sábado, dezembro 01, 2018

A ARTE DA SUPERAÇÃO SEGUNDO O POWER METAL

Uma das maiores bandas do metal brasileiro, aclamada mundialmente, o Angra volta à cidade para lançar o álbum ØMNI

Felipe, Bruno, Fabio, Rafael e Marcelo, foto Henrique Grandi
Uma das mais aclamadas bandas de heavy metal do país, o Angra volta à Salvador no show de lançamento do seu álbum mais recente, ØMNI.

No show, parte de uma extensa turnê que começou em março na Europa e já passou pela Ásia, Estados Unidos e Canadá, o Angra mostra canções do ØMNI e também outras preferidas dos fãs.

“Vai ser um apanhado da carreira, enfatizando o momento atual, que é o ØMNI”, conta o guitarrista Rafael Bittencourt.

“Sim, desde março, as plateias no mundo inteiro tem algumas coisas em comum e também algumas particularidades. A Europa a gente já frequenta há muitos anos, e esta foi nossa primeira grande turnê nos Estados Unidos, fizemos 31 show nos EUA e Canadá. E na Ásia também foi muito legal, no Japão foi o primeiro público internacional que tivemos, desde o começo da banda. A gravadora JVC, do Japão, se interessou pela banda em 92 e lançamos nosso CD em 93 e desde então temos uma parceria muito próxima com eles. Os fãs japoneses são muito leais, carinhosos e fervorosos, então foi muito legal apresentar este novo momento para públicos já muito conhecidos da banda e receber esta aprovação. Fãs que já assistiram shows de todas as fases da banda virem dizer que este foi um dos melhores shows do Angra que eles já viram, então este tipo de elogio vale muito a pena. E a banda tem evoluído muito sim, no próprio repertório novo, porque teve momentos da turnê que a gente fazia show praticamente todos os dias. Isso vai aprimorando a sonoridade da banda, o entrosamento também - seja pessoal, como musical. Posso dizer que este é um grande momento para o Angra”, conta o músico.

Trabalho mais elogiado da banda – dentro e fora do Brasil – desde Temple of Shadows (2004), ØMNI foi uma espécie de prova de fogo para o quinteto.

Razão: era preciso superar a perda do guitar-hero Kiko Loureiro, recrutado pelo ídolo norte-americano Dave Mustaine para integrar (há quem diga que foi para salvar) sua banda, a icônica Megadeth.

“Esse disco é muito, muito importante pra mim, porque ele mostra mais uma vez uma superação de contrariedades, que são as mudanças de formação”, afirma Rafael.

Ao que parece, a tarefa foi cumprida com louvor, para alívio do único membro fundador ainda no Angra, Rafael: “Sim, (o ØMNI) tem sido muito elogiado. E eu fico muito feliz, trabalhei muito pra isso. No meio do processo já tinha noção que tínhamos um álbum muito forte nas mãos, e eu esperava que as pessoas sentissem que houve uma retomada no entrosamento da banda”, afirma.

“Fiquei surpreso, mas fiquei mais ainda foi satisfeito. Trabalhamos pra isso, realmente nos dedicamos, porque com a saída do Kiko, senti que teríamos que fazer um esforço triplo, quádruplo, pra sustentar a perda de um integrante tão icônico pra banda”, diz.

Queen, Raulzito e Sandy

Foto Henrique Grandi
No lugar de Kiko entrou Marcelo Barbosa (ex-Almah), que se juntou à  Felipe Andreoli (baixo), Fabio Lione (voz) e Bruno Valverde (bateria).

“O Ømni é  a celebração dessa formação que se consolidou  com entrada do Marcelo. É uma formação moderna, de músicos que conhecem muito power metal (estilo do Angra) mas que também trazem outras novidades, estilos e influencias. A sonoridade da banda vem mudando muito através dos anos. Então esse momento celebra essa formação com Fabio Lione, vocalista que é muito conhecido pelo pessoal do power metal por conta da carreira que ele fez no Rhapsody”, afirma.

De fato, Ømni é um baita disco de heavy metal com a marca do Angra  desde sua fundação, em 1991: o caráter ousado.

Assim como a outra banda brasileira de metal mais aclamada mundo afora, Sepultura, o Angra valoriza ritmos e instrumentos brasileiros desde seu segundo álbum, o clássico Holy Land (1996).

“Sim, o Angra tem essa coisa de misturar elementos e tal. Acho que é uma coisa um pouco natural porque eu gosto muito de estilos diferentes, eu ouço frequentemente músicas de estilos muito diversos. Então na minha cabeça é natural essas conversões de estilos, essas mixagens. E eu tenho influências de muitas bandas e artistas, o próprio Queen sempre misturou muita coisa, o Raul Seixas, que é um ídolo que eu tenho, sempre muitos estilos, tinha uma liberdade criativa muito grande e eu sempre persegui essa liberdade. O processo é um pouco intuitivo por que eu acho que soa natural aquilo que já está incorporado dentro do músico, mas é também resultado de muita experiência no estúdio, porque você precisa passar um  tempo ali, tem um um processo empírico, tentativa e erro e isso também conta”, afirma Rafael.

Em Ømni, eles dão um passo além, convidando Sandy (sim, a filha do Xororó) para cantar em trio com Fabio e Alissa White-Gluz (da banda sueca de death metal Arch Enemy), na faixa Black Widow's Web.

O resultado é arrebatador. Conceitual, a faixa traz Sandy e Alissa fazendo a mesma personagem, a viúva negra do título, e Fabio como sua vítima, ora seduzido pela sua face suave (Sandy), ora aterrorizado pela sua fúria (na voz gutural de Alissa).

E essa é outra grande característica da banda: as narrativas épicas, que, planeja Fábio, um dia chegarão às telas: “Sim, tenho muita vontade de  adapta-las para filme, animação, game. Ou até quadrinhos. Quero muito realizar isso no futuro próximo”, diz.

Angra: ØMNI World Tour / Amanhã, 18 horas / Salvador Music Place (Patamares) / Promocional: R$ 70 +  1 quilo de alimento não perecível / Front stage: R$ 140 / 18 anos

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