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Na infância:
Eu era muito tímido e concentrava todos os meus desejos através da música. Tudo para mim vinha através da música. Eu me lembro de tardes inteiras sozinho no meu quarto ouvindo música, sem fazer mais absolutamente nada. Mas ouvindo música no sentido mais amplo da palavra: atento, ouvidno o baixo, ouvindo a guitarra, o pratro. Tirava um disco, colocava outro. Eu não ficava divagando sobre outros temas. Eu ouvia tudo com a maior atenção, como se estivesse aprendendo alguma coisa. Mas na verdade, era mais um estímulo para a sensibilidade, mesmo. Aquilo me possúía de uma maneira... Hoje eu acho impressionante. Na época era tão natural, tá entendendo? Era tão natural gostar daquilo, eu me sentia excitado com aquilo, eu queria fazer parte daquilo no meu mundo imaginário. Era assim, muita música o tempo todo. Enquanto que os moleques gostavam de jogar bola, ir para a quadra... Eu tinha um amigo aqui em Salvador que nunca mais eu vi, chamadao Mário Mílton, eu não lembro o sobrenome dele. Nós estudávamos no Colégio Antônio Vieira, e no recreio - ele era um ano mais adiantado que eu - a molecada toda ia jogar bola, quem não tava jogando esparava a de fora. Eu me lembro que ficávamos no cantinho da quadra, dizendo: "Você viu o cabelo de Brian Jones, bicho"? "Eu viiii. Eu queria botar o meu por cima da orelha, mas meu pai disse que era coisa de veado. Aí mandou eu cortar o cabelo".
Eu morava na Graça, na Rua Horácio Urpia. Passei ontem pela porta, graças ao Osvaldo (Silveira) Júnior (Bramis), que me levou pelos caminhos do tempo".
Osvaldo (Bramis): "Ele era vizinho do pai de Pedro "Bó" Rocha (ex-baixista da banda Sangria, tocou com Marcelo no show do Groove Bar), Mário e Lula, irmão dele".
Primeiro Contato com o Rock:
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Néctar, a loja de discos:
Tive antes de viajar para os Estados Unidos, entre 1975... Antes eu trabalhei com meu pai (Dr. Fernando Nova, fundador do Instituto Baiano de Reabilitação em 1956). Ele era médico e ele tinha uma clínica de fisioterapia e eu fui fazer palmilha para pé chato, tinha uma expressões. Era... genuraro e genuvalgo, pé que tinha muita curva, pé que tinha pouca curva... Eu fazia pedigrafia, que era um aparelho simples, era de madeira com uma camada de plástico, de borracha em cima, bem fininha, tinha uma tinta a pessoa pisava por cima do plástico e fazia a impressão do pé. Fiz isso duante um tempo com ele. Vendi seguro também, da Mombrás - Montepio dos Militares do Brasil (risos). E queria fazer um programa de rádio. Eu vivia nessa. A loja foi mais uma tentativa de me aproximar da música. Era uma lojinha, na verdade, na Rua Barão de Itapoan, na Barra. Durou dois, três anos, quase. Aí, em determinado momento eu passei o ponto da loja e com a grana que eu ganhei, fui passar três meses em Nova Iorque. Na verdade, fui passar um mês e fiquei três. Isso, em 1980. Foi a primeira viaem que fiz para fora do Brasil. Eu já era radialista, né? Em 1978, fui trabalhar na Rádio Aratu FM. Além (do programa) Rock Special, eu fazia a programação da rádio. Você ouvia Frank Sinatra cantando My Way e quando acabava, entrava Sid Vicious cantando My Way junto, colado. Principalmente para levar os donos da rádio e seus familiares a loucura completa. Por que (naquela época) FM não era esse bagulho completo que se tornou hoje, não. Era sinônimo de de sofisticação. Quem era povão ouvia AM. Quem tinha 'bom gosto' musical, ouvia a FM, que era uma programação selecionada, para pessoas que realmente conheciam música. Aí eu tocava Frank Sinatra cantando My Way e todos os donos da rádio em casa, tomando banho de piscina com seus amigos influentes, diziam: 'olha aí a minha rádio, o nível da programação da minha rádio'. Aí depois entrava Sid Vicious bêbado, vomitando e cuspindo e cantando My Way. 'Queeeem foi o filho da puta que botou isso pra tocar?' (Risos).
Osvaldo: "Uma coisa interessante aí, Marcelo, era como esses discos chegavam na sua mão. Até o Kid Vinil fala sobre isso no Botinada (documentário sobre a história do punk rock no Brasil, de Gastão Moreira, disponível em DVD). Vários desses discos chegavam lá nas gravadoras do Sul e ninguém sabia do que se tratava. Aí mandavam pro Marcelo Nova na Bahia.
Marcelo: (Na época) Ninguém sabia o que era o (The) Clash. Ninguém sabia. Ninguém tinha menor ideia. Sex Pistols? Era uma coisa que o cara tinha ouvido falar e só sabia que era uns caras se vestia toda rasgada (risos). Era uma banda que se vestia podre, uma banda rota.
Osvaldo: O interessante é que com a loja e o programa, ele acabou se tornando uma referência. Chegava um disco que ninguém sabia o que era? Mandavam pra Marcelo. Eu vivia peruando na Néctar e na época não tinha internet.
