sexta-feira, novembro 26, 2004

AS ARANHAS NÃO TECEM SUAS TEIAS POR LOUCURA OU POR PAIXÃO. SE O SANGUE AINDA CORRE NAS VEIAS, É POR PURA FALTA DE OPÇÃO.

Meu problema de falta de assunto estava tão brabo ontem que tive de recorrer à um zero a esquerda como aquele Robbie Wiliams pra postar alguma coisa aqui. Ignorem esse post infeliz logo aí embaixo. Esse merdinha não merece que nossos dedos digitem sequer uma linha mais sobre sua fútil e inútil existência. OK...

Show da Guizzzmo / Retrofoguetes no Teatro do Sesi ontem. Deixa eu ser logo direto, como de costume. Não gosto de show em teatro. Show de rock, bem entendido. É simples. Um show de rock, como todo mundo que os freqüenta deve saber, não é apenas o que se passa no palco. Um show de rock é onde as pessoas se encontram, tomam umas cervejas (ou uns uísques, umas vodcas, umas pingas, deixa eu parar por aqui), gritam para a banda tocar Raul, chamam o vocalista de viado, aplaudem, vaiam, jogam coisas no palco, se jogam dele de volta para a platéia (na saudável prática conhecida como stagediving), soltam os bichos e voltam de alma lavada (e cara cheia) pra casa. Ou para casa dos outros. Em um teatro, esse mecânica é, ao meu ver, ligeiramente comprometida. Você não pode beber. Você não pode fumar. Você não pode ficar de pé. Você não pode ficar entrando e saindo (opa). Enfim: não pode isso, não pode aquilo... Pô, isso é um show de rock, ou um concerto de música erudita? Sem contar que, pelo que eu senti da Guizzzmo ontem no palco, isso não é bom nem para eles. Fica aquele negócio burocrático: a banda toca uma música, a platéia aplaude. A banda toca uma música. A platéia aplaude. A banda toca uma música... e assim por diante. Cadê o imprevisto? Cadê o sangue no palco? Cadê o stagediving (metaforicamente falando)? Cadê a participação, caceta? Tinha um doidão gritando AÊ! AÊ! E só. Cadê o Lázaro Neguim Mala pra gritar TOCA RAUL! nessas horas? (Pô, que desespero tb, não chega a tanto.) AÍ, DODJÕES: PAROU COM ESSE NEGÓCIO DE SHOW DE ROCK EM TEATRO, VALEU?

Sobre o show em si, foi o de sempre, com o agravante da questão já esmiuçada aí em cima. Antes do show foi apresentado o clipe de Spencer para a música Flâmula, uma das primeiras da Guizzzmo, sobre a qual já escrevi alguma coisa, alguns posts abaixo. Dedicado ao velho Borelzinho, o clipe pareceu ter agradado bastante pelas risadas na platéia, ouvidas principalmente nas cenas com aquele monte de guri esquelético dançando na frente da banda. Quase rachei o bico, muito engraçado. SPENGLER: NOTA 10, MEU FILHO! Tomara que role pelas telas por aí. Logo depois do clipe, entra aquela intro da Fábrica de Chocolate e Vandex toma conta do palco com sua performance psicodélica de sempre. Uma das coisas que me incomodam na Guizzzmo é a tendência de Vandinho de ficar burilando muito os arranjos das músicas. ?O sonho?, por exemplo, inicialmente era uma coisa. Hoje é outra, totalmente diferente. E infelizmente, muito mais burocrática. Eu, pelo menos, gostava mais dela no início, com seu arranjo mais cru, mesmo. (Eu sabia que esse negócio de Vandinho passar a adolescência ouvindo Yes e Genesis não ia prestar...) Mas essa é uma exceção. O show em si é bem fluido e divertido. Rolam umas covers como As borboletas, de Zé Ramalho (ótima) e Pelo engarrafamento, do Otto (essa eu já não acho legal). Mas o melhor momento do show é a música título do CD, Macaca! Com a participação de Luizão, (que aliás, acrescentou bastante ao som da banda ao longo de quase todo o show) com sua guitarra só no tremolo e Rex Crotus no cowbell, a música cresce legal ao vivo, empolgando o público. Se o carnaval baiano não fosse o lixo pra turista em que se transformou, acho que essa música faria bem bonito em cima de um trio elétrico na avenida. OK, podem jogar os tomates...

Quanto aos Retrofoguetes, acho que devo desculpas à Morotó, Rex e CH (e também às nossas centenas de milhares de leitores). Fui embora depois da Guizzzmo e não vi. Velhinhos, mil perdões. Ó: fico devendo um post bala sobre os Retros. Quando eu comprar o cdzim deles eu posto aquela resenha descaralhante aqui, valeu?

Preciso ir ao banheiro agora. Té mais, crianças.

3 comentários:

Anônimo disse...

Porra, se redimiu bonito e excepcional como sempre. Concordo e disconcordo de várias passagens do seu texto e convido para uma sessão de assistimento da gravação do show em questão para posterior debate, com duração ilimitada, em pé, bebendo, fumando, várias opiniões discordantes e bagunça generalizada. sora


Ah, eu tô cantando a música, mas não lembro o nome da banda. Picassos falsos?

osvaldo disse...

Vi o show a semana passada, e acho que esse negocio de tocar em teatro não é pra qualquer banda.Acho que a Guizzmo é uma das poucas que podem, os caras são excelentes musicos e Vandex é sempre um show a parte.Agora em relação a vibe vc tem toda razão, show de rock em bares e casas de show são mais adequados.O problema é que as casas de show daqui são muito precarias(principalmente as de "rock"), e do som ao ambiente, estrutura, ect. tem que gostar muito de rock (publico e bandas) pra encarar a parada.

Franchico disse...

É Engenheiros do Hawaii, Sora. ARRRRGH! E no dia que vc quiser marcar essa session do vídeo aí, eu tô colado. Bramis, conversando com Mário, ele tinha me alertado desse aspecto que eu realmente me passei aí na minha análise. Salvador é realmente pobre de palcos decentes para shows de rock, o que faz com que teatros acabem se tornando uma opção na hora de agendar um show. Dureza.