segunda-feira, fevereiro 29, 2016

PODCAST ROCKS OFF RECEBE O JORNALISTA CLÁUDIO "ESC" MOREIRA: "TÁ FALTANDO GRITO PRIMAL NO ROCK"

Cláudio "Esc" Moreira, clicado no último show do Cascadura. Foto do blogueiro
Nesta edição, Nei Bahia, Osvaldo "Braminha" Silveira Jr. e o blogueiro recebem (lá eles) um convidado que veio para confundir, e não para explicar: o inimitável jornalista e autoridade em hard rock Cláudio "Esc" Moreira.

No playlist, alguns dos preferidos da figura: Earl Slick, Pappo, Mustang, Baranga, Budgie, Tommy Bolin e claro, AC/DC, entre outros!

No "bate-pappo", considerações sobre o hard rock de ontem e de hoje, misturas, bolinho de Jesus e o caralho. ENJOY.



Bônus:

EXCLUSIVO: SOTEROPOLIFÔNICA A CAMINHO

Nova orquestra municipal, idealizada por Luciano Calazans e Ubiratan Marques, poderá estrear já no aniversário da cidade

Bira Marques e Luciano Calazans em foto de Margarida Neide / Ag. A TARDE
Salvador está prestes a ganhar uma nova orquestra. O contrabaixista Luciano Calazans  e o maestro e pianista Ubiratan Marques estão correndo contra o tempo para estrear, ainda nas comemorações do aniversário da cidade (29 de março), a Soteropolifônica.

A ideia surgiu quando Calazans trabalhou como arranjador junto à Orquestra Juvenil da Bahia (do governo estadual) no concerto beneficente de Ivete Sangalo, em dezembro último.

“Na convivência que tive com a Orquestra Juvenil, conheci muitos músico de alto nível. Daí surgiu essa ideia  de fazer a primeira orquestra municipal”, conta Calazans.

Nomeada Soteropolifônica, a orquestra será aberta não apenas a músicos de concerto tradicionais, mas também a percussionistas de estilo popular e de instrumentos elétricos.

“Ela terá cunho erudito e popular irrestritos, podendo  executar e acompanhar peças de todos os gêneros, inclusive erudito, passando pelo rock, samba, axé, tudo”, afirma.

“Nossa intenção é ter músicos da melhor qualidade em todos os naipes, que estarão ora sob minha regência, ora sob a regência de Bira. Ele também será pianista e eu, contrabaixista. Teremos solistas, regentes e arranjadores convidados do Brasil e do mundo, sempre com um viés educacional”, detalha Luciano.

Por enquanto, porém, tudo está no início. Luciano diz que ele o maestro Bira já selecionaram chefes de naipes (sopros, cordas, percussão etc) e juntos, a dupla e os chefes selecionarão os músicos.

“Faremos audições, mas caberá aos chefes escolher músicos que não tenham fronteiras ou preconceitos em termos de música”, afirma Luciano.

Ele diz acreditar que poderá aproveitar muitos jovens oriundos da própria Orquestra Juvenil: “Como é um sistema rotatório, creio que poderemos recrutar muitos deles, mas não temos restrição de idade, não teremos só músicos jovens”, diz Luciano.

O contrabaixista virtuose Luciano Calazans. Foto do blogueiro
“É importante dizer que esta orquestra vai acontecer, independente de participação de órgãos públicos ou privados, pela vontade e pela estrada que Bira e eu temos juntos. Queremos dar uma revirada no cenário. Tá na hora de sair desse negócio de ‘música do verão’. Precisamos de música também para os invernos, outonos e primaveras dos próximos 200 anos. Não dá pra arte ser tão efêmera”, diz.

Apesar do discurso aguerrido, Luciano sabe que, com apoio – governamental ou privado – tudo fica mais viável. Felizmente, já tem gente na prefeitura comprando a ideia.

“Eles me procuraram por que tem a ideia de criar uma orquestra sinfônica municipal, que funcione como uma ONG”, confirma, por telefone, Severiano Alves de Souza, Secretário do Desenvolvimento, Trabalho e Emprego.

“A Prefeitura, sobretudo minha Secretaria, teria muito interesse no projeto, até por que temos um programa, o Pelourinho Dia & Noite, que é estratégico na politica municipal que envolve eventos no Pelourinho, como as Terças da Bênção e as bandas que tocam nas praças e largos”, afirma.

O Secretário espera ter a Orquestra como uma espécie de atração a mais no Centro Histórico, apresentando repertórios do cancioneiro baiano.

“Queremos que  a pessoa que vai ver o Olodum saiba que temos uma orquestra com apoio municipal. Ela teria apresentações calendarizadas com músicas do Luis Caldas, do Riachão, de nossos grandes compositores, para que não deixe morrer a cultura musical soteropolitana”, diz Severiano.

O que falta para a coisa acontecer, então? “Precisamos institucionalizar a orquestra, organizar seu estatuto, essas coisas”, diz Luciano.

“Na hora em que a orquestra se instituir, a prefeitura promoverá parcerias com ela”, afirma Severiano de Souza.

“A medida que envolver jovens nesse projeto, eu e minha secretaria vamos apoiar a instituição. Até por que ela precisará sobreviver com o mínimo possível, do ponto de vista financeiro. Mas só podemos contribuir na hora em que ela se institucionalizar juridicamente”, detalha.

“Vamos tocar nas festas populares  composições contextualizadas com essas festas. Será a orquestra  mais próxima do povo do Brasil”, conclui Luciano.

quinta-feira, fevereiro 25, 2016

IRMÃO CARLOS LANÇA SEGUNDA EDIÇÃO DO PONTO SONORO

Projeto Ponto Sonoro volta ao Dona Neuza com shows e oficinas mensais

Irmão Carlos, um cara ilustrado nas coisas importantes. Foto Gether Ferreira
Ponto de agito alternativo há mais de dez anos, o Espaço Cultural Dona Neuza abriga, a partir deste fim de semana, a segunda edição do projeto Ponto Sonoro, que oferece shows, palestras e oficinas.

A primeira edição foi em 2014, lembre aqui.

Comandado pelo músico e produtor Carlos Fernando Ribeiro Paiva Júnior, mais conhecido como Irmão Carlos, o evento acontecerá uma vez por mês até junho, começando com o próprio Irmão (em projeto solo, sem a banda O Catado), a cantora Marcela Bellas e a banda Callangazoo.

Antes, na sexta-feira, o projeto inicia sua série de oficinas com o próprio Carlos: Como viver de música, vivendo a música.

Haverá ainda oficinas de grafitti (com o grafiteiro Samuca Santos), Percussão (com Wilton Batata), Iniciação Musical (Uirá Nogueira), Técnica de Palco (Marcos Sampaio) e Mixagem InBox (Richard Meyer).

Entre os palestrantes estão o produtor Rogério Big Bross Brito, o músico e designer gráfico Wendell Fernandes, o produtor Lindomar Luís e o produtor da banda Scambo, Fernando Maia.

Marcela Bellas é uma das atrações da primeira night, neste sábado
“Nos próximos meses teremos Larissa Luz, Scambo e algumas outras atrações que ainda falta confirmar. Serão três bandas por show: uma convidada, uma inscrita e a minha”, descreve Carlos.

Contemplado pelo edital Agitação Cultural (Dinamização em Espaços Culturais da Bahia 2015 - 2/2015), Carlos captou, segundo o próprio, “R$ 104 mil e uma fração, que não lembro agora”.

A programação e as inscrições podem ser acompanhadas pelo www.facebook.com/espacoculturaldonaneuza.

“Podem mandar mensagem com dúvidas, que a gente responde todo mundo”, convida.

“O  cenário artístico a gente tem consolidado, mas não temos mercado. Para isso, precisamos de conhecimento para criar essa fatia de mercado e ocupar esse espaço”, conclui.

Irmão Carlos, Marcela Bellas e Callangazoo / Sábado, 17 horas / Espaço Cultural dona Neuza / Rua Pedro Batista de Almeida, casa 01, Conjunto Marback, setor 2, Boca do Rio / Gratuito

quarta-feira, fevereiro 24, 2016

BANDA DESIRE É MAIS UM BOM MOTIVO PARA IR AO SHOW DE DR. SIN NO DOMINGO

A Desire, com Fábio Maka (2º à esquerda). Foto Ana Prado
Neste domingo, a super banda paulista de hard rock Dr. Sin traz à Salvador o show de sua turnê de despedida que está rodando todo Brasil e já passou por Poções (no festival Ruídos no Sertão) e no sábado (27), ainda passa por Serrinha.

