foco e pela multiplicidade de climas, mas que mesmo assim, não deixa de ser genial. Afinal, são os Beatles.

Há desde o ar pueril de Ob-La-Di Ob-La-Da ao experimentalismo árido de Revolution 9. Desde a paródia de Chuck Berry em Back in the U.S.S.R. ao manifesto zen de George em While My Guitar Gently Weeps (com solo matador de Eric Clapton, não creditado).

Desde o hard rock primordial de Helter Skelter à tocante homenagem de John à sua mãe, em Julia. Desde o desabafo sarcástico do mesmo John em Yer Blues ao chamado à responsabilidade feito por Paul em Why Don‘t We Do It in the Road?.

PAQUITO, PAULINHO, JOHN, PAUL, GEORGE & RINGO

Na década de 80, o jovem cantor Paquito, então band-leader da banda de rock Flores do Mal, ficou admirado ao chegar em casa certo dia e se deparar no playground do prédio onde morava com uma animada roda de garotos por volta dos doze anos, tocando violão e cantando os hits da fase inicial dos Beatles.

No centro da roda, ao violão, estava um púbere Paulinho Oliveira, músico que, pouco mais de dez anos depois, seria integrante da banda Cascadura, na fase em que esta gravou seu segundo álbum, Entre! (1997).

"Por incrível que pareça, o Álbum Branco foi um dos últimos (discos dos Beatles) que eu descobri. Foi Paquito que me apresentou. Quando eu comecei a ouvir, era muito ligado no óbvio, beatlemania e tal. Aí quando eu tinha uns doze, treze anos, e ele me deu uma fita com o disco gravado", lembra Paulinho, que, quando ainda integrava o grupo, chegou mesmo a percorrer os bares de Salvador em dupla com Fábio Cascadura, tocando só músicas dos Fab Four.

"Foi um choque, pois era muito diferente. É mais radical que o Sargeant Pepper's, até por que tem um desenvolvimento mais tecnológico, pois já foi gravado em oito canais. O Sgt. Pepper's foi gravado em quatro, imagine. O som da bateria é mais próximo ao contemporâneo", opina.

“Há até quem diga que o Álbum Branco são quatro discos solo prensados em um. O próprio George Martin já declarou que preferia que ele tivesse saído como um LP simples, ao invés de duplo. Já vi também uma entrevista de Paul onde ele fica super na defensiva ao falar do disco, que ele não tinha foco e tal“, lembra Paulinho.

Ainda assim, ele, como qualquer fã do grupo, vê o disco como “o último projeto bem-sucedido dos Beatles“. “Com o Yellow Submarine, eles quase não tiveram envolvimento. O Get Back ficou gaveta e só foi retomado pelo (produtor) Phil Spector mais de um ano depois, tornando-se o Let It Be. E o Abbey Road foi um projeto, proposto por George Martin, para fechar a tampa mesmo“, enumera.

Fã da veia melodista de Paul McCartney, ele aponta a faixa Martha My Dear, feita por Macca para sua cachorra, como a sua preferida. “Mas ali não tem nada de Beatles. Já tinha a cara das coisas que ele fez com o Wings, nos anos 70. Da mesma forma, as faixas de George já tinham um jeitão de All Things Must Pass (LP solo triplo, lançado já em 1970). É lindo, mas é triste“, conclui.

“Eu botei Paulinho no crime. Criei um monstro“, brinca Paquito, dando uma boa risada ao se recordar do episódio da fita, que ele nem lembrava mais.

“Eu gosto de todos os LPs dos Beatles. Acho que cada um é bom à sua maneira. Mas o Branco é importante por que foi onde cada um fez o que estava a fim. Era um disco de Paul e a banda, John e a banda e assim por diante“, observa Paquito.

“Passei a gostar dele a medida que eu fui ouvindo ao longo dos anos, pois é um álbum grande, além de ter sido o último que eu comprei, pois como era duplo, era mais caro“, conta.

“Então eu fui digerindo ao longo dos anos. Tem desde Mother‘s Nature Son até Revolution 9, que são extremos. Não há uma direção, mas como eram os Beatles, eles tinham esse controle, esse domínio na hora de fazer o álbum. É um disco sem conceito, a capa branca é uma oposição clara ao anterior, que era muito colorido. As canções, você percebe que nasceram acustica e isoladamente. No Anthology ele está quase todo lá de novo, em versões demo acústicas. O que realmente mantém a unidade é que é um álbum de grupo, no caso, Beatles. Um disco muito à vontade, que nas mãos de outra banda, sairia um rock do inglês doido“, analisa, concentrado.

