sexta-feira, março 06, 2009

ORQUESTRA IMPERIAL HOJE NA CONCHA

Repórter encara maratona de entrevistas com três membros da Orquestra Imperial antes do show de hoje, na Concha Acústica, pela promoção Sua Nota é um Show

Surgida há cerca de seis anos no Rio de Janeiro, como uma grande brincadeira entre músicos notórios e amigos, a Orquestra Imperial (em foto de Caroline Bittencourt) se tornou uma sensação no cenário musical carioca com seus animadíssimos bailes com clima de carnaval, despretensão e muita boa música.

Flertando com a boa e velha gafieira, mas com uma certa pegada pop rock, já que a maioria dos integrantes é oriunda da cena alternativa de lá, o grupo resgatou - mesmo sem querer - o estilo das orquestras de baile, gerando uma pequena onda de novos grupos.

No show de hoje na Concha, nove dos cerca de vinte integrantes originais estarão presentes no palco. Confira a escalação das feras: Rodrigo Amarante, Thalma de Freitas, Nina Becker, Kassin, Pedro Sá, Domenico, Nelson Jacobina, Wilson das Neves e Moreno Veloso.

No repertório, clássicos da música nacional em releituras dançantes, incluindo boleros e temas dos anos 60, além de sucessos da música pop, com novos arranjos.

Na abertura do evento, o Rei Momo de 2009, Gerônimo esquenta o público com sucessos como Jubiabá e Eu Sou Negão, entre outros. A festa ainda contará com o DJ Som Peba e o VJ e videomaker Marcondes Dourado.

Nas entrevistas a seguir, saiba mais sobre a Orquestra Imperial e três dos seus integrantes: Rodrigo Amarante (Los Hermanos, Little Joy), a cantora e atriz Thalma de Freitas (voz) e o baixista e produtor Alexandre Kassin (baixo).

SERVIÇO:
Sua Nota é o Show – Orquestra Imperial, Gerônimo, DJ Som Peba e Marcondes Dourado
Concha Acústica do Teatro Castro Alves | Praça Dois de Julho, s/n, Campo Grande.
Hoje, 06/03/2009, às 18h
Trocas por internet e call center: ingressorapido.com.br / 4003 1212


RODRIGO AMARANTE

“Sou velejador, então respeito muito o vento”

O bom navegador tem uma ligação quase umbilical com o vento. É a direção e a intensidade deste último que nortearão o curso de sua embarcação nas águas. Revelando-se velejador nesta esclusiva por email, Rodrigo Amarante (em foto de Caroline Bittencourt) parece navegar calmamente seu próprio curso, de acordo com os caminhos que o vento lhe oferece.

Depois da interrupção que a banda que o revelou para os holofotes da mídia, a Los Hermanos, fez há dois anos, Amarante consultou sua bússola, calculou sua rota e buscou novos destinos a bordo da banda Little Joy e da Orquestra Imperial, com a qual ele se apresenta hoje, na Concha Acústica do Teatro Castro Alves.

Os dois projetos (termo que ele detesta, como se lê na entrevista) não poderiam ser mais distintos.

Enquanto o primeiro traz uma releitura tropical e bem desencanada de um certo indie rock, o segundo, formado por um who‘s who da música carioca, flerta com o som dos bailes de gafieira que parecia, até então, relegado ao limbo. Apesar de não ter um caráter “resgatista“ do estilo, como frisou seu parceiro Alexandre Kassin, baixista da Orquestra (leia sua entrevista mais abaixo), a iniciativa deu frutos, gerando uma pequena onda de novos projetos similares no Rio de janeiro, segundo o próprio Amarante.

Preparando-se para os dois shows especiais do Los Hermanos no festival Just a Fest, onde abrirá a noite com Radiohead e Kraftwerk nos dias 20 (no Rio) e 22 (em São Paulo), ele é lacônico quando se trata de revelar se há futuro para sua antiga banda após estas apresentações. Como ele mesmo já escreveu, “o vento vai dizer“.

Além da injeção de sangue novo que a proposta da Orquestra obviamente traz, graças aos talentos surgidos na última década que constituem sua formação (descontado o senhor Wilson das Neves, claro), o que o projeto traz de efetivamente novo ao cenário da música brasileira? Ou você refuta essa abordagem e não acredita em "novidade" na música?

Rodrigo Amarante: A Orquestra é uma celebração, uma pelada como dizia Seu Jorge, é o jardim da infância eterna. É uma festa mais do que um projeto, entende? É uma celebração da diversidade, da convivência de diferentes mentes, idéias e gerações, que se tornou uma escola para cada um de nós. Agora, musicalmente, qual a importância do que a gente faz eu não sei, isso aí é mais o seu trabalho do que o meu.

