DVDs com registros de qualidade, apresentando grandes nomes do jazz, não são exatamente a coisa mais rara do mundo.
Mas ver um mito como Chet Baker (1929-1988) tocando seu trompete, cantando e conversando, totalmente à vontade sentado em um sofá, não é coisa que aparece todo dia. É isso que oferece o DVD Candy (Biscoito Fino Internacional), lançado há pouco nas lojas.
Gravado em 1985, na elegante biblioteca da gravadora Sonnet, em Lidingö, Suécia, a filmagem captura Chet Baker três anos antes de sua morte, acompanhado apenas do pianista francês Michel Graillier e do baixista belga Jean-Louis Rassinfosse.
Entre uma música e outra, ele conversa descontraidamente – ou tão descontraído quanto ele pudesse ser – com o também pianista Red Mitchell.
São apenas oito faixas, todas plenas da musicalidade e delicadeza que fez a fama de Baker, incluindo alguns standards, como Love For Sale (Cole Porter), Bye-bye Blackbird (Mort Dixon / Ray Henderson), Nardis (Miles Davis) e My Romance (Richard Rodgers / Lorenz Hart).
Experiência diferenciada
Sentado no sofá, em uma sala de decoração austera, Chet Baker descola os lábios do trompete, após mais uma execução de tirar o fôlego para Love For Sale. Em silêncio, ele recosta-se no sofá, põe a mão esquerda sobre a boca e aperta os olhos, fitando o vazio.
Não há palmas, assovios, gritos de “bravo!“. É nesse clima de total intimidade que o genial trompetista e cantor se apresenta neste DVD.
Tanto quanto a música, o clima intimista, tão caro a este músico em especial, é uma das atrações principais. A sensação é de estar na sala, sentado junto aos músicos.
O copo de cerveja esquentando sobre a mesinha de canto ao seu lado, suas unhas sujas em close apertando as válvulas do trompete, os livros na estante logo atrás do pianista (”Picasso”, lê-se em uma das lombadas), o abajur vermelho ao lado do baixista. São estes detalhes que fazem deste DVD uma experiência diferenciada.
Impressiona também como, mesmo sem bateria, o trio groova bonito em todas as faixas.
Candy / Chet Baker / Biscoito Fino Internacional / R$ 47,90 / www.biscoitofino.com.br
5 comentários:
Podem não ser raros mais não são muitos comuns, e na verdade quase sempre sem o cuidado na produção que os DVDs musicais de gêneros mais populares, principalmente no áudio, já que muitos são de imagens históricas, as vezes de mais de 5 ou 6 décadas.
Chet Baker ganhou fama entre os descolados pela absurda influência que teve no canto da "original" bossa nova. Pena que o que fez ele se tornar cada vez mais cantor foram as surras que tomou de traficantes de heroína que ele não tinha costume de pagar pelo produto consumido ( "...quebrança é crime grave"..., um dia disse um poeta). Por isso o trompete acabou em segundo plano. Uma pena, pois ele era singular tocando, tanto que sua primeira gravação conhecida é com Charlie Parker, somente como trompetista.
Descontados alguns rasgos de genialidade, Prince sempre teve uma certa vocação para autista, mas que agora ele me parece certíssimo – e na vanguarda da vanguarda - ah, parece!
"A Internet está completamente ultrapassada. Eu não vejo motivos para entregar minhas músicas novas ao iTunes ou a qualquer um deles. Eles não vão me pagar um adiantamento por isso e ficam bravos quando não conseguem [o material]".
http://www.omelete.com.br/musica/prince-encarta-novo-disco-em-jornal-e-despreza-internet/
Giron sabe tudo!
"Não quero ver você no Linkedin. Vade retro, Orkut! MySpace? Estou fora. Não pretendo seguir nem Deus nem Lady GaGa pelo Twitter. Me exclua do Sonico. Xô, messengers do gmail, da Microsoft e do Yahoo! Eu quero que você saia do Facebook. E assim por diante, se me esqueci de alguma rede social, saibam que não são bem-vindas. Que diabo, livre-se delas."
http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI134584-15230,00.html
Air no Brasil em outubro.
http://musica.uol.com.br/ultnot/2010/07/05/air-anuncia-tres-shows-no-brasil-em-outubro.jhtm
Um dos poucos shows atuais que eu me dignaria a pegar um avião para assistir.
O uso rotineiro de certas expressões banalizaram certas situações , certos mitos, certas pessoas. Expressões como “O fim de uma era”, “seminal”, “emblematico”’, “histórico”, se tornaram corriqueiras e banais, e são usadas rotineiramente por todos nós enfatizando algum disco, artista, ect. Todas as expressões e adjetivos acima cabem a Robert Christgau, o emblemático, genial e ... melhor critico de musica do planeta, que comunicou recentemente que seu Consumer Guide, que escreve há 41 anos consecutivos e que atualmente é hospedado na homepage do MSN., será encerrado. Com seu estilo conciso , elegante e de uma erudição pop inigualável, Christgau é um critico culto, uma frase sua tem mais densidade que livros inteiros de 99,9% dos criticos, e sua maestria no transito entre o acadêmico e o pop, transformaram suas resenhas em fonte de prazer intenso para amantes da universo musical em geral e o pop em particular. E mais do que isto, o amplo painel musical contemplado pelo Consumer Guide ( eu disse amplo, I mean it) revelam uma devoção , generosidade e inteligência que transcende a mera critica musical e transformaram suas colunas em literatura e , para mim, como exemplo a ser seguido . Afinal, Christgau tem mais de 60 anos, e um dos últimos críticos ativos da era de ouro do rock ( 60s, meados dos 70’s) , mas não perdeu o tesão e paixão pela musica (atual e antiga), dedicando a mesma atenção ao ultimo disco de Ry Cooder quanto o ultimo do Lil Wayne, sem deslumbramentos e mudernagens, sem perder a atualidade. A introdução (epa!) que faz na derradeira Consumer Guide é arrepiante, elegante, e como não poderia deixar de ser, brilhante. Christgau vai tocar outros projetos que exijam uma dedicação menor que as 24 horas por dia,7 dias por semana, há 41 anos. O final da emblemática Consumer Guide marca o fim de uma era... bla bla bla.
Postar um comentário