Marcelo: Mesmo durante a época da programação da rádio, os caras me levavam pro Rio, abriam um armário com 300 LPs que eles não sabiam literalmente o que fazer com os discos. Eu me lembro que eu peguei o cara da Polygram, que na época era Phonogram, e hoje é a Universal, eu fui falar pra ele o que era The Jam, Siouxsie and The Banshees... Ele não tinha a menor ideia. A menor ideia. 'Marcelo, vem cá, você conhece isso aqui? Dá pra vender?'. (Risos) Muito bom! Os caras da indústria, cara! Muito bom!
Osvaldo: Uma coisa que impressionava a gente é que, como ninguém sabia o que era aquilo, não tinha internet, nada, era você que tinha que captar o espírito daquela porra sem ter informação. 'O que significa isso'?. Ninguém tinha, ninguém sabia. E ele (Marcelo) era um dos caras que conseguiam pegar – não se sabe como, morando na Bahia – ele conseguiu entender aquela porra e traduzir pra gente. Ninguém sabia o que era aquilo. Nem ele sabia. Era instintivo. Isso era foda! Eu me lembro do disco do Radio Birdman...
Marcelo (interrompe): Você lembra do Radio Birdman (clássica banda do punk rock australiano)? Radio's Appear! (LP de 1977). (Risos)
Osvaldo: A gente ficava coçando a cabeça: QUE PORRA É ESTA? (Risos) E ele ficava lá, 'não por que isso é uma banda australiana assim assado', ele criava uma interpretação ali na hora. Era criação.
Marcelo: Eu sabia que a banda era australiana. Aí eu ouvia, entendia uma boa parte do que eles tavam falando outra parte não entendia mesmo e fazia uma interpretação em cima disso. Do que era, qual era a intenção, pra onde a coisa musicalmente ia... Era...
Osvaldo: A gente comprava a Melody Maker (revista inglesa de rock, já extinta), que chegava (na banca) A Revista, na (Rua) Afonso Celso (na Barra), com quatro, cinco meses de atraso, quando chegava. E mesmo eles naquela época não tinham a menor ideia do que estava acontecendo.
Em NY:
Foi importante, por que vi vários shows lá. É o que eu falei dos Panteras: o contato visual é importantíssimo. Eu já imaginava fazer parte de uma banda, integrar uma banda. Mas onde é que eu ia arranjar um guitarrista tão bom quanto Jimi Page? Ou um baterista tão bom quanto Ian Paice? Não tinha isso. O rock, naquele momento ali, era uma coisa que estava muito distante, concentrada no virtuosismo de cada integrante da banda. E o punk, de uma certa forma ou de todas as formas, veio e derrubou isso. Desmistificou isso. E isso eu vi. Os caras com quem eu saía em Nova York, eles trabalhavam em loja de disco de manhã e de tarde. Quando era de noite, eles pegavam um amplificadorzinho, uma guitarra Telecaster velha e iam pro CBGB's ou outra casinha tocar. Aí eu pensei: 'ora, isso eu também sei fazer'. (Risos) Aí comecei a arquitetar a ideia de que, quando voltasse pro Brasil, eu ia fazer uma banda nesses moldes, né? 'Faça você mesmo'. Como eu não sabia tocar instrumento nenhum, mas eu conhecia música, eu ouvia muito, eu percebi que eu poderia escrever, que era o que eu gostava mesmo de fazer. Eu gostava de contar histórias, eu gostava de escrever. E de ler. Eu gostava de ler, portanto gostava de contar histórias, portanto achei que poderia escrever textos de canções. E foi isso. Eu comecei a escrever primeiro em cima de músicas que eu ouvia do The Jam ou do próprio Clash... Mas até quando eu escrevia era diferente, né? Você pegar uma música como Complete Control, do Clash, que fala de uma outra coisa e eu fiz uma música chamada Controle Total (Fermata, 1981, primeiro compacto do Camisa de Vênus). Ou seja: como eu não sabia compor, eu escrevi um texto falando sobre a Bahia, a cena cultural e musical baiana. Mas aí, como eu não sabia compor, eu adaptava esse texto para uma música do Clash. Que não tinha nada a ver com aquilo que eu tava falando. Mas que caía como uma luva!
Bete Morreu:
Era uma matéria de jornal, falando sobre a menina que tinha sido violentada e um chofer de caminhão tinha encontrado o corpo e tal. Basicamente foi isso.