O formato orquestra, infelizmente, meio que caiu em desuso nas últimas décadas, devido a uma infinidade de razões. A Orquestra Imperial veio mesmo para ficar ou é um projeto sazonal? Você acha que com o tempo, a iniciativa de vocês poderá gerar uma nova onda de orquestras de música popular, resgatando o formato do limbo?

RA: Quando a gente começou não me lembro de ver bandas assim por aí e agora tem um monte, pelo menos no Rio. Mas a gente é diferente das bandas de gafieira tradicional porque a gente mistura o repertório clássico com qualquer coisa, faz uma putaria danada com os arranjos, mastiga tudo em nome da alegria, anda na corda bamba. Quanto a questão de se nós somos um projeto sazonal, não acho que somos um projeto, odeio essa terminologia, projeto é alguma coisa que não está pronta ou não se tem convicção de que é viável e nós já estamos nessa há sete anos. É sazonal a longo prazo, um estação que vai durar 50 anos, se deus quiser.

Como estão os preparativos para o show do Los Hermanos no festival Just a Fest? Vocês estão ensaiando direto ou estão indo de mansinho, no sentido de deixar a velha química atuar na hora do vamos ver?

RA: Não existe isso de deixar a química atuar quando se trata de tocar bem, relaxado, com uma banda que não se reúne há dois anos. Música também é trabalho (pasme). Muita gente acha que fazer música é fumar maconha e deixar rolar a inspiração, mas é muito trabalho, um trabalho meticuloso que exige horas e horas de prática e estudo. Com a gente não é diferente. A função do ensaio é fazer a gente não pensar no que tá tocando e poder tocar livre de qualquer pensamento mecânico e, aí sim, deixar o corpo falar pela alma, relaxado, sem grilo.

E depois do show do Just a Fest? Há planos para reativar a banda efetivamente?

RA: Ainda não.

Abrir para o Radiohead e o Kraftwerk tem algum significado especial para você? Ou é só mais um show?
RA: Eu adoro as duas bandas, tô muito feliz de poder dividir o palco com eles. Além de poder ver o show de perto. Esse não é só mais um show mesmo!

O som do Little Joy exala uma alegria e uma leveza que eram bem raras no som dos Los Hermanos (salvo engano de minha parte). Foi a sensação de algo começando do zero novamente (um Brand New Start, de fato) que concedeu essa característica ao Little Joy?

RA: Acho que sim, ter tido a oportunidade de começar de novo, num lugar novo, foi uma benção pra mim (e pro Fab). E esse disco foi sendo feito assim, sem muito a gente acreditar que ia mesmo ser um disco, que a gente ia acabar em turnê com uma banda e tudo. Então nossa alegria de tudo isso ter acontecido, de muitas pessoas terem gostado mesmo do que a gente fez é muito grande. A gente é muito agradecido de poder ter tido essa oportunidade, de ter tido tempo de fazer esse disco e essa turnê.

O que o futuro reserva ao Little Joy? Há planos imediatos para a banda?

RA: A gente já tem algumas músicas novas que a gente vinha fazendo na turnê. A questão é que o Fab tá em NY agora com os Strokes então acho eu vou ter que ir pra lá pra gente continuar isso. Vamos ver o que dá.

Você tem planos de lançar disco solo, como fez Marcelo Camelo, ou você gosta mesmo é de atuar em grupo, fazendo parte de uma banda?

RA: Eu gosto de fazer parte de banda, mas pra ser sincero, não escolhi esse caminho, ele me escolheu. Eu poderia ter feito um disco sozinho fossem outras as circunstâncias. O negócio é que o destino se apresentou assim e eu não deixei passar. Sou velejador então respeito muito o vento.

O que você tem ouvido de interessante, Rodrigo? Aqui no Brasil e lá fora?

RA: Esquivel, Zé Menezes, Julie London, France Galle, Serge Gainsboug, Zombies, Devendra Banhart, The Pop's, Cidadão Instigado, Wailers, funk africano dos anos 70, Monochorme Set, Talking Heads, + 2, WIlson das Neves, Victor Araujo, Luiz Melodia, Rolling Stones, Smiths, Adam Green, The Strokes, Fleetwoods, Leonard Cohen, Dylan...

ALEXANDRE KASSIN

Como surgiu a Orquestra Imperial?

