quarta-feira, julho 28, 2010

O SHOWZAÇO DA VENDO 147 NA SALA DO CORO



Se é verdade que duas cabeças pensam melhor do que uma, então, dois bateristas fazem mais barulho do que um só, certo? Foi com essa expectativa que o show da banda de rock instrumental Vendo 147 na Sala do Coro do Teatro Castro Alves, dentro do projeto Conexão Vivo, teve ingressos rapidamente esgotados e casa cheia para conferir a tal da “clone drum“ (bateria clone).

Depois de um vídeo institucional – mais longo do que o necessário – da empresa patrocinadora, os rapazes da banda foram subindo ao palco para dar início ao show. No palco, Glauco Neves (clone drum 01), Dimmy O Demolidor Drummer (clone drum 02), Pedro Itan (guitarra), Duardo Costa (guitarra) e Caio Parish (baixo), se dividem pelas cores das camisetas.

Os bateristas e o baixista (ou seja, a “cozinha“, vestem camisetas pretas, enquanto os guitarristas sobem de branco. O efeito é interessante e sublinha as constantes que perfazem o som da Vendo 147: o peso das bases e as melodias desenhadas pelos riffs das guitarras.

Calorosamente recepcionado pela plateia, o quinteto começou o show quente, com Kill Bill, faixa do EP demo distribuído no ano passado – e logo de cara a interessante dinâmica da banda é explicitada.

Os dois bateristas, Glauco e Dimmy tem papéis – e personalidades de palco – bem distintas. O primeiro é mais responsável por manter as bases das músicas no ritmo certo, enquanto o segundo costura firulas e acentua nuances com os pratos, o surdo e os tontons, concedendo camadas extras ao hard rock preciso e angular construído pelo grupo.

Glauco é extrovertido, faz caretas enquanto toca, enquanto Dimmy é mais contido e de semblante mais austero. Seus movimentos são mais amplos e requerem a inteireza de seus braços, com as baquetas parecendo extensões naturais deles. Já Glauco é todo antebraços, com movimentos mais curtos, ágeis. Dimmy é grandiloquente. Glauco é espontâneo.

Juntos ao vivo, os dois bateristas se complementam de forma perfeita, fazendo de suas performances um verdadeiro espetáculo – algo raro no rock baiano, muitas vezes prejudicado por atuações acabrunhadas de meninos tímidos para o sentido cênico da coisa. Afinal, rock também é espetáculo.

Cientes da inusitada configuração de palco da Vendo 147, os dois bateristas se esforçam justamente em oferecer esse “algo mais“ cênico no show de sua banda – e marcam muitos pontos por isso.

Mas o trio responsável pelas cordas da Vendo 147 também não deixou por menos e demonstrou grande qualidade instrumental ao longo do show.


Caio, o baixista, segue quase sempre colado ao bumbo partilhado pela dupla de bateristas, mas também adiciona preciosos dedilhados nas psicodélicas passagens de transição (ou bridges, pontes) das músicas.

Já Pedro (portando a mortal Gibson Les Paul) e Duardo (com uma linda semiacústica) partilham de uma dinâmica semelhante àquela implementada por Glauco e Dimmy: um faz a base, enquanto o outro larga ruídos e riffs mais esparsos.

A diferença é que esses papéis se alternam entre os guitarristas, adicionando mais profundidade ao som do grupo.

Em algumas músicas, o quinteto teve ainda a participação de um sexto membro convidado, o percussionista Waldirzinho Pitbull (músico das bandas Motumbá e Salsalitro). Em músicas como as eminentemente percussivas – quase tribais – Vingador e Macaco Asteca, a adição dos atabaques e bongôs foi bem acertada, dando um sabor latino em um som pesado.

Musicalmente, o som é uma saborosa salada de hard rock, heavy metal e sua cria mais moderna, o stoner rock, da forma como foi preconizado pelo guitarrista Josh Homme (Kyuss, Queens of The Stone Age).

Com a ótima estrutura de palco, som e iluminação proporcionada pela produção e pela Sala do Coro, a oportunidade de realmente ouvir as composições do grupo revelou os vários ecos de Black Sabbath, Iron Maiden, Deep Purple, King Crimson e trilhas sonoras de seriados de ficção científica B no som deles.

Por vezes, as músicas da Vendo 147 lembram suítes com diversas passagens por pontes à beira de desabar, túneis psicodélicos, estradas vastas e desertas. Tudo em alta velocidade.

E aqui cabe traçar um paralelo com a principal banda de rock instrumental da Bahia (possivelmente do Brasil), os Retrofoguetes. Se o trio de Rex, Morotó e CH está mais para Perdidos no Espaço, a V147 é Terra de Gigantes ou O Túnel do Tempo.

