segunda-feira, janeiro 30, 2006

EX MACHINA

Taí: depois de ler o review do site Universo HQ, não esperava muita coisa de Ex Machina: Estado de emergência, encadernado com os cinco primeiros números da revista Ex Machina original nos EUA, publicada pela Wildstorm (subsidiária da DC). Nas bancas soteropolitanas já há uns bons 15 ou 20 dias, só parei para lê-la nesse último fim de semana e curti a mistura de super-heróis, política e comentário social da série assinada por Brian K. Vaughan (X-Men Ultimate, Y: The last man) e pelo fantástico desenhista Tony Harris (Starman). O lance é o seguinte: Mitchell Hundred, anteriormente o super-herói Grande Máquina, depois de alguns controversos feitos heróicos em Nova Iorque, abandona o combate ao crime, revela sua identidade secreta e concorre para prefeito, sem partido, de forma independente. O cabra vence a eleição e a história toda, por enquanto, se resume à acompanharmos o dia a dia de Hundred como o primeiro prefeito com super-poderes da história política mundial. Vaughan amarra sua narrativa com flashbacks de diversas fases da vida do protagonista. Ora vemos Hundred guri em 1979, ora em 1999, quando ganhou seus poderes, em 2000, quando começou a agir, 2001, quando ingressou na política etc. Ah, e qual seria o poder da Grande Máquina? Simples: ele é capaz de "falar" com qualquer máquina, analógica, elétrica, digital, mecânica, qualquer máquina. Por exemplo: ele diz "Emperre" para um revólver e pronto, o bicho não dispara. Seu maior feito, e o que garantiu sua vitória ao derrotar Michael Bloomberg (atual prefeito de NY na vida real), foi impedir o segundo avião de bater na torre sul do World Trade Center no 11 de setembro. O autor, infelizmente, ainda não mostrou em nenhum desses primeiros números como Grande Máquina conseguiu faze-lo, mas como a revista continua bombando nos EUA (faturou alguns prêmios Eisner), certamente isso deve ser assunto de alguma edição futura, bem como a verdade sobre a origem dos seus poderes, até agora desconhecida. Outro atrativo de Ex Machina é seu ótimo elenco de personagens coadjuvantes e ocasionais. O vice prefeito é um rasta - caxias como ele só, uma espécie de Grilo Falante para Hundred, sua consciência. Sua secretária de segurança pública é uma ex-chefe de polícia casca grossa que, em seu primeiro encontro com o protagonista, deu-lhe uma paulada nos cornos, destruindo o capacete do herói. Seu segurança é seu melhor amigo, apesar de meio burro. Tem a estagiária sexy, a artista plástica polêmica, o velho imigrante russo cabeça dura e outros, nenhum deles gratuito: todos parecem mesmo pessoas de carne e osso. Os prêmios ganhos pela série são merecidos: além da narrativa enxuta e que absorve o leitor, Vaughan se revelou um excelente redator de diálogos, sempre cheios de ironia e referências históricas e culturais (para salvar o leitor, a Panini incluiu um glossário bem didático nas últimas páginas desta bem cuidada edição). Tony Harris não decepciona quem já conhecia seu trabalho na saudosa série Starman, em parceria com James Robinson (onde anda esse ótimo escritor?). Na verdade, seu trabalho em Ex Machina é uma evolução em relação à sua série anterior: seu traço estilizado e elegantérrimo foge do convencional no que se trata de hq de super-heróis hoje em dia, muito distante daquele ranço infantilóide de mangá japonês, tão em voga nos quadrinhos do mainstream americano. Detalhado, o artista usa seus amigos e parentes como referências em fotos que ele mesmo bate para compor as cenas. Isso é demonstrado no making of que fecha a edição. Conclusão: Ex Machina daria uma puta série na HBO, pois dispõe do mesmo ritmo e inteligência demonstrados em algumas atrações do canal, como Nip/Tuck, Deadwood e The Sopranos. Ex Machina ainda pode ser encontrada nas bancas mais bem servidas da cidade (shoppings, hiper mercados, rodoviária), tem papel de primeira e custa R$ 19,90. Seu único defeito é conter apenas cinco histórias. Por mim seria o dobro. Minha opinião, contudo, não é compartilhada por outros apreciadores. Se interessou, confira outros reviews nos links a seguir:

Universo HQ.
Melhores do Mundo.

BREVE - Esse fim de semana dei uma (ligeira) atualizada no meu acervo com uns CDs quase recentes (Franz Ferdinand e Weezer novos) e outros nem tanto (Psychedelic Furs, Stray Cats, Beastie Boys instrumental, e a soberba série Atlantic Rhythm and Blues). Depois posto aqui uns comentários sobre alguns deles...

IEMANJÁ ROCK - no Miss Modular, com Cascadura. 02 de Fevereiro, a partir do meio-dia. R$15 (ingresso + caruru).

MÚSICA NO PORTO - Retrofoguetes e Navio Negreiro - Porto da Barra, dia 03, 18h. Gratuito.

ÚLTIMO DIA PARA VOTAR - O Prêmio London Burning de Música Independente 2005 conta com dois representantes baianos entre seus concorrentes: a Soma, na categoria Melhor DEMO/EP/CD-R, com Dramorama, e a Stancia, na categoria MÚSICA DO ANO, com Eu Que Já Roubei tantas Canções. Leiam o que diz no release sobre como votar:

"Para votar é fácil: você só precisa se cadastrar na comunidade London Burning (http://www.orkut.com/CommMsgPost.aspx?cmm=70798) no ORKUT e votar nos seus favoritos. Só lembrando que valerá apenas um voto por cada identidade cadastrada na comunidade. Do dia 20 ao dia 31 de janeiro será o prazo para a votação pela internet nas categorias abertas ao público e para o voto dos jurados escolhidos pela produção do Prêmio London Burning. Em fevereiro os vencedores serão revelados, numa grande festa no Rio de Janeiro. BOA SORTE!!!"

