O Doutor Batera na foto de Glauco Neves |
"Além da IFÁ, faço parte atualmente de um projeto chamado Coquetel Banda Larga, com integrantes da extinta Navio Negreiro. Na cena soteropolitana já acompanhei inúmeras bandas de reggae, praticamente todas as bandas que se apresentavam na Rocinha, dentre estas a Red Meditation, Moa Anbesa e Semente da Paz. Fui fundador do coletivo Dubstereo, já toquei com Radiomundi, Lucas Santtana, Kalu, Luiz Natureza, Dionorina, entre outros", enumera Jorge.
O que talvez muitos não saibam é que Jorge vem desenvolvendo, em paralelo, uma interessantíssima carreira solo sob o pseudônimo Dr. Drumah (“Doutor Batera”, mal traduzido da fala jamaicana).
Esses dias Jorge / Dr. Drumah anunciou seu terceiro trabalho: Creation & Foundation, lançado pelo selo californiano 77 Rise em fita cassete e digital.
Com quinze faixas, o disco é uma mandinga curativa hipnótica instrumental digna de tracks históricas do dub jamaicano safra 1970’s.
“Defino (meu trabalho) como hip hop instrumental, mas com várias ramificações. Dialoga com jazz, soul, nu-jazz, neo soul e música brasileira. No Creation & Foundation, o dialogo é com a música jamaicana, com foco no dub e sound system”, conta Jorge.
Mais do que um baterista, Jorge pode hoje ser considerado um beatmaker (fazedor de batidas), alguém que utiliza diversos recursos (analógicos e digitais) para criar beats e tracks.
E foi através de outro beatmaker que ele teve seu trabalho conhecido por um selo undeground lá na Califórnia.
“Conversando com um amigo de São Paulo, também beatmaker, o Sono TWS, sobre o desejo em lançar meu trabalho em cassete, ele me disse que conhecia o pessoal do 77 Rise Recordings, que é especializado em cassete”, conta.
“Na época ele apresentou o (meu álbum) 90’s Mindz ao 77 Rise, que acabou lançando-o e, para minha surpresa, foi uma das tapes mais vendidas do selo em 2017. Depois disso veio o álbum Drumahmental, que saiu em CD e vinil pelo selo inglês IBMCs, relata.
Pesquisar para começar
Jorge, o Dubman, foto Heder Novaes |
"Esse trabalho tem todo um processo. Sempre começo pelos discos. Escuto muita coisa antes de produzir e fico sempre com os ouvidos atentos pra um loop perfeito. Quando acho esse recorte já começo a fazer o beat pra dá um ritmo e achar o caminho na composição. Daí vem os outros instrumentos adicionais como baixo, teclados, synths e efxs pra somar com o sample. Sempre começo pelo sample, é o que me chama mais atenção nesse processo de produção", descreve.
“No meu caso, utilizo o sample (amostra ou trecho de alguma música). Esse é o meu ponto de partida e é como começo a desenvolver meu som. Vamos dizer que isso é a única coisa que seja uma ‘colagem’ no meu trabalho”, afirma.
“Fora isso, tem toda uma pesquisa e tudo é elaborado de forma original, desde o beat que faço na MPC (bateria eletrônica) aos sons dos outros instrumentos, tocados através de um software ou gravados organicamente. No álbum Creation & Foundation convidei amigos músicos para participarem de tracks, como Bruno Buarque (Karina Buhr), que gravou vários instrumentos (piano rhodes, clavinett, OP-1 e percussão) na faixa Jungle Station. Átila Santtana (IFÁ) e Danilo Japa (Dubfree) gravaram guitarra e órgão na faixa título Creation & Foundation. Sanzyo da banda pernambucana Bom Sucesso Samba Clube gravou escaleta na track Invazion. Sempre mesclo sample com instrumentos tocados nos meus álbuns”, detalha.
Em breve, o Dr. Drumah atenderá seus pacientes ao vivo, com banda.
"Estou me organizando pra isso, mas pretendo mostrar ao vivo no formato mais orgânico (banda), misturando também com os elementos eletrônicos como samplers. Estou estudando a melhor maneira de mostrar esse trabalho. Já recebi algumas propostas de apresentação dentro e fora do Brasil e isso acaba me motivando mais para realizar essas apresentações", conta Jorge.
Aguardemos.
NUETAS
Gamboa, só de boa
O violonista George Christian e convidados apresentam nesta quinta-feira o show Secretos Universos, uma experiência sonora e visual no Teatro Gamboa Nova. 19 horas, R$ 20. E sábado tem Afrika Jump, com os nigerianos Okwei Odili (cantora) e Teekay Tha Newbornno (rapper). Classe.
Circo de Marvin, bye
De mudança para São Paulo, a promissora Circo de Marvin faz show de despedida de Salvador nesta sexta-feira. Portela Café, 18 horas, R$ 22.
Rivera & Rivermann
Madame Rivera faz show no Bardos Bardos Casa da Trinca sexta-feira, 18 horas, pague quanto quiser. E no dia seguinte, nos mesmos bat-local e horário, tem a ótima Rivermann, de pegada pós-punk.