Airto Moreira e Flora Purim, lendas vivas do jazz, antecipam o que o público vai ver e ouvir no palco do TCA
Residentes nos Estados Unidos desde o fim da década de 1960, o casal Airto Moreira (percussionista) e Flora Purim (cantora), são, ao lado da banda americana Beirut, uma das atrações mais aguardadas do 16º PercPan – Panorama Percussivo Mundial, que acontece em Salvador no Teatro Castro Alves, nos dias 4 e 5 de setembro.
“Faz um bom tempo que não vamos à Bahia“, nota Airto durante entrevista por telefone, direto de um quarto de hotel em Londres, onde ele e Flora cumprem temporada de seis datas no Ronnie Scott's Jazz Club.
“Recebemos convites para o PercPan durante uns oito anos, mas nunca dava certo. Desta vez rolou, e eu acho que vai ser muito bom, um presente dos céus. Tocar no Brasil já é bom. Tocar na Bahia – no PercPan, ainda por cima, é melhor ainda“, entusiasma-se.
“Esse festival tem uma energia que é a mesma que está no ar e no universo inteiro, a energia de Deus, que usamos para fazer música e tudo mais. Vamos usar essa energia para tocar bastante e lavar a alma“, promete, esotérico que só ele.
Em Salvador, Airto e Flora serão acompanhados pela banda Eyedentity, liderada por D. Booker, que é a filha do casal, e seu marido, o percussionista Krishna Booker – que vem a ser afilhado de Herbie Hancock e sobrinho de Wayne Shorter. Uma verdadeira nobreza do mundo do jazz. Completam a banda o baixista Gary Brown, o guitarrista Grecco Buratto e o tecladista Kit Walker.
Nada mais natural, para um casal que vive de música e na música há mais de 40 anos, que trabalho e vida familiar acabem por se fundir em uma coisa só. “Música é vida. Na realidade, não é uma profissão, nem uma carreira. É a vida da gente. Quando viajamos e tocamos para as pessoas, nosso negócio é esse: música ao vivo. Às vezes (gravamos) um CD aqui, outro ali. Mas o nosso negócio é ali, no palco, ao vivo“, demarca Airto.
É preciso resgatar – Já Flora, não menos entusiasmada que Airto, disse que, “na minha cabeça eu já estou aí“, riu.
Em seu último álbum, Flora‘s Song (2005), a cantora resgatou um esquecido clássico da MPB, de dois compositores baianos igualmente pouco lembrados: É Preciso Perdoar, de Carlos Coqueijo (1924-1988) e Alcyvando Luz (1937-1998).
Claro que esta já está garantida para o show do PercPan. “Essa aí é uma das que eu vou cantar. Não posso passar sem ela. Ele (Coqueijo) foi um dos maiores compositores da Bahia, e acho que ele não foi reconhecido como deveria. Vou cantar outras coisas dele também“, avisa.
“Aliás, o Coqueijo foi um dos maiores embaixadores da música baiana para o resto do Brasil. Foi ele que me levou pra casa de Caetano e Bethania, para me mostrar a ‘turma nova da Bahia‘. Estavam lá também o Gil e a Gal. Caetano ainda era tímido na época. Ele até cantou É de Manhã pra mim (cantarola ao telefone). ‘É de manhã / É de madrugada, é de manhã / Não sei mais de nada, é de manhã / Vou ver meu amor‘. É uma música muito legal, mas ele não deve cantar mais“, divaga.
Assim como Airto, Flora é basicamente um animal de palco, alguém que só se completa quando em comunhão com o público. “Quando eles gostam, batem palmas, gritam, dançam. É como uma premiação imediata, essa interação. Não depende de publicidade. Por que tem muita gente que bota uma máquina publicitária enorme por trás e aí quando você vai ver, fica decepcionado“, percebe.
Percpan Salvador | 04 e 05 de setembro, às 20 horas | Teatro Castro Alves | R$ 30 e R$15 | 14 anos | Informações e vendas: (71) 3117-4899
Casal-prodígio é parte da história do jazz fusion
Tudo começou com Bitches Brew (1970), revolucionário álbum duplo de Miles Davis que praticamente inaugurou um novo gênero: o jazz rock – ou como é mais conhecido, o jazz fusion. Neste álbum, Miles foi assessorado por um verdadeiro who‘s who dos músicos de jazz mais importantes da época: Joe Zawinul, Wayne Shorter, John McLaughlin, Chick Corea, Jack DeJohnette, Dave Holland e o brazuca Airto, que, experimentando uma ascenção meteórica, havia se mudado para os EUA havia apenas dois anos.