Bom, eu não vou votar por que não sou - nem quero ser - cadastrado em droga de orkut nenhum, não gosto desse negócio, e acho uma pena que haja esse empecilho para pessoas como eu. Também não custa lembrar que nunca ouvi nem o Dramorama da Soma nem a música da Stancia, mas teria o maior prazer em faze-lo (e de quebra, escrever uma resenha para este blog) se recebesse o material. Maiores informações: www.londonburning.com.br.

quinta-feira, janeiro 26, 2006

THE DEVIL'S REJECTS RIDES AGAIN

Cacilda! Chegou nas locadoras Rejeitados pelo diabo (The devil's rejects) a continuação do maravilhoso e edificante A Casa dos 1.000 corpos (já devidamente resenhado pelo RL), segundo filme do Rob Zombie, que, quem diria, está se saindo muito melhor diretor de cinema que band leader. Nesta seqüência, acompanhamos o que aconteceu com os três personagens mais carismáticos do primeiro filme, Otis Driftwood (Bill Moseley), Baby (Sheri Moon Zombie) e Capitão Spaulding (Sid Haig), um trio de psychos texanos de fazer Charles Manson se borrar nas calças. O grande lance desse filme é que, o que era terror e escuridão em A Casa... tornou-se quase um western de visual árido, ultra iluminado pelo sol inclemente do deserto. Em fuga, o três maníacos defrontam-se com um xerife enlouquecido (William Forsythe) pela sede de vingança por conta bagaceira que eles fizeram ao seu irmão, um policial, no filme anterior. Basicamente, o filme se resume a cento e poucos minutos de tensão constante, crueldades gratuitas e fugas alucinadas. Nos extras tem uma frase do diretor que resume bem o que são esses personagens (que por sinal, têm todos os seus nomes emprestados dos filmes dos Irmãos Marx): "Eles são tão horríveis e cruéis, mas ao mesmo tempo, tão carismáticos, que você não se importa. Uma pessoa pode ser boa, mas ser chata". Outros astros do filme B americano abrilhantam o elenco de apoio, com destaque pro adorável filho de cruz-credo que é Michael Berryman, que todo mundo já viu em um monte de outros filmes. A seqüência final, ao som de Freebird, do Lynyrd Skynyrd, é simplesmente espetacular, de encher os olhos, coisa de cineasta que já deixou de ser promessa e é nome a ser acompanhado de perto pelos fãs do estilo. A trilha é outro ponto altíssimo da fita, com canções clássicas do The Allman Brothers Band, Three Dog Night, Steely Dan, James Gang, Elvin Bishop e Muddy Waters, entre outros, além do já citado L.S. Tem uma seqüência de chorar onde os personagens e seus reféns, num quarto de motel imundo de beira de estrada, estão assistindo TV e eis que de repente, surge o bluesman Otis Rush na tela, cantando I can't quit you, babe, do mestre Willie Dixon (e que ficou mais famosa na versão do álbum Led Zeppelin I). Enfim, se você gostou de A Casa dos 1.000 corpos, alugue este sem medo que é melhor ainda, uma evolução em todos os sentidos. Se não gostou, passe longe (fazendo o sinal da cruz, de preferência)...
Site oficial.
IMDB.

HORA DO ROCK 26.01 - Hoje tem Nirvana, Melvins, Faith No More, Magic Numbers (com single novo), Gentle Waves, Yo La Tengo, Misfits (no Brasil daqui a pouco), Thee Headcoats, Milkshakes, Stooges (e o filme biografia de Iggy), T. Rex e Kinks no Hora do Rock. 21h na Globo FM (90,1), ou http://www.gfm.com.br (22h pra quem tá no horário de verão).

DJ DOLORES & APARELHAGEM - 28 de Janeiro, Sábado, 22h. Miss Modular (Morro da Paciência, 3810, Rio Vermelho) R$15 (até meia noite) e R$20 (após a meia-noite) Info: Big Bross bigbross@terra.com.br

PAULINHO OLIVEIRA - "SONHOS DERRETIDOS PELO SOL" - Do release: Faz rock autoral, vive na capital baiana e não está ligado a nenhum modismo dentro do universo musical. Essa é a realidade vivenciada pelo cantor e guitarrista Paulinho Oliveira. Sua arte é pop, no sentido amplo do termo. Sua veia de compositor é a do rock direto, mas sempre sofisticado e carregado da mais pura tradição moderna do gênero. Beatles e Stone Temple Pilots. Led Zeppelin e Foo Fighters. Lenny Kravitz e Elton John. Byrds e Rolling Stones. Paul McCartney e Peter Frampton. Todas essas referências entram no liquidificador criativo de Paulinho Oliveira para servirem de base a um rock pra lá de bom e acessível a ouvidos iniciados e iniciantes. Depois de navegar seu leme criativo no hard'n'heavy da Stone Bull e no rock'n'roll do Cascadura, além das participações em trabalhos de diversos artistas do pop/rock e da MPB, Paulinho Oliveira parte agora para alçar seu vôo solo no cd "Um Bom Motivo". Antes, ele faz um pouso para apresentar uma premier do seu trabalho no single e videoclipe da música "Sonhos derretidos pelo sol". Essa música pode ser considerada um símbolo da afinidade musical de Paulinho Oliveira com sua busca estética. Um quase folk rock marcado por violões e guitarras em arranjos instigantes, "Sonhos derretidos pelo sol" tem lírica típica dos sonhadores. Uma letra de Glauber Carvalho (ex-The Dead Billies, um ícone cult do rock alternativo nacional), que parece anunciar que o céu é o limite inatingível de todo artista: "Como um anjo ele voou, e abatido em pleno vôo... ele caiu. Partiu seu coração, que guardou numa canção. E o público aplaudiu". Uma bela canção pop, que deve ser levada aos quatro cantos num convite para todos embarcarem numa viagem idílica e roqueira. Paulinho Oliveira quer chegar lá num vôo em sua companhia.
Cláudio Moreira - Blog Clashcityrockers
Lançamento clipe/single: "Sonhos Derretidos pelo Sol" - Dia 31 de janeiro Local: SEVEN INN - Rio Vermelho 19:00h Entrada franca paulinholiveira@hotmail.com