Se o show, para os fãs de rock pesado e grandes instrumentistas, já é imperdível por si só, esta coluna, em sua incansável prestação de serviço aos seus leitores, apresenta ainda uma outra boa razão para comparecer ao Groove Bar neste domingo: a banda local Desire, que abre a noite.

“Tocaremos as músicas do nosso EP de estreia, Livin' in Sin e alguns covers de grandes nomes do hard rock. O show será pura energia”, promete o guitarrista virtuose e professor Fábio Maka, líder da Desire.

A banda  quase não faz shows, mas apresenta um trabalho em nível comparável ao do Dr. Sin e ao das bandas gringas.

“Optei por me ‘afastar’ dos palcos por uma questão de prioridade. Há três anos eu me dedico totalmente a Escola de Música Fabio Maka  e às composições de alguns trabalhos que irei lançar”, afirma.

"Toco com os melhores músicos do Brasil. Marcos Arcuri (vocal) Thiago Baumgarten (baixo) Davi Britto (bateria). Contaremos com a participação do guitarrista Alexandre Albuquerque no segunda guitarra", conta Maka.

Não a toa, a Desire já teve seu trabalho elogiado publicamente na internet por Danny Vaughn, vocalista da banda novaiorquina Tyketto.

“O EP não foi lançado no formato físico, disponibilizamos as quatro faixas no canal da banda no Youtube. Aí recebi alguns emails em inglês e fiquei sem entender o que estava acontecendo, algumas pessoas dos Estados Unidos também enviaram mensagens para a página da banda no Facebook. O motivo desse retorno foi o compartilhamento da música Colours of my life, que o Danny Vaughn, da  Tyketto, fez em sua página oficial”, relata Fábio.

Ano produtivo

Após alguns aparada, a banda dá, com esse show de domingo, seu primeiro passo de retorno à cena.
“Agora em março, a banda entra em estúdio para gravar um single, que será produzido e gravado no TB Studio”, diz.

“Mas 2016 será um ano muito produtivo. Pretendemos tocar bastante por aqui, além de gravar o nosso álbum de estreia, shows no formato acústico e um vídeo clipe”, conclui o músico.

Dr. Sin e Desire / Domingo, 18 horas / Groove Bar (Av. Almirante Marquês de Leão, 351, Barra) R$ 50 (Antecipado na Foxtrot  e Escola de Música Fábio Maka) ou R$ 60 (na porta) / 18 anos



NUETAS

Rock no Bukowski

As bandas Fridha, Desafio Urbano e Game Over Riverside se apresentam no  Buk Porão Bar (R. do Passo 37, Pelourinho). Sábado, 19 horas, 1 quilo de alimento.

Irmão Carlos rides again

O agitador cultural  Irmão Carlos inaugura novo projeto em seu Espaço Dona Neuza, o Ponto Sonoro. O lance começa no fim de semana, com oficinas (Como viver de música, vivendo a música e  grafiti) e show de lançamento do próprio, além de Marcella Bellas e Callangazoo. Saiba mais: https://www.facebook.com/espacoculturaldonaneuza

terça-feira, fevereiro 23, 2016

NUNCA DUVIDE DOS ROLLING STONES, BABY

O rockloquista convidado Nei Bahia foi ao Maracanã conferir o show dos velhinhos mais safados do rock e conta pra gente como foi - em texto e fotos

Ato 01: início de 1995, saindo Pacaembu depois do segundo da série de 3 shows que os Stones fizeram na primeira vez que vieram aqui, se alguém me afirmasse: daqui a 20 anos eles estarão de volta, enchendo estádios e causando por onde passam...eu acreditaria na hora.

Pano rápido!!!

Ninguém apareceu para dizer, mais passados 20 anos, cá estou eu saindo de outra aula conceitual de rock&roll e acreditando, ao contrário da maioria, que ainda podem fazer outro tour, e se passar por aqui, eu estarei lá.

Todos exercendo bem seus papéis, quase todos estavam na primeira tour no Brasil, com exceção do saxofonista tenor Karl Denson (que substituiu Bob Keys, homem de confiança da banda, falecido em 2014, perda enorme) e do segundo tecladista Matt Clifford  (que tocou trompa em You can´t Always get what want), e que me desculpem os puristas , Bill “quem”?, Daryl Jones um show à parte, com direito a solo de baixo em “Miss You”.

E começa o furacão; “Start Me Up” seguida de “It’s Only Rock ‘n’ Roll (But I Like It) e se você tinha alguma dúvida que a festa ía ser legal, já acaba aqui qualquer uma delas.

Era como estar no carnaval perfeito, astral lá em cima, só que movido a canções eternas.

Tumbling Dice segue depois, com uma das melhores inserções de vídeo do show e depois de “Out of control”, chega a vez da música votada no site; “Like a Rolling Stone”, com certeza impulsionada pela lembrança do clip que rodou as MTVs da vida na época do lançamento (o melhor clip dos Stones), foi seguida pela canção mais nova da noite.

“Doom and Gloom”, lançada com single em 2013 e bônus de uma das inumeráveis coletâneas da banda, deixa uma pergunta: que banda teria o peito de tirar um clássico do seu set, com resposta garantida do público e colocar uma canção nova?

Poucas, com certeza!

E seguimos com “Angie”, única balada do show é seguida de “Paint It Black” e a partir daí é um desfile de obras primas até o fim do bis com “Satisfaction”.

Haverá mais turnês? Quando? Disco de inéditas? Hum…parece que sim! 

O que fica de certeza é o seguinte: NUNCA DUVIDE DOS “THE ROLLING STONES”!!!

Obs: em “You Can’t Always Get What You Want” o coral da PUC teve a honra de dividir o palco com a banda, e pelos telões a maioria era de mulheres e gatíssimas, de vestido longo e visual produzido. Acho que Mick fez alguma seleção!

sexta-feira, fevereiro 19, 2016

GRANDES ATUAÇÕES E MÚSICA GENIAL DÃO O TOM DE LOVE & MERCY

Sala Walter traz a Salvador elogiado filme sobre Brian Wilson, o atormentado líder da banda The Beach Boys, sua loucura e como ele foi salvo

Paul Dano como o jovem Brian: injustiçado, merecia indicação ao Oscar
A incrível história de Brian Wilson, o genial e atormentado líder da banda The Beach Boys, é o tema de Love & Mercy, elogiado filme independente em cartaz na Sala Walter da Silveira.


Dirigido pelo estreante Bill Pohlad, a película se passa em dois momentos distintos da vida de Wilson, entre idas e vindas na narrativa.

O primeiro momento é em meados dos anos 1960, quando a banda estava no auge da popularidade nos Estados Unidos e o músico, interpretado por Paul Dano em grande performance, começou a querer “concorrer” com os Beatles, criando álbuns cada vez mais complexos em concepção e execução – processo que, eventualmente, o levou ao colapso mental.

O segundo momento é cerca de 12 anos depois.

Sob o jugo do psiquiatra picareta Eugene Landy (o fantástico Paul Giamatti), que controlava cada passo de sua vida (e ainda punha seu nome ao lado do de Wilson em suas novas composições), o Beach Boy, agora interpretado por um esforçado John Cusack, se apaixona por uma vendedora de carros, Melinda Ledbetter (muito bem na pele de Elizabeth Banks).

A força do amor

Giamatti (Landy), Cusack (Wilson) e Banks (Melinda), em ótimas atuações
Mais do que uma cinebiografia de músico famoso, Love & Mercy é um filme sobre a força do amor e a batalha pela alma de um homem genial e fragilizado pelas suas próprias ambições desmedidas.

Apaixonada, Melinda se revolta ao notar como Landy controlava e explorava Wilson, mantendo-o dopado e abusando de sua fragilidade.

Ao mesmo tempo, no passado, acompanhamos o processo de loucura do músico, que impunha suas excentricidades aos colegas de banda durante as gravações do single I Get Around e do álbum seguinte, Pet Sounds, considerado um dos melhores de todos os tempos.

Belo filme,  até para quem não é fã.

Love & Mercy / Dir.: Bill Pohlad / Com Paul Dano, John Cusack, Elizabeth Banks e Paul Giamatti / Sala Walter da Silveira / 12 Anos

A VOZ DE VELUDO ENCONTRA SUTILEZA PERDIDA DA BAHIA

Lazzo faz dois dias de show no Café-Teatro Rubi homenageando o saudoso compositor e cantor Ederaldo Gentil, entre outros grandes poetas populares

Lazzo Matumbi, a voz da Bahia. Foto Filipe Cartaxo
Eis um encontro que mais parece forjado nos céus: Lazzo, a mais bela voz da Bahia, encontra uma das mais importantes obras do samba: as canções de Ederaldo Gentil.