Alexandre Kassin: Começou de um jeito nada planejado. A gente tinha uma data no Balroom (casa de shows do Rio de Janeiro), o cara de lá queria uma coisa semanal, e aí marcamos uma temporada e aí rolou legal. Eu liguei pra duas pessoas que tocam soporos e aí eles rapidamente arranjaram outras pesoas, liguei també pro Nelson Jacobina, que eu sabia que gostava de gafieira. Daqui a pouco outras pessoas começaram a ligar interessadas, amigos de amigos, todo mundo a fim de participar. Isso numa quinta feira. Tivemos ensaios sábado e domingo e na segunda estreamos. Nenhum de nós tinha tocado essa música (gafieira) antes, todo mundo era de banda de rock, mas todos gostavam daquele tipo de coisa. E foi isso que deu um som diferente. Era para durar quatro shows e já tem seis anos. Se fosse uma orquestra mesmo,seria bem mal planejada (risos). Tem três guitarras, sabe, umas coisas que não tem um porquê. Temos três guitarras simplesmente por que apareceram três guitarristas. Aí a coisa foi desenvolvendo desse jeito estranho.

O repertório será mais baseado nos bailes, onde vocês executam vários covers ou mais das músicas próprias que estão no CD? O que o público do show de hoje pode esperar?

AK: O repertório ao vivo era das décadas de 50, 60, que a gente achou que não fazia sentido ser regravado. A Orquestra Imperial nunca foi um projeto "resgatista", é uma coisa depretensiosa, mas nada careta, tipo aula de OSPB, não temos nenhuma pretensão de não deixar o samba morrer ou outra logística nacionalista. Como ninguém queria regravar nada, então gravamos as músicas que as pessoas compuseram para o projeto. A gente não é um show, a gente um baile. Mas show de hoje vai ter músicas das duas vertentes.

Você é considerado um dos grandes nomes da música brasileira desta década, como músico e como produtor. Ao contrário de outras décadas, quando os músicos agiam dentro de um nicho próprio (rock, MPB, etc), você transita com facilidade por várias vertentes, de CSS a Vanessa da Matta. Você vê toda a música brasileira hoje como uma coisa só? Caíram todas as barreiras? Onde acaba o rock e começa a MPB?

AK: Puxa, não sei, agora você me pegou. Nunca parei para pensar nisso. MInha banda nos anos 90, a Acabou La Tequila, era basicamente rock, mas não só de rock, a gente do lado do Barão Vermelho, por exemplo, era uma coisa muito distante. Nunca pensei muito nessa coisa de gêneros indefinidos. Acho, na verdade, que alguns gêneros estão se tornando mais fechados. O rock está mais aberto, mas outros gênertos estão mais fechados. O hip hop está menos experimental, menos interessante. Já o rock passou por uma época em que as pessoas começaram a se desinteressar e talvez por isso voltou desse jeito, mais difuso.

Seu projeto mais querido são as produções para os discos dos outros ou as coisas mais autorais, como o projeto +2?

AK: Olha, o que eu me divirto mais de fazer e tocar é a Orquestra. Eu não gosto muito de fazer show, mas com a Orquestra é muito divertido. Geralmente quando o show tá ficando bom, ele acaba. Como o show da Orquestra é grande, podendo durar até quatro horas, então mata bem a minha vontade de tocar. Sobre o + 2, devemos seguir gravando, mas sem muito compromisso, é um projeto aberto. Ainda não pensamios muito sobre isso.

Quais foram as suas últimas produções?

AK: Terminei agora o dvd ao vivo da Vanessa da Matta, o CD da Mariana Aydar e a trilha de um desenho japonês, que é ambientado no Rio de Janeiro, Michiko e Hatchin. A trilha saiu lá no Japão em dois discos, com vinte temas. Foi um ano de trabalho.

Dizem que você é um cara que transita muito bem entre o experimental e o convencional. Como é se equilibrar nessa corda bamba?

AK: Acho que não existe isso, que é tudo a mesma coisa. Esse negócio de que as coisas são diferentes, eu quase discordo (risos). Tem um lance que me anima a fazer música, é que o dia a dia nunca é igual. Por isso que eu não gosto de ter banda,sabe, é quivalente a peça de tatro. Todo dia você tem que subir no palco e tocar as mesmas músicas. E isso é distante da música. Tem um dia que eu tô tocando baixo, outro eu tô tocando um piano malzão (risos), outro dia eu só faço barulho... A vida tem que ter um pouco de tudo. Até em casa, se eu ouço o mesmo disco umas quatro vezes, eu já entendi, então eu quero ouvir outras coisas, para ter outro ponto de vista.

É a primeira vez da Orquestra em Salvador, não é?