segunda-feira, janeiro 23, 2006

A MODA É ODIAR

Se tem uma coisa que me deixa puto da cara é essa associação que várias bandas, jornalistas e colunistas fazem - a cada temporada de desfiles no eixo Rio-SP - do rock com a moda. A última coluna do seu Lúcio já começa pelo título: "A moda é rock". Até na coluna do Finatti na Dynamite tb há menções à detestável SP Fashion Week. Tudo bem, o Wry tocou no desfile de um daqueles estilistas ultra modernos e tal. Antes do Wry, outras bandas também já tocaram. Algumas mais, outras menos respeitáveis. No exterior, Meg White estrela campanha de uma griffe pra playboy dessas aí, esqueci o nome, até por que, mesmo que tivesse dinheiro para consumir essas marcas super caras, NÃO O FARIA. (Todas as minhas roupas - exceção feita à uma ou outra que ganho de presente em aniversário e / ou Natal - são compradas na C&A, Riachuelo e outras lojas vagabundas. E só para concluir isso, a simples idéia de entrar numa daquelas lojas da Alameda das Griffes já me causa asco. Aliás, eu já disse por aqui que CAGUEI PARA A MODA?) Antes de Meg, Stephen Malkmus (Pavement) e Kim Gordon (S.Y.) também já engordaram as contas bancárias posando para anúncios da mesma griffe. Bom, nada contra ganhar uns trocados no mole desses otários, mas o que me irrita é o deslumbramento que se cria em torno disso na mídia, digamos, descolada. Aí, tome-lhe os tais anúncios nos fotologs das crianças, as mesmas que detonarão suas ricas mesadinhas comprando os produtos anunciados. O pessoal nos comments vai me anarquizar, vão dizer que "rock e moda sempre andaram juntos, desde os tempos de Elvis, teve o cabelo dos Beatles, a elegância mod, a calça cintura baixa do Robert Plant, os alfinetes e despojamento dos punks, o negro dos góticos" etc e tal. Concordo. Rock e moda têm tudo a ver. O que seriam dos indies sem seu All-star? Do metal sem o jeans, o couro e os spikes? Dos góticos dos anos 80 sem o lápis preto de olho e o gel para moldar os cabelos? Dos grunges sem a camisa de flanela, o bermudão e o cavanhaque? Pois é, a moda é mais um dado no grande jogo do rock n' roll, é ela que identifica o estilo, a época, o espírito (juvenil) da coisa. Mas aí é que a porca torce o rabo: todas essas referências, de uma forma ou de outra, se impuseram de maneira mais ou menos espontânea. Não foi nenhum desses estilistas viadinhos da SPFW que disseram: "Ai, calça rasgada é uó! Rockeiro agora tem que usar isso ou aquilo". E aí, tome-lhe referências ao meu, ao seu, ao nosso sacrossanto rock n' roll em suas criações, cenários de desfiles, bandas tocando ao vivo etc. Uma banalização e industrialização total, um freakshow para deslumbrados. Quer saber? O lugar do rock não é na passarela com aquelas modelos esqueléticas porra nenhuma, cara! Daí meu nojo, enfastio, saco cheio e impaciência com tanta frescura. Aliás, eu já disse que acho essa gentalha fashion de óculos moderninho o cú do mundo?

É engraçado isso, eu escrevi esse texto aí em cima agora há pouco e fui lá na coluna do Lúcio pegar o link. Dei uma relida e fiquei meio de cara como ele escreve achando tudo muito legal, bacana: a coleção da Melissa se chama Rock n' love (que fofo), a Zoomp promoveu um desfile punk rock... Deve ter alguma coisa errada comigo, por que eu leio essas coisas e tenho vontade de vomitar. Será que eu também me acho um "dono do rock"? Serei eu um mané imaturo, eterno adolescente tardio? Por que tanta gente supostamente inteligente (e muitos realmente o são) acha isso tudo "lindo" e eu, acho um "cú"?

E lembrem-se, amiguinhos: o que está escrito aí em cima NÃO É A VERDADE ABSOLUTA sobre nada. Trata-se apenas da minha opinião, e ninguém é obrigado a concordar com ela. Se você discorda, o que eu acho ótimo, apresente seus argumentos nos comments, calce suas luvas de boxe e vamos deBATER, ok?

NÃO FOI DESTA VEZ - Que nos livramos do Ruin Jovi. O avião da banda derrapou na pista de pouso no Canadá. Aqui.

READ THE BOOK / THE ONLY BOOK - Ainda estou lendo, mas desde já, posso dizer: Watchmen e a Teoria do Caos, de Gian Danton, livrinho de 80 páginas maneiro, é leitura que vale a pena, tanto para fãs da obra do bardo de Northampton, quanto para quem quer se iniciar nesse lance maluco de efeito borboleta e tal. Ainda tô no comecinho, iniciei a leitura hoje mesmo, mas fica a dica para quem quiser comprar. O livro é editado pela paraibana Marca de Fantasia e pode ser comprado por míseros R$ 10, 00. Você entra em contato pelo email contato@marcadefantasia.com.br que rapidinho o Henrique te responde mandando o número da conta. Você deposita as 10 pilas (correio já incluído), que em dois ou três dias o livrinho chega na sua casa. Quando eu terminar, posto mais alguma coisa sobre ele porraqui, oquei?

E COLÉ MERMA? - Atire a primeira pedra aquele - freqüentador do rock sotero nos 90's - que não bradou a plenos pulmões num show do Lisergia: E COLÉ MERMAAAAA????!?!? Pois é, amiguinhos e inimiguinhos, a banda mais emblemática de um certo rock sujo (a designação era a partir do visual, mesmo, nem passava pelo som, que tb era podraço) está de volta com quase toda a sua formação original, descontado o batera Duda, hoje residente em SP, tocando com Pitty. Caveira, Tiaguinho, Maluquinho e Duda marcaram época na década passada fazendo um som pesado, ligeiramente desleixado, com letras revoltadas com o estado de coisas e influenciado pelo hip hop. Gravaram algumas demo, apareceram na clássica coletânea Umdabahia (que também trazia Inkoma, Penélope, Dinky Dau, Dois Sapos e Meio, Filhos de Creuza e outra que esqueci o nome), com seu maior hit, abriram uma loja no Orixás Center com o mesmo nome da música e depois deram uma sumida. Voltam 28 de janeiro em show na Zauber, com a Sangria. Welcome back, malandragem!
LISERGIA - O REGRESSO...
28 DE JANEIRO COM SANGRIA
04 DE FEVEREIRO COM ZAMBOTRONIC
R$ 10,00, NA ZAUBER (Lad. Da Misericórdia, 11, Comércio).

quarta-feira, janeiro 18, 2006

WE'RE TRASH / YOU AND ME / WE'RE THE LITTER ON THE BREEZE / WE'RE THE LOVERS ON THE STREETS (atualizado RIP Wilson Pickett)

A summertime blues que me assalta todo verão na "terra da felicidade" me atingiu com força total esses dias. Junte à isso a falta de assunto típica da estação, e temos este postzinho safado.

ADEUS, MESTRE PICKETT - Notícia (muito) triste: morreu ontem, aos 64 anos, Wilson Pickett, um dos maiores soulmen de todos os tempos, conhecido por hits clássicos do estilo como In the midnight hour, Land of a 1000 dances, Mustang Sally etc. Perda irreparável não só para a música negra, mas para o rock e todos os que curtem boa música. Diz que foi ataque do coração. Possa ser que eu esteja errado, mas Pickett, junto com Marvin Gaye e Otis Redding, formava uma espécie de santíssima trindade do soul. Agora, estão todos juntos, fazendo um bailão, lá do outro lado. Que merda. Por que tão cedo, Mister Pickett? Um brinde ao grande soulman, e que a terra lhe seja leve. Leiam a notícia na Folha, aqui.