Pára a entrevista, atende o pessoal do programa de rádio Roda Baiana e fala ao vivo:
"Vc sabe que Os Panteras foram meus Beatles, né? Eu molequinho, eu tinha meu contato auditivo com música, com o rock espcificamente, mas eu nunca tinha visto. A primeira vez que eu vi uma banda na minha vida, a dois metros de distância foi Raulzito & Os Panteras. Então tem muita gente que gostaria de ter visto os Beatles. Eu não só vi, como hoje toco com os 'meus Beatles'. (...) Rapaz, olhe, eu não entrei por que vc mandou. Eu não faço nada que ninguém me manda, entedeu? Se vc tivesse sugerido essa possibilidade, talvez eu ainda lhe atendesse, mas apesar de velho, vc sabe que ainda tem um certo antro de radicalismo dentro de si que vc não consegue se desvencilhar. Mas vc pode ter certeza (risos) de uma coisa: dia 6 de outubro a gente vai tá aí, velho (no Música Falada, no TCA). (...) Na verdade, é isso mesmo, é tocar pra molecada, meu filho Drake vai tocar comigo também. Chega de velho, né? De velho já basta eu. Aquela má vontade desgraçada pra ligar o amplificador, aí reclama de tudo, da comida, do avião, da aeromoça... Negócio de velho mesmo. Então agora eu tô me divertindo tocando pra molecada. 'Marcelão é o cara e tal', beleza! 'É isso mermo, meu filho, vamo lá, vamo tocar'. Sim, venham mesmo, vocês são bem-vindos. (Muito naturalmente): Prometo que no Música Falada eu vou destruir numa noite tudo o que vocês construiram em anos. Pode deixar comigo. (Pausa. Começa a rir). Não, queisso, 'magina! Obrigado a vocês. Abraço! (Desliga o telefone, volta a conversar na mesa). 'Você entrou no site do Música Falada que eu mandei?' 'Meu amigo, eu não faço nada etc'. (Ri desbragadamente). Osvaldo, ninguém, ninguém (bate no peito) me manda fazer nada, velho! Nada!
Relação com a Bahia:
Desde muito cedo (comecei a perceber que não me identificava com a Bahia). Muito até por causa dessa história mesmo do rock. Era uma cena... por exemplo: depois daquela coisa anos 60 do Raulzito & Os Panteras e outras bandas que tinham aqui em Salvador, isso desapareceu completamente e acho que depois tinha o quê... Mar Revolto, eu acho, que foi a banda dos anos 70 que tinha uma relação próxima com o rock 'n' roll. E eu ia muito pra São Paulo, por que minha mãe tinha uma irmã lá. Então eu passava as férias de junho e julho na casa dessa minha tia em São Paulo. E eu sempre me senti atraído pela cidade grande, aquela série de outras possibilidades, por uma coisa mais... mais... mais urbana mesmo. E toda vez que eu ia pra São Paulo eu comprava uma porrada de discos... Era o meu 'parquinho mesmo. Então, quando finalmente surgiu a possibilidade de sair de Salvador, através do Camisa de Vênus para tentar uma carreira nacional, até porque nós não tínhamos mais nada para fazer aqui, o que tinha pra fazer, já tínhamos feito, eu passei sete, oito meses morando no Rio de Janeiro. Mas também não consegui me identificar nem me relacionar com a cidade, com o ambiente sócio-cultural do Rio.. Eu percebi que era São Paulo mesmo a cidade que eu tinha de ir. Nós do Camisa ainda tivemos um encanto muito grande por Porto Alegre, por que nós saímos de Salvador, íamos pro Rio, SP, mas os primeiros grandes públicos que nós tivemos foram em Porto Alegre. E as gaúchas eram muito atraentes do ponto de vista físico e elas nos perseguiam no meio da rua, como se fôssemos John, Paul, George e Ringo, entendeu? Então isso era muito interessante. Os baianinhos, queimadinhos do sol, com aquelas loiras de olho cinza, azul, aquelas alemãs, italianas de um metro e oitenta. Ali era uma espécie de colônia de férias do rock. Uma Disneylândia no bom sentido. A Disneylândia que Michael Jackson com certeza não gostaria. (Risos). Mas pra ficar, pra trabalhar, pra ter uma base mesmo, organizar uma banda, um centro de onde você pudesse partir pra viajar pelo país, o lugar mais adequado era São Paulo mesmo.
Incidente com Clemente e os punks:
Na verdade, não foi no Madame Satã. Foi no Carbono 14. Eu me envolvi numa discussão com um cara, e esse cara tava com mais cinco ou seis caras, e quando a coisa... Eu era um menino de temperamento quente. Quando a coisa esquentou, ele puxou um punhal pra mim, com uma lâmina enorme e veio pra cima. Clemente simplesmente pulou na frente dele, virou pra mim e falou: 'saia fora que eu resolvo'. E foi exatamente o que eu fiz. Só que, como eu era um moleque da cabeça muito quente, eu fui pra casa e peguei um 32 que meu pai tinha deixado pra mim quando morreu. Peguei e voltei. 'Ah, é punk? Então agora eu vou mostrar como se pode ser punk, mesmo'. Só que, quando eu cheguei lá, o cara já tinha ido embora. Clemente veio falar comigo: 'oi, eu sou o Clemente, eu sei quem você é, você o cara do Camisa de Vênus', Aí eu agradeci a ele, por que se não fosse ele, eu provavelmente teria virado churrasquinho, por que eram seis caras e armados, né? Aí ficamos conversando e até hoje eu digo pra ele: 'Clemente, eu sou um sujeito tão imerecedor da luz divina, mas tão imerecedor que todo mundo tem um anjo da guarda lourão de asas longas. O meu anjo da guarda é preto!". (Risos) E Clemente até hoje é um grande amigo meu. Outro dia tocamos juntos e ele falou pra mim: 'É, se eu soubesse que tu ia dar nisso, tinha deixado tu morrer lá na faca!'. (Risos) Ficamos amigos a partir desse dia, lá no meio dos anos 80.