Intitulado Voltando às Origens, o show é hoje e amanhã, no Café-Teatro Rubi.

Amigo do sambista morto em 2012, Lazzo conta que o show é parte de um projeto que vem desenvolvendo desde o ano passado: “Como diz o título, no show eu lembro de figuras marcantes pra mim como Ederaldo e (seu parceiro) Walmir Lima”, conta.

“Mas,  de certo modo, Ederaldo foi o mais marcante, por que ouvi várias músicas dele que marcaram minha vida, então o homenageado mesmo é ele. Mas (o show) também tem músicas dele com Nelson Rufino, por exemplo. É uma forma de homenagear poetas e compositores de nossa terra. E Ederaldo foi  um dos nossos maiores poetas”, detalha Lazzo.

No repertório, o cantor dá sua versão para clássicos do samba baiano, como A Saudade Me Mata, O Ouro e a Madeira, Rose e Canto Livre de um Povo, além de receber o convidado Tote Gira, autor do hit O Canto da Cidade.

Tapete vermelho

Lazzo conta que, até os vinte anos, ainda não conhecia Ederaldo. Até o dia em que este foi recebido com pompa em um histórico espaço do samba no bairro em que cresceu, o Garcia.

“Eu era garotão, aos 19, 20 anos e  ele ia chegando no lugar em que a juventude ensaiava, a Legião Hebert de Castro, que era o reduto do samba”, conta.

“Eu ficava impressionado em encontrar aquelas figuras lendárias. Aí quando ele chegou na quadra, estiraram um tapete vermelho pra ele. Isso me chamou atenção, ‘pô, quem é esse cara’? Aí me contaram que era um grande compositor que morou no Rio e estava voltando. Na época, ele estava lançando O Ouro e a Madeira, que estourou no Brasil”, lembra.

Anos depois, já célebre, Lazzo teve a felicidade de ser abordado pelo ídolo: “Dali em diante, minha admiração e carinho só cresceu. Até que nos cruzamos, e ele, já curtindo meu trabalho, me ofereceu Luandê, dele e de Capinam, para gravar”.

“Lembro que ele me disse que queria montar uma escola de samba, tipo uma ONG, onde pudesse ensinar  aos novos compositores, uma coisa profunda, de muito respeito pelas origens dele no candomblé, de dar continuidade ao que os terreiros faziam, que era abraçar os seus, fortalecendo aquilo que você aprende na vida. Aquele lance dos anos 70, ‘vou aprender a ler para ensinar meus camaradas’, sabe? Eu o admirava muito”, relata.

Curiosamente, Lazzo ainda não sabia do projeto, contemplado pela Natura Musical, do músico Luisão Pereira, sobrinho de Ederaldo, que prevê o resgate da obra do sambista em uma caixa e um show com vários artistas no Teatro Castro Alves.

“Se for convidado, vou ficar super feliz. Inclusive, já participei de um disco produzido por Edil Pacheco em homenagem ao Ederaldo, Pérolas Finas. Nele, canto uma música que fiz questão de pedir ao Edil, Rose. Por que eu lembro de mim mesmo jovem, namorando uma menina chamada Rose e essa música me marcou, 'o que houve com Rose' (cantarola). Eu canto no show com o maior prazer, apesar de que, quando você mergulha na letra, ela é bastante triste e dolorida. Ederaldo fez para uma irmã dele que não estava bem de saúde. Sei que de tanto falar disso para os amigos, o pessoal que trabalha comigo começou a sugerir esse show homenageando Ederaldo. No carnaval é aquela coisa, a euforia, ninguém se liga na poesia. Mas no teatro as pessoas ouvem a poesia de forma mais profunda. Então está sendo muito gratificante”, conclui.

Lazzo Matumbi: Voltando às Origens / Hoje e amanhã,  20h30 / Café- Teatro Rubi (Sheraton da Bahia Hotel, Tel:  3013-1011) / R$ 60

quinta-feira, fevereiro 18, 2016

BRITPOP À BAIANA, SEM MEDO DE SER FELIZ

Ex-Starla, o baiano Ted Simões lança primeiro disco solo em inglês

Na falta da Abbey Road, Ted Simões vai à Estrada do Coco. Foto: Saulo Brandão
Década marcante para o rock, os anos 1990 permanecem, para muitos, como o último grande momento criativo do septuagenário gênero musical. O baiano Ted Simões certamente é um dos que pensam desta forma.

Revelado para a cena roqueira local no início do século liderando banda  indie Starla, Ted acaba de lançar seu primeiro álbum solo, o anglófilo Old Memories, Recent Damages, Future Nightmares.

Disponível nas plataformas de streaming (iTunes e Spotify) até o fim desta semana, o álbum é fruto da peregrinação de Ted por Londres e adjacências em 2013, onde foi respirar os últimos eflúvios do britpop gerado no movimento Cool Britannia, que agitou a grande ilha do norte nos anos 1990.

Quando voltou, começou a compor em inglês, algo que não era do seu costume, já que, mesmo em sua ex-banda, cantava letras em português.

“Eu nunca achei que fosse gravar um disco em inglês em minha vida. Sempre compus em português”, conta Ted.

“Três músicas desse disco foram escritas originalmente em português: Am I So Wrong?, CWB Blues e Running in Circles. Elas foram a semente do disco. Só que em 2013 eu fui à Inglaterra pela primeira vez, e voltei compondo em inglês, não sei porque. Simplesmente aconteceu”, relata.

Starla, circa 2005. Ted está sentado à esquerda. Foto Tom Burgos
Sobre a Starla, que nunca anunciou seu fim Ted conta que "Cara, a Starla não teve um porquê de acabar. Coincidiu com muita coisa, trabalhos, projetos de vida... Cada um acabou indo pra um caminho 'adulto' mas a amizade sempre ficou forte. Até hoje, todos nós nos adoramos. Tanto que (Rafael) Zuma e Dan (Rebouças) participaram do meu disco, como convidados, e eventualmente fazíamos o Cover do Foo Fighters no Groove. Acho que a Starla cumpriu seu papel, mesmo com um disco só. Sobraram algumas musicas que eu adoraria gravar um dia com eles. Até conversamos sobre, mas não tivemos tempo. E agora Rick (Ricardo Longo) tá morando em Sampa. Mas não tenho dúvidas que se tivermos a oportunidade, um dia ainda vai acontecer".

Produzido por  Cândido Amarelo Neto e masterizado por Jera Cravo, o álbum mostra a evolução de Ted como compositor (mesmo que suas influências de Beatles e Oasis estejam escancaradas) e instrumentista, tocando guitarras, violões e teclados, além de cantar bem – aliás, difícil não notar a similaridade de sua voz com a de Mac McCaughan, da clássica banda indie norte-americana Superchunk.

“Particularmente, acho interessante se arriscar. (Inglês) Não é minha língua, e eu jamais quis soar como um inglês ou americano. É um brasileiro, baiano, cantando em inglês. As minhas maiores influências cantam em inglês, então porque não?”, pergunta-se.

Ted vs. os estereótipos

Ted e seu jeito peculiar de atravessar a rua. Foto: Saulo Brandão
Membro na horas vagas da Cavern Beatles, banda cover dos Fab Four, Ted assume que não está muito interessado em coisas novas: “Eu cresci ouvindo essas bandas, então minha concepção do que fazer se baseia muito nisso. Quando penso em estrutura, em temática, e até mesmo no conceito de álbum, vou nesse caminho. Não sou do tipo curioso, de fazer o novo. Eu continuo ouvindo o Revolver (1966), dos Beatles, como se tivesse sido lançado ontem”, afirma.

Cercado de bons músicos – a começar pelo produtor –, Ted conseguiu fazer um álbum que soa profissa em concepção e execução, um fôlego a mais para a facção do rock local que não faz questão de ser “baiano“, no sentido estereotipado da coisa.