Para outro estudioso local dos Beatles, o químico Nei Bahia, um antigo parceiro de composição de Fábio Cascadura, a capa branca é como um aviso: “Ela só existe para embalar. Você tem que prestar atenção no que se ouve. O resto é dispersão“, acredita.
Para ele, a faixa mais importante do álbum é Why Don't We Do It on the Road.

“Essa é um recado de Paul, que achava que eles só sobreviveriam se voltassem à estrada (já que eles não faziam mais shows desde o Rubber Soul), a ser uma banda de rock“, opina. “Mas as visões são as mais díspares. Tem gente que acha que é sobre drogas“, acrescenta.

Como tudo o que os Beatles faziam, o Álbum Branco ecoou mundo afora, influenciando muita gente. O maníaco Charles Manson disse que se inspirou nas faixas Helter Skelter e Blackbird, para justificar o massacre ordenado por ele na mansão do cineasta Roman Polanski, quando sua esposa, a atriz Sharon Tate, foi assassinada aos oito meses de gravidez.

No Brasil, Caetano Veloso lançou, do exílio, seu próprio Álbum Branco, logo no ano seguinte. Com sua capa toda branca – levando apenas sua assinatura –, a referência é inevitável.

Já Belchior, no sucesso Comentários a respeito de John, (de José Luiz Penna), cita diretamente Happiness is a Warm Gun: “John, eu não esqueço (oh no, oh no)/ A felicidade é uma arma quente, quente, quente“.

Em Salvador, só nesta semana, dois eventos (serviço logo abaixo) lembrarão o Álbum Branco.

BEATLES SOCIAL CLUBE(TRIBUTO AO ÁLBUM BRANCO) | Com a banda de apoio de Júlio Caldas e participações de Renê (Banda de Rock), Roberta (Aguarraz), Márcio e Candy (Anacê) Paquito, Jorge Solovera, Alexandre Vieira, Mike Caldas e Alex Pochat | Terça-feira, 28 de outubro, 20 horas | Companhia da Pizza (3334-6276) | Praça Brigadeiro Faria Rocha, s/n, Rio Vermelho | Evento gratuito

Orquestra Beatles de Câmara | Especial Álbum Branco | Convidados: Glauber Guimarães e Rowney Scott | Pátio do Icba (3338-4700) | Avenida Sete de Setembro, 1809 | Sexta-feira, 31 de outubro, 18h30 | R$ 10

terça-feira, outubro 21, 2008

MICRO-RESENHAS BOOMBÁSTICAS

Sortudos e zuadentos

Ainda quente da sua apresentação semana passada no festival Boombahia, a banda Mudhoney teve seu mais recente álbum, The Lucky Ones, lançado no Brasil pelo selo independente Inker. Como os Ramones ou o AC/DC, o Mudhoney prima pela falta de novidades em seus álbuns. Ainda bem, por que a pior coisa que poderia acontecer para uma banda como essa seria tentar pongar no som do momento. Se não fizer novos fãs, pelo menos manterá sua fiel audiência satisfeita com mais uma belíssima seqüência de dez rocks de garagem diretos, sarcásticos, auto-depreciativos e zuadentos. Steve Turner continua soltando faísca com sua guitarra encharcada de fuzz, enquanto Mark Arm rasga a garganta para vociferar que “me dizem que sou sortudo/ sortudo por estar vivo/ bom, eu não me sinto sortudo/ pois os sortudos já não estão mais entre nós“, na faixa-título. Sem concessões e sem frescura, o oitavo álbum do Mudhoney diz a que veio: infernizar. Graças a Deus.
The Lucky Ones
Mudhoney
Inker
R$ 31,90
www.subpop.com


Sabedoria e sushi de salmão à sombra

Um dos mais importantes escritores japoneses do século XX, Junichiro Tanizaki (1886-1965) foi um arguto observador da sociedade em seu tempo e lugar. Neste ensaio curto de 1933, ele faz o elogio da cultura milenar do seu país observando como a penumbra a permeia em cada aspecto: na arquitetura – onde a luz é filtrada pelos shojis, os biombos –, no teatro nô – onde os atores atuam com máscaras – e até na culinária – onde o molho shoyu reluz em sua coloração negra. Tanizaki chega a dar uma receita de sushi de salmão. Para ser degustado à sombra, claro. Um estudo poético da alma nipônica por um dos seus grandes escritores.
Em louvor da sombra
Junichiro Tanizaki
Cia. das Letras
72 p. | R$ 28,50
www.companhiadasletras.com.br
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Da mestra para o mestre do piano