Rock Special:
As pessoas paravam mesmo pra ouvir! O curioso é que era um programa de rock 'n' roll absolutamente radical, por que só tocava rock 'n' roll mesmo e 70%, 80% do que tocava não era lançado no Brasil, não eram coisas que as pessoas pudessem encontrar nas lojas, e isso começou a chamar a atenção das gravadoras que ficavam no Rio e São Paulo. 'Pô, tem um cara maluco lá na Bahia que toca um programa de rock'. E começaram a me mandar discos, e me convidar pra ir pro Rio e abrir as prrateleiras com 300 discos que eles não tinham a menor ideia do que era e achavam que, de alguma maneira, eu pudesse ajudar a divulgar aquilo. O que muito me agradava, por que pegava vários discos de boas bandas que eu achava que tinham a ver com o programa e colocava no ar. Foi o meu Autorama. Na verdade, o Camisa de Vênus é que foi o meu Autorama. De vez em quando eu gosto de montar o Autorama, dou duas voltinhas. Depois enjoa. Foi o meu Autorama, o Camisa de Vênus.
As três únicas bandas que importavam nos anos 80, segundo Marcelo:
A reação (ao Camisa de Vênus) sempre houve. A minha incompatibilidade com o cenário baiano depois se estendeu pro rock brasileiro também! Eu continuei fazendo lá o que eu fazia aqui! Só que ao invés de discutir e me incompatibilizar com o - na época não se chamava ainda de axé, eram os telúricos - passei a me incompatibilizar com os tais dos caras do rock brasileiro. E nem era com ninguém especificamente. Era aberto, era franco. Era uma distândcia que havia muito grande a forma de... Primeiro, uma coisa: naquela coisa toda dos anos 80, só tinham três bandas. Três. O resto era tudo segunda divisão. Era Ultraje a Rigor, que era uma banda que tinha um texto que pendia para um certo humor irônico. Você tinha o Legião Urbana, que tinha aquela coisa messiânica de Renato Russo, que era um cara que sabia falar pra molecada, aquelas questões de brigas com pai, com mãe, as angústias adolescentes, ele traduzia isso muito bem. E tinha o Camisa de Vênus, que era uma banda absolutamente anárquica, corrosiva e que não se enquadrava em nenhuma categoria. Por que não era punk, não era pop, não era metal, mas era tudo isso misturado de alguma maneira. O resto era tudo segunda divisão. Essas eram as três bandas de rock que importavam. Hoje todo mundo fala dos anos 80, fulano, sicrano... Quem tava lá sabe: o Led Zeppelin, o Black Sabbath e o Deep Purple (do rock Brasil) não necessariamente nessa ordem eram o Camisa, o Ultraje e o Legião. Ponto.
Por que montar uma banda de rock:
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A missão de Marcelo: esculhambar a Bahia
Era uma coisa juvenil e que remetia a um certo heroísmo: um contra todos. Totalmente quixotesco! Eu me insurgi contra o poder da música baiana de uma forma totalmente radical! Aberta, franca! E eu tinha uns asseclas que compraram a história, que eram caras que não tinham uma... uma direção na vida. Estavam perdidos em Salvador. Perdidos, completamente. Nos insurgimos contra o mito da Bahia, 'a Terra de Io-iô e Ia-iá'.
Osvaldo: É aquela coisa da Bahia mítica de de Ary Barroso, que não existe. É o Valhalla brasileiro. E eu desconfio que Ary Barroso nunca pisou na Bahia. Não tenho certeza. Mas Carmen Miranda nunca botou os pés aqui. Isso não é crítica nem nada, é uma constatação. É o mito da Terra de Felicidade, onde todo mundo é feliz. Nego não ganha dinheiro, mas é legal, a Bahia é bonita, tem sol. Realmente, essa parte é muito bonita, diga-se de passagem, mas... é um mito. Pra quem mora aqui, vive aqui, se fode... Você sabe disso tanto quanto eu.
Marcelo: Eu fiz até uma piada na época: 'Já foi a Bahia, nego? Então, Valhalla!" (Risos)
Se a Bahia estivesse pegando fogo, vai queimar tudo, o que você salvava da Bahia?
Porra! (Risos. Pára e pensa.) Veja bem, eu acho que a distância que eu estou da Bahia é tão grande, que a minha mangueira não ia chegar até lá. Entendeu? (Risos).
Relação com gravadoras:
Praticamente não havia relacionamento por que eles pretendiam algo que eu não era capaz de oferecer. Eu tinha uma visão muito clara do que eu queria. Não vou nem dizer que era certo ou errado. Mas eu sabia o que eu queria. Por onde eu queria percorrer.
Eles acharam que tinham contratado a próxima Blitz mas pegaram foi um Sex Pistols pela frente.
