terça-feira, setembro 11, 2018

ECOS DA JUVENTUDE SÔNICA

Ex-membros da icônica banda Sonic Youth encontraram um pequeno mas fiel nicho de admiradores no Brasil. Enquanto o baterista fez uma banda com brasileiros, Lee Ranaldo, que já se apresentou em Salvador, lançou um livro de memórias

Riviera Gaz: Gustavo, Steve Shelley e Paulo K, foto Renata Molina
Uma das bandas de rock mais influentes de todos os tempos, o Sonic Youth (1981-2011) inspirou o Nirvana de Kurt Cobain e a última grande onda roqueira, que varreu o mundo nos anos 1990. Agora, dois de seus ex-membros tem novos trabalhos lançados no Brasil.

 Mais do que isso: esses trabalhos são um reflexo de uma certa  relação que esses músicos tem construído – ora, vejam – com o Brasil. Trata-se de um disco e um livro.

O disco é Connection,  álbum de estreia da banda Riviera Gaz, que traz na sua formação o guitarrista e vocalista Gustavo Riviera (ex-Forgotten Boys), o baixista Paulo Kishimoto (que também é tecladista de Pitty) e o baterista Steve Shelley, que respondia pelas baquetas no SY.

Já o livro é JRNLS80s: Poemas, Letras, Cartas, Anotações e Cartões-Postais dos Primeiros Anos do Sonic Youth, do seu ex-guitarrista, Lee Ranaldo. (JRNLS80s pode ser traduzido como “diários dos anos 80).

O elo que conecta ambas as obras são as constantes viagens ao Brasil que Ranaldo tem feito para os lados de cá desde o fim do Sonic Youth

Quase todo ano, o músico, que também é escritor,  poeta e artista visual, vem ao país se apresentar. As vezes vem com banda. Outras, vem sozinho com seus violões e guitarras.

Numa dessas, em setembro de 2016, se apresentou até em Salvador, diante de uma incrédula plateia de velhos e novos fãs, no palco do Cine-Teatro Solar Boa Vista, dentro da série de eventos Low Fi - Processos Criativos (do músico e agitador cultural Edbrass Brasil).

Também numa dessas vindas ao país, Lee se fez acompanhar justamente pelo ex-parceiro de SY na bateria, Steve.

“Ele estava vindo para fazer um show no Brasil com o Lee Ranaldo. Aí um amigo dele, que é meu amigo e do Paulo, fotógrafo em Paris, nos colocou em contato para nos encontrarmos”, conta Gustavo.

Lee Ranaldo e Steve Shelley no SY, anos 80, foto JRNLs80s
“Nessa época eu tinha gravado uma demo com algumas músicas solo quando estava em Paris. Paulo, que havia gravado comigo, sugeriu mostrar pro Steve e ver se ele era afim de gravar com a gente. Ele topou, aí começou a crescer. Temos um EP, um disco e já fizemos três turnês”, relata.

Uma saborosa novidade do rock este ano, o disco do RG desce redondo com um som meio classic rock, meio indie, mas difícil de rotular – o que é sempre um bom sinal.

“A banda foi, continua e continuará se inventando, a cada momento que nos juntamos saem coisas novas e as coisas mais antigas também se modificam, o todo se movimenta. Estamos fazendo coisas que achamos legais e essa é a ideia. Por isso não nos definimos tanto, mas tá no rock”, afirma.

"Foi demais (trabalhar com Steve), ele é um excelente baterista, resolve e toca muito bem, é um cara muito legal e nós três nos damos muito bem, portanto ocorreu tudo bem legal, todos já tocam há um bom tempo em outras bandas. Ficamos felizes com o resultado do disco. Decidimos deixar de fora do disco algumas músicas, mas algumas estão no show. O Steve foi quem acompanhou a mixagem em Nova York, feita pelo John Agnelo, que já mixou o Sonic Youth, Dinosaur Jr. e vários discos legais", relata Gustavo.

Depois da turnê de lançamento que passou por algumas cidades do Sul, Sudeste e Chile, Steve voltou aos Estados Unidos, mas o trio já faz planos para um novo giro.

Lee Ranaldo no metrô de SP, foto Acauã Novais
“Estamos começando a pensar na próxima turnê para o começo do ano que vem. Queremos muito tocar em Salvador e no Nordeste todo. Quase rolou nessa última turnê, que teve que ser corrida. Mas vamos  na próxima”, promete.