A pianista e cantora brasileira Eliane Elias, radicada em Nova Iorque há mais de vinte anos, volta ao selo de jazz Blue Note – após ausência de uma década – com um belo tributo à uma de suas maiores influências: o pianista americano Bill Evans (1929- 1980). Jazzista, mas com formação erudita (chegou a lançar discos simultâneos em ambos os gêneros, sendo uma das poucas artistas no mundo capaz de tal façanha) Elias esbanja sua extraordinária técnica em arranjos que, longe de serem apenas covers dos originais, acrescentam seu estilo sensual e exato às composições e standards gravados pelo homenageado. Boa deixa para conhecer o trabalho de ambos.
Something For You
Eliane Elias
EMI
R$ 28,90
www.bluenote.com


Um super-prefeito em ação

Premiada com diversos troféus Eisner Awards, Ex-Machina é uma série do roteirista de Lost Brian K. Vaughan, que mostra o dia-a-dia de Mitchell Hundred, prefeito de Nova Iorque. O que o difere dos políticos comuns é que ele é um ex-super-herói, anteriormente conhecido como Grande Máquina, cujo poder é controlar qualquer dispositivo eletrônico ou mecânico, apenas falando com ele. “Revólver, trave!“, ele dizia, e os bandidos ficavam desarmados. Após salvar a segunda torre do World Trade Center de ser atingida no 11 de setembro, Hundred entrou na política e abandonou o uniforme. A narrativa vai e volta no tempo, mostrando seus atos no passado e como estes se refletem no seu presente como mandatário da Grande Maçã. Neste arco, o super-prefeito se vê as voltas com um casamento gay, a imprensa marrom e uma onda de crimes bárbaros. Muita política e deslumbrantes desenhos de Tony Harris em uma das HQs mais inteligentes da atualidade.
Ex-Machina: Símbolo
Vaughan / Harris
Pixel Media
146 p. | R$ 17,90
www.pixelquadrinhos.com.br


Lenda obscura do universo roqueiro

Na ativa desde 1975, o Cheap Trick, grupo de Rockford, Illinois, tem seu Greatest Hits autorizado (compilado pelos próprios membros), lançado no Brasil. Boa deixa para entender a importância da banda, pouco conhecida por aqui. Respeitada tantos pelos grupos de hard rock de arena, quanto pelos indie rockers, o CT tem seu diferencial na forma exata com que conjuga a artesania do pop perfeito dos anos 60 com riffs furiosos de guitarra. Junte-se à isso o exotismo de suas figuras um tanto cômicas, e voilà: sai mais uma lenda obscura do rock. Destaque para a cover de Ain't That a Shame (de Fats Domino) e That 70‘s Song, baseada no clássico In The Street, do Big Star, gravada para a hilária sitcom That 70‘s Show.
Authorized Greatest Hits
Cheap Trick
Sony BMG
R$ 25
www.cheaptrick.com


Revista indie traz HQs nacionais


A Garagem Hermética é uma boa revista independente que reúne HQs, crônicas e artigos. Semestral, chega ao quarto número, apresentando sua primeira história em série, Quadrinistas. Escrita por Cadu Simões (Homem-Grilo) e desenhada por Kléber de Sousa (autor da bela capa), narra a história de dois fanzineiros que sonham se tornar quadrinistas profissionais. Claro, a saga dos rapazes não será nada fácil. Outros destaques são o artigo de Nobu Chinen sobre a Balão (revista dos anos 70 que revelou Laerte e Luiz Gê, entre outros), contos de Alice Jordão e Vince Vader e boas HQs de Fábio Cobiaco (ótima, espcialmente para fãs do Jesus and Mary Chain, Edu Mendes e Fábio Santos. Para adquirir, é só entrar em contato pelo blog da Sócios Ltda.
Garagem Hermética #4
Vários artistas
Sócios Ltda.
32 p. | R$ 4
www.sociosltda.blogspot.com


Cazuza garotão e esqueleto em DVD

Pra Sempre é um DVD que compila dois especiais de TV exibidos pela Globo nos anos 80 e mostram Cazuza em dois momentos bem diferentes. No primeiro, de 1986, ele aparece forte, corado e bem disposto em um episódio do programa Mixto Quente, que sempre apresentava shows de rock gravados em uma praia. Recém-saído do Barão Vermelho, Cazuza e sua banda esbanjam energia e arrasam geral em apenas três músicas: Exagerado, Medieval II e Por que a gente é assim?. Já o segundo é o deprimente Cazuza - Uma Prova de Amor, um show gravado em um teatro, para uma platéia de vips emocionados com sua luta contra a aids. Se é para lembrar de Cazuza, que seja na primeira versão.
Pra Sempre
Cazuza
Universal / Globo
R$ 32,90
www.universalmusic.com.br