THE ONLY ONE - Parabéns à Ronei & OLDB, que vão fazer o único show de verdade daquele festivalzinho de mentira. E a pedidos do povo, pelo que me consta. Ainda à propósito de Ronei, leiam a resenha do disco por Humberto Finatti, o sempre polêmico colunista da revista Dynamite, que vale a pena. Não concordo, mas tá hilária.

LOST LAST SATURDAY - Não deu pra ir no Miss M. curtir o show do Autoramas, Parafusa e Los Canos. Se alguém puder fazer um breve relato nos comments, agradeço.

ESPEREMOS (E OREMOS) - Poxa, teve show dos Dead Billies em São Paulo (no Outs). Legal. Mais legal ainda vai ser se o privilégio for estendido aos conterrâneos. Ou é só pra paulista ver?

BUSINE$$ - É impressão minha ou tem gente naquele jornal ganhando dinheiro para falar da banda do namorado de Ivete? Por que é isso que tá parecendo. Ou então, haja brodagem!

ACERTO DE CONTAS - Ontem tive a oportunidade de assistir ao clipe da Sangria dirigido por Ricardo Spencer e vou te contar: o gordinho mandou ver pra caralho. Ficou tudo muito bacana: a fotografia em película, os atores - a começar pelo protagonista Mauro Pithon, passando pela avó do diretor (a dama Nilda, lenda viva do teatro baiano) e o senhor Wilson Melo, as cenas de pancadaria no Centro... Porra, eu sou suspeito, mas foda-se: tá bom demais. Desde já, um marco nos anais (ops) do videoclipe baiano.

ISSAC HAYES HOSPITALIZADO - O mestre de voz aveludada e Chef do South Park anda estafado. Mas parece que está bem, nem corre perigo de vida. Ainda bem. Leiam.

ADEUS, TONY SOPRANO? - A sétima temporada deverá ser a última para a Família Soprano. O maior sucesso da HBO - e um dos melhores seriados de todos os tempos - vai deixar saudades. Leia aqui. James Gandolfini deve ser um dos atores mais fodões do showbiz nos últimos, sei lá, 20 anos. A profundidade de sua abordagem ao chefão mafioso de Nova Jersey Tony é de uma complexidade poucas vezes vista num veículo popular como a TV. O cara dá safanões no filho adolescente, espanta os namorados da filha, escapa de um ou dois atentados, trepa com a amante, manda matar algum caguete (quando ele mesmo não mata), dirige um puteiro de nome espetacular (Bada-Bing!), se reúne com seus capitães, dá carão na irmã porra louca, uns tabefes num policiais comprados e depois vai pra analista, com quem está sempre numa interessante situação de tensão sexual. E tudo isso, sem perder a verossimilhança nem por um segundo sequer. Tony Soprano é, possivelmente, o personagem mais complexo da dramaturgia mundial desde Hamlet. É, aquele, do menino William (como se eu tivesse qualquer autoridade para falar sobre isso, mas... enfim). E James Gandolfini é o cara. Robert de Niro? Nunca ouvi hablar. (Breve, posto por aqui um textinho sobre essa e outras séries espetaculares - e melhores que muito filme vagabundo que passa no cinema -, como A Sete Palmos, Nip/Tuck e Deadwood.)

ÍGOR CAVALERA SE AFASTA DO SEPULTURA - Na moral, sem querer ofender ninguém, mas o Sepultura já era pra ter acabado. Sem apresentar nada de muito relevante desde Roots (1996), não por acaso, último disco com Max no vocal, os integrantes remanescentes se dividem em tarefas pouco interessantes como empresário dono de griffe pra playboy (o nojentaço Igor), gigs com o Paralamas do Sucesso (Andreas) e coçar o saco (Paulo Jr. e Derrick). Daí, diz que desde sexta-feira, boatos pela internet dão como certa a saída de Igor, provavelmente, para se dedicar à sua lucrativa empresa de moda fashion (a redundância é proposital). Sinceramente? Caguei. Leia.

HORA DO ROCK 19.01 - Do release: Amanhã tem R.E.M. (um cover do Velvet), Teenage Fanclub, Wilco, Pixies, mclusky, Placebo (música inédita do disco novo que só sai dia 6 de março), Cure (que está no documentário do Coachella), Echo & The Bunnymen, Siouxsie And The Banshees, Yeah Yeah Yeahs, Stereophonics e Scissor Sisters no Hora do Rock. 21h na Globo FM (90,1), ou http://www.gfm.com.br (22h pra quem tá no horário de verão) Hora do Rock no Orkut

BOOGIE NIGHTS & SOUL SESSIONS - Do release: Edição conjunta de duas festas : Boogie Nights e Soul Sessions. A primeira é a pátria do melhor do rock/ cumbias/ disco/ samba rock/ rocksamba/ jovem guarda. A ordem é dançar. A segunda é devotada à cultura mod contemporânea sem purismos nem fetiches vintage. Mod jazz, Motown, sambajazz e todas as variações dos grooves mais sofisticados da música negra. Música para o esqueleto e para a alma. DJs Big Bross e Marcos Rodrigues. DJs convidados (sartorello - 16 toneladas / Felipe Kowalczuk - radiola / Zezão castro - boogie nights). Dia 21 de Janeiro, Sábado, 22h, no Miss Modular (Morro da Paciência, Rio Vermelho). R$10. info: bigbross@terra.com.br 81165322Produção Big Bross Boogaloo Apoio MTV Salvador, Programa 16 Toneladas (Educadora FM), Circuito Sala de Arte e Informativo Se Ligue.