Os gêmeos malvados dos Retrofoguetes cresceram e apareceram. O público percebeu e fez a banda sair ovacionada.

SET LIST:
Kill Bill
Hell
O Vingador
Aurora
Macaco Azteca
Maverick
Pata de Elefante
Skate o ´ Matic
Satangoz
Medley

Baixe o ep da Vendo 147: myspace.com/vendo147


Fotos: Bruno Sarraf / www.brunosarraf.com.br

8 comentários:

cebola disse...

vi um shou dos caras na Zauber e fiquei de cara! É muito bom mesmo uma banda como essa por aqui. Instrumentar sem punhetices! Direto ao ponto, com o tempero das performances dos batera. junta tudo e fica imperdível assistir ao show. Recomendo muito!

cebola disse...

Foi mal. Quis dizer instrumental...
Mas é isso...Vendo 147 é bem legal. Parei de rimar. Sacal.

Franchico disse...

A propósito, para quem puder ou se interessar, leiam minha entrevista com Tariq Ali no blog do 2+:

http://caderno2mais.atarde.com.br/

Para quem ficou coçando a cabeça sem saber quem é, segue o resumo que abre a entrevista:


Escritor e ativista paquistanês naturalizado britânico Tariq Ali, participante do Semcine

Romancista, cineasta, ativista político, historiador, comentarista social. O multifacetado paquistanês naturalizado britânico Tariq Ali é um dos mais respeitados nomes do pensamento esquerdista – sim, eles ainda existem – atual.

Crítico ferrenho da cartilha neo-liberal, Ali escreve semanalmente para o influente jornal londrino The Guardian e para a revista New Left Review.

Considerado um ícone do movimento anti-globalização, foi um dos principais oradores do Fórum Social Mundial em 2003 e 2005, em Porto Alegre.

Nascido em 1943, começou a se destacar no ativismo de esquerda nos anos 1960. Consta que, em 1967, foi capturado na Bolívia, acusado pelas autoridades locais de ser um revolucionário cubano. Ameaçado de tortura, ele disse aos seus captores que, “se amanhecesse falando espanhol depois de uma noite sendo torturado, ficaria eternamente grato“.

No Brasil, alguns de seus livros publicados são: Bush na Babilônia: a Recolonização do Iraque, Confronto de fundamentalismo, Redenção e Mulher de pedra.

Ele produz filmes e escreve roteiros para cinema e TV. O mais recente – e badalado – é sua colaboração no polêmico documentário Ao Sul da Fronteira (2009), de Oliver Stone, que será exibido hoje (segunda-feira passada) no Semcine, às 15h30, na Sala Principal do Teatro Castro Alves.

Outros títulos incluem Wittgenstein (1993) (produtor) e The U.S. vs. John Lennon (2006), no qual dá seu depoimento.

Franchico disse...

Confesso que não era um grande fã da V147. Mas esse show me ganhou. Os caras tão nos cascos!

Emmanuel Mirdad disse...

Recomendo em alta o show da Vendo 147! Muito bom!

Glauco Neves disse...

TOLOCOOOOOOOOOOO!!! massa galera!

Glauco Neves

Ernesto Ribeiro disse...

Infelizmente, colegas, quanto mais um esquerdista é "respeitado", mais ele é mentiroso.

E cúmplices são aqueles intelectuais que o aplaudem, em Washington ou Moscou.

Tariq Ali é a escória da escória: muçulmano, esquerdopata, vaghabundo, parasita, mentiroso profissional e principalmente HIPÓCRITA. Ele mora em Londres e vive de atacar a liberdade e a democracia ocidental, mas sempre que é convidado a se retirar de volta para a terra natal, ele se recusa a sair do Ocidente e retornar ao esgoto do inferno de onde veio: o Paquistão, o paior país-latrina do mundo, habitado pelo pior povo do planeta.

Ernesto Ribeiro disse...

Versão Corrigida:


Infelizmente, colegas, quanto mais um esquerdista é "respeitado", mais ele é mentiroso.

E cúmplices são aqueles intelectuais que o aplaudem, em Washington ou Moscou.

Tariq Ali é a escória da escória: muçulmano, islamonazista, puxa-saco de ditaduras islâmicas, esquerdopata, vagabundo, parasita, mentiroso profissional e principalmente HIPÓCRITA.


Ele mora em Londres e vive de atacar a liberdade e a democracia ocidental, mas sempre que é convidado a se retirar de volta para a terra natal, ele se recusa a sair do Ocidente e retornar ao esgoto do inferno de onde veio: o Paquistão, o pior país-latrina do mundo, habitado pelo pior povo do planeta.