quinta-feira, setembro 21, 2017

A SONORIDADE PÓLVORA DE UMA JOVEM REVELAÇÃO

Ian Lasserre faz hoje, no Gregório de Mattos, show de lançamento do seu primeiro CD, já lançado na Europa e no Japão

Ian Lasserre, foto Matheus Pirajá
Nome destacado da nova geração de músicos populares baianos, o cantor e compositor Ian Lasserre lança seu primeiro disco com show hoje, no Teatro Gregório de Mattos.

No palco, Ian se apresenta com Alexandre Vieira, Tarcísio Santos e Sebastian Notini, mais participação de Ivan Sacerdote na clarineta.

Revelado na extinta banda Neologia, que teve breve passagem pelo cenário independente local, Ian estreia em álbum cheio em grande estilo, produzido pelo notável Sebastian Notini e já lançado, via selo sueco Ajabu!, na Alemanha, Japão e (claro) Suécia.

Intitulado Sonoridade Pólvora, a obra de oito faixas, de tom essencialmente reflexivo, se expressa em um instrumental quase minimalista, com poucos instrumentos em arranjos quase espartanos para composições que seguem uma certa tradição da MPB à moda baiana / nordestina.

Em mãos menos talentosas  e experientes, o resultado poderia ser simplesmente chato e derivativo.

Ian (aos 29 anos, mais talentoso do que experiente) e Notini, que dispõe de ambas as qualidades, conseguem fazer de Sonoridade Pólvora um manifesto singelo, mas que cresce a cada audição,  característica própria da arte que permanece.

“Mas a gente nunca está satisfeito. Tem que estabelecer uma hora pra parar de mexer (na obra), senão fica eternamente encontrando pequenas falhas, detalhes”, afirma Ian.

Um detalhe importante, contudo, foi uma certa disciplina que ele e Sebastian impuseram ao trabalho para que esse limite de tempo dedicado à produção rendesse ao máximo: “A gente estabeleceu prazos e um workflow para ir concluindo as etapas. E daí aceitar o término daquilo”.

“Mas não fizemos nada correndo. A gente sentava e fazia muitos takes, quantos fosse preciso. Tudo foi feito com muito delicadeza”, acrescenta.

"Tem coisas que a gente já tinha pensado (antes de entrar em estúdio), como a estética da sonoridade, com poucos músicos mas que soasse bem, instrumentos de madeira. Fomos no Sketches from Spain do Miles Davis e pegamos a referência do clarone, então as coisas foram tomando forma no processo. Algumas musicas foram compostas mesmo durante o processo, como Sonoridade Pólvora, Maré e outras, elas foram ganhando sua própria identidade, saindo do campo das ideias para ir dialogando no campo sonoro. Vejo o disco como uma fechada, então pensamos muito em como como amarrar o conceito, como dar uma unidade com início meio e fim, abrir e fechar, dar uma ideia de movimento", observa Ian.

Ian Lasserre, foto Matheus Pirajá
Apesar dessa estética minimal, Ian e Sebastian ainda encontraram espaço para que os músicos fizessem algumas improvisações: "Isso tem a ver com essa porção minimalista mesmo, de poucos elementos, é isso que permite que a expressão desses músicos ganhe volume, por que quando você tem só uma pessoa segurando a harmonia, qualquer coisa que se faça nessa massa de poucos elementos se destaca. Daí o cuidado na hora de chamar os músicos para entrar nesse mantra instrumental que o disco carrega. Tem música que não tem solo, mas tem também o violinista curdo (Pedram Shahlai), que foi escolhido mesmo de última hora. Não ia ter mais nada nessa faixa (Sonoridade Pólvora), mas Seba lembrou desse cara que une erudito com popular árabe. Como ele já tava indo para a Suécia, aproveitou e o gravou no estúdio do próprio cara. Então foi assim, alguns acontecimentos foram surgido na estrada mesmo", relata.

Atravessar oceanos, rodar

Da  cidade de Malmö, no sul da Suécia, o selo Ajabu! já lançou, além de Ian Lasserre, dois álbuns de outro baiano: Tiganá Santana.

“Quando fizemos o video de Rio Bahia (ainda na gravação do EP demo Ideias e Pedaços), Pether, o cara da gravadora, viu o vídeo na timeline do Sebastian”, conta Ian.

“Aí ele entrou em contato com Seba. ‘Pô, vamos trabalhar junto e tal’. Isso foi em 2014. Foi um processo longo. Uma gravidez de 27 meses, que agora chegou nesse fechamento”, relata.

Se a relação com o selo gringo vai levar a alguma incursão por terras estrangeiras, isso ainda está por ser visto. No momento, Ian já está bem feliz em poder levar o trabalho ao público de sua cidade.

“O disco já tem uma trajetória. Foi lançado no Japão em fevereiro e em alguns países da Europa em junho. Uma série de críticas já saíram em vários veículos desses países, o que foi bem interessante, de poder ver como um mesmo trabalho repercute em diferentes partes do mundo”, observa.

“Mas com certeza, pela própria natureza dos acontecimentos, ele (o disco) aponta um caminho para atravessar oceanos, rodar o Brasil. Meu sonho é ir para todos os lugares que eu puder”, faz fé.

Combustível para a arte, rodar pelo mundo sempre foi. E Ian tem plena consciência disso: “É uma forma de dividir isso com o mundo. Isso me impulsionou muito  a trabalhar tão intensamente esse projeto: pegar esse show de quinta-feira (hoje) e levar pra África, pra Ásia, pro Norte e Sul do Brasil, todo canto”, conclui.

Lançamento: Sonoridade Pólvora, de Ian Lasserre / Hoje, 20 horas / Teatro Gregório de Mattos / R$ 30 e R$ 15

3 comentários:

Franchico disse...

Meu guitarrista de cabeceira "Space Ace" Frehley se reencontra com Gene Simmons e tocam juntos alguns hits do Kiss:

https://omelete.uol.com.br/musica/noticia/kiss-fundadores-gene-simmons-e-ace-frehley-tocam-juntos-pela-primeira-vez-em-16-anos/

Precisa dizer que eu ia chorar se estivesse na plateia?

Franchico disse...

E o livro de colorir do Bill Murray?

https://omelete.uol.com.br/quadrinhos/noticia/bill-murray-o-livro-de-colorir-e-baseado-nos-filmes-do-comediante/375410/

Esse aí até eu queria!

Franchico disse...

Nunca pensei que fosse dizer isso um dia na vida, mas...

Manno Goes, toma meu like!

https://www.pragmatismopolitico.com.br/2017/09/processado-acm-neto-anao-moral-manno-goes.html