sexta-feira, julho 23, 2010

MARINHEIROS, PUTAS, ÁLCOOL E CIGARROS










O universo dos bares imundos de cais do porto, das prostitutas, cabarés, marinheiros brigões e demais perdidos nas noites sujas das grandes cidades são o ponto de partida temático do cantor paulista Renato Godá, que acaba de lançar seu primeiro álbum independente, Canções para Embalar Marujos.

No ano passado, ele já havia lançado um primeiro trabalho, o EP Renato Godá (Rob Digital), com sete faixas.

Produzido por Apollo 9 (Otto, Nasi), o disquinho foi tão recebido na imprensa do sul do País e por uma parcela do publico, que o rapaz se animou e deu continuidade com este CD cheio, agora sob a batuta do produtor Plínio Profeta (Lenine, Pedro Luís & A Parede, Fernanda Abreu).

Com influências evidentes de mestres underground que aliavam as baladas marginais e o charme dos poetas vira-lata como Serge Gainsbourg, Tom Waits e Leonard Cohen, Godá passeia por diversos estilos no álbum, como folk, pop rock dos anos 1960, fanfarras, música do leste europeu e a chanson francesa – inclusive com um dueto com a cantora parisiense Barbara Carlotti, na faixa (convenientemente intitulada) Chanson d‘Amour.

“O EP do ano passado foi um rascunho, uma experiência de registro de repertório que nem era para virar disco“, revela Godá, em entrevista por telefone de São Paulo.

“Mas como o resultado ficou bonito, o pessoal foi gostando, foi virando banda, daí virou show e aí não teve jeito, lançamos em CD“, acrescenta.

Assim como o EP, o Canções Para Embalar Marujos foi gravado a toque de caixa, com a banda toda reunida em estúdio, tocando ao vivo e com pouco tempo de ensaio.

O resultado, longe de denotar algum desleixo, ressaltou a crueza das composições e o caráter orgânico de sua música.

“Gravei com uma banda legal, em dois dias. Foi tudo ao vivo, os caras conheceram as músicas ali na hora. Quando eu postei na net, eu pensei: ‘achei minha música, meu jeito de gravar, minha sonoridade‘. Estão lá todos os improvisos, no take um. Minha música precisa dessa sonoridade as vezes mais suja. Aí as coisas começaram a acontecer“, relata Godá.

Com a molecada cult de São Paulo ganha, convites de shows e temporadas nas casas noturnas da Rua Augusta e Vila Madalena começaram a pipocar para o rapaz. Logo, até convites de shows na Argentina e Europa bateram na porta do cantor.

Em Londres, se apresentou em um charmoso clube no qual Madonna costuma fazer suas festinhas, além dos dois Favela Chic – a filial da capital inglesa e a matriz, de Paris.

“Foi super bacana. A (revista) Time Out de Londres fez uma resenha super carinhosa sobre meu trabalho e isso deu uma repercussão incrível. Todos os CDs que tinha levado para vender lá foram vendidos logo na primeira noite“, comemora.

“O que não deixa de ser surpreendente, por que minha música, que ainda é cantada em português tem um padrão que não é bem o da música brasileira que eles conhecem. Mas como foi tudo muito bem, pretendo voltar lá esse ano de novo“, planeja Godá.

Enquanto não arruma as malas, o cantor aproveita a boa aceitação do seu primeiro álbum cheio com shows pelo Brasil. “Fiquei muito feliz com o CD, tá com uma aceitação enorme. Fiz Santos agora, num teatro para 700 pessoas , casa lotada“, garante.

“Tinha uns marinheiros lá também. Um deles veio falar comigo depois, o cara pirou“, ri. “Foi muito surreal, cara. Tô muito feliz com esse trabalho. Inclusive, esse encontro meu deu a ideia de um projeto meio maluco, que é viajar por todos os cais portuários do Brasil com esse show“, delira Renato.

Outro lugar que Godá planeja visitar em breve para cantar suas canções de solidão e malandragem das ruas é Salvador. “Tô louco pra fazer esse show aí. Até por que eu tenho grandes amigos em Salvador, como Márcio Melo e Lanlan“, conta.

“Vou te dizer, eu amo a Bahia“, declara. “Toda vez que eu vou aí, a impressão que me dá é que Salvador é uma cidade com a qual eu me relaciono muito bem. Tenho muita vontade, mas trabalho independente sabe como é, não é fácil. E eu sou um cara muito cuidadoso na questão do cenário, do clima e da qualidade do som, então não teria sentido levar o show pela metade. Mas quando surgir a oportunidade de fazer do jeito certo, terei o maior prazer em ir aí“, promete.