AK: Infelizmente, é a primeira vez da Orquestra, mas eu já toquei aí outras vezes, com o + 2, com o Lenine, com Arto Lindsay no Cortejo Afro, no Carnaval. E também com o Acabou La Tequila, acho que em 1995. Adoro tocar aí em Salvador, é uma grande cidade.

Que banda recente te chamou a atenção aqui no Brasil?

AK: Rockz. Eu gosto muito dessa banda.

THALMA DE FREITAS

Quais músicas você canta na Orquestra Imperial? O que o público pode esperar do show de hj?

TF: Entre outras, canto a musica que eu gravei no disco, Não Foi Em Vão, que é minha e Onde Anda o Meu Amor, do Orlandivo. O público pode esperar muita boa música.
É a primeira vez da Orquestra aí, então tenho certeza q vai ser bem legal. Tomara que as pessoas gostem.

Como você entrou na Orquestra? O Kassin disse que o projeto surgiu numa quinta-feira, ensaiou-se sábado e domingo e na segunda, a Orquestra já estava no palco do Ballroom (Rio de Janeiro).

TF: Entrei logo que começou desde a tal quinta-feira. Eu tava no estúdio com o Kassin na hora que o dono do Ballroom ligou para ele fazendo o convite da temporada. Kassin desligou o telefone e me perguntou: "quer cantar numa orquestra de gafieira"?

Qual é o grande barato da Orquestra Imperial?

TF: É tocar com os meus amigos, que també são meus músicos prediletos. A Orquestra tem músicos dos grupos que eu mais gosto, como o Amarante (Los Hermanos), Pedro Sá (Do Amor, Caetano Veloso), Nelson Jacobina (Jorge Mautner), o Wilson das Neves, o Kassin (+ 2). Enfim, tocar com os meus amigos o som que eu gosto. Isso me pira.

Além de ser cantora, você também tem uma carreira sólida como atriz. Do que você gosta mais, de cantar ou de atuar? Ou dos dois mesmo?

TF: (Demonstrando irritação) Olha, me desculpe, mas eu não vou responder essa pergunta. Já tem seis anos que a Orquestra Imperial existe. É óbvio que eu prefiro e gosto de fazer os dois, e conheço muita gente que toca as duas carreiras, atuando e cantando de forma sólida, e ainda dá tempo de sair com os amigos, fazer compras e pagar as contas.

Quando sai seu próximo CD solo?

TF: Vou gravar meu disco novo ainda esse ano, produzido por Kassin e Berna Ceppas, com canções de minha autoria.

Você utiliza recursos cênicos de atriz no palco quando canta? Como você lida com isso?

TF: Palco é palco, sabe? Não uso técnica, uso meu estilo mesmo. Trabalho nisso há vinte anos, então eu nem penso mais.

6 comentários:

Franchico disse...

Bem que mamãe dizia, "filho, seja médico, engenheiro, advogado". Mas nããão, eu tinha que inventar de ser jornalista.

Franchico disse...

Utilidade pública: A Estação da Lapa pode desabar.

Atenção, pessoal!

Repasso p vcs a seguinte informação que o jornal local da Record noticiou hoje: A estação de transbordo da Lapa está condenada, pode acontecer a mesma tragédia que aconteceu na fonte nova, em proporções bem maiores, diga-se de passagem.Será necessário 1,5 milhão para fazer a reforma deste lugar e a prefeitura informa que não dispõe desta verba (gastou tudo na campanha). A promotora de justiça(desculpem, não gravei seu nome) já entrou com uma ação para fechar a estação. Repassem esta informação a todas as pessoas que vcs conhecem que utilizam esta estação para evitar trafegar por lá, por via das dúvidas, neste caso, é sempre bom prevenir porque talvez não tenha como remediar.


Muito Obrigado!
Gustavo Duarte
Duarte Informática

Franchico disse...

Isso promete ser muito bom:

Marvel convida autores indie para histórias de seus personagens

Antologia pode sair ainda este ano

http://www.omelete.com.br/quad/100018424/Marvel_convida_autores_indie_para_historias_de_seus_personagens.aspx

glauberovsky disse...

eu não me importaria em ser jornalista e entrevistar a thalma de freitas...

vou ver watchmen!!! fui!

GLAUBEROVSKY

Franchico disse...

Tem coisas que só Londres pode fazer por você.

Dr. Manhattan de 21 metros é projetado sobre o rio Tâmisa

http://www.universohq.com/quadrinhos/2009/n06032009_06.cfm

Franchico disse...

Esses meninos vão longe...

Fábio Moon e Gabriel Bá na Daslu

http://www.universohq.com/quadrinhos/2009/n06032009_04.cfm