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Cara, eu nunca desejei isso, eu nunca busquei isso (gravar um disco com Raul Seixas). Eu nunca nem sequer imaginei isso. Raul foi um cara que foi uma referência pra mim do ponto de vista de texto. Independentemente do valor estético-poético das canções brasileiras (pré-Raul), Raul foi o cara que instaurou a possibilidade de você, como ouvinte, se identificar com o que ele tava dizendo. Então eu acho que essa peculiaridade dele, essa característica dele é muito marcante. Quando eu ouvi Ouro de Tolo a primeira vez, eu não gostei nem um pouco da música. A música é aquele negócio (canta com voz anasalada): 'nana-nina-nina-nina', aquilo é chato. O arranjo é chato. Mas quando eu ouvi a letra, eu parei para ouvir a letra foi quase como se eu dissesse: 'porra, eu escrevi ese troço e esse cara tá cantando o que eu escrevi. Eu penso exatamente dessa forma'. Ele tinha essa capacidade. Os textos dele.. não era só uma coisa de apreciar a imagem a qual o texto remetia. Não! 'Porra, é isso aí! É isso aí o que eu quero dizer'. Então, gravar com ele, 25 anos depois de tê-lo visto com Os Panteras, foi uma experiência de vida mesmo, de estar no lugar certo na hora certa, de destino mesmo. Na verdade nós nos tornamos amigos primeiro. Nós só fomos compor e gravar um disco quatro anos depois de estarmos andando juntos direto. Se não houvesse amizade, jamais teríamos sido parceiros. Por que a gente saía pra beber, saía pra incomodar os outros, ele ia na minha casa, eu ia na casa dele, a gente ouvia muito Lightnin' Hopkins e Howlin' Wolf e enfim... Até chegar no Panela, foi uma trajetória de amizade. Nós ficamos de 83 até 87, quando gravamos nossa primeira música juntos (Muita Estrela pra Pouca Constelação, do dicso Duplo Sentido, 1987), nós ficamos andando junto. Por que ele apareceu um dia em show do Camisa no Circo Voador (Rio de Janeiro), e disse que queria assistir o Camisa por que era a única banda do rock brasileiro que prestava. Chamei ele pra subir no palco na maior cara de pau, por que nós não nos conhecíamos pessoalmente e cantamos Be-Bop-a-Lula, Whole Lotta Shakin' Goin' On. Quando acabou, ele deu uma declaração no JB dizendo que a única banda que prestava no rock brasileiro era o Camisa de Vênus. Aí ficamos uma semana sem falar com ninguém, né? (Tirando onda) 'Aaah, Raulzito que falou, porra! Aaahhhh!' (Risos) Mas Raul era um cara muito bem-humorado. Louco. Completamente doido, como é fácil de presumir e uma pessoa que - muito pouca gente sabe disso - era muito bem-humorado. E que não dava a mínima pra literalmente nada. Nada, nada. Nada. Eu acabava de ouvir um disco - a gente ouvia em vinil, né? - pegava o disco, botava dentro do envelope, pegava o envelope, botava dentro da caixa. Ele largava o disco no chão, ele pisava por cima do disco, ele não tava nem aí pra nada. Se você dissesse que estava com frio, ele pegava o casaco de couro que ele comprou em New Orleans, lhe dava, você ia embora e ele nunca ia lhe cobrar esse casaco. Ele era totalmente desapegado. Uma vez eu peguei na estante da casa dele um livro, uma biografia de Jerry Lee Lewis, chamado Hellfire. 'Porra, Raul, você me empresta pra eu ler esse troço?' Ele pegou o livro da minha mão, fez uma dedicatória pra mim e disse: 'Tome, leve, vá embora'. E ele não tinha outro daquele. Ele não tinha nenhum apego pela coisa material. Essa coisa normal que todos nós temos de querer guardar, cuidar das coisas, ele não tinha. Tanto não cuidava, que não cuidava nem de si próprio, né? Esse era Raulzito. O Raul que eu conheci. Não esse santinho que querem transformar, o Maluco Beleza bonitinho. Raul era um cara escroto! Fazia comentários avassaladores sobre todo mundo. Escroto no bom sentido, né? Ele não tinha pudores. Ele odiava o rock brasileiro dos anos 80. Odiava! Você como jornalista, se for procurar as declarações dele sobre as bandas dos anos 80, vai ver coisas hilárias. Hilárias! Ele era impiedoso. Esse era o Raulzito que eu conheci. Esse que inventaram depois, esse eu não sei. Eu sou que nem o Repórter Esso, eu sou testemunha ocular da história. Eu tava lá.
Rock baiano: uma contradição em termos?
Depois do Camisa surgiram quarenta bandas aqui. E é natural o rock baiano. Num lugar onde você tem tantos elementos antagônicos, é natural que você tenha um núcleo que se posicione contra. Isso é social, não é musical. É social.
