Graco, Pedro Pondé e Alexandre Tosto. Foto Walter Abreu |
Lançado com um concorrido show no último dia 13 no Pelourinho, o álbum foi viabilizado por bem sucedido crowdfunding (financiamento coletivo) via plataforma Catarse.
A meta da banda era arrecadar R$ 50 mil para bancar produção, gravação, mixagem, masterização, arte, prensagem, direção de arte etc. Arrecadaram quase R$ 65 mil.
“Sinceramente, eu esperava (um resultado assim)”, diz o guitarrista / baixista / tecladista Graco, que integra a banda com Pedro Pondé (vocais) e Alexandre Tosto (guitarra).
“Mas sempre dá aquele frio na barriga, né? Foi minha primeira experiência (com financiamento coletivo), mas ao mesmo tempo sei que a Scambo tem público, tem fãs, as pessoas tem um carinho enorme pela banda”, acrescenta.
Produzido por Luis Fernando "Apu" Tude nos Estúdios WR, Animal chega com uma marca: apesar de manter a pegada pop, é o disco mais rock da Scambo.
Mas não é isso que o torna melhor ou pior do que quaisquer outros álbuns da banda. É apenas sua característica mais evidente.
No som há ecos de Los Hermanos (Saída, Por Fora), Strokes (Animal) e até Camisa de Vênus (Ei Você, arrasadora).
“Apu é um cara que é parceiro nosso há muito tempo. Os discos Vermelho (2005) e Preto (2004) foram feitos com ele também, então é um cara que sempre gostou da banda, sempre acreditou. E a gente vê o prazer dele em trabalhar conosco”, conta Graco.
“A gente podia ter pego a grana do crowdfunding e ido gravar em São Paulo. Mas isso não tem ver com a Scambo. Apu é um cara com um conhecimento grande, que somou no conjunto. Esse disco foi feito por cinco pessoas: eu, Pedro, Alexandre, Apu e Fernando (Maia, produtor executivo da banda)”, enumera.
Ponto fora da curva
Scambo, foto Walter Abreu |
Essas inquietações tipicamente soteropolitanas estão bem explícitas nas letras das duas últimas faixas, Carnaval e Ei Você.
A primeira, em ritmo de ska, é a crítica mais franca e virulenta à indústria carnavalesca já posta em canção na Bahia: “Festa sacana feita por gente com grana que ganha muito mais grana / Manipulando a cultura / Muitos artistas aceitam esses senhores pra não / Ficarem longe dos refletores / (...) / Não vou tirar meus pés, meus pés do chão”.
Já Ei Você é um punk rock light na sonoridade mas pesado na mensagem: “Você que não tem sobrenome olhe pra mim você / Não é gente bonita / Hoje eu não vou sair porque eu tenho medo de assalto / Eu tenho medo de ser sequestrado eu morro de medo de morrer porque / Porque eu sou o idiota perfeito”.
“Esse conflito é nosso também, vivemos em uma cidade violentíssma e todos sofremos com isso. Mas acreditamos em ocupar a cidade em todos os sentidos, precisamos ter intimidade com a rua, ela não pode ser estranha. Então essa música é um desabafo nesse sentido”, afirma Graco.
Bastante requisitada para shows pela cidade e pelo interior do estado, a Scambo é mesmo um ponto fora da curva no cenário da música independente local – na cena rock então, nem se fala.
De carreira errática, surgiu no fim dos anos 1990 e formou público rápido. Em meados da década passada, alçou voo para o eixo Rio - São Paulo, mas as pressões foram demais e um rumoroso conflito interno pôs fim à banda em 2006.
Somente em 2011 o trio remanescente se reuniu, graças à intervenção do já citado Fernando Maia. Em 2012, lançaram Flare, um belo disco acústico para marcar o retorno.
“Nossa carreira é meio caótica. Ela não é bem desenhada. Mas mesmo assim o público só cresce. A Scambo passou cinco anos parada e quando voltou era outro público, que se juntou ao publico antigo”, diz.
Em 2016, a banda ganhou nova projeção nacional ao participar do reality show Superstar, da Globo.
“Com o Superstar e agora no crowdfunding, vimos a força que temos na vida das pessoas. Pessoas que botam o cartão de crédito em um site e compram um álbum que ainda não ouviram. Isso foi muito bom e estamos muito agradecidos”, conclui.
Animal / Scambo / Produção: Apu Tude e Scambo / Independente / Preço não divulgado / www.scambooficial.com.br
Faixa a faixa: Animal
Inevitável: Três batidas na porta anunciam o riff de guitarra slide e a voz suave de Pedro: “Na hora certa veio / me acertou em cheio”. Boa abertura, ganha o ouvinte de cara
Saída: De início surf music e miolo pop rock, parece uma crítica ao sadismo de quem curte ver a miséria alheia
A Sombra: Riff de guitarra e sequência synth que emolduram lembrete: “Tudo isso que está para acontecer / Já foi decidido muito antes de você”
Por Enquanto: Balada melancólica que cresce e pesa com intensidade
Por Fora: Lembranças de início de namoro, vistas de longe, de fora
Eu Quis Dizer: Terceira faixa melancólica, formando miolo tristonho. Levada blues
Animal: De Tosto, a faixa-titulo é sobre instintos animalescos e retoma peso e velô
Quase: Acelerada, um tratado sobre o cansaço
Carnaval: Direto de esquerda na festa rica
Ei Você: Punk rock com letra de punk rock. Cool
4 comentários:
O novo Leão da Montanha e a saída pela esquerda:
http://www.universohq.com/noticias/veja-primeira-imagem-do-novo-leao-da-montanha-pela-dc-comics/
ouvi dizer que eles acabaram, a scambo, é verdade?
Também ouvi dizer, mas a banda não se manifestou publicamente ainda, até onde sei.
Pelo que sei, eles ainda tem shows previamente agendados que precisam cumprir.
Depois disso, sabe lá.
Mas se for verdade, não me surpreendo.
Isso é o rock baiano. Nada poderia ser mais característico.
Apenas lamento.
uns bróders falaram...q viram treta no face e as porra...que o vocal botou nota no face dele...enfim...acabaram de lançar disco...eu tento há anos terminar um e não consigo...tá foda...voodoo...
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