segunda-feira, novembro 29, 2004

ANDEI, OBSERVANDO QUASE TUDO.

OK, minto. Andei observando quase nada. Porra, eu tô mentindo de novo. Observei uma coisa ou outra, vá. Mas ficou legal como título. Né?

Mas depois desse show de Pitty, Ronei Jorge e seus Ladrões de Bicicleta, Sangria e Los Canos na Concha, em pleno domingão, eu cheguei à uma conclusão bem óbvia. Que pena que eu não tenho mais quinze anos. Esmagadora maioria nos presentes ao mini Festival Admirável Rock Novo, a garotada se esbaldou a valer e mantém, pelo menos assim espero, acesa a esperança de que o rock continua na Salvador do Psirico, mesmo quando não estivermos mais por aqui. Nem tudo está perdido, correto? (Pô, que papo mais segunda-feira.) Mas vamos deixar de enrolação e falar da coisa propriamente dita.

Como todo show com várias bandas na Concha, nesse a coisa não foi diferente e as primeiras bandas tocaram para, talvez menos da metade do público total presente. Este, segundo dados fornecidos pelo Instituto Franciel Cruz de Dados Empiricamente Chutados, ?orbitou na faixa etária de uns três, 3,5 mil pessoas?. Ou seja: encheu, mas não lotou, como era esperado. Pelo menos, por mim.

Ainda era dia quando a Sangria abriu os trabalhos, ensurdecendo o público presente com seu rock feroz e ruidoso, descontando aí uma pequena ajuda do som embolado nas três primeiras bandas. Esse dado do som embolado foi inclusive confirmado pelo Instituto Mário Jorge Heine de Verificação de Áudio, cujo porta-voz, Mário Jorge Heine, declarou, ainda no show da Sangria: ?tá embolado pracaralho!?. Descontada essa dificuldade, os meninos sangrentos apenas confirmaram a qualidade da banda em mais uma performance pesada, desconcertante e detonante.

Na seqüência, sem muito tempo entre uma banda e outra, a Los Canos também penou com o sonzinho que não ajudava muito. Mas tudo bem. Hits a granel, uma galera animada ali na frente, clima bacana. Peu subiu no palco em uma determinada música e largou um solo monstruoso, dando um colorido que casou legal no som da LC com sua estética punk largadona.

Agora, inegavelmente, das três bandas convidadas, a que se deu melhor ontem foi mesmo Ronei Jorge e os Ladrões de Bicicleta. O som já parecia melhor ajustado e a noite já definitivamente estabelecida propiciou o uso da iluminação. Mais do que isso, rolou uma energia diferente no ar e o público respondeu calorosamente ao rock até certo ponto complexo do grupo, à despeito das duas bandas anteriores apresentarem uma música bem mais digerível pela garotada de preto presente ao local. Ou isso, ou eu já tava bebum. Quem entende? Ao final do show a banda foi ruidosamente ovacionada e saiu consagrada pelo público de sua própria terra. Bonito, isso.

Pitty não demorou e aí sim, a casa veio abaixo. Em primeiro lugar, vamos considerar: que banda da porra. Duda é um baterista extremamente profissional, com uma pegada fortíssima. Joe, não menos profissional, esbanja talento pelas cordas de seu baixo. Peu é o filho que Borel não teve, e não consigo imaginar elogio maior que esse. E Pitty é aquilo tudo mesmo: baixinha, furiosa, carismática como uma diaba de dreadlocks e saia esvoaçante.

Não vou ficar aqui dizendo que gosto do som e coisa e tal. Não tenho o disco, nem pretendo compra-lo. Porém, se na MTV, Pitty fica muito bem formatada como ídolo adolescente que ela merecidamente é, ao vivo, a garota punk e sua banda extraordinária transcendem rótulos e direcionamentos mercadológicos, convencendo até o mais cínico roqueiro velho com uma performance irretocável, incendiária. E olha que eles nem tocaram um de seus maiores hits, Máscara (aquela do refrão bizarrô! Bizarrô!) Juro: até em Equalize, balada que, confesso, é sua música que menos me agrada, Pitty empolga, dá o sangue, agita, faz casais de trintões se beijarem longa e desavergonhadamente.

Mas o melhor de tudo, pelo menos para mim, ficou para o finalzinho. Após uma versão deliciosa de Candy, clássico de Iggy Pop, Pitty chamou os Úteros em Fúria remanescentes presentes no recinto (Mauro, Apú, Mário e Vandinho) para uma jam em Be bigger, música (registrada no DVD recentemente lançado) da extinta e saudosa banda, que, como declarou a estrela da noite, ?mudou a história do rock baiano?. Após um início meio desencontrado, onde o microfone de Mauro não funcionou, aquela energia estranha da qual já falei baixou com toda a força na Concha e o público, conscientemente ou não, pôde testemunhar um momento absolutamente emocionante e inesquecível. Eu despiroquei. Não lembro com detalhes, só sei que minha pressão foi pras picas e me faltam palavras pra definir o que aconteceu ali. Espero que alguém tenha filmado tudo aquilo. O mínimo que posso dizer é que foi a homenagem mais adequada possível para a banda e seu saudoso guitarrista solo, citado mais acima como o pai de Peu.

Ele estava lá também, e com um sorriso de orelha a orelha, tenham certeza.