O Galope do Tempo:
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O próximo disco:
É uma coisa que eu não costumo fazer - falar sobre o que eu ainda não fiz - mas estou trabalhando em um conjunto de canções e espero ter a chance de concretizar isso no início do próximo ano. Nunca mais eu vou fazer um álbum parecido com O Galope do Tempo, por que ele tem toda uma peculiaridade e uma longevidade de confecção, por que, imagina, eu nunca pensei que ia passar treze anos compondo, esperando o tempo passar, até por que se é um disco sobre o tempo, como é que eu poderia faze-lo sem dar tempo ao tempo? Não faria sentido fazê-lo em um ou dois anos. Mas agora eu tô fazendo um disco sobre o sexo feminino. São canções basicamente sobre mulheres e confusões com o sexo oposto. u espero lança-lo no primeiro semestre de 2010. Independente, claro. Eu não penso mais em gravadora. Eu não preciso disso. Lamento pela molecada que precisaria de ter alguém para quem mostrarsse, apostasse, trabalhasse. Quem gosta de rock no Brasil sabe quem eu sou. Ou gostam de mim ou me detestam. Eu tenho essa facilidade, né? As pessoas quando gostam de mim me adram. Quando não gostam, me detestam. Então eu não preciso nunca ficar em cima do muro, entendeu? Vou fazer meus discos cada vez mais a minha maneira. Não dá mais pra nem sequer pensar de uma outra forma, seria até tolice. Mas é isso. Aliás, você é o primeiro cara de imprensa para quem eu falo desse disco. Eu nunca antecipo as coisas. Mas acho que de alguma forma nós estamos tendo um papo tão informal aqui. Isso foi ideia de Osvaldo Júnior. Osvaldo Júnior é o Bill Graham, ele é maquiavélico! Ele escolhe os ambientespra deixar as pessoas a vontade, é um filho da puta rapaz, tô te dizendo! (Risos)
Uma possível volta do Camisa:
Ah, Autorama é assim, né? A qualquer hora eu tiro ele da prateleira. Mas falando assim parece que eu tô menosprezando a vontade dos outros meninos. Não é bem isso. O Camisa é a banda que eu tenho maior orgulho de ter montado, feito, participado, sabe? Foi a primeira concretização profissional da minha vida. O Camisa de Vênus é a minha banda, porra! (Bate no peito) Minha banda! Não dou direito a ninguém de falar mal, só quem pode falar mal sou eu, sabe como é que é? Mas o negócio é o seguinte: bandas de rock, cara, têm que acabar cedo. Por que eu tô dizendo isso? Por que banda de rock pressupõe juventude! Pressupõe união! Pressupõe aquele espírito um por todos, os mosqueteiros! Então, eu tô com 57 anos! Eu não posso estar mais com brothers do meu lado vestindo couro preto, xingando garçom, cê tá entendendo, mostrando o dedo pras pessoas na rua. Não cabe mais! Banda é o que eu digo: é o momento! Você vê por aí equívocos muito claros. Veja os Rolling Stones, que é uma banda sensacional, de uma trajetória incontestável, de um talento incontestável, de canções memoráveis, inúmeras delas e você vê os Stones hoje... é um cirquinho! Quer dizer: é um circão! Muito bem montado, muito bem produzido, mas é um teatro! Você vê Mick Jagger com aquela obsessão em parecer jovem, ele é obcecado com isso! Em mostrar a forma física, em demonstrar que está bem, que é capaz de correr o show inteiro. O risco que ele corre é o netinho olhar praquilo e dizer (fala com voz de criança): 'Ih, o vovô é bundão, ele fica mexendo aquele cu magro dele, que ridículo!'. Por que você rebolar aos 20, OK! Mas aos 60 e tantos? Francamente, é ridículo! Então, esses equívocos que você vê numa banda da dimensão dos Stones... Não, tem alguma coisa ali que não é exatamente isso. Então eu penso mesmo que banda... banda é pra ele (aponta para Drake), que está com 16 anos. Banda de rock! União! Tesão! Vontade de comer as menininhas todas! Todas! A plateia toda, camarim inteiro, virar tudo de cabeça pra baixo, fuder, fumar e botar pra quebrar! É coisa de moleque, de andar junto! Isso é que é banda de rock! Muita testosterona. Então, finalmente respondendo a sua pergunta, isso não quer dizer que você não sinta vontade de, ocasinalmente, brincar de trenzinho! Pegar o Autorama de dentro armário e dizer: 'Aaah, vamo fazer um racha aqui! Vamo fazer um racha!' Se o racha for do meu interesse e dos demais participantes da corrida, por que não? Por que não? Mas evidentemente que é isso que fizemos agora em 2007. Fizemos dez shows. Acabaram os dez shows, acabou. Cada um voltou para suas atividades. Não existe mais essa possibilidade de fazer uma carreira! Talvez um dia, quem sabe, a gente grave um disco. A troco do quê, não sei. Hoje, agora, nesse momento? nem pensar! Mas, afinal de contas, o Camisa já é uma banda que tem... cacete! Quase 30 anos. Em outubro de 2009 fazemos 29 anos de banda! São praticamente três décadas de banda. E nós ainda estamos aí! Agora, também não podemos demorar muito por que senão a próxima turnê, se tiver, vai ser todo mundo de cadeira de roda! E bengala. (Risos)
31 comentários:
Texto integral da entrevista que saiu ontem na Muito - aqui, com direito a todos os palavrões de Marcelo e intervenções de Bramis, que, como já disse, foi o grande responsável pela entrevista ter saído "descontraída" assim, além de ter feito os contatos. Não tenham pressa. Tá gigante mesmo. Mas eu não queria toda essa prosa boa empoeirando em um arquivo de word. E Bramis: vc ruleia, man!
Parabens Franchico.Foi uma honra participar desta entrevista que vc conduziu com honestidade e integridade.Um daqueles momentos para se guardar.
Pô, Bramis, foi um prazer imenso pra mim - como jornalista e velho fã do Camisinha....