On the road com a banda

A outra novidade – uma preciosidade para fãs do Sonic Youth em particular e do rock em geral – é este volume de memórias de Lee Ranaldo.

Deliciosa leitura, os diários de estrada de Lee Ranaldo cobrem o período entre 1980 e 1989, os anos de underground do SY, antes de serem entronados como os Godfathers (Padrinhos) of Grunge e alcançarem a fama mundial.

Desta forma, viajamos com Lee, Steve e o então casal Thurston Moore e Kim Gordon pelos recantos mais remotos dos Estados Unidos, bem como por várias cidades europeias, entre shows em espeluncas e longos períodos on the road.

Sensível, Lee escreve quase sempre com o coração na mão, entre quase-depressões, o estupor do cansaço da vida na estrada e o transe de drogas consumidas sem tanto afã.

Apesar de claramente influenciado pela literatura beat – e quem não o era nos anos 1980? – Lee também se entregava volta e meia a elocubrações razoavelmente profundas sobre arte, perda e o vazio da vida, fosse no interior do Kentucky ou em alguma cidade medieval na Bélgica.

Há relatos de encontros sensacionais com outras bandas importantes da época, como Dinosaur Jr., fIREHOSE e Big Black, o que só torna a leitura ainda mais prazerosa para apreciadores do gênero.

A edição da Terreno Estranho ainda traz um posfácio do editor, “Reverendo” Fábio Massari, relembrando seu primeiro show do Sonic Youth, em Londres, 1987, com aquele rigor factual e estilístico que seus fieis seguidores desde os tempos da antiga MTV Brasil tanto admiram.

Connection / Riviera Gaz/ Hearts Bleed Blue / LP: R$ 59,72 / Cassete: R$ 27,86/ CD: R$ 17,36/ Compacto vinil Pere Ubu: R$ 31,36

Jrnls80s / Lee Ranaldo / Terreno Estranho/ Tradução: Paulo Alves/ 240 páginas/ R$ 54,90

Trecho: “O público nos quer perdidos, eles querem nos ver ondular e contorcer, encenar suas próprias agressões. (...) Mas eu quero me perder hoje no palco, entrar e tocar e sentir o sangue correndo nas minhas veias”
Lee Ranaldo,em JRNLS80s


5 comentários:

Rodrigo Sputter disse...

Putz, já tem 7 anos que a banda acabou? tempo passa rápido demais...e já tem dois anos q o Lee teve aqui? não pude ir, mas troquei uma idéia com ele no antigo zanzibar, que na época era o espaço Quati, coati, algo assim...

O riviera gaz teve um clipe feito por xanxa...num sei se saiu, Xanxa é amigo de Steve...acho que tb tem faixas da banda no último curta de xanxa, o STAY SICK, que por sinal é MUITO BOM...foda demais...pra variar!

rodrigo sputter disse...

https://br.noticias.yahoo.com/prtb-quer-mourao-no-lugar-de-bolsonaro-diz-jornal-154944259.html

golpe do golpe.

rodrigo sputter disse...

https://br.noticias.yahoo.com/m%C3%BAsico-roger-visita-bolsonaro-e-193900839.html

Inútil!!!

PQP!!

Dizem que ele tem QI elevado...de q num sei...o cara ser de direita e ainda apoiar bolsonaro é foda...a direita tem cada opção uma pior que a outra...

quase fico com vergonha de ser roqueiro...mas aí lembro que o rock que eu ouço tem muita gente revolucionária!

rodrigo sputter disse...

taí um bom candidato, se alguém vier roubar o brasil dá um Zangief nos corruptos e prono, resolveu tudo:

https://www.youtube.com/watch?v=t_6tqIy2SpQ

pqp...se eu não gostasse da cidade-baixa...me picava desse país...é cada um que vejo por aí...isso dá medo...mais satânico que banda de black metal...e tem gente q defende o cara e vai votar...

rodrigo sputter disse...

https://www.otempo.com.br/hotsites/elei%C3%A7%C3%B5es-2018/em-jejum-e-ora%C3%A7%C3%B5es-por-21-dias-cabo-daciolo-cancela-participa%C3%A7%C3%A3o-em-sabatina-1.2029803

podia ficar mais 21 sécilos por lá...e levar bolsonaro junto....

tem horas que minha mente trava...e acho q sou burro e essa galera tá certa e sou maluco...ainda bem...ehhehehe

E chega por hj chico...pqp...a humanidade é uma bosta mesmo...uma invenção da porra, a internet, e a galera só usa pra fazer merda e involuir...