segunda-feira, março 23, 2009

MAIORIDADE NO HARDCORE

Com 18 anos de estrada, banda Dead Fish ajuda a consolidar mercado de porte médio na cena musical brasileira

Os capixabas da banda de hardcore Dead Fish podem até não incorrer no pecado da soberba, mas ao olhar para trás, deve ser impossível não sentir uma ponta de orgulho. Com 18 anos de estrada, a rapaziada chega ao seu sexto disco com uma carreira consolidada e público fiel de norte a sul do País.

Contra Todos, a bolachinha em questão, é a primeira após a saída do guitarrista Hóspede, reduzindo o então quinteto a quatro membros: Rodrigo (vocais), Nô (bateria), Alyand (baixo) e Philipe (guitarra).

O desfalque, contudo, não penalizou a garra da banda, que ganhou mais velocidade e objetividade depois de um CD, Um Homem Só (2006), onde foram experimentados climas mais épicos e subjetivos.

“Pra mim (este CD novo) foi o mais espontâneo e fácil de fazer“, avalia Rodrigo. “Por que simplesmente deixamos rolar. Nosso baterista tem estúdio próprio, o Hell No, aí fomos produzindo com um MacIntosh. Foi um aprendizado brutal e gostamos muito do resultado“.

Afinação baixa – Cru, direto e sem firulas, como todo bom álbum de punk hardcore deve ser, Contra Todos é aquilo que a crítica especializada, na falta de termo mais apropriado (ou mesmo de imaginação), costuma definir como “retorno às raízes“.

“Por isso as pessoas dizem que é parecido com o nosso segundo CD, que fizemos em Vitória. Por que foi feito em várias sessions, jams, horas conversando e dando risada“, revela Rodrigo.

Nem por isso, porém, o álbum soa como mais do mesmo. Talvez também por causa da espontaneidade com que foi confeccionado, o álbum traz temperos diversos ao HC tradicional do grupo, como stoner rock (na faixa Descartáveis) e até heavy metal (em Autonomia).

“Agora como quarteto, ganhamos um pouco de velocidade e também mais peso. Daí a afinação mais baixa e por isso a associação com o stoner e o heavy metal tradicional. Com uma guitarra a menos o som ficou mais grave“, observa o vocalista.

Porte médio – Residente em São Paulo desde 2004, quando assinou contrato com a Deckdisc, a rapaziada da Dead Fish sabe que, nesses últimos anos, cumpriu uma missão quase impossível: manter-se economicamente viável – longe de casa – sendo uma banda de hardcore atuando em um incipiente mercado de porte médio.

Um feito no mínimo notável em um cenário perverso como o brasileiro.

“Estamos indo pro nosso 5º ano aqui em São Paulo. Temos as limitações do estilo, claro, mas como aqui tem uma boa infraestrutura de shows de médio e pequeno porte, isso facilitou muito. Então, a gente consegue viver da parada“, conta Rodrigo.

O esforço do grupo ganha ainda mais valor quando se percebe que, diferente da maioria dos grupos de hardcore de sucesso, a Dead Fish não apela para aquelas letrinhas românticas baratas que ficariam ótimas em canções de duplas sertanejas.

“Cara, isso é complicado e até meio inexplicável. Por sermos muito velhos em relação a essa galera mais jovem (nossa média de idade é de 34 anos), houve uma renovação grande na cena. Nunca fomos uma banda grande estourada, mas sempre tivemos um núcleo duro na nossa audiência. Então quando a gente vai aí em Salvador, dá 600 pessoas, o que é sensacional“, diz.

“Ficamos no meio do caminho. Somos uma banda de porte médio num país onde ou você é mainstream ou não é nada. Agora com a Abrafin (Associação Brasileira de Festivais Independentes), acho que vamos conseguir estabelecer esse mercado médio. Ainda sou otimista de que as bandas da próxima década possam colher os frutos do que as bandas como nós, da década de 90, plantaram“, conclui.

Contra Todos
Dead Fish
Deck Disc
R$ 24,90
www.deadfish.com.br

15 comentários:

Anônimo disse...

Franchico, tú gosta dessa merda mermo? Cruzesss... Cuidado para não começar a assitir campeonato de vale tudo na tv, viu?
Mario

Franchico disse...

Ai, ai, eu mereço... Isso é pauta, Mário. A chefia manda, eu faço. E eu não ouço não, mas eu já tinha percebido que eles têm um valor que os deixa léguas acima daquelas bandas com letrinhas e números no nome. Não é minha praia (vc sabe!), mas no que eles se propôem, mandam muito bem.

Anônimo disse...

Como eu tava temendo... Chicão, nos últimos anos essa banda se afastou muuuuito de bandas como o mokeka di rato e os pedreiro, que são lá da mesma área deles, e tem como maior trunfo a tosqueira desmedida. E quanto as letras deve ter melhorado muuuito nesse último disco, afinal de contas, confio nos seus critérios literários...
Realmente não vejo diferença entre esses caras e o famigerado cpm 22 ou qualquer outro punk/emo/core desses que estão nas prateleiras por aí.
Porém, o rock também é feito de banda ruim, né?
Mario

glauberovsky disse...

chicão,
depois dos deslizes em "watchmen" [que não chegaram a estragar, mas desvirtuaram o original] que acho, cê preferiu nem comentar aqui, lá vem "spirit" [que é o assassinato total do personagem, sem dó. will eisner agoniza!]. coitado do meu amigo chacal, que é fã, como eu...

