quarta-feira, agosto 05, 2009

NOVAS MEMÓRIAS IMPLACÁVEIS

Livros continuam a desovar a incrível produção do Pasquim, lar de gigantes do humor e jornalismo

A terceira Lei de Newton (“para cada ação, há uma reação“), nunca foi tão bem aplicada quanto em junho de 1969. Naquele mês, em desaforada resposta ao infame Ato Institucional nº 5, que cassou os direitos constitucionais do povo brasileiro, surgiu nas bancas do Rio de Janeiro um novo veículo de comunicação: O Pasquim, semanário que mudou a cara do jornalismo pátrio e que recentemente ganhou mais duas antologias comemorativas.

O Pasquim Antologia Volume III (1973-1974) e O Pasquim Edição Comemorativa 40 Anos são os dois novos livros que vêm dando continuidade ao trabalho da editora carioca Desiderata de resgatar o que de melhor foi produzido pela turma do Jaguar, Millôr Fernandes, Henfil, Ziraldo, Sérgio Augusto, Paulo Francis, Ivan Lessa e tantas outras feras do jornalismo e do humor que fizeram a fama do hebdomadário, inspirando tantos outros nas décadas seguintes.

Uma ressalva deve ser feita a essas edições, no entanto. O Volume III da antologia, um calhamaço de 376 páginas em formato álbum, entupido de conteúdo (de altíssima qualidade, claro), sai na loja por R$ 79,90. Não é barato, mas a vastidão de textos, cartuns, fotonovelas e outras ousadias editorais da trupe do Pasquim faz valer o investimento.

Já a Edição Comemorativa - 40 Anos, com apenas 40 páginas e uma seleção das melhores capas d‘O Pasquim foi para as livrarias ao preço de R$ 40.

É só fazer as contas: enquanto o primeiro livro traz 375 páginas e custa R$ 79,90, o segundo traz exíguas 40 páginas custando a metade do preço da Antologia. E com um conteúdo que se lê em dez minutos. No mínimo, uma incoerência editorial.

Dito isto, o que interessa mesmo é que, para quem acompanhou O Pasquim na época ou mesmo para os mais jovens, os livros – especialmente a Antologia, claro – oferecem um painel completo do espírito que movia os profissionais do jornal e da produção extraordinária que ele trazia a cada semana.

Nata da crítica – Na época abordada pelo terceiro volume da Antologia, entre os anos de 1973 e 74, escritório do Pasquim se mudou do bairro do Jardim Botânico para Ipanema.

Na redação, Millôr e Henfil comandavam editorialmente, enquanto Ziraldo e Jaguar cuidavam das partes gráfica e da arte. Ivan Lessa e Sérgio Augusto respondiam pelo texto final. Paulo Francis enviava seus textos, vejam só, pelo malote da Varig, um email jurássico.

Esse núcleo – extraordinário por si só – ainda foi agregando em seu torno veteranos e focas, todos atraídos pelo desafio de se insurgir contra as ditaduras que cresciam e se espalhavam pela América Latina como uma sombra maligna, uma verdadeira ave de rapina.

Numa folheada rápida pelas páginas da Antologia, essa indignação salta das páginas, fosse contra os militares que derrubavam governos mundo afora como em um jogo de War ou fosse contra a eterna estultice da classe-média.

Os eventos importantes da época também não passavam em branco, como o escândalo de Watergate que derrubou Richard Nixon, esmiuçado por Francis e Newton Carlos ou o golpe que derrubou Salvador Allende no Chile, a Guerra do Yom Kippur no Oriente Médio e o boom da espculação imobiliária do Rio de Janeiro. Nada escapava à pena – e ao traço – ferinos do pessoal d‘O Pasquim. E o melhor: tudo sempre com muito humor e inteligência.

As entrevistas são um espetáculo à parte. Regadas a muita birita e realizadas coletivamente, eram verdadeiras sabatinas informais. No Volume III da Antologia, entrevistas históricas e hilárias com Costinha, Raul Seixas, Gerado Mello Mourão (poeta, integralista, suposto espião dos nazistas no Brasil), Lúcio Rangel (crítico musical), Moreira da Silva, Luís Sérgio Person (cineasta), Austregésilo de Athayde (o mais famoso presidente da Academia Brasileira de Letras), Lupiscínio Rodrigues e muitas outras personalidades da época. Há até mesmo uma “entrevista póstuma“ com Noel Rosa, psicografada por Sérgio Augusto.

Este último, aliás, tem uma das críticas mais curiosas do livro, sobre Encurralado (Duel, 1971), primeiro filme de Spielberg. Escreve Augusto: “A inteligência não é o forte de Steven Spielberg, o jovem (24 anos) diretor de Encurralado, filme de TV que chegou ao cinema como mais um ovo de Colombo da sociologia midcult“, começou, para em seguida destrinchar o filme com a classe de um mosqueteiro. Outros tempos.