"O mais importante é falar a mesma língua. Amarelo é um cara muito bem informado. Apesar dele não gostar da grande maioria das minhas principais influências, ele sabia de cada detalhe de cada uma delas, o que facilitava no entendimento do que eu buscava. Somando a isso, ele me mostrava muita coisa que eu não conhecia, mas que poderia caber no meu som. Isso facilitou demais o trabalho. E o mesmo com os músicos. E eu tive a sorte de contar com os principais nomes da cena de salvador. Modéstia à parte, você ter nomes como Victor Brasil, Eric Assmar, Alex Pochat, Jorge Solovera, Vitinho Magalhães, Rafael Zumaeta, Estevam Dantas, Maurício Pedrão, Alexandre Processo, Daniel Rebouças, João Ribeiro, Jorge Chichorro e o próprio Amarelo no seu trabalho te dão uma confiança absurda de estar fazendo algo muito especial. Te desafia a fazer o melhor até pra não ser brutalmente ofuscado por esses caras. E todos foram extremamente brilhantes. Então, dá pra ver o quanto é importante estar rodeado por esses caras fantásticos", elogia Ted.

Meio afastado da cena, Ted ainda não conhecia a nova  geração do rock local, de bandas como Teenage Buzz e Van Der Vous, já rompidas com a tendência MPBística que ditou as regras por mais de uma década.

"A verdade é que eu me afastei muito da cena desde o fim da Starla. Ando meio por fora do que está acontecendo. As duas bandas que você citou, eu nunca tinha ouvido falar. E te agradeço desde já. Ouvi a Teenage Buzz e achei sensacional. Se eles tiverem me lendo, adoraria ganhar um CD deles. Muito bonito, de verdade. Já a Van Der Vous me pareceu mais experimental, e necessito ouvir com mais cuidado. Também adoraria ganhar um CD deles", queixa o músico.

"Dos artistas daqui, eu admiro muito Eric Assmar. Não é exagero dizer que ele é um dos melhores guitarristas da sua geração, senão o melhor. Ele sabe exatamente o que quer, e liga o foda-se pra quem não o entende. Exatamente como eu acho que um artista tem que ser. Não dá pra ficar querendo agradar a todos. Ele tem o som dele e pronto. Gostar ou não é consequência. Ao vivo, é ainda melhor. Há quanto tempo não tínhamos um artista como ele na cidade? E acredite, não teremos outro tão cedo. E por ser 'diferente' da nova cena pop-bossanova-novosbaianos-euamoabahia ele é um pouco deixado de lado, o que é extremamente ruim se você quiser olhar o famoso 'big picture'", analisa.

”Sobre a aproximação do rock com a MPB, eu particularmente não vi com bons olhos”, afirma.

“Não por ser MPB, que eu cresci ouvindo. Mas porque o fenômeno Los Hermanos levou todo mundo pra esse lado. Eles foram a última grande banda do rock nacional e é normal ter influenciado tanta gente. O problema é que todo mundo foi pra esse lado! Acabou virando caricatura. E isso acaba se tornando perigoso. Se você pegar a cena dos anos 90, a Bahia era um caldeirão: você tinha Dead Billies de um lado, Penélope do outro, Cascadura em outra ponta, Saci Tric em outra atmosfera, Hares em outra extremidade, Dois Sapos e Meio do lado completamente oposto... Consegue entender? Cada um buscava sua verdade. Porque nacionalmente, existiam muitas verdades. O Los Hermanos tornou-se verdade única, intocável. De repente o rock ficou chato? Se não for isso, não é original, não presta? Se não falar de Salvador não tem identidade cultural? Citei Eric como exemplo justamente por isso. Não dá estabelecer algo como verdade absoluta. O rock baiano não vai melhorar ou piorar porque se aproximou do tropicalismo. Muito menos do heavy metal. Mas acho que estereotipar a cena é ruim pra própria cena. Se é que alguém me entende”, reflete o músico.


Em março, Ted e sua banda, formada por Victor Brasil (bateria), Vitinho Magalhães (baixo), João Ribeiro (teclados) e Amarelo (guitarra) farão um show de lançamento, em local a ser divulgado em breve.

"Haverá um show de lançamento, que ainda estou negociando. Provavelmente em março, num teatro. A verdade é que eu ainda não sei o que vai ocorrer. O disco é uma grande realização pessoal, mas não sei até que ponto eu estou disponível a passar tudo que já passei com a Starla. Minha intenção é fazer um show por vez, sem planejar tocar aqui ou ali", conclui.

Old Memories, Recent Damages, Future Nightmares / Ted Simões / Independente / Ouça, baixe: www.soundcloud.com/tedsimoes

terça-feira, fevereiro 16, 2016

BACK FOR GOOD: DREARYLANDS ANUNCIA RETORNO DE VEZ

A super banda de heavy metal liderada por Leonardo Leão volta com EP matador e a pancada de sempre

Louis, Leão, Páris Menescal, Rafael Syade e Marcos Cazé. Ft: Tanta Bandeira
Alvíssaras metálicas: além da volta da lendária The Cross (vista nesta coluna no dia 2 último), outra banda baiana de primeira linha anunciou seu retorno: a Drearylands.

Liderada pelo vocalista Leonardo Leão, que a fundou das cinzas de sua banda anterior, Shadows, a Drearylands não era vista em palcos locais desde 2011 – e em gravações desde 2003, quando lançou seu último álbum, Heliopolis... or Just Another Dreary Season.

“A gente voltou mesmo”, avisa o vocalista.

“Acabamos em 2006. Antes, de 2004 a 2006, foi um troca-troca danado de músico. Aí eu botei a viola no saco. Em 2011, tivemos um reencontro pra matar saudade. Aí, no ano passado, entrei em contato com os caras e decidimos voltar”, relata.

Após um triunfante show de reencontro com seu público  no domingo de Carnaval, no Palco do Rock, o quinteto soltou um EP com três faixas, Collateral Damage.

Nelas, estão contidas todas as qualidades que fizeram a fama da banda: a musicalidade elaborada, fruto de muito estudo, o peso milimetricamente medido e as letras poéticas de Leão influenciadas por Augusto dos Anjos e carregadas de crítica social.

Sem tempo pra fantasia

São três faixas: Collateral Damage, Demophobia e Incerto Adeus, esta última com letra em português.

“Meu pai morreu em 2005, aí fiz essa música me despedindo dele. Mas dez anos depois, achei que não tinha mais por que me despedir. Aí mudei a letra, que é sobre o medo da morte, um tema bem recorrente pra mim”, conta.

“Já Colateral é sobre as crianças que sofrem com as guerras, o drama dos refugiados. Eu não tenho mais tempo pra ficar falando de fantasia, tem  muita coisa pra falar. Vivemos em uma ficção muito maior do que qualquer fantasia. Só vejo gente sofrendo ao meu redor”, demarca o cantor.

Drearylands. Foto: Tanta Bandeira
Outra face do estilo politizado de Leão está em Demophobia, na qual versa sobre certa parcela da sociedade brasileira: “É sobre essa galera que vive em cima de seu próprio bem-estar, reclamando da sociedade e com medo do povo. E não estou pensando em termos de direita ou esquerda, o que eu digo é que não podemos renegar o outro”, diz.

Em breve, a banda grava seu próximo álbum cheio. "Tá todo mundo mais tranquilo, mais maduro agora. No segundo semestre, começamos a compor para o novo disco, sem pressa. Aí surgiu a possibilidade de tocar no Palco do Rock, nada melhor para botar a cara na rua. O EP nós gravamos três faixas e lançamos pela gente mesmo, em parceria com o estúdio Revolusom. Mas o lançamento em si é caseiro, não é oficial, ainda. Já temos alguns shows marcados no interior para semana que vem, depois retomamos a pré-produção do álbum, mesmo", relata.

"Ainda não sabemos se vamos aproveitar as três faixas do EP no álbum. Estamos compondo até a hora de entrar em estúdio, então como a ideia é gravar no meio do ano, vamos juntar umas vinte composições e depois selecionar as que entram no disco. Vamos fazer o melhor possível para nem precisar das faixas do EP. Até porque são dez anos sem compor junto, tá todo mundo com muita coisa na cabeça", conta Leão.