"MAIORIDADE NO HARDCORE"? existe???? hahahahaha, vão me tacar pedra por isso...

abraço irmãos,
GLAUBERRR

Franchico disse...

Tá certo, Mário. Mas se eles tb se mantivessem como o Mukeka (que aliás, tb gravou seu último CD pela Deckdisc) ou Os Pedrero, eles não atingiriam o público amplo que atingem, né? Mas acho que eles têm dignidade no que fazem. Não acho justo joga-los na mesma vala comum dos CPMs e NXs etc, não. E nem sou fã. Nem os ouço em casa. É uma constatação jornalística mesmo, nada mais.

Glauber, vi o filme do Spirit. Até me diverti ali no momento, mas não gostei. A visão de Miller do personagem está totalmente equivocada. Aquele é o Spirit de Miller, não o Spirit de Will Eisner. A melhor coisa do filme mesmo são as mulheres. Eva Mendes, Scarlet e Paz Vega levantam até defunto do caixão. Mas como filme, é um lixo. Frank Miller, volta pra prancheta, meu filho!...

glauberovsky disse...

hehehe, é isso, chicão. as muié são incríveis, sempre...o spirit de miller não existe. é apropriação indébita! hahaha

GLAUBER

osvaldo disse...

mario, não se preocupe, a bahia ficou imune ao emo (ainda bem!), so que, para variar, pelos motivos errados.os dead fish tem uma trajetoria bem mais integra que os nx, fresno ect., mas na bahia não rola, até porque entre di do nx, e tomate , como diria a rede bahia revista, é tudo a mesma coisa, então jeneusse doree soteropolitana(cor obtida após varios banhos de dendê) adota com mucho gusto o produto local.

Franchico disse...

Uma das minhas bandas favoritas coveriza a única música de Madonna (hj em dia mais Merdonna do que nunca) que eu realmente gosto:

Video: The Flaming Lips "Borderline" Exclusive video

http://www.amazon.com/gp/mpd/permalink/m386YV2CNSD51Y

Anônimo disse...

Osvaldo, você acha realmente que a Bahia está isenta do emo? Não tenho nada contra o emo (apenas não consumo), mas o que vc acha da Vivendo do Ócio? Eles tem uma pegada emo, não? Não é a toa que ganharam o gás sound 2008. E não venha me dizer que isso não justifica, pois vc já ouviu a Voltz, banda ganhadora do gas sound 2007? Se aquilo não é emo eu não sei mais o que é rock. E tem o mesmo estilo da vivendo do ocio. O programa acaba virando fabrica de bandas emo. Afinal de contas é o que vende hoje "música emo para adolescente comprar". O problema é que nossa mídia tem muita resistencia com esse tipo de som, e se a vivendo do ocio não tivesse ganho o festival ninguém ia ta babando os guris como tá rolando agora e nem ia saber da existencia deles ou comentar sobre a invasão do emo na bahia. O problema é que as bandas de SSA de não tem coragem de inscrever nesses concursos que os caras venceram, se não me engano só a Berlinda daqui foi classificada (nem sei como, pois não são emo - por isso não ganharam). Precisamos de mais coragem e menos criticas evasivas ou falta de percepção musical. A Vivendo é emo sim e pronto e tá aqui em Salvador (massa) e isso é um fato. Torço pelos guris e espero que eles cheguem bem longe.

ass.: Joker

Anônimo disse...

Ah, só para concluir. A Vivendo do Ócio é muito melhor que a Voltz.
Abraço!
Joker

Anônimo disse...

vivendo do ócio é emo????
meu deus, que ignorancia... nao tem nada de emo ali, nao é harcore melodico, é dançante, as letras tem outra tematica. se vc ainda dissesse q eles copiam artic monkeys, vá lá... falou merda...

e chicão fez materia com eles no meio do ano passado, ja tinha uma galera gigante que gostava da banda. os shows deles enchiam. o lance é q o gas sound só fez alavancar e dar um empurrao na carreira da banda, que aliás é melhor que 90% das bandas locais.

e Joker, além da Berlinda, a Elipê tb se classificou. e foi pra semi final com a vivendo do ócio.

aliás, a vivendo do ócio tá com moral. soube hj que a pessoas invisíveis foi contratada pela deck, por indicação da vivendo do ócio.

ass: marcio santos

Anônimo disse...

a junventude baiana quer mesmo é quebrar e rebolar ao som do pagode e vcs ficam se preocupando se a vivendo do ocio é emo?
charada

Franchico disse...

É, man. A Vivendo do Ócio não tem nada de emo, não. Só por que eles são jovens, magrinhos, usam tênis all-star são emo? Então eu tb sou!

Rááááááááááá!!!

PS: O primeiro FDP que me chamar de velho e barrigudo vai tomar bifa!

Franchico disse...

Ah! Márcio Santos, essa história da PI na Deck é viagem total, já chequei.

Diz que os meninos da VdÓ realmente recomendaram a PI para Rafael Ramos, mas uma fonte (bem, bem) próxima a banda diz que não houve NENHUM CONTATO da gravadora com Bruno ou quem quer que seja.

Anônimo disse...

a informação me foi dada por integrantes da vivendo do ócio. acho que o pessoal da banda não quis se comprometer.

ass: marcio santos