LOU e CONVIDADOS - Do release: Todos os domingos de janeiro, a partir das 18h, a banda LOU está no Bar Calypso recebendo convidados super especiais. Para dar continuidade à essa temporada de sucesso, o convidado no dia 22 é a banda LACME. Com a casa lotada nos últimos domingos, comprova a força e a qualidade do rock baiano. O público poderá conferir um repertório recheado com Rock de qualidade e uma performance diferente do convencional. Em 2005, a LOU foi destaque no cenário nacional comprovando a competência do Rock baiano feito por mulheres. Com esse sucesso, o bar Calypso comprova mais uma vez a preferência do dos amantes do ROCK! LOU e CONVIDADOS - Todos os domingos de janeiro (08 / 15 / 22 / 29) Local: Bar Calypso (Rio Vermelho) Horário: 18:00 horas Valor: R$ 6,00 Contatos: janajornalismo@gmail.com / www.lou.com.br / www.fotolog.net/louband

sexta-feira, janeiro 13, 2006

E QUANDO EU PÔR O PÉ NA ESTRADA / DAÍ NÃO VOU SENTIR MAIS NADA

Por razões técnicas (leia-se bebedeira desenfreada), não vou fazer a resenha do show de Wander Wildner no Miss Modular anteontem. O que eu posso dizer é o seguinte: Wander é O Cara, showman mesmo. É ele, a guitarra, a voz e o público. Claro que baixo e bateria fazem falta, pois fazem você querer pular, dançar - é a pulsação do som. Mas com Wander não tem essa, mesmo praticamente acuado num canto da sala, com a atenção de mais de 100 pessoas voltadas única e exclusivamente para ele (o espaço de shows do Miss M. ficou lotado), o cara botou todo mundo pra cantar suas músicas a plenos pulmões. Eu sou duplamente suspeito para falar de Wander Wildner, pois além de fã incondicional da figura e sua obra, assisti ao show de pileque, ficando emocionado a cada música. Não é qualquer artista que me causa esse efeito, então, quando acontece, É FODA! Pra mim o show foi perfeito, hit atrás de hit. Na verdade, faltou música pra mim, como Narciso invertido (do Eu sou feio, mas sou bonito), mas no geral, foi perfeito. E olha que, conversando com ele depois, Wander disse nem ter gostado muito do show. "Adorei a festa, a produção de Big, o público fantástico cantando as músicas comigo... Em termos de astral, foi o melhor show que eu fiz aqui na Bahia. Mas tive alguns problemas técnicos que afetaram um pouco minha performance", disse o velho punk. Imagine então se ele tivesse achado tudo perfeito...?

CHINESE DEMOCRACY: A PIADA QUE NINGUÉM ENTENDE, MAS O ROCK LOCO EXPLICA - Há cerca de 10 anos, basbaques de todas as cores, nacionalidades e religiões esperam pelo novo disco do Guns n' Roses, intitulado Chinese democracy. O tal CD já consumiu cerca de 13 milhões de doletas só em sua tumultuada produção. Entra ano, sai ano, o - cada dia mais - caquético Axl Rose promete: "agora, vai". Mas, para desespero dos manés que ainda esperam uma obra-prima (huia-ha-hwa-ha!) do grupo que faça jus à fama angariada na época do Apettite for destruction (1987), o tal disco não sai, nem a fórceps. O que ninguém entendeu, é que, na verdade, Chinese democracy é uma piada interna de Axl, cuja pista para seu entendimento reside no próprio nome do disco: Democracia chinesa. Ora, todos (que vivemos no planeta Terra), sabemos que tal coisa não existe. Taí: Chinese democracy, o disco, assim, como a democracia na China, é um conto da carochinha, não existe disco nenhum, nem nunca existiu, porra! E os otários esperando, esperando... Deu pra entender?

BIG BAND AMERICANA DE JAZZ NO TCA DE GRÁTIS - Do release do XIV Festival de Música Instrumental da Bahia: "O XIV Festival de Música Instrumental da Bahia realizará um lançamento de 18 a 20 de janeiro de 2006. No dia 18/01 a Whitworth College Jazz Band, uma big band norte-americana irá se apresentar às 21 horas na Sala Principal do Teatro Castro Alves gratuitamente. Nos dias 19 e 20/01, serão oferecidas duas oficinas, também gratuitamente, com os músicos da orquestra, das 10 às 12 horas. As inscrições estão abertas! Inscrevam-se e divulguem! Vagas Limitadas!".

segunda-feira, janeiro 09, 2006

BRINCADEIRA TEM (METE)ORA

Tudo começou com uma nota enigmática de Hagamenon Brito, publicada em sua última coluna Discomania, de quarta-feira passada (4 de janeiro). Peço licença ao seu autor e reproduzo-a, na íntegra, a seguir:

"RECEITA para uma banda baiana iniciante de rock tentar decolar como "produto" de mercado: apague o passado comprometedor do vocalista (se for o caso, claro, vai que o cara foi dançarino de axé music!), inspire-se num estilo em evidência, faça um clipe com clichês de atitude (cenas de manicômio caem bem), coloque-o na MTV, use o apoio logístico de alguma namorada-estrela-axé e pegue carona no efeito Pitty. Pode até conseguir sucesso, mas credibilidade nem que a vaca tussa."