"Mas posso garantir que estamos trabalhando pra cacete, ensaiando, compondo e agitando um cenário meio parado. Por que o metal daqui sempre foi muito vivo, mas a galera parou de contestar. Ficou muito bonitinho. A gente não quer ser rock star, não, queremos é incomodar. Não quero saber se o Japão vai me ouvir, quero que galera que está aqui do lado me ouça e me entenda. A verdade é que o o rock em si, e o metal em particular, ficou muito chato, parece que ninguém tem nada a fazer a não ser chorar. Sim, tem bandas boas, mas tem que separar o joio do trigo. Abro a internet e tem 50 bandas pra ouvir. Não dá, não tenho tempo para isso. Não tô preocupado em atingir o grande publico mas sim, o melhor público, o que quer pensar com a gente. Mídia? Que mídia? Nem a especializada funciona direito, pô! A mídia é social, todo mundo tem opinião e fala o que quer. Ah, o produtor do disco é a principio o mesmo do EP, Marcos Franco. Montamos um estúdio em casa e gravamos com ele. Hoje tem essa vantagem, não precisa de grandes estúdios e sim, de grandes ouvidos. Marcos tem um grande ouvido. Tem proposta de selo, de parcerias na Bahia, ainda estamos discutindo, por enquanto estamos mostrando a cara. Logo quando anunciamos a volta, começou a aparecer proposta. Tem muita banda nova boa aqui, vimos que o cenário deu uma parada e o pessoal ficou muito voltado ou para o metal extremo ou metal melódico. Não estou preocupado se sou brutal ou melódico. Eu quero é fazer metal, fazer música e incomodar", conclui Leão.

Drearylands, Veuliah e  Inner Call / 12 de março, 22 horas / Dubliner’s Irish Pub / R$ 30

www.facebook.com/DREARYLANDS



NUETAS

Vale o show do rap 

A rapper paulista Yzalú é uma das atrações do QVOS de hoje
O Quanto Vale o Show? volta do intervalo de Carnaval com uma sessão hip hop de responsa: a rapper Yzalú e Lucas Kintê mandam seus recados hoje no Dubliner’s, às 19 horas. Pague quanto quiser.

Blues Free forever

Também de volta das férias momescas,  a session semanal Blues Free Salvador segue em cartaz todas as quintas-feiras no Taverna Music Bar com a incansável Água Suja (e seus convidados) comandando uma alegre fuzarca blueseira.  22 horas, gratuito.

Marconi com Marte

A invocada banda  de hard rock IV de Marte e o trovador pós-punk Marconi Lins (ex-Sindirock) se apresentam neste sábado no Taverna Music Bar. 23 horas, R$ 15.

quinta-feira, fevereiro 11, 2016

CAPITÃO ZOEIRA

Estreia: Zoando tudo e todos, o super-herói Deadpool estreia nos cinemas em adaptação fiel ao estilo anárquico das HQs

Own, que blog fofo, gente!
Mesmo quem gosta, deve admitir: filmes de super-heróis são duros de “engolir” – de se levar a sério, enfim.

Para estes, e até para quem insiste em levar a sério homens de roupa colante se estapeando, Deadpool é a solução.

O personagem, surgido nos quadrinhos da linha X-Men da Marvel em 1991, chega agora aos cinemas em uma comédia de ação estrelada e co-produzida por Ryan Reynolds.

O ator, que até faz filmes sérios como A Dama Dourada nas horas vagas, buscou em Deadpool a redenção por uma série de fracassos em adaptações de super-heróis, como Lanterna Verde (2011) e X-Men Origens: Wolverine (2009).

Neste último, Reynolds encarnou uma versão totalmente deturpada do próprio Deadpool: sem uniforme e com a boca costurada – uma óbvia sacanagem com o personagem, que é justamente conhecido como Merc with a mouth (o mercenário tagarela).

Após muita batalha com o estúdio, investidores e campanhas junto aos fãs, Reynolds finalmente conseguiu bancar uma adaptação 100% fiel ao espírito de Deadpool: anárquica, violenta, politicamente incorreta e neurótica.

HQ da fase Kelly / McGuinness: paródias
Não a toa, o filme ganhou classificação proibida para menores de 18 anos nos Estados Unidos, graças ao “excesso de violência, linguagem inapropriada, conteúdo sexual e nudez gráfica”, segundo o  MPAA (Motion Pictures Association of America), órgão censor norte-americano.

No Brasil, o Ministério da Justiça liberou Deadpool com classificação de 16 anos, em cópia sem cortes.

Origem nas HQs

Criado pelos quadrinistas Fabian Nicieza (roteiro) e Rob Liefeld (desenhos), Deadpool surgiu em meio à febre mutante do início dos anos 1990, quando a linha X-Men se expandiu em dezenas de revistas.

Mas o personagem só vingou mesmo quando foi reinventado em 1997 por outra dupla, o escritor Joe Kelly e o desenhista Ed McGuinness em sua primeira revista mensal solo.

Cômica, a HQ parodiava as outras revistas  da própria Marvel e deu ao Deadpool dois ajudantes: Fuinha (Weasel), o hacker nerd, e Al, uma senhora cega que fazia as vezes de mordomo e tinha que aguentar as chicanas do patrão.

Inicialmente cult, o título foi ganhando popularidade com os anos, tornando Deadpool um dos personagens mais queridos dos fãs de quadrinhos desde então.

Mais risos do que tiros

A maravilhosa Morena Baccarin
Fiel, o filme conta a história de Wade Wilson (Reynolds), um veterano de guerra que é diagnosticado com câncer terminal justamente quando encontra o amor com a prostituta Vanessa (a atriz brasileira-norte-americana Morena Baccarin).

Desesperado, Wilson se oferece como cobaia para um tratamento experimental comandado por Ajax (Ed Skrein).

Torturante, o tratamento consiste em provocar uma mutação nos genes do paciente, gerando o chamado fator de cura, que neutraliza qualquer dano ou doença, seja tiro, facada, câncer ou gripe.

O tratamento dá certo, mas Wilson sai dele desfigurado – e louco de pedra. Irado, passa a atuar como mercenário e a caçar Ajax, para se vingar.

Tudo isso é contado de forma não-linear, com idas e vindas, enquanto Deadpool, que não para de falar diretamente com os espectadores, decapita capangas de Ajax no trânsito e aporrinha os X-Men Colossus (Andre Tricoteux, hilário com o sotaque russo adequado ao personagem) e Míssil (ou Negasonic Teenage Warhead, a mutante com nome de música da banda Monster Magnet, interpretada por Briana Hildebrand).

Escrito por  Rhett Reese e Paul Wernick (a dupla de Zumbilândia), Deadpool, na verdade, dispara mais piadas do que balas, com gracejos sobrando até para o fracassado filme do Lanterna Verde e a versão sem boca anterior do personagem, além de inúmeras piadas bobas com bunda e pinto.

Acrescente-se a isso as cenas de ação perfeitamente coreografadas e executadas e temos aqui o filme de super-herói mais engraçado da Marvel desde Guardiões da Galáxia.

Míssil, Deadpool e Colossus. A produção não teve grana pra pagar mais X-Men
Diferente deste último, porém, Deadpool consegue ser ainda mais  atípico: proibido para menores, com cenas ousadas de sexo, violência explícita e a  quarta parede demolida pela insistência do personagem-título em se dirigir ao público o tempo todo.

Conclusão: se o leitor mal pode esperar pela dramaticidade ostensiva e carregada de Batman vs. Superman (estreia em 24 de março), passe longe deste filme, ele não é para você. Se estiver a fim de adrenalina e risadas, embarque.

Deadpool (idem) / Dir.: Tim Miller / Com Ryan Reynolds, T.J. Miller, Ed Skrein, Morena Baccarin, Gina Carano, Andre Tricoteux, Briana Hildebrand, Leslie Uggams / Cinemark, Cinépolis Bela Vista, Cinépolis Shopping Salvador Norte, Espaço Itaú Glauber Rocha de Cinema, UCI Orient Shopping Barra, UCI Orient Shopping da Bahia, UCI Orient Shopping Paralela / 16 anos

quarta-feira, fevereiro 10, 2016

POWER TRIO JACK DOIDO INVESTE NO GRUNGE E STONER

Hoje, Ontem, a Jack Doido abre abriu os trabalhos do último dia do festival Palco do Rock 2016

O trio Jack Doido, com Emanuel, George e Livingstone
Como todo Carnaval tem seu fim, o de 2016 acaba hoje acabou ontem, com o festival Palco do Rock apresentando as últimas nove bandas da sua grande anual.

A responsável por abrir os trabalhos de hoje ontem é foi a Jack Doido, power trio que tem se apresentado com certa regularidade nos inferninhos e palcos alternativos locais.

Sincero, despretensioso, com letras em português e pesado sem ser ensurdecedor, o rock da Jack Doido traz boas influências de grunge e stoner rock.

Talvez ainda esteja um pouco cru – algo em que um bom produtor / arranjador pode ajudar.

“Acredito que temos uma sonoridade bem próxima do rock  dos anos 1990”, diz George Barros, baterista.

“Apesar disso, não nos sentimos na obrigação de fazer músicas orientadas a um determinado estilo. Nossa proposta é fazer rock misturando um pouco daquilo que gostamos e escutamos”, afirma.