Guizado que ora anda, ora desanda

Guizado é o nome do projeto que o trompetista Guilherme Mendonça toca com alguns músicos da cena alternativa, como Curumim, Maurício Takara (Hurtmold) e Ryan Batista e Régis Damasceno (ambos do Cidadão Instigado). A proposta é criar uma música urbana e atemporal, misturando elementos de jazz, rock, música eletrônica e hip hop. Como todo projeto ambicioso, é controverso. Se por um lado, ele realmente parece captar o espírito das grandes cidades em algumas faixas, em outras, o guisado meio que desanda, tornando-se uma grande gororoba sonora, sem melodia ou propósito. De qualquer forma, vale pela ousadia. E lançado na mídia SMD, ainda sai barato.
Punx
Guizado
Diginóis
R$ 5
www.myspace.com/guizado

quinta-feira, outubro 16, 2008

MUDHONEY ENLOUQUECE 1,5 MIL NO PELOURINHO

Fãs enlouquecidos abarrotaram a Praça Pedro Archanjo, no Pelourinho, na quarta-feira à noite, para presenciar o show da banda americana Mudhoney.

O grupo foi o encarregado de fechar com chave de ouro a quarta edição do festival Boombahia, que ocorreu durante o fim de semana passado, no Largo Teresa Batista. Participaram ainda as bandas Pessoas Invisíveis e Nancyta & Os Nunca Vistos, abrindo a noite.

Nancyta trouxe seu novo repertório acompanhada de uma banda pesadíssima e fez bonito, dentro do seu estilo nada convencional (NOTA: confesso que cheguei quase no fim do show de Nancyta, portanto, não posso falar muito).

A Pessoas Invisíveis chegou com o band leader Bruno Carvalho visivelmente nervoso e pilhado, vociferando palavrões, provocando a galera. Pena que logo na primeira música frustrou as expectativas, mandando uma doce balada. Ao longo do show, porém, Bruno & Cia foram se soltando, até terminarem de forma apoteótica, com um cover de Feel Good Hit of the Summer (QOTSA) que abriu uma bela roda de pogo na galera.

Os americanos subiram ao palco pontualmente às 20h30, para delírio de uma multidão que já estava desde cedo na Praça, em clima de grande expectativa. Rodas de pogo se abriram instantaneamente no meio do povo, que dançou o show inteiro, do início ao fim.

Com vinte anos de carreira, o grupo de Seattle (capital do estado de Washington, no noroeste americano) desfiou boa parte do seu repertório clássico, detonando versões matadoras de Touch Me I‘m Sick, Into The Drink, Hate The Police, When Tomorrow Hits e In 'N' Out of Grace, entre outros.

Outra faixa que animou a platéia foi seu mais recente sucesso, I‘m Now!, single do último álbum, The Lucky Ones, cuja turnê de lançamento trouxe a banda ao Brasil.

Considerada pioneira do grunge, estilo de rock sujo e pesado que estourou mundialmente nos anos 90 graças ao Nirvana, o Mudhoney fez em Salvador seu único show no Nordeste – e também o único de graça – deste giro de oito datas pelo Brasil.

Isso atraiu muita gente de outras cidades para o Pelourinho. Segundo a organização, que trocou os ingressos para o show por livros didáticos, veio gente desde Feira de Santana até Teresina, no Piauí, só para ver os americanos.

Quem também prestigiou o evento foi a diretora do Pelourinho Cultural (órgão da Fundação Cultural do Estado) Ivana Souto, a cantora Pitty e membros de sua banda (que fez show quinta-feira na Concha Acústica), além de boa parte da nata do rock local.

Depois do show, boa parte do público ainda rumou para o Groove Bar, onde a banda Coletivo Übber Glam animou a festa de despedida do festival. O baixista Guy Maddison e o baterista Dan Peters compareceram e elogiaram o público, “o mais interativo“ que eles encontraram no Brasil. Elogiaram ainda a organização do evento, o local do show e a cidade do Salvador.

"Eu diria que o festival está consolidado junto ao público", avaliou Messias Bandeira, organizador do Boombahia.

"E mesmo tendo sido antecipado para poder abarcar o Mudhoney entre suas atrações, (o festival) teve uma envergadura maior que a do ano passado. O público foi fantástico, não houve queixas de brigas nem nada do tipo. Somando o público que circulou nos espaços onde o festival se deu nos seus quatro dias (Icba, Largo Teresa Batista e Praça Pedro Archanjo), chegamos à mais ou menos oito mil pessoas", acrescentou.