RESENHA: CANÇÕES PARA EMBALAR MARUJOS

Diferente do que se poderia esperar, a persona algo estereotipada de poeta marginal, estilo charmoso-de-cigarro-pendente-no-canto-dos-lábios, construída por Renato Godá, acaba trazendo algo de legítimo em seu cerne. O rapaz, de fato, convence pelo talento exibido em diversas composições do seu álbum, Canções Para Embalar Marujos (Independente).

Claro, sua voz ainda jovem não é nem metade roufenha e dramática como ele gostaria que fosse – mas já está dando para o gasto. E quem sabe, daqui a uns 15 ou vinte anos, ele chega perto do arranhado profundo de um Tom Waits ou mesmo de um Leonard Cohen.

Descontados esses detalhes, Canções Para Embalar Marujos ganha seus ouvintes por pelo menos três grandes qualidades.

A primeira é a rica sonoridade idealizada pelo cantor e engendrada com brilhantismo por Plínio Profeta, além da qualidade evidente dos músicos envolvidos. Ao longo das treze faixas, abundam pianos, acordeons, teclados Hammond, banjos e violões em arranjos muito bem trabalhados. Uma sonoridade realmente encantadora.

As letras de Godá são outro ponto positivo no CD. O carinha parece que nasceu mesmo para fazer esse tipo latin lover, meio apaixonado, meio canalha, totalmente desavergonhado.

Em diversas faixas, ele faz sua profissão de fé, sempre com um certo humor, como na faixa Ideal: “Posso ser de fato um clichê / um vaudeville vulgar / Posso não ter nenhum talento / para ser genial / Posso ser imundo e imoral / como uma mosca de bar / Mas negue que conheço os atalhos / para te incendiar“.

O terceiro ponto positivo de Godá é seu carisma natural – que é tremendamente canastrão, claro, mas no bom sentido e inegavelmente divertido.

Em um cenário musical hoje em dia tão pobre de personalidades fortes e talentos genuínos, está aí alguém a ser observado com atenção.

Canções para embalar marujos / Renato Godá / Independente / www.renatogoda.com.br

28 comentários:

Anônimo disse...

nesse cardápio musical desse rapaz aí melhor só considerar as putas e o álcool e dispensar os marinheiros e os cigarros...e dá mais um grito sem medo de ser feliz: RUSH!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
cláudio moreira

Franchico disse...

Taí, Esc! Concordo plenamente com vc.

glauberovsky disse...

rush

http://www.youtube.com/watch?v=oDqDlRf8wxs&feature=fvst

G.

Old School disse...

Quanto aos marujos,deixa la,mas se o cigarro for da buena pode trazer,hehe.Eu ouvi dizer q o Rush atualmente ta fazendo um show comemorativo do album Moving Pictures,serah q vao com esse show ao Brasil?Eu adoro esses shows onde a banda toca um disco inteiro de cabo a rabo,ainda mais um discasso como o MP,pena q nao vi isso.Gosto muito de tudo dos caras ate o Exit,Stage Left.Depois dai ja nao gosto tanto.Eu aconselho a quem nao gosta do Rush ou nao conhece,oucam os albuns ao vivo Exit,Stage Left e o All The World's A Stage,eu prefiro o ATWAS q tem uma pegada mais hard e crua,tavam no momento de transicao pro progressivo mas ainda tem muito de hard rock ali,o disco eh um coice nos ouvidos!So a sequencia "Overture/The Temple Of Syrinx ao vivo ja vale!E o ESL,uma verdadeira aula de como se fazer musica da melhor!
A unica critica q faco a banda,ou melhor,ao Neil Peart(q obviamente eh um excelente batera),eh q ele toca como uma maquina,toca ao vivo exatamente o q ta no disco de estudio.Acho q no rock eh mais legal quando rola o improviso ao vivo,por isso mesmo prefiro o Keith Moon,se vc ouvir a mesma musica em 10 shows diferentes do The Who,vc vai ouvir 10 baterias diferentes.Sem contar q o maluco Moon nem usava hi-hat ao vivo,era pura selvageria!E na boa,sem comparacoes entre os dois,apenas expressei meu gosto pessoal.

Anônimo disse...

Ô Chicão, pra fazer sucesso tem que ser tipo esse cara aí, é? Tá mal papá...
Mario

P.S. Velho esc., eu achei o show do Rush no maracanã chato prá cacete... Funciona como uma punheta, alivia mas não tem cheiro...

cebola disse...

Da série não vi, ainda nem existe, mas já estou amando tudo isso:
http://veja.abril.com.br/blog/temporadas/pilotos-de-series/hbo-negocia-produzir-serie-de-mick-jagger/

cebola disse...

Por falar nos melhores...mùsica nova do disco de Ron Wood a ser lançado em setembro:
http://www.ronniewood.com/album_promo.aspx

cebola disse...