Li, não entendi, fiquei com a pulga atrás da orelha. Mas que banda seria essa? No mesmo dia, leio no fotolog de Fábio Cascadura que haveria um show do Casca domingo, ao ar livre no Jardim dos Namorados, com as bandas Meteora e Scambo, de graça. Pô, bacana, Cascadura nunca é demais, de graça, então... Nos dias seguintes, leio no Bahia Rock que esse show, intitulado Arena 1, rolaria todos os próximos domingos de janeiro, tendo a tal da Meteora como anfitriã e bandas convidadas diferentes todos os domingos. Nos próximos, vai ter Lampirônicos, Lacme etc. A pulga atrás da orelha coçou com mais força. No domingo, ontem, dia do show, abro o jornal e me deparo com uma foto da Meteora (nome aliás, tirado do título do segundo álbum do Linkin Park). Super produzidos, os meninos muito bem vestidos - provavelmente por uma assessora de moda profissional - parecem prontos para conquistar todas as garotinhas de quinze anos fãs de Linkin Park e aparecer com tudo na telinha da MTV. Minha mão automaticamente dá um tapa na minha testa. Que mico: alguma produtora do axé criou uma banda de rock como se cria um novo sabonete para colocar na prateleira do supermercado. Como se o rock baiano precisasse de mais essa. Conversando com meus contatos, descubro que rumores dão conta que o tal dançarino de axé, que seria um dos integrantes da banda, seria namorado de Ivete Sangalo. Vamos ao show e uma super estrutura está montada na areninha dos skatistas do Jardim dos Namorados. Bom som, um palco altão, grande, uma torre defronte ao palco com a mesa de som. Tudo muito profissional. A pulga atrás da orelha grita em meu ouvido: "armação, armação". Então essa banda, saída do nada, chega e monta uma super estrutura na orla para fazer shows ao ar livre e de graça para a moçada com várias outras bandas. Pô, legal, mas na boa, quem está botando essa grana na jogada, e com que interesse? Abro uma lata de cerveja e relaxo. Ameaçava chover, mas as nuvens foram embora e é um belo entardecer ao ar livre. A Cascadura começa a tocar seis da tarde, com a volta do filho pródigo Paulinho Oliveira na guitarra e seu baixista, que não sei o nome, dando aquela força à Fábio e Thiago Trad (batera). É muito bom ver Paulinho tocar com Fábio depois de tanto tempo, ele é um grande guitarrista. A banda manda muito bem, com algumas faixas do Vivendo em grande estilo e algumas novas (bem legais). Daqui a pouco, surpresa: Fábio chama Luís Carlini ao palco. Sim, o próprio, o guitarrista da lendária Tutti Frutti, de Rita Lee. Carlini chama sua parceira, uma loura de shortinho chamada Helena, e juntos, eles levam (I can't get no) Satisfaction, com a banda acompanhando. O grande público que já se agitava, se agita de vez, vira uma festa. Carlini dá seu show. Tocam ainda Honky-tonky women. Carlini e Helena agradecem, se retiram e Fábio anuncia a próxima atração: uma música do trabalho solo de Paulinho. Meio surpreso, Paulinho se aproxima do centro do palco e leva sua música, que segundo soube depois, seria de autoria de Glauber Guimarães (o ex-Moskabilly). A música é bem Beatles, jovem guarda, uma balada melodiosa de letra romântica. OK, legal. A Cascadura toca mais algumas músicas e sai consagrada, o público grita bastante. Na seqüência, vem a tal da Meteora. Quatro jovens bem apessoados, de cabelos muito bem cortados e vestidos na última moda para rockeiros elegantes entram no palco. Iniciam o show com uma música do Linkin Park. Não me pergunte o nome, é uma dessas que rolam direto na MTV. Dou-lhe uma. A molecada mais nova e os playboys no recinto se agitam. Segunda música: mais um cover, Show me how to live, do Audioslave. A banda é insegura, o inglês do vocalista é sofrível. Não há sombra de pegada. Dou-lhe duas. A terceira música é o tema de Missão: Impossível, na versão do Limp Bizkit (para a trilha do filme M:I 2). OK, dou-lhe três, vendido: junto meu pessoal e damos no pé dali. Não preciso ver mais nada. Quando eu quero ver uma banda cover, eu assisto o Covernation, que pelo menos, é mais engraçado. Não gosto de bater em cachorro morto (natimorto, nesse caso), mas cabe o aviso: senhores e senhoras da produção, ponham uma coisa nas suas cabecinhas: não se monta uma banda de rock como se monta banda de axé, não. O público do rock não é passivo como o público do axé. Outra coisa: esse esquema "banda de baile" também não funciona no rock. Isso, é obviamente, coisa de gente sem talento para criar as próprias músicas, fato recorrente na cena axé, onde todo mundo toca músicas de todo mundo e todas as bandas acabam se tornando um amontoado só, sem identidade. Caso vocês não tenham notado, o público do rock pensa, e detesta ser enganado. Se bem que a armação nesse caso está tão óbvia que nem de enganação dá para acusá-los. Está tudo muito claro. A pergunta que fica é: a lição não foi aprendida nem depois do retumbante naufrágio do Superfly (de melancólica lembrança)?


SEMANA ROCK (LOCO)

  • Lançamento do cd de Ronei Jorge e os Ladrões de Bicicleta Participações especialíssimas de Luiz Brasil (que produziu o disco) e Jussara Silveira Dia: 10/01 (Terça-feira) Horário: 21:00 Local: Teatro ACBEU (Corredor da Vitória) Ingresso: R$14,00 (inteira) R$7,00 (meia) Mais informações no site: www.roneijorgeeosladroes.com.br/hotsite

  • Show com Wander Wildner y su guitar soloDia: 11/01 (Quarta-feira) Horário: 22:00Local: Miss Modular Ingresso: R$ 10,00 até a 0h e R$ 15,00 após as 0h Informações: bigbross@terra.com.br

  • Eu não gosto de rock! Atrações: Autoramas (RJ), Los Canos, Parafusa (PE), Abertura: Ronei Jorge e os Ladrões de Bicicleta DJs: Boris (Frangote Records), Ramon Prates (Bahia Rock), Sid.14.01.2006 22h R$15 Miss Modular.

  • LOU e CONVIDADOS - Todos os domingos do mês de janeiro, a partir das 18h, a banda LOU estará no Bar Calypso recebendo convidados super especiais.Para dar início à essa temporada de sucesso, o convidado será a banda MINERVA. Em 2005, a LOU foi destaque no cenário nacional comprovando a competência do Rock baiano feito por mulheres. Horário: 18:00 horasIngresso: R$ 5,00.

sexta-feira, janeiro 06, 2006

FEED ME WITH YOUR KISS

Como definir um filme chavão de uma forma totalmente chavão (e muito recorrente no jornalismo brasileiro)? "O filme é um amontoado de clichês". Difícil encontrar forma mais adequada - e merecida - de enquadrar um filme como Retorno dos mortos vivos: Necropolis (Return Of The Living Dead 4: Necropolis). Suposta quarta parte de uma série iniciada de forma extraordinária em 1985 com o ótimo cult O Retorno dos Mortos Vivos, de Dan O'Bannon, clássico trash, esse Necropolis abusa dos personagens estereotipados, diálogos pífios e produção pobre. Produção, aliás, que não sabe direito se o filme se passa nos EUA ou no leste europeu, de onde parece que saiu a grana para viabilizar essa bomba. Todo o charme sujo, diversão e clima apocalíptico rock n' roll do filme original é esquecido aqui. Seguindo à risca a cartilha do filme de terror estúpido americano, os péssimos atores não conseguem transcender os rascunhos de personagens que lhes foram destinados: temos o rapaz bonzinho e valente, a loura burra, a morena esperta, o afroamericano hacker, a tímida de óculos bonitinha, o cientista malvado e até o garoto corajoso e aventureiro. Um desfile de marionetes. Peter Coyote, que deve ser o único ator profissional do filme, e até hoje só é lembrado pelo seu papel de terceiro escalão em E.T., parece que tomou uma injeção de botox errada no maxilar, pois está deformado, o filme inteiro com a boca tensionada numa expressão bizarra, mais feia que as caras dos zumbis. Estes estão descaracterizados: alguns deles até falam e mantém a mesma personalidade de quando eram vivos, um verdadeiro sacrilégio para os fãs de George Romero. A série O Retorno dos Mortos Vivos começou muito bem com o primeiro filme, mas a partir do segundo, foi progressivamente perdendo a qualidade, até desembocar nesse filme horroroso, produzido por (creio eu) mafiosos romenos. E a quinta parte parece que já está pronta. Haja grana pra lavar. Fuja.