Misturando Jimi Hendrix, rock progressivo, psicodelia e jazz propriamente dito, o álbum fez a cabeça de muita gente – para o bem e para o mal. Na sua esteira, alguns dos músicos que tocaram em Bitches Brew formaram suas próprias bandas buscando aprofundar o estilo. As duas mais importantes foram o Return To Forever (liderada por Chick Corea) e o Weather Report (liderada por Joe Zawinul). Airto participou ativamente de ambas. Flora, apenas da primeira.
Ao longo de suas carreiras, tocadas simultaneamente – em conjunto e paralelamente –, Airto e Flora angariaram fama e respeito tanto no exterior, quanto no Brasil, especialmente entre os apreciadores de jazz.
É ponto pacífico entre críticos e fãs de jazz que a história da percussão no gênero se divide entre antes de Airto e depois de Airto. Foi ele quem redefiniu o papel dos instrumentos de percussão na música instrumental, tornando-os parte essencial do jazz moderno.
Daí em diante, colaborou com músicos do calibre de Paul Simon, Quincy Jones, Herbie Hancock, Stan Getz, Dizzy Gillespie e Carlos Santana, entre outros.
Outro ponto alto de sua carreira foi a participação na trilha sonora de filmes clássicos como O Exorcista (1973), de William Friedkin e Apocalypse Now (1979), de Francis Ford Coppola. Só pela revista Downbeat, considerada a bíblia do jazz, Airto foi eleito percussionista do ano por vinte vezes.
Já Flora Purim, na mesma revista, foi eleita cantora do ano por quatro vezes (um feito impressionante, visto que sua categoria é consideravelmente mais concorrida do que a do marido), além de ter sido indicada ao Grammy, na categoria de Melhor Performance Feminina de Jazz, por duas vezes.
Sua colaboração no Return to Forever – especialmente em faixas como 500 Miles High e Light As a Feather – ainda hoje é celebrada como um dos pontos altos do gênero na década de 70.
No currículo, apresenta parcerias musicais com um elenco não menos estelar que o de Airto: Gil Evans, Stan Getz, Chick Corea, Dizzy Gillespie, Thelonious Monk, Carlos Santana e Mickey Hart.
Ainda assim, tanto Airto quanto Flora não hesitam em apontar que sua maior influência veio daqui mesmo, do Brasil: Hermeto Pascoal.
8 comentários:
pô franchico. quero ver voce no show do beirut cantando as musicas lindas e fofas deles e balançando a cabeça pro lado e pro outro de filicidade kkkk
VOLTA CAUDIO ESC. q isso aqui tá parecendo a praça de santo amaro de dona canô
airto e flora quebram tudo!
GLAUBER
B-B-BANJO!
http://www.youtube.com/watch?v=S_7k0VjLY2w
GLAUBER
No meu tempo, beirut era um sanduiche árabe de qualidade duvidosa. E por favor: Volta Escória, sem você isso aqui não tem animação!!! Você é o nosso tio paulinho, nossa troupe do tio gôgô. E tb direito ao anonimato para quem não tem culhões para assumir suas porras... e eu não vou ao percpan.
Mario
Olá,
Parabéns pelo Blog....gostaria de convidá-lo a visitar o nosso....minervapop.blogspot.com
Valeu!
Anselmo - SP
Em tempo: nunca, em nenhum momento, vetei quem quer que seja aqui. (Até por que anônimo não é gente).
Muito menos Cláudio Escória, um amigo de quase 20 anos que é praticamente um irmão pra mim.
Ele não tem aparecido mais por uma escolha própria, depois de nossa última discussão (aliás, a primeira vez que isso aconteceu, em 18 anos de amizade).
Mas ele pode vir aqui disparar suas barbaridades o quanto quiser, até por que ele sempre assina seu nome.
Dito isto, engrosso o coro dos que pedem a sua volta: VOLTA, CLÁUDIO ESC! I love you, man!
Agora, Mário, na moral, me permita discordar: quem não tem colhão de assinar seu nome tb não tem direito de ter opinião. Pelo menos, não aqui. Não enquanto eu estiver a frente dessa bagaça.
Deixa dar mais um tempinho que eu libero os comments da moderação, OK? Logo...
Amanhã (terça), tem post novo na área.
Stay tuned...
Chicão, não dê mole não meu pai, que vc não é vendedor de Pudim!!!
para querm acha q o rock na Bahia começou com dead billies e cascadura a gente quer informar a todos o blog COVEIROS DO COVER que aborda a cena rocker dos anos 80 em Salvador.
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