Esse fim de semana me atraquei com o novo livro do Ruy Castro (nenhum parentesco comigo - infelizmente), O Leitor Apaixonado: Prazeres à Luz do Abajur.
Trata-se de uma coletânea de crônicas literárias sobre literatura (claro) e jornalismo.
Em tempos de obscurantismo desenfreado, intolerância estúpida e tantos valores invertidos, este livro é um bálsamo de jornalismo à moda antiga, escrito com extrema classe e leveza por um sujeito iluminado, praticamente um erudito.
Coisa fina, recomendadíssima.
Breve, mais sobre isto e aquilo.
parabéns, osvaldão e chicão. muito bacana, a entrevista. ri muito com marcelo, como sempre.
o "galope do tempo" é um disco que ainda quero sentar, ver as letras, investigar a coisa toda com calma...
o que marcelo ele disse da "despersonalização" das bandas, da pasteurização dos discos, é o que há de pior hoje em dia. uma lástima, bandinhas que não possuem nada de si em seu som, cópias baratas de bandas gringas...cabe a cada um sacar o que tem personalidade e o que não tem.
no mais, deixo um som:
BIRGIMGHAM SUNDAY - "EGOCENTRICK SOLITUDE" [1968]
http://www.youtube.com/watch?v=ACYVaHe-GFA
GLAUBER
Massa mesmo chicouwsky, gostei pra caramba...e arrancou um furo aí né??
parabéns meu velho.
Mais um Christmas album?? Não, agora é um disco de natal de mr. Dylan! Esse Ano!! O cara arromba!!!
http://www.uncut.co.uk/news/bob_dylan/news/13439
Chicão,quem sabe..sabe, nota 10, apesar de achar sempre que as partes melhores vc guarda pra colocar aqui. Espero estar no "Música falada" de Marcello, acho que é perfeito pra ele, talvez o artista mais adequado para esse tipo de evento, vai ser imperdível.
ta rolando direto esse papo( para alegria de uns tristeza de outros):
No more Radiohead albums says frontman Thom Yorke
http://www.telegraph.co.uk/culture/music/music-news/6006908/No-more-Radiohead-albums-says-frontman-Thom-Yorke.html
o pop & hiss,blog de musica do l.a. times, atesta o ressurgimento das mega raves, com direito a tumulto no evento hard summer, tendo como atrações o crystal castle e os veteranos do underworld. é, parece que o verão que esta acontecendo no hemisferio norte esta sendo da musica eletronica, esperem reflexos no verão brazuca.
HARD Summer dishes out international dance jams at the Forum
http://latimesblogs.latimes.com/music_blog/
e de novo do telegraph, fazendo cobertura decente de musica:
Bob Dylan 'to release' Christmas album
http://www.telegraph.co.uk/culture/music/bob-dylan/6001695/Bob-Dylan-to-release-Christmas-album.html
a entrevista de dylan para a telegraph:
http://www.telegraph.co.uk/culture/music/bob-dylan/5148025/Bob-Dylan-interview-with-Bill-Flanagan.html
senso de humor e sobriedade sensacionais...
GLAUBER
Segue mensagem da berlinda:
Pra quem não sabe,finalizamos as atividades.
Gravamos um ep,Mar de Calma,que foi muito bem elogiado Brasil afora.Todo o processo de gravação foi muito bom e divertido,inclusive a mixagem no Rio,na Toca.Infelizmente devido á horários que não se batiam,tivemos que parar.Do jeito que estava não iria rolar...agradeço a todos que ajudaram e se amarravam na banda!Foi uma época muito especial pra min,e acredito que pra todos da banda,foi uma grande viagem;não só a música, mas tudo que envolveu aquela época.Além dos ensaios,as idas a Gilson,sempre regadas á zilhões de cervas e aditivos...Bom,pra min foi uma época inesquecível!Valeu Juliano,Cebola,Apú e André!Outra banda vem ai com quase todos os mesmos integrantes...
E o melhor de tudo:as noitadas em Gilson continuam!
Desejo que o Mar de Calma continue para todos!
Até a próxima jornada!
Agradecimentos especiais a Chicovsky,Candido,Nuno e Simone,Gabi,Priscila,Lídia,Tomáz,Dantas,Messias,Thiago,Alexandre, Bigs...e se estiver me esquecendo de alguem,se sintam agradecidos.
Batata.
Marcelo: (Na época) Ninguém sabia o que era o (The) Clash. Ninguém sabia. Ninguém tinha menor ideia. Sex Pistols? Era uma coisa que o cara tinha ouvido falar e só sabia que era uns caras se vestia toda rasgada (risos)..."
Será que por achar que ninguém conhecia o Clash e que assim ele jamais seria desmascarado que ele copiou o Clash descaradamente?
Roque dos Santos
Tava bom demais pra ser verdade. Nota do TCA: "Mudanças na programação na Série TCA 2009, por razões adversas ao controle do Teatro Castro Alves, resultaram no cancelamento do espetáculo da cantora inglesa Marianne Faithfull, programado para 30 deste mês".
Porra o que é isto? Texto muito bacana, foi uma verdadeira sucção.Rapaz, vcs. querem lançar um livro biográfico do cara? Material tá na mão. título sugestivo: Maceleza o mais instigante dos instigmas!!!!