Ano produtivo

Um papo para afinar as ideias antes do ensaio. Fotos arquivo George Barros
Formada em 2012 por colegas de faculdade, a banda só começou a mostrar mais a cara a partir do ano passado.

"A Jack Doido teve seu início em 2013 a partir do encontro entre Emanuel “Jack” Oliveira (guitarra e voz) e Jenilton Azul (ex-baixista) na universidade. Os dois conversaram sobre a possibilidade de formar um power trio rock com o objetivo de produzir músicas autorais. Como eu já conhecia Jenilton de outro projeto musical, fui convidado para integrar o grupo assumindo a bateria. Assim, foi formada a banda. Entre 2013 e 2014 passamos por um processo criativo bastante intenso em home estúdio o que foi possível desenvolver várias das músicas que temos no setlist atual. E a partir de 2015, resolvemos mostrar nosso trabalho e começamos a circular. Por motivos pessoais Jenilton Azul não continua mais conosco", relata George.

“Em 2015, planejamos mostrar o nosso trabalho ao público e o resultado foi bem positivo. Fizemos shows pela cidade, tocamos em Dias D’ávila e Valente, gravamos no Vandex TV, ganhamos bastante experiência e tivemos apoio de pessoas e bandas do cenário local”, relata George.

“Esse ano, continuamos bem ativos. Estamos participando do concurso PRO30, do bar 30 Segundos, no qual passamos pela primeira fase como a melhor banda da noite, e também vamos marcar presença no Palco do Rock, como uma das bandas classificadas pela Oficina Palco do Rock. Além disso, já temos alguns shows marcados para os próximos meses”, conta.

Formado por Emanuel “Jack” Oliveira (guitarra e voz), George (bateria) e Livingstone “Mr. Stone” Leal (baixo), o trio planeja lançar seu primeiro registro fonográfico em 2016: “Sempre costumo dizer que nosso plano é dominar o universo (risos). Brincadeiras a parte, estamos bem alinhados com o nosso planejamento. Esse ano, devemos realizar a gravação de, pelo menos, um EP. Acho que chegou a hora! Considero importante registrar em áudio uma amostra do nosso trabalho autoral até para poder, por exemplo, ampliar as possibilidades de divulgação por meio de mídias e redes digitais. Sem dúvidas, hoje em dia a internet serve como uma grande ferramenta para impulsionar e fortalecer o desenvolvimento de bandas autorais e independentes, como é o caso da Jack Doido. Além disso, queremos continuar tocando em diferentes pontos da cidade, assim como, circular mais pelas cidades do interior e também expandir para cidades de outros estados. Atualmente a banda mantém o ritmo de ensaios e composições. E ainda esse ano, com certeza, teremos músicas novas. Emanuel tem uma mente bastante criativa, eu e Mr. Stone também temos boa facilidade para composições, ou seja, temos muito material para mostrar. Portanto, aguardem, pois a Jack Doido está reservando novidades boas para o ano 2016”, conclui.

www.facebook.com/jackdoidorock



NUETAS

Aprenda a tocar

O(A) prezado(a) leitor(a) gosta de música, mas não consegue tirar nem um acorde no violão? Já tentou aprender? Então, presta atenção: a Casa da Música, no Parque do Abaeté (Itapuã), abriu  as inscrições para a Oficina de Muita Música!, que oferece cursos gratuitos de violão, baixo, teoria musical, manutenção de violão e técnica vocal. A coordenação  é de Fábio Shiva (Mensageiros do Vento), através do  Edital AgitAção Cultural (Fundo de Cultura). Vá: www.facebook.com/oficinamuitamusica.

sábado, fevereiro 06, 2016

MAIS DO QUE QUALQUER COISA, DRUMMOND NOS ENSINAVA A VIVER

Ocupar este nobre espaço* para louvar as qualidades literárias de Carlos Drummond de Andrade (1902-87) é uma tolice, é chover em terreno já perigosamente molhado, perigando ceder encosta abaixo.

Farei um favor aos prezados leitores e os pouparei da devida apreciação técnica / literária que o gênio de Itabira merece (até por que o repórter não tem o mestrado em letras que tal tarefa exige).

A formação deficiente, contudo, não o impede de perceber que, mais do que escrever (muito) bonito, Drummond esbanjava em seus textos uma sabedoria e uma generosidade que parecem quase alienígenas no Brasil hoje.

Pegue qualquer texto d’O Poder Ultrajovem, um dos muitos títulos do autor que vem sendo relançados pela Companhia das Letras.

Qualquer um, pode até ser um de apenas duas páginas.

É espantoso, mas mesmo estes tem mais sabedoria contida em apenas duas páginas do que em uma coleção inteira de livros de autoajuda, desses que lotam listas de mais vendidos.

A maior aspiração

Por que Drummond, além do olímpico poder de síntese, da imaginação fértil, da multiplicidade de vozes, da elegância absoluta e do sherlockiano poder de observação, tinha isso: através de suas crônicas – sempre leves e divertidas – ele guardava lições de vida que, neste momento complicado por que passa nosso país, parecem mais atuais e necessárias do que nunca.

É preciso ter a paciência do pai da menininha fascista por lasanha em O Poder Ultrajovem (a crônica).

É preciso disseminar a atrevida humildade perante a religião de JC, Eu Estou Aqui.

É preciso adquirir a autoconsciência apurada de Hoje Não Escrevo.

É preciso cultivar o amor pelos livros e pelo conhecimento de O Sebo.

É preciso encontrar, em nós mesmos, a delicadeza de Boato de Primavera.

É preciso buscar a saudável cuca fresca de Versos Negros (Mas Nem Tanto).

Conclusão: ser aprendiz de Drummond é a maior aspiração que podemos ter hoje.

 O poder ultrajovem / Carlos Drummond de Andrade / Companhia das Letras / 240 p. / R$ 41,90 / E-Book: R$ 28,90

*Por "nobre espaço", entenda-se a resenha literária do Caderno 2+, no qual trabalho.

sexta-feira, fevereiro 05, 2016

SEXO FAZ O TEMPO PARAR

Criminosos do Sexo, de Matt Farction e Chip Zdarsky, diverte com trama sobre orgasmos paralisantes

Não é incomum experimentar a sensação de que o tempo parou em um momento de grande comoção.

Pode acontecer ao se receber uma notícia muito importante (boa ou má), em um momento de perigo, ao ganhar na Mega-Sena ou... em um clímax sexual.

Na HQ Criminosos do Sexo, de Matt Fraction e Chip Zdarsky, a ideia é levada ao extremo.

Fraction, o escritor da HQ, é um dos nomes mais quentes dos quadrinhos norte-americanos da última década.

Indicado diversas vezes ao Eisner Awards (o Oscar das HQs), o roteirista já pintou e bordou na Marvel.

Ao lado do desenhista francês David Aja, reinventou o Gavião Arqueiro (dos Vingadores) como um defensor popular pé no chão e o Punho de Ferro como uma espécie de linhagem, no estilo do antigo Fantasma, de Lee Falk.

Teve ainda boas passagens por títulos-chave da editora, como Thor, Homem de Ferro (onde assinou o ótimo arco Stark Resiliente), Homem-Aranha e Quarteto Fantástico.

Fora da Marvel, teve uma bem-sucedida parceria na Image com os gêmeos brasileiros Gabriel Bá e Fábio Moon em Casanova, uma extravagante HQ de espiões e fantasia.

Criminosos do Sexo, que também saiu nos EUA pela Image, é mais um sólido sucesso em sua carreira.

Congelados como estátuas

Bem-humorada e cheia de citações de cultura pop, Criminosos pode ser definida como uma espécie de Bonnie & Clyde para o século 21.

Há um simpático e fogoso casal de ladrões de banco e pessoas querendo dete-los.

Só que, tanto os ladrões quanto seus perseguidores compartilham uma estranha habilidade: eles são capazes de parar o tempo quando atingem o orgasmo.

Suzie e Jon, o casal de protagonistas, entram em banheiros de bancos, transam e então aproveitam para roubar, enquanto todos ao seu redor estão congelados como estátuas.


Suzie, que narra a HQ em primeira pessoa, é filha de um funcionário de uma grande corporação bancária, assassinado por um investidor enlouquecido e viciado em cocaína que perdeu tudo no estouro da crise econômica de 2008.

Ainda criança, ela descobriu seu poder ao se masturbar na banheira. Como sua mãe, uma viúva alcóolatra, nunca conversava com ela sobre sexo, Suzie achou que isso era normal.