NEVER MIND MARK LINDQUIST - ...Acabando de ler Nirvana nunca mais, do autor americano Mark Lindquist, natural de Seattle. O livro fez algum barulho quando foi lançado aqui no Brasil, com muitos se apressando em taxar o rapaz como a versão estadunidense de Nick Hornby. Calma, galera. O Lindquist é legal, mas ainda vai ter que comer muito feijão para ficar ombro a ombro com o autor de Alta fidelidade. Muitos elementos que estavam tão bem postos na obra máxima de Hornby, também estão aqui em Nirvana nunca mais: a obsessão pelo rock e cultura pop, a relutância em crescer e definitivamente se inserir no tal "mundo adulto", o carrossel de namoradas e ficantes, conflitos internos, algum romantismo. Está tudo aqui, só que, sem a leveza, sutileza e espontaneidade do autor inglês. Simplesmente. Contudo, se fugirmos da tentação em comparar as duas obras, Nirvana nunca mais revela-se um livro de leitura muito agradável, ágil e que raramente deixa cair o interesse do leitor. É só lê-lo isoladamente, pois é até injusto ler um autor comparando-o com outros o tempo todo. No livro, acompanhamos o dia a dia de Pete Tyler, ex-vocalista de uma banda grunge, hoje promotor público, envolvido com um caso de estupro cometido por um doidão conhecido dos velhos tempos e de caso com uma funcionária da Sub Pop. Os diálogos são muito bem escritos, e durante quase todo o livro, Lindquist nos leva em tour pela Seattle dos bares e inferninhos da era grunge, o que é muito legal. Nirvana nunca mais não vai mudar sua vida, mas pode render algumas horas de leitura leve, divertida e algo inteligente. Uma hora dessas deve virar filme.

RONEI J E OLDB LANÇAM DISCO NO TEATRO ACBEU - Depois de um ano repleto de shows, viagens e participações em festivais, Ronei Jorge e os Ladrões de Bicicleta festejam o lançamento de seu primeiro disco no próximo dia 10 de janeiro, no Teatro ACBEU. O show traz as canções já conhecidas do repertório do CD, além de algumas novidades e conta com as participações especialíssimas de Luiz Brasil (que produziu o disco) e Jussara Silveira. O evento tem início às 21 horas. Ingressos a R$14,00 (inteira) e R$7,00 (meia). http://www.roneijorgeeosladroes.com.br/hotsite Fonte: release.

VERSOS LENDÁRIOS DA MÚSICA BAIANA, PARTE 1 - "No zé finí da grana / o bolso anda quase nu / a onda agora / é andar de buzú". Se alguém lembrar o autor desses versos tão inspiradores, ponto alto da poesia nativa, por favor, compartilhe essa informação conosco nos comments. Grato.

terça-feira, janeiro 03, 2006

MONDO 77 ATTACKS

Obis! Feliz ano novo. Deixar de frescura e começar logo isso aqui...

Como prometido, iniciamos os trabalhos de 2006 com as resenhas dos três primeiros lançamentos do selo independente Mondo 77, de Campinas. Segundo uma nota publicada na Bizz de dezembro, o Mondo 77 tem distribuição nacional e uma tiragem elevada para os padrões independentes: 3 mil cópias. The Violentures (RJ), Banzé! (SP) e Walverdes (RS) são três bandas bem diversas entre si e estréiam no selo campineiro com bons discos, bem produzidos, prontinhos para serem consumidos sem muito lero lero. Em comum, a vontade de fazer rock de qualidade, com profissionalismo. Nenhuma dessas bandas é a salvação do rock - e nem parece ser essa a intenção, mas cada uma aponta para uma direção de forma competente, mostrando como é possível fazer a sério - e no capricho - o que quase todo mundo leva na brincadeira: rock.

THE VIOLENTURES - Garage boosters
Esse power trio carioca pratica uma surf music instrumental de primeira linha, comparável aos inigualáveis Retrofoguetes daqui de Salvador. Produzido pelo Autorama Gabriel Thomaz, conhecedor da modalidade como poucos, o disco exala aquela sonoridade característica do estilo, energética, cheia de riffs flamejantes, viradas de baterias, tempos dobrados. É de se imaginar o puta show que a banda deve detonar ao vivo. Das doze faixas do disco, apenas três têm letra e vocal, cantadas pelo guitarrista Stênio Von Zuben (fisicamente, quase um clone do Tequiller baiano Eduardo Bastos), que solta uns gritos muito bacanas, tipo AAAHHÚU!, me amarrei. Como convém ao título do álbum (e às fotos e direção de arte), o som é garagem total, para se jogar e pular a mil. Os títulos das faixas entregam parte do espírito do grupo com aquele imaginário tipicamente surf: Endless girls, Las Vegas Inferno, Casbah fever, Shake n' move. Na faixa título, a banda atualiza com brilhantismo o standard Wipe-out, original dos Surfaris (mais famosa na versão Beach Boys, se não me engano). Deliciosamente regular, o disco não deixa o ouvinte cair da prancha ao longo de seus 31 minutos de grandes ondas sonoras. Vista já sua camisa havaiana e não esqueça a parafina no cabelo.
VOCÊ PODE CURTIR ISSO SE GOSTA DE: Retrofoguetes, Autoramas, Dick Dale.
CAI BEM COM: Cerveja, meu irmão, muuuuita cerveja (e porra nenhuma de tiragosto).


BANZÉ! - De pernas pro ar
Não gostei logo de cara. Achei meio bobinho, sem sal, pra tocar no rádio. Para falar a verdade, na terceira música eu já tava meio irritado, quando o riff bacana - e de clara inspiração soul - da quarta faixa, Pra que chorar, me acalmou. OK, vamos continuar ouvindo. Mas alguma coisa no vocalista continua me desagradando, o rapaz nem é esganiçado, coitado, acho que falta mais personalidade, pegada, mas a dinâmica da canção é legal, me convenceu, é capaz da banda fazer bonito no show. As coisas melhoram na quinta faixa, Eu sou melhor do que você, com participação bacana de Nasi, do Ira!, padrinho e fã entusiasmado do Banzé!. (Esses mods se amarram numa exclamação). A letra é um achado, saquem só: "Todo mundo acha que pode / acha que é pop acha que é poeta (...) Todo mundo ganha grana só para dizer / que ela não vale nada / Todo mundo diz que é contra a violência / e sempre dá porrada / Todos querem se apaixonar sem se arriscar / sem se expor / sem sofrer / Não basta ser inteligente / tem que ser / mais que o outro / pra ele te reconhecer". A participação de Nasi diminui o tempo de microfone do vocalista, o que deixa a música, de andamento rapidinho, melhor ainda. O som do Banzé às vezes lembra o Ira! do Mudança de comportamento (1985). Por lembrar o Ira!, automaticamente também nos reporta à algo linha The Who. Mas o som é quase sempre bem limpinho, parece que falta alguma coisa. (Talvez um Scandurra na guitarra...) Por todo o disco é possível perceber que houve uma grande vontade de se fazer um trabalho bem feito, acessível, mas sem abrir as pernas demais. Enfim, acho que tem um potencial legal aqui, mas ainda tá meio verde. Letras em português, instrumental competente, mas sem grandes novidades, melodias bem legais - dá até para assobiar algumas delas. Na dúvida, experimente. Pode ser que eu esteja errado.
VOCÊ PODE CURTIR ISSO SE GOSTA DE: Ira!, Who.
CAI BEM COM: Ki-suco de morango com biscoito recheado de chocolate.