Ah, vai aqui aquele abraço pro companheiro Braminha, que descolou umas cortesias pros rockloquetes e organizou um festão pra Pitty, as bandas e agregados no Miss Modular, na seqüência do show. Astral demais, essa festinha fechou com chave de ouro um domingão atípico que já ficou pra história. Eu quero é mais.

7 comentários:

osvaldo disse...

Aê Chico , beleza de comentario escrito com muito feeling.Uma correção,a bem da justiça a festa não foi organizada por mim, e sim por Jandira e a produção de Pitty(Cida ,Catia e Lobato) e acabou servindo para comemorar o disco de ouro da banda, minha função foi botar pilha na ideia dada por Batata!Lorena e husband tambem foram muito legais.Depois faço uns comments sobre os shows que realmente teve momentos emblematicos.

Franchico disse...

valeu, Brametes. desculpa aê, Jandy. e aquele beijo pra ti, Joe (q pra não perder o hábito, ficou pelado ontem de novo) e Júlia.

Anônimo disse...

show pra guri

Franchico disse...

fui lá no site de Pitty ver se tinha algum comentário do show de domingo e já tá lá a bagaça. tá bacana, dêem um saque:

De lá já fomos direto pro aeroporto, esquema ninguém dorme, e direto pra SSA. Ahhhhh! Q bom estar em casa! Só deu tempo de dormir poucas horas e já fui pra Concha, queria ver o show das outras bandas. Além de que, produça nossa, estava na expectativa q tudo desse certo. Peguei um pedacinho do Sangria, Los Canos e Ronei Jorge. Muito bom ver a galera tocando num palco legal, e eles mandaram muito bem. Foi chegando a hora...e a gente na pilha.... e finalmente, lá fomos nós, tocar em casa, rostos novos, velhos conhecidos. Tocamos o set todo e mais Suas Armas, e na hora do bis voltamos ao palco com a galera da Úteros em Fúria pra fazer Be Bigger, a música q a gente gravou no DVD. Só quem vivenciou a década de noventa no rock baiano sabe da importancia e valor desses caras. Foi um momento emocionante, ver Maurão, Apú, Mario e Vandinho ali tocando com a gente (c certeza Boréu tb estava), de novo juntos...deja vu... eu, guria, indo ver show dos caras em Villas e esperando até de manhã pra pegar onibus de volta pra casa... dormindo na grama, pogando na roda, dando os primeiros moshes. Muito, muito, muito especial. No final da música, ainda estava pensando em tocar Máscara na sequencia, mas Duda "esbarrou" na bateria e ela voou pelos ares, encerrando assim uma noite memorável de roque, saudade, e sementes sendo plantadas.

osvaldo disse...

Se tem uma palavra para descrever o mini-festival de domingo, para mim seria generosidade.Sim, antes de qualquer coisa, Pitty,Peu ,Joe e Duda deram um show de generosidade viabilizando o evento, abrindo mão de grana, permitindo que bandas locais que normalmente não tocariam na Concha Acustica do Teatro Castro Alves pudessem tocar com dignidade.A firme determinação da banda em abrir mão de propostas financeiras muito, mas muito mais vantajosas mesmo, foi um dos maiores exemplos CONCRETOS de dedicação e generosidade para o rock que presenciei nos ultimos tempos .Oa shows foram corretissimos, com destaque especial para Roney, que a cada show demonstra que tem uma proposta musical capaz de aglutinar mais publico.Los Canos foi diversão garantida e o Sangria, a banda mais pesada do dia , é porrada na oreia.Pitty fez um show coeso, mostrando que a banda já tem uma maturidade musical e uma proposta definida e consegue na minha opinião aliar com grande competencia acessibilidade ao grande publico mas sem jamais abrir mão das raizes rock da banda.A banda continua rock'n'roll até o talo, só não ver quem não quer.E depois a festinha foi um capitulo a parte, quando tive que improvisar um set, já que não tinha DJ, e se não eu não tivesse um case de cd de emergencia às mãos as coisas iam ficar ainda mais caóticas do que foram.Bigs apenas disse vai lá e toca que eu não vou.Thanks Bigs, you owe me one.Astral total mostrando que Salvador tem um publico bem informado para eventos rock em clubes e bares e ajudou bastante para o set rolar bacana(tinha muito som alternativo novo), rolando uma vibe bem interessante.Rolou Bloc Party, Concretes, Chicks on Speed, !!!(é nome de banda!),Mooney Suzuki, Eagles of Death Metal (dos novos sons) e Camper Van Bethoven, Tom Verlaine, Clash( dos veio) alem de Dead Billies e Cissa Guimarães!?!. Pitty tava radiante e Peu era o mais alegre,e as pessoas groovin' to the beat.Noite memoravel, pena que tive que sair cedo, pois no outro dia o trampo era pesado.Keep on rockin'.

Anônimo disse...

Rapaz...esse post está perfeito. Diz tudo o que eu queria dizer sobre esse show. Nada mais a acrescentar. Foi rock pra caralho!
Até mais
Sid

Anônimo disse...

FOi uma operação kamikase esse show, foda, muito bom, mto bom msmo. A Pitty tá dando cara ao aual rock brasileiro. e veio pra ficar.
Laryne
www.laryne.blogger.com.br