Para 2009, Messias espera poder aplicar na prática a palavra "Bahia" no nome do festival, levando-o à pelo menos duas grandes cidades do interior. "Para isso, claro, precisamos captar recursos maiores para o ano que vem", observa.

MAIS:

Leia o descontraído bate-papo deste repórter com Mark Arm e Guy Maddison na véspera do show:
http://www.atarde.com.br/cultura/noticia.jsf?id=984828


E LOGO, LOGO, TEREMOS FOTOS DOS SHOWS...

segunda-feira, outubro 13, 2008

RESCALDO BOOMBAHIA 2008 - PARTE 1

Detonação
Parecia combinado: todas as bandas estavam na pilha de arrasar. Organização também foi show à parte

Sucesso total – pelo menos até agora – a edição 2008 do festival Boombahia.

Depois de uma animada abertura no pátio do Icba, na sexta-feira, com debates e shows de Matiz e Alex Pochat, o Largo Teresa Batista ficou lotado no sábado e domingo para as apresentações das bandas locais e de fora do estado.

No sábado, a Vivendo do Ócio confirmou a moral alta, sendo elogiada de forma unânime por todos que viram sua apresentação.

Os Culpados também mandaram bem e fizeram um show no talo, apesar de as composições ainda não entusiasmarem muito.

Já a Lúmpen deixou todos embasbacados com o peso e a energia do seu hardcore old school, sem firulas nem franjinhas.

Os Irmãos da Bailarina e a Lou demonstraram segurança no palco e vêm evoluindo a cada apresentação, mas ainda precisam arredondar mais o som e aparar arestas.

A Theatro de Seraphin fez mais um show intenso e febril, com o guitarrista César Vieira caprichando nos efeitos e dissonâncias.

A Sweet Fanny Adams trouxe de Recife seu som francamente strokiano e agradou aos adeptos com um show bastante correto.

Já a Retrofoguetes – vamos admitir – passou que nem um rolo compressor, varrendo uma platéia 100% enlouquecida. Lindo.

Ao circular pelo local, topava-se fácil com figuras importantes como Paulo André (Abril Pro Rock-PE), Anderson Foca (DoSol-RN) e Ivan Ferraro (Feira da Música-CE), todos felizes e assistindo aos shows atentamente.

“Adoro vir no festival dos outros, por que não preciso me preocupar com nada“, admitiu um simpático Paulo André.

“Quero levar os Retrofoguetes de novo. Acho também que a Lou evoluiu bastante. Pena que perdi a Vivendo do Ócio. Meu curador do APR, Bruno Nogueira, que tá ali filmando tudo, já tinha me falado deles. Eu acho legal a proposta de fazer um rock atual, como a Sweet Fanny Adams“, disse.

No domingo, a festa continuou em alta rotação, com Estrada Perdida, Yun-Fat, Curumin e Ronei Jorge & Os Ladrões de Bicicleta agradando geral.

A Subaquático surpreendeu, enquanto Berlinda, Starla e Declinium fizeram seu dever de casa direitinho.

Relatos também dão conta que o mesmo Paulo André também pirou a batatinha no show da Estrada Perdida, o que é meio caminho andado para Recife em 2009...

Taí um festival que cumpre a sua função.

O POVÃO QUER ROCK

É preciso que eventos gratuitos como o Boombahia, Palco do Rock e Arena 1 aconteçam cada vez com mais regularidade (e qualidade, claro), para que pessoas que normalmente não têm grana para pagar um ingresso na Boomerangue ou Groove Bar tenham acesso às formas realmente alternativas de cultura.

No Largo Teresa Batista, o que se viu foi uma verdadeira salada de públicos, com o chamado “núcleo do Rio Vermelho“ convivendo em total harmonia com a garotada dos bairros periféricos, que compareceu em massa ao Boombahia, algo que só evidencia a carência de opções de uma parcela grande da juventude.


Bastava ver a felicidade nos olhos de quem trazia seu livrinho da oitava série para trocar por um ingresso para o Mudhoney na quarta.

Tinha gente que saía gritando, agitando o ingresso no ar, como um troféu.

O organizador Messias Guimarães Bandeira, que está bancando o cachê dos gringos do próprio bolso, já tem garantido seu lugarzinho no céu só por isso.

Parabéns também à equipe que trabalhou nos bastidores e fez a troca da bandas funcionar sem atrasos. E claro, ao Pelourinho Cultural, pela força.