Quando abordou as “vadias” de sua escola e elas não entenderam nada, a menina percebeu que era, de fato, especial.

Quando conheceu Jon, um ator desempregado, em uma festa e transou com ele, finalmente encontrou alguém com quem pudesse compartilhar seu segredo.

Eventualmente, claro, pessoas com habilidades similares surgem em seu caminho para acabar com a festa e adicionar  adrenalina à trama.

No encadernado capa dura da Devir estão os primeiros cinco números da HQ, deixando muitas questões em aberto: como Suzie e Jon adquiriram suas habilidades? O que é a Polícia do Sexo, que vai ao encalço do casal? Há mais pessoas como eles?

Leve (pelo menos até agora), divertida e irônica, Criminosos soa as vezes como uma metáfora para o despertar sexual feminino através da personagem Suzie, que parece ficar mais empoderada (para usar o termo da moda), à medida que a trama avança.

Merece menção também a arte do canadense Chip Zdarski, que valoriza com muitos efeitos especiais coloridos os momentos de clímax da HQ.

Criminosos do Sexo – Volume 1 / Matt Fraction e Chip Zdarsky / Devir / 136 páginas / R$ 65

quarta-feira, fevereiro 03, 2016

AMBIENTADA EM SALVADOR, TUNGSTÊNIO, DE MARCELLO QUINTANILHA, É PREMIADA EM ANGOULÊME

Fruto de pesquisa in loco, a HQ ganhou o prêmio da categoria policial no prestigiado festival francês

O quadrinista niteroiense Marcello Quintanilha foi um dos grandes premiados na 43ª edição do Festival Internacional de Quadrinhos de Angoulême, na França, com o álbum Tungstênio (lançado no Brasil pela Editora Veneta, em 2014).

O álbum, que saiu na França pela editora Ça et Là, foi vencedor na categoria Polar SNCF.

“Polar”, na França, equivale a Policial.

Já SNCF se refere à Société Nationale des Chemins de Fer Français, a rede ferroviária francesa, patrocinadora do prêmio.

Angoulême, vale lembrar, é uma das mais prestigiadas premiações das HQs.

Até aí, tudo OK, parabéns para Marcello, que hoje vive e trabalha em Barcelona e é um dos maiores  artistas dos quadrinhos brasileiros atuais.

O que chama a atenção para o leitor baiano é que a HQ premiada, uma alucinante comédia de erros super ágil e violenta, é toda ambientada em Salvador e protagonizada por personagens tipicamente locais, como pescadores ilegais (com bombas), PMs, informantes X-9 e traficantes.

Na ocasião do lançamento, ele contou ao Caderno 2+ que teve a ideia após ouvir, na Rádio Sociedade, uma notícia sobre pesca com bombas.

Salvador inspira

Tungstênio não foi o primeiro trabalho de Marcello tendo Salvador como cenário.

Em 2004, ele esteve por aqui, percorrendo as ruas e conhecendo os locais para desenhar o álbum Cidades Ilustradas: Salvador (Casa 21, 2005).

A experiência causou uma forte impressão em Marcello, que, antes de Tungstênio, ainda  produziu outras duas HQs curtas ambientadas em Salvador para o álbum Almas Públicas (Conrad, 2011).

“(Ganhar o prêmio) Foi magnífico. É difícil avaliar o que ele pode significar. É sempre importante agregar elementos que possibilitem ao público interessar-se mais pelas obras”, escreve Marcello para Caderno 2+, lá de Barcelona.

Ele conta que a estadia em Salvador foi muito importante para a criação da obra: “Total, porque Salvador sempre foi uma das cidades que mais me interessaram do ponto de vista referencial,  pela história contida nela como cidade”.

Após Tungstênio, ele lançou, em 2015, Talco de Vidro (Veneta, 2015), HQ sobre uma mulher bem-sucedida que enfrenta uma crise existencial em Niterói.

Para 2016, ele prepara um novo volume de HQs curtas: “Está sendo preparado um novo álbum de histórias curtas para março, chamado Hinário Nacional, também pela Veneta”, informa o artista.

Baianos em Angoulême

Vale lembrar que Tungstênio não foi, de certa forma, a única presença baiana em Angoulême 2016.

O quadrinista baiano Flávio Luiz (Aú, O Capoeirista) foi lá, a convite do festival, fazer palestra, expor e contatos com editoras europeias.

Já o jornal de tirinhas O Tiraço, produzido pela comic shop local RV Cultura & Arte, foi indicado a concorrer na categoria BD Alternative.

terça-feira, fevereiro 02, 2016

A CRUZ DE EDUARDO SLAYER

Pioneira do doom metal no Brasil, a lendária The Cross volta, após 18 anos parada

Eduardo "Slayer" Mota, Mr. The Cross Ft Ana Prado
Arrependei-vos hereges!

Após um hiato de nada menos que 18 anos, a pioneiríssima banda baiana de doom metal The Cross está de volta à cena.

A segunda vinda acontecerá neste sábado, por volta das vinte horas, no templo pagão do Palco do Rock, que este ano finca suas bases no solo sagrado do Jardim dos Namorados.

Sempre liderada por Eduardo “Slayer” Mota, a banda fez história na Bahia e no Brasil, na década de 1990, sendo considerada por muitos como a primeira banda de doom metal da América do Sul.

Para quem não conhece, o doom metal é a subdivisão mais lenta e arrastada do heavy metal.

“Pra mim, o  doom tem que ter, acima de tudo, peso, melancolia, letras depressivas e  um clima sombrio”, afirma Eduardo, que hoje tem 50 anos e é petroquímico.

“Nosso culto é o Black Sabbath, eles começaram tudo. Com as subdivisões, começaram a aparecer bandas mais cruas e arrastadas, como The Obsessed e Cathedral, mas quem começou mesmo foi o Candlemass, que é  nossa maior influencia”, explica.

"O doom metal hoje é muito abrangente, com bandas de vários perfis. My Dying Bride, por exemplo, tem até violino. Tem banda que o vocal é lirico, é o doom épico. A gente é black doom. Na Europa, tem vários festivais só de doom", diz.

Cinco mil fitas cassete

The Cross 1993: Josué, Maurício, Pedro, Jorge e Eduardo. Do FB da banda
O curioso é que, apesar do pioneirismo, a The Cross, por uma série de contratempos, nunca chegou a lançar um álbum cheio, apenas uma fita demo com três faixas, The Fall (1993).

“Este é o primeiro trabalho registrado  de doom metal no Brasil. Ia sair em split com outra banda, mas o selo faliu. Aí fiz uma capa e lancei eu mesmo. Vendi umas cinco mil fitas. Vendeu muito na França, deixou a gente conhecido no cenário mundial”, conta.

"A banda acabou depois que tocamos no Carnaval de 1997, aí rolou uma confusão, uma briga lá. O batera saiu da banda e eu comecei a fazer testes para um tecladista. Fiquei o ano de 97 todo buscando. Aí no fim do ano fiz uma carta padrão e mandei para todo mundo. Parei a banda, cortei o cabelo, tirei os brincos, enchi o saco. Mas continuei acompanhando a cena, continuei ouvindo. Só não me envolvi mais com banda", prossegue Eduardo.

"Para essa volta, eu na verdade, tinha pensado em um projeto que não era The Cross. Chamei o primeiro guitarrista da época e um baixista amigo, 'ah, vou fazer uma banda nova' e tal. Aí algumas pessoas souberam e disseram 'volte com a The Cross', mas aí eu porra, é muita dor de cabeça, os caras não tão a fim. Mas aí conversei com os caras eles 'vambora'. Inclusive, teve um cara amigo meu que sempre teve uma vontade tocar comigo, mas ele tem uma dificuldade: ele tem câncer. Chamei o cara, aí ele foi no céu e voltou. Aí chamei o batera do Mystifier e começamos trabalhar, em janeiro de 2015. Em abril fomos pra estúdio e começamos a gravar. O maluco do selo Eternal Hatred lá do Piauí quis lançar e é isso, saiu esse EP. Se fosse programado, não tinha dado certo", relata.

"Não é todo mundo que aguenta tocar essa coisa arrastada. Foto Ana Prado
"E desde que voltamos, já mudamos de formação várias vezes. É complicado, não é todo mundo que aguenta tocar esse som arrastado, neguinho quer coisa mais pra frente. Mas o The Cross é projeto de vida pra mim, sempre foi estilo de vida. Curto doom metal há 31 anos, a gente foi a primeira banda de doom. Quando tocava fora da Bahia, a gente dizia que era doom e o pessoal nem sabia o que a gente tava falando. Viajamos o Brasil todo, de 1993 a 1995, só com uma demotape com três musicas. Na época, era muito mais difícil gravar", lembra.