O Pasquim Antologia Vol. III
Vários autores
Desiderata
376 p. R$ 79,90
www.editoradesiderata.com.br

O Pasquim 40 Anos
Vários autores
Desiderata
40 p. R$ 39,90
www.editoradesiderata.com.br

26 comentários:

osvaldo disse...

parabens franchico em ativar a moderaçao. nao da pra levar anonimo a serio, tem que levar(la ele!) na brincadeira.

Franchico disse...

Até demorei, Bramis. Até demorei.

glauberovsky disse...

chicão,
a moderação faz com que as pessoas dêem o melhor de si. o nível é outro.

tenho o branco e o verde do pasquim, vou comprar esse. é sensacional!

GLAUBER

glauberovsky disse...

aumenta o som aí, chicovsky!

T.I.M.E. | "TRIPPING INTO SUNSHINE"

http://www.youtube.com/watch?v=lwBoE-cuQXA

GLAUBEROVSKY

Franchico disse...

Engraçado como imediatamente pararam de enviar aquele monte de mensagem babaca. Bastou ativar a moderação. É como diz a sabedoria popular: malandro gosta é de mole. Deu trabalho, nego se desinteressa rapidinho. Nego não gosta de rock e está cagando pro rock baiano. Nego gosta mesmo é de falar mal, difamar, esculhambar com quem está trabalhando. Confesso que tenho me sentido profundamente enojado disso tudo. Em vez de vir aqui discutir, trocar ideia, se informar ou até mesmo fazer uma gracinha, não: nego vem aqui é na má-fé mesmo, na intenção de descarregar suas frustrações fudidas de fracassado. Pois vcs, que só vem aqui FALAR MERDA, considerem-se permanentemente banidos deste blog. Está instaurada a TOLERÂNCIA ZERO para com os losers neste espaço. Quem quiser divulgar seu trabalho de forma séria e contribuir está dentro. O resto, para mim, deixou de existir. É morto. Acabou. Zé finí.

Franchico disse...

A quem interessar possa...

20 Anos Sem Raul:

Relâmpagos do Rock em show no TVV

Que Raul Seixas, morto há quase 20 anos, foi um dos maiores nomes do rock brasileiro em todos os tempos, todo mundo já sabe. Que sua banda Os Panteras foi seu primeiro trabalho de relevância nacional, também. O que quase ninguém sabia é que a The Panthers (como Raulzito gostava de chamá-la) não foi a primeira banda de sua vida. Dois anos antes de formar Os Panteras, em 1963, Raul integrou o trio Os Relâmpagos do Rock, ao lado de Thildo Gama e Enelmar Chagas – depois substituído por Délcio Gama, irmão de Thildo. Para marcar a ocasião dos 20 anos de morte de Raul, Thildo, Délcio e o poeta Everton Lima revivem os Relâmpagos em show único, no dia 20, no Cabaré dos Novos do Teatro Vila Velha. As reservas podem ser feitas pelo telefone 3083-4600.

Franchico disse...

Atenção, rapaziada:

Policiais militares aprovam operação "Polícia Legal"

http://www.atarde.com.br/cidades/noticia.jsf?id=1202599

Traduzindo: Na prática, hoje (06.08), a partir das 19 horas, não tem mais polícia nas ruas de Salvador.

Tranquem-se em suas casas e salve-se quem puder.

L.R. disse...

...Ufa!
Parabéns Chicão, pela moderação!

O blog tava parecendo uma versão digital do programa "A Fazenda". rss

Que os bons ventos tragam de volta o debate saudável de ideias e as novidades da música...

Longa vida ao Rock Loco!

Anônimo disse...

chico, em poucas palvaras:
seja vocẽ e mantenha a humildade!!!!!!!!!!!!
não se infecte!
abraços
cláudio moreira

glauberovsky disse...

chame o ladrão!

GLAUBER

Anônimo disse...

Deixa ver se entendi. Agora, com essa moderação, falar mal do retrofoguetes vai ser proibido, né?

Emmanuel Mirdad disse...

Chicão!

Confira uns vídeos da breve passagem do Rômulo Fróes por Salvador, ontem, na Midialouca. Teve até Maniçoba no final do show!

O CD duplo "No Chão sem o Chão" é bom pra caralho, velho, já ouviu? Sonzeira mesmo, com os músicos influenciados por Lanny Gordim e Tutti Moreno, e uma porrada de composição inédita impressionantes.

Abs, meu velho.

Aqui: www.elmirdad.blogspot.com

Anônimo disse...

muito bem moderado... parabens!
ass: furador de bloqueios

cebola disse...

O cinema fica mais triste. Morreu John Hughes. Eu continuo assistindo Curtindo a vida adoidado sempre q posso.

osvaldo disse...