Essa eu quero ver alguém acertar antes da resposta!!
Qual a banda que só foi superada em vendas pelos Beatles, e cujo álbum de maior sucesso só foi superado pelo Thriller???
Seja lá o que vocês pensaram, aposto que erraram.
R - Gritem beeeeem ALTO: AC/DCCCCCCCCCCCCCC!!!!!!!!!!
Calmas Esc man, leia aqui, entrevista com o biógrafo da banda. Reveladora!
http://www.rockemgeral.com.br/2010/02/03/livro-explica-o-sucesso-do-acdc/

cebola disse...

trecho:
Do que você trata no livro “Why AC/DC Matters”?
É basicamente uma explicação sobre a importância da banda. O AC/DC tem milhares de fãs pelo mundo, vendeu milhões de discos, só foi superado pelos Beatles, e o único álbum que vendeu mais que o “Back In Black” foi “Thriller”, do Michael Jackson. Mesmo com esses fatos, eles ainda são uma dessas bandas que nunca tiveram o mesmo tipo de tratamento da crítica que outras têm. São sempre tratados como o tipo de banda que faz muito sucesso, mas não merece qualquer apreciação da crítica. São tratados como bandas barulhentas, atrasadas, como bandas de metal que só compõem as mesmas músicas o tempo todo, os mesmos acordes e letras estúpidas. Eu trabalhei na Rolling Stone americana durante sete anos e participei de várias reuniões onde discutíamos edições com listas das maiores bandas de rock de todos os tempos ou os melhores discos dos anos 70, e toda a vez que eu trazia o nome do AC/DC à tona, os outros olhavam para mim como se dissessem: “eu nem sei sobre o que você está falando”. Eu queria colocar isso à prova. Se você falar com qualquer músico, engenheiro de som ou produtores, qualquer um do mercado da música, todos falam que o AC/DC entende fundamentalmente o que é o rock’n’roll. Todos que atuam no mercado do rock compreendem, mas a crítica não.

Anônimo disse...

ac/dc é rock and roll jamais heavy metal...rush tem material dos anos 80 que não é tão emocionante, mas o show do maracanã de 2002 foi ótimo...óbvio que qdo eles tocam limelight é uma coisa, qdo tocam Subdivisions é outra energia...quem gosta da banda entende o que eles pretendiam naquela fase nos anos 82/93...o rush não quis se repetir e teve a coragem de não se acomodar fazendo sempre o mesmo e seguiu trilha autoral que faz do conjunto da sua obra algo relevante...poucos moderninhos têm coragem de reconhecer, mas o timbre vocal do cara do placebo é o mesmo do geddy lee...coincidência, influências...sei lá!
cláudio moreira

cebola disse...

Hehehe, eu sempre disse isso (sobre os timbres) e, realmente, muita gente protestou. Só passei a endender melhor a fase 80 do Rush bem mais tarde. Era um pouco xiita e só ouvia o A Farewell to Kings e o 2112 (ainda meus preferidos).

Anônimo disse...

RUUUUSSSSHHHHHHHHH!!!!!!!!!

(Em qualquer fase...)

Márcio.

Anônimo disse...

VIVA O RUSH!!!!!!!!!!!!!!
cláudio moreira

Franchico disse...

E minha caceta tambéééééémmm!!!!!!!!!

Franchico disse...

(Modo velho resmungão on: Porra de Rush, banda chata do caralho, putz!)

Anônimo disse...

chico,
qdo vc começou a gostar de rock, o rush era tido pelo senso comum como uma coisa cafona para os descolados...então, deu no que deu: vc não curtiu na adolescência e agora é que não vai gostar mesmo...melhor vc ficar com o nirvana que tá de bom tamanho para ti, mário jorge e toda penélope reunida
cláudio moreira

Franchico disse...

Ô Cláudio, eu posso ter todos os defeitos do mundo, mas me guiar pelo senso comum nunca foi um deles. Vc me conhece muito bem para saber disso.

E outra: prefiro milhões de zilhões de vezes o Nirvana do que aquele coisa fria, pentelha e pseudointelectual do Rush, não tenho problema nenhum em dizer isto e acabou.

Nem por isso vou ficar perdendo meu tempo para ficar postando comments do tipo "NIRVANAAAAAAAAAA"!

Vc tem o que? 13 anos? Tá na escola, riscando o a de anarquia com caneta na calça jeans? Cresca, rapaz!

E faça o favor de não meter Mário Jorge ou a Penélope na história que eles não tem nada a ver com isso. Se vc tem algum problema com algum deles, seja homem e diga logo, não fique de nigrinhagem não, que isso não é coisa de homem.