Abraços,
Roberson
graande entrevista, em todos os sentidos rsrrrs. marceleza bota pra fuder mesmo!!!é um chute nos culhões do bundamolismo reinante.e ainda tem uma cambada de otario que fica se remoendo todinha pra estoria ficarr mais engraçada hehehe
Parabéns pela bela entrevista Chicão!
Marceleza é sempre divertido.
Um abraço!
Elmo.
espero a volta docamisa de venus
Valeu, Chicovsky. E que puta desenho!!! É de Cau????
Bjs
Sora
Não, Sora. É de Batistão! Achei pel'aí. Muito bom, né?
Estou fazendo um trabalho acadêmico sobre Camisa de Vênus e gostaria que indicassem com um pouco mais de exatidão a fonte da entrevista ou um link direto. Grato.
(Por Júlio Lucas)
Rir com o humor afiado e inteligente de Marcelo ao ler ou ouvir uma entrevista com ele, já era esperado. Acompanho a trajetória desse cara desde 83. Mas, me surpreendeu mesmo foi a profundidade e franqueza dele ao discorrer sobre assuntos diversos, alguns, salvo engano, nunca abordados antes. Valeu, por me proporcionarem mais uma oportunidade de continuar dando valor a essa figura que é o Marceleza!
Franchico e Bramis:
PARABÉNS pelo trabalho de ouro!!!!
Você merece um troféu estilo Pulitzer de Melhor Entrevista com o Melhor Rocker: nosso ídolo inspirador pai musical, Marcelo Drummond Nova!!!!!
Marcelo Nova é uma montanha de ouro e diamante nesse oceano de bosta que é a tal da "cultura brasileira-afro-baiana."
Lembro até hoje como eu me senti aos 9 anos de idade em dezembro de 1982, quando ouvi no rádio as palavras imortais: "a cidade do axé, a cidade do horror." Foi quando eu descobri que: "Bem, EU NÃO ESTOU SOZINHO."
Marcelo Nova: "A gente não faz musiquinha pra treinador de macaco ficar ordenando pros animal, berrando: 'Sai do chão! Eu quero vê a mãozinha pra cima! Cadê o bumbum pra trás?! Agora todo mundo enfia o dedinho no cu! E agora, todo mundo bota o dedinho na boca!' O nível mental desse país de merda só vive em queda livre..."
Roque Santeiro dos Santos: não há nada para ser "desmascarado" em Mr. Nova. Na própria contracapa do compacto Controle Total, estão os créditos de composição da música: "INSPIRADO NO CLASH".
Bem, fazer o quê? É a lei da ação e reação: quanto maior é a pressão em contrário, melhor é a criação artística. Por isso os melhores brasileiros sempre repudiaram mais o Brasil: Gregório de Mattos, Machado de Assis, Monteiro Lobato, Lima Barreto, Augusto dos Anjos, Olavo de Carvalho, Diogo Mainardi e Marcelo Nova.
Todos eles desmascararam esse país de merda, desprezaram e cuspiram nessa falsidade, gargalharam e pisotearam a mediocridade reinante.
Relatos Proporcionais As Camadas Dos Artistas Relativos A Música:
Dizem que São Inteligentes: Dizem: Não Passam de Loucos. Tem o Rock Loco. Citam Malucos Belezas.Falam De Doidos. Citam Macabros. Raul Seixas Não Era Macabro. Dizem Que São Endiabrados... Dizem Que São Demoníacos...( Formalidade Justa Existe). Numa Versão Atual Raul Seixas Concretizaria Este Cabível Exposto Seguimento: Viva Os Artistas: São Figuras Nobres Algo Declarando. Os Requisitos Dos Aglomeramentos Musicais Constam Determinadas Ligações Dramativas... Influenciando Qualquer Artista Tem Sua Diferenciação E Cabe A Cada Um Sua Mente Repertória De Ligação. Tudo Tá Em Cada Nação.
Vindo De Cada Imaginação. Até o Conselho de Psiquiatria Consta Os Artistas Como: Gênios Intelectuais De Letras E Melodias. Clips Musicais. Na Verdade Seres Capacitados Normais. O Rock Loco De Marcelo Nova Vai Saber. Tá Declarado E Autenticado. O Carimbador É Diversificado. Move O Movimento Incrementado.
"O Conselho De Psiquiatria Consta": "Consta Os Artistas Como: Gênios Intelectuais. Alguns Exagerados Demais."
Cantor Privado e Letrista: Vander Gunga. ( Relato Espontâneo Real). Como Raul Seixas Dizia E Ouvem: " Fim De Papo". Raul Seixas e Vander Gunga.
"O Conselho De Psiquiatria Consta": Artistas Gospeis Ou Cantos Religiosos."Gênios Intelectuais Religiosos". Devemos Seguir Com O Coração. Alma. Espirito E A Razão. Se Trata De Um Fundamento Sagrado De Infinita Concepção E Proteção. Agrada A Criação. E Mantém A Salvação Dos Escolhidos"...
O Arrebatamento Tá Pertinho. Tu Tem Medo? Marcelo Nova Tá No Embalo Quente Do Rock Loco? Os Mistérios Tão No Ar.
Vander Gunga.
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