John Hughes R.I.P

Morre o diretor de 'Curtindo a Vida Adoidado, classico absoluto dos 80

http://diversao.terra.com.br/gente/noticias/0,,OI3910774-EI13419,00-Morre+o+diretor+de+Curtindo+a+Vida+Adoidado.html

osvaldo disse...

no front novo, os nao tao novos sons do folk escoces do broken records e a eletronica "light" do fever ray( alias karin dreijer), tb vocal do knife.em coisas meio estranhas the smithereens plays tommy, no qual o veterano grupo de new jersey toca a obra-prima do who na sua integra.nada mal.nada mal mesmo.

Franchico disse...

Falar mal é proibido, sim. Se vc tem uma crítica, faça-a como dever ser feita: de cara limpa, assinando seu nome e com argumentos. Falar mal por falar mal é coisa de gentalha, de gentinha. Então, quaisquer comentários "falando mal" dos Retrofoguetes serão, sim, RECUSADOS. Quer criticar? Critique! Quer falar mal? Vá pra PQP!

Anônimo disse...

chico,
anônimos e bizarrices à parte (afinal também fui atacado por eles e sou contra não se assinar texto)...sua defesa apaixonada da referida banda está demais para um jornalista isento como tu és...
cláudio moreira

Franchico disse...

Cláudio, faça o favor de apontar aí aonde eu fiz "a defesa apaixonada" dos Retros, na moral. Me aponte, mas com aspas e tudo, OK? Como se sabe, o ônus da prova cabe ao acusador. Então eu quero que vc prove por A + B isso aí que vc está me acusando. Aproveitando, sinto te dizer que a cada dia vc me decepciona cada vez mais. Gostaria de saber o que vc está ganhando com essa campanha contra os Retrofoguetes. Seu único mérito nessa história é não ser hipócrita ou covarde e assinar suas críticas. Mas essa sua insistência em atacar uma banda honesta como os Retros só depõem contra: 1) seu caráter, que até então eu julgava ilibado. 2) Sua sanidade mental. Abraço.

Anônimo disse...

agora chico, vc vem com essa figura de retórica para se justificar por mais esse ataque pessoal porque fiz um comentário direto sobre seu papel no rock loco... espero que sua consciência lhe traga de volta a humildade que sempre lhe foi característica...se me quer fora daqui conseguiu...adeus...
cláudio moreira

Anônimo disse...

chico,
se não for ironia faça-me um favor, please:
releia a sua recente matéria capa do caderno 2 sobre o novo álbuma da referida banda
cláudio moreira

Franchico disse...

O que vc vê como "defesa apaixonada", Cláudio, eu vejo como jornalismo. Recebi a pauta e a cumpri da maneira que ela deveria ser cumprida. Os elogios que estão lá não estão lá de graça. Estão por que correspondem ao trabalho que nos foi apresentado. Se vc não concorda, muito bem, direito seu. Mas não chame minha matéria de cunho jornalístico de "defesa apaixonada". Fora que vc saiu do âmbito da discussão. De alguns posts para cá, vc e mais alguns desocupados frustrados fracassados resolveram transformar uma banda respeitabilíssima em cocô do cavalo do bandido, simplesmente por que vcs resolveram assim e pronto. Te digo que aqui neste blog esse tipo de babaquice não será mais permitido, por que quem manda nesta merda aqui sou eu. Seu problema é que vc é obcecado. Então nenhum argumento meu vai te convencer de nada. Nem é minha intenção te convencer de nada. Vc tem todo direito de achar a banda uma merda. Assim como eu tenho todo o direito de começar a rechaçar e recusar suas críticas infantis e obcecadas. Eu queria que vc me apontasse a tal da "defesa apaixonada" aqui, nos comentários dos últimos posts, mas vc foi pro lado mais baixo e resolveu usar meu próprio trabalho contra mim. Pois fique sabendo que assino embaixo de cada vírgula daquela matéria, mil vezes se preciso fosse. Fim de discussão, que eu estou muito ocupado e já me aborreci demais com tanta tolice.

Franchico disse...

Nisso tudo, até esqueci do mais importante: ponha na sua cabeça que "a referida banda" não precisa de "defesa apaixonada" de quem quer que seja. Simplesmente por que ela não está sob qualquer tipo de ataque. Só na cabeça de vcs isso acontece. Sabe por que? Por que vcs são todos ES-QUI-ZO-FRÊ-NI-COS. Conselho de amigo: procurem um médico.

Anônimo disse...

chico,
fique com sua razão que eu fico com minha tranquilidade
cláudio moreira

Franchico disse...

Então ficamos combinados assim.

Anônimo disse...

Cláudio tá chá chá cháto pra caralho.

Mr.Mambo.