Que ressentimento encruado feio, hein? É assim que a gente vê!

Anônimo disse...

vc não tem o menor senso de humor e sinceramente vou ter de desconsiderar de novo...
não desrespeitei ninguém, mas vc...enfim...
cláudio moreira

jorge carvoeiro disse...

hospicio para escoria!end. rua do capeta 666.aberto logo depois do rush.

Franchico disse...

Chato isso, mas porra, sou atacado pessoalmente (e até lateralmente, via amigos) de forma maldosa (é só ler o comment) por uma besteira dessas e eu é que não tenho senso de humor?!?

Osso duro de roer.

Sou obrigado a gostar do Rush? Porra, eu vou morrer não gostando!

Todo mundo que não gosta de Rush é por que aderiu ao senso comum? É "moderninho"?

Então, se eu entendi bem, os fãs do Rush são seres abençoados, acima do senso comum, da crítica?

Putz, me fale de um equívoco!

Enfim, desisto de argumentar com quem não sabe brincar.

Franchico disse...

Só para terminar: quem sabe o que está de bom tamanho pra mim sou eu, porra! (Sem trocadalhos!)

Anônimo disse...

sinceramente, vc está fora do seu eixo emocional...acho fã de rush xiita um cara sem visão...
eu gosto do rush dentro do contexto de um cara que conheceu a banda em 1982 dentro de uma fruição inserida numa coisa de gostar de rock pesado e progressivo
depois com o tempo e maturidade ecom as mudanças da banda, esse gosto evoluiu e se transmutou...
acho que o rush não é a oitava maravilha do mundo, mas uma excelente banda que fez inclusive albuns regulares...em relação aos fanáticos pela banda, me considero um fã crítico, mas fã de coração...por exemplo, demorei quase 10 anos para gostar do presto e hold your fire...agora sua argumentação desequilibrada diz respeito ao momento que vc passa, não a mim...fica em paz...
cláudio moreira

Anônimo disse...

escória, seu bobinho...Que tal cortar os pulsos na água morna...
Mario

Márcio A Martinez disse...

Chico, definitivamente, você tá mesmo um velho chato rabugento...
Porra! Não vi nenhum ataque naquilo... Todo mundo conhece o Cláudio's way of humor e só se esquenta quem quer...
Relaxa essa bundinha de ferro, Chicaço, que deve tá quadrada de tanto tempo que você fica sentado atrás do computador na Tancredo...
Aliás, isso foi uma bricadeirinha, ok? Sem ressentimentos, por favor...
Por favor?

Franchico disse...

OK, até admito que tenho andado meio pavio curto ultimamente. Meu estoque de paciência anda parco.

Mas o comment de Esc ao meu resmungo (contra o Rush, ou seja, longe de ser ataque pessoal contra qualquer um aqui) foi maldoso, sim, quis tirar ondinha com minha cara.

"Nirvana tá de bom tamanho pra vc e seus amigos da Penélope".

O que é isso? Carinho? Não. É agressão gratuita. É subestimar a inteligência alheia. Quem faz isso é que anda fora do eixo emocional.

Mas tudo bem, dane-se. Passou. Fica aí, Esc. Continue postando seus arroubos juvenis no Rock Loco.

E Márcio, deixa de bobagem, né, man! Do jeito que vc falou, parece que eu sou o bicho-papão!

cebola disse...

well...bom, em outubro, o show do Echo and the Bunnymen em sampa será o Ocean Rain completo!!! Ouxe, se eu vou!! A não ser que o céu desabe sobre minha cabeça...
Em 7 de Setembro, temos que comemorar...nada disso que vocês estão pensando. Esta é a data do lançamento do novo disco do Killer original!! Mr. Jerry Lee Lewis: Mean Old Man. Com trovcentas participações especiais! Nem vejo a hora!

Nei Bahia disse...

Sou tão fã do Rush do que Cláudio, já coloquei amizades em risco por causa da banda, mais Chicão tem todo direito de não gostar, e também não gostar desses julgamentos que Cláudio adora fazer de toda a população mundial que não concorda com ele. Eu por exemplo odeio Velvet Underground e Joe Division, e nem por isso Chico fica tentando me demonizar por causa disso.

P.S. - Márcio, vá fazer teste da OAB!!

Ernesto Ribeiro disse...

rarararara... trocadalhos do carilho...

esse é o mesmo esc.man que me dizia reclamando de meu interesse pelo Movimento Punk: "Cê ainda tá nessa de Londres 77? Saia de Londres, cara..."

na hora do rush, é melhor claudio esc e nei morta ouvirem um jazz pra relaxar ou Enya pra dormir de vez.

e aí ele pode comentar: "EEENYAAAAA!"