WALVERDES - PLAYBACK
O melhor dos três discos da leva inicial do Mondo 77, o terceiro álbum da banda gaúcha reza de forma independente da cartilha do rock gaúcho: as baladinhas, melodias sixties e influências da jovem guarda ficam completamente de fora (sempre ficaram, aliás) do som do power trio formado por Gustavo Mini Bittencourt (guitarra e vocal), Marcos Rübenich e Patrick Magalhães. O disco é uma porrada atrás da outra. Guitarra, baixo e bateria em permanente estado de fúria. É punk, mas não chega a ser hardcore. O som é mais na linha Nirvana, pesado, mas com riffs melodiosos e sinuosos (mas sem muita complexidade) sempre em crescendo, do tipo que dá vontade de acompanhar fazendo air guitar e pulando no ritmo da batera. Dá para dizer que é quase um stoner rock, com alguma influência do QOTSA e Foo Fighters. As letras são curtas, bem diretas e bacanas, revelando com inteligência a visão urbana dos jovens gaúchos. Com a simplicidade típica de quem sabe que, para ser profundo, não precisa ser hermético, Mini entrega pequenas lições de vida em pílulas como em Sabendo que é assim a vida: "O que eu quero não acontece / mas o que é bom sempre aparece / mesmo que seja o ruim de um jeito / que me favorece / quando amanhece o dia / e a noite foi só fantasia / caio em mim e me levanto / sabendo que é assim a vida". Já na faixa título, Playback, temos uma pérola do humor punk: "Leu o Mate-me por favor / e se emocionou / quis ser o Iggy Pop / mas seu Carlos não deixou". Como diria um daqueles bebedores de chimarrão, um dos discos mais afudê (e pesados) do rock nacional que ouvi nos últimos tempos. Ah: preste atenção depois da última música, Não vou sair daqui ("Não vou sair daqui / porque tem comida de graça / por isso que eu gosto de aniversário"), que tem uma faixa escondida, um reggaezinho tosco safado.
VOCÊ PODE CURTIR ISSO SE GOSTA DE: Nirvana, Foo Fighters, Sangria.
CAI BEM COM: Cachaça com energético (sólido e / ou líquido).


HORA DO ROCK 05.01.06 > A programação do Hora do Rock de amanhã inclui música inédita do terceiro disco solo de Richard Ashcroft, a volta do The Who e a possível passagem da banda pelo Brasil, Radiohead com o "Ok Computer" e "The Bends" eleitos os melhores de todos os tempos por leitores da revista Q, e Charlatans, Suede, Smiths, Stone Roses, Doves, The Music, Animals e The Jam. 21h na Globo FM (90,1) ou www.gfm.com.br. Pra quem está no horário de verão, o programa começa às 22h. Hora do Rock no Orkut: http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=6910684.

NOTÍCIA IMPORTANTE - Pescada do flog de Fábio Cascadura. Salvou o domingão: Dia 08/01 (domingo) tem CASCADURA no Jardim dos Namorados. De graça, ao ar livre, com as bandas Meteora e Scambo. A partir das 17 h. Apareça!!!!

SABADÃO TEM - Festa Nave 07.01.2006 23h R$ 8 (até meia-noite) e R$ 10Miss Modular Morro da Paciência, 3810, Rio Vrmelho Salvador-BA Contato: festanave@gmail.com
Fotolog: www.fotolog.com/nave_/ Comunidade no Orkut:
http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=2007490

DOMINGÃO TAMBÉM - As Soul Sundays (ops, acho que agora é Soul Sessions), continuam rachando o assoalho do Miss Modular todo domingo. Pra calçar seus sapatos plataforma e descer escalando até o chão, à moda do velho James (se você for capaz, claro, caso contrário, você pode acabar a noite falando fino).

AINDA NO SABADÃO... - Theatro de Séraphin, Estrada Perdida e The Budas. Aniversário de Mr. Sérgio 'Cebola' e Simone Leal. Sábado, 07 de Janeiro, 21h30. Zauber, Ladeira de Misericórdia, Centro. R$10. Desde já, aquele abraço ao velho rocker, professor pra muita gente boa (incluindo este mané aqui), e à companheira Simone.

QUADRINHOS (+ BARATOS) PARA QUEM PRECISA - Notícia boa: a Ediouro e a Futuro Comunicação se fundiram em uma nova editora de quadrinhos, chamada Pixel Media, cuja proposta, na contramão da de editoras como Devir (essa nem tanto), Opera Graphica e Conrad, é publicar edições de luxo à preços mais baratos do que os praticados pelas supracitadas. Segundo notícia publicada no site Herói (clique aqui), a Pixel publicará obras clássicas do quadrinho europeu, como Corto Maltese de Hugo Pratt, Gullivera de Manara, e tb quadrinhos americanos, como Madman (de Mike Allred), Heart of Empire (Bryan Talbot), Shock Rockets (Kurt Busiek), Jingle Belle (Paul Dini), Thief of Always (Clive Barker) entre outros. Tava na hora de alguém reagir ao abuso dessas editoras, que parecem publicar na Suíça, cobrando preços extorsivos por edições exageradamente luxuosas. Porra, os quadrinhos são uma forma de arte popular, caceta, não é para ser elitizado. Ficam lançando essas edições cheias de frescura, capa dura, letras metalizadas, plastificadas, papel couché e o escambau... A Mythos teve a cara de pau de lançar uma edição encadernada de Camelot 3000 por R$ 60, 00!!!! Mesmo preço das edições luxuosas capa dura de Sandman, só que sem os atributos da obra de Neil Gaiman. Tomara que essa Pixel consiga praticar os menores preços possíveis pra quebrar essa galera que só quer vender pra publicitário paulista (que nem lêem, só usam os álbuns para decorar mesinha de centro e exibir aos amigos igualmente frescos).