Agora, para tirar o atraso, Eduardo, Elly Brandão e Felipe Sá (guitarras), Mário Baqueiro (baixo) e Louis (bateria), preparam um lançamento duplo: o EP Flames Through Priests e o aguardado álbum de estreia, The Cross. Flames traz duas faixas inéditas e as três da demo de 1993 de bônus.

“Já temos shows marcados em Teresina, Fortaleza, Mossoró, São Luís, São Paulo, Curitiba, Paulo Afonso, Cícero Dantas e Itabuna, tudo a partir de abril. E em 2017 vamos fazer nossa primeira turnê pela Europa”, conta Eduardo.

The Cross no Palco do Rock 2016 / Com Contrapartida, RockScola, Act of Revenge, Kattah (PR), Muqueta na Oreia (SP), Behavior, Lo Han e Madness Factory (PB) / Jardim de Alah / 18 horas / gratuito

www.facebook.com/thecrossdoom



NUETAS

Yeah man, rock!

Hoje, todos os caminhos levam ao Rio Vermelho. Tem rock do bom na Hell’s Kitchen (Les Royales, Toco Y Me Voy), no Taverna (Derrube o Muro, Ivan Motosserra, Van der Vous,  Giovanni Cidreira) e na Companhia da Pizza Ifá Afrobeat, Funkmotiva, Selvagens a Procura de Lei, Malícia Champion, O Quadro).

Destaques PdR 2016 

E na sequência, começa o Carnaval, com o Palco do Rock 2016 armado no Jardim dos Namorados, a partir deste sábado. Além da The Cross, destacada aí ao lado, a coluna recomenda Behavior e Lo Han (no sábado), Drearylands e  Guga Canibal (domingo), IV de Marte, Circo de Marvin e Keter (segunda-feira), Jack Doido, Batrákia e Veuliah (terça). Mas tem muitas outras, inclusive uma gringa, a Unconscious Disturbance (EUA). Vista uma camisa preta e saia por aí.

segunda-feira, fevereiro 01, 2016

DIVERSIDADE PARA IEMANJÁ

 No 2 de fevereiro, cada um saúda a Rainha do Mar do jeito que lhe apetece. Amanhã, o Rio Vermelho terá uma festa a cada esquina, cada uma com um jeitão todo próprio.

Provavelmente, a maior de todas é a programação do Lálá Multiespaço. A esta altura, consagrado como uma espécie de central hipster local, o Lálá oferece dois dias de festa, começando hoje à noite.

A lista de artistas convidados (e badalados) é impressionante. Hoje tem Metá Metá, Márcia Castro, Ava Rocha, Anelis Assumpção, Livia Nery, Junnix e Edbrass, entre outros. À 1h30, sai um cortejo, puxado pelo Tambores do Mundo.

Amanhã tem Coletivo Noz Moskada, Suzy 4 Tons & Dom Maths, Mariella Santiago, Moreno Veloso, Bem Gil, Bruno Capinan e Zé Manoel.

Outra festa que promete é a Iemanjá é Black, no Bar Santa Maria. Organizado pelo ator Jorge Washington e pela estilista Madá (Negrif), traz como atração principal Lazzo, mais Negros de Fé e Banda Aiyê.

“Sou um cara que gosto de festa. Aí observei que todas as festas fechadas nunca eram voltadas para a cultura negra. Por isso esse nome, Iemanjá é Black”, diz Jorge.

“A ideia é reunir a nata da negritude: políticos, artistas pensadores da cultura negra, em  um espaço onde nos reunimos com conforto, boa música, comida boa e bons papos. Um espaço de encontro de amigo velhos e novos, militantes de ontem e de hoje, um espaço de formação da cultura negra”, descreve.

Pizza e Aquaman

Veterano da festa, o empresário Antonio Portela organiza pelo 13º ano um palco em frente ao seu estabelecimento, a Companhia da Pizza, com ótimas atrações como as bandas Ifá Afrobeat, Funkmotiva, Selvagens a Procura de Lei (CE), Malícia Champion (PE) e O Quadro.

“É como um agradecimento ao bairro. Numa festa dessas você tem que agradecer por essa convivência pacífica do comercio com as residências”, afirma.

"Esse é um evento que fazemos sempre com nossos recursos capta um pouco daqui, um pouco de um fornecedor dali e vai fazendo", conta.

"Aí esse ano estamos trazendo os Selvagens, que é uma banda nacional, já. Moram em São Paulo e estão ficando bem conhecidos na cena. Já a Champion é metade de membros da Eddie e metade da Academia da Berlinda, são uma banda revelação do carnaval de Olinda. O IFÁ é uma das bandas-sensação da Bahia, com um trabalho bem próprio, que eu acho sensacional. Tentei trazer ano passado, mas não tive verba. E O Quadro tá aí, despontado bonito, tocando na Europa. O Funk Motiva são músicos já conhecidos, como Lutte e Keko Pires, fazem um funk bem bacana. E Carol Morena é DJ da Bolha, do Radioca, já é bem conhecida da cena alternativa", descreve.

Quem estreia bonito no 2 de fevereiro é a comic shop Hell’s Kitchen, que promove sua Festa do Aquaman, em homenagem ao herói marítimo dos quadrinhos.

No palco armado na varanda da loja, o quarteto Les Royales faz sua devastação rockabilly habitual, com o som maneiro da banda Toco Y Me Voy abrindo as trabalhos, além do DJ Mauro Telefunksoul esquentando o público antes e entre as bandas.

"É o nosso primeiro ano aqui, mas pretendemos fazer todo ano. A festa é gratuita e uma parceria nossa com a In / Out Sonorização", diz Caio Tuy, um dos sócios da Hell's Kitchen.

"Ainda não podemos confirmar mas talvez ainda tenha Paulinho Oliveira fechando a festa. Além da cerveja, vai ter uma oferta de petiscos árabes como quibes e beirutes à venda", avisa.

Já no Taverna Music Bar, a festa é homenagem ao músico e produtor Maicon Charles, encontrado morto em meados no ano passado nas mesmas águas defronte ao bar.

Intitulada Viva Tsu! Maicon Vive, o evento terá várias bandas e artistas amigos do rapaz, como Derrube o Muro, Ivan Motosserra, Van der Vous, Mapa, Galf, Irmão Carlos e Giovanni Cidreira.

"Vai ser o caos, do jeito que ele gostava", diz Rogério Gagliano (Ivan Motosserra).

Guia rápido Iemanjá 2016

Lálá Multiespaço / Hoje (19 horas) / Com Metá Metá, Mangaio, Edbrass, Junnix, Márcia Castro, Ava Rocha, Anelis Assumpção, Livia Nery, Ana Cláudia Lomelino, Aíla, Lia Lordelo, Negro Léo, Micah Gaugh, DJ Mozart / Amanhã (meio-dia) / Com Bloco DHJ8, Coletivo Noz Moskada, DJ Riffs, Suzy 4 Tons & Dom Maths, DJ Tutu Moraes, Mariella Santiago, Moreno Veloso, Bem Gil, Bruno Capinan, Zé Manoel, Anderson Silva e DJ Jerônimo Sodré / R$ 40 (por dia)

Santa Maria Bar / Às 13 horas / Com Lazzo Matumbi, Negros de Fé e Banda Aiyê / Camisas: R$ 70 ou  R$ 120 (Direito à camisa exclusiva da festa,  shows e feijoada)

Galeria Luiz Fernando Landeiro / Com Baile Remoso, Afrocidade, Micah Gaugh, Henry Schroy, Jorge Amorim e Bira Reis, Enio & Trio Cabuloso, Maristela Muller e Orb+Annunakis (Diego Andrade, Bruno Aranha e Manuel Venâncio) / A partir das 10 horas  

Companhia da Pizza / Com Ifá Afrobeat, Funkmotiva, Selvagens a Procura de Lei, Malícia Champion, O Quadro e DJ Carol Morena / Gratuito / Horário não informado

Hell’s Kitchen / Festa do Aquaman, com Les Royales, Toco Y Me Voy e DJ Mauro Telefunksoul / 14 horas, gratuito

Taverna Music Bar / Festa Viva Tsunami / Meio-dia / Com Derrube o Muro, Ivan Motosserra, Van der Vous, Mapa, Galf, Irmão Carlos e Giovanni Cidreira / Gratuito