sexta-feira, outubro 02, 2015

DE VOLTA AO PESO E VIRULÊNCIA, TITÃS FAZEM SHOW AMANHÃ EM SALVADOR

Titãs no DVD Nheengatu ao Vivo, foto Silmara Ciuffa
Quem for jovem e se encontrar na plateia dos Titãs neste Rock Concha poderá ter um gostinho de como era assistir a um show do então octeto nos anos 1980, quando fúria, protesto e arte se confundiam no palco.

De volta à sua configuração mais punk rock desde o raivoso álbum Nheengatu (2014) – na verdade, desde a turnê comemorativa do Cabeça Dinossauro (1986) um ano antes – o agora quarteto traz a cidade o show do recém-lançado DVD Nheengatu ao Vivo.

“No show, a gente faz várias do Nheengatu e algumas mais antigas, justamente por termos regravado o Cabeça ao vivo (em 2103)”, conta o guitarrista Tony Bellotto.

“Mas o esqueleto é o show do DVD mesmo, mais algumas coisas que não tocávamos há muito tempo, como Jesus Não Tem Dentes no País dos Banguelas, Massacre, Polícia e Bichos Escrotos”, enumera.

No palco, a banda (Tony, Palo Miklos, Branco Mello e Sérgio Brito, mais o baterista Mário Fabre), surge mascarada de “palhaços do inferno”, tocando uma sequência matadora de faixas do último disco, recurso cênico aproveitado do clipe de Fardado.

“O próprio fato de termos esse registro em DVD desse show foi muito em função da força cênica, com o cenário (da Torre de Babel) e as máscaras, que causam um impacto que simbolizam bem o momento do Brasil”, afirma Tony.

“E tem uma brincadeira com a gente mesmo, de a banda se reinventar, se recriar. Abrindo o show mascarados, parece uma outra banda abrindo para os Titãs, então ficou bem interessante”, observa.

“E quando fizemos a tour do Cabeça, não esperávamos uma repercussão tão grande. Nos sentimos bem nesse papel, como uma banda mais pesada e virulenta. É o que fazemos melhor”, conclui.

ENTREVISTA: TONY BELLOTTO

Tony em foto de Caroline Bittencourt
O disco Nheengatu (2014) já refletia bem esse momento desagradável do Brasil, como o Cabeça Dinossauro refletia o Brasil de 1986. Como vocês traduziram isso em show? Como as máscaras se encaixam nesse jogo?

Tony Bellotto: A ideia das máscaras começou no clipe de Fardado (faixa de Nheengatu) e o diretor teve a ideia de fazer uma leitura mais óbvia mesmo, com referência ao movimento (dos protestos de rua) de 2013, com aquela maquiagem dos palhaços do inferno, bem assustadores. Gostamos muito, aí pensamos 'vamos usar no show'. Mas maquiado todo show não dá, né? Aí fizemos máscaras, mesmo, que tem todo um sentido. O próprio fato de termos esse registro em DVD desse show foi muito em função da força cênica, com o cenário e as máscaras, que causam um impacto que simbolizam bem o momento do Brasil. E tem uma brincadeira com a gente mesmo, de a banda se reinventar, se recriar. Abrimos o show mascarados, parece uma outra banda abrindo para os Titãs, então ficou bem interessante.

A retomada do Cabeça que vcs regravaram ao vivo teve a ver com esse novo momento?

TB: Acho que isso tema ver sim. Quando fizemos a tour comemorativa do Cabeça (2013), não esperávamos uma repercussao tão grande, a própria  concepção do Cabeça, com os Titãs como uma banda mais pesada e virurlenta, nos sentimos bem nesse papel, é o que fazemos melhor. Então a tour do Cabeça foi a semente do Nheengatu, foi importante para reafirmarmos essa posição: um disco focado, em cima de uma ideia, pensado mesmo.

Como vai ser o show em Salvador?

TB: O show será um pouco maior do que o DVD. A gente faz várias do Nheengatu e algumas do repertório mais antigo, justamente por termos regravado o Cabeça ao vivo. No DVD do Nheengatu não tem nada do Cabeça, só nos extras, como um bônus. Mas no show aí faremos algumas do Cabeça, até por que é um show maior. Aliás, aí em Salvador, a gente sempre faz mais um show mais completo, no sentido de revelar nossa discografia. Mas o esqueleto é o show do DVD, mais algumas coisas que não tocávamos há muito tempo, como Jesus Não Tem Dentes no País dos Banguelas, Massacre, Polícia e Bichos Escrotos.

O hoje quartetoTitãs, foto Silmara Ciuffa
Como vê o rock brasileiro hoje em dia? Pergunto por que vejo vocês voltando a fazer um trabalho mais mais político, mais pesado mesmo, enquanto as novas gerações parecem meio anestesiadas, fazendo um rock romântico mais comercial ou "fofinho". O que falta para fazer cair a ficha da molecada?

TB: Olha, eu acho que até tem algumas bandas trabalhando nessa área, mas aparecem pouco ou quase não aparecem, por que o espaço para o rock na grande mídia tá muito reduzido por culpa das gravadoras e das rádios, que apostam muito só na música comercial, sem sobrar espaço para mais nada. Então o rock que aparece é o fofinho, o inofensivo, que até se confunde com o sertanejo. A pegada mais contestadora ficou para o rap. Acho que tá faltando alguma banda que consiga romper essa barreira e chamar a atenção da galera para o tipo de força e discurso que só o rock tem, que aconteceu nos anos 1990 e 1980. Hoje em dia, o panorama tá bem estático por causa dessa problemática de falta de espaço nas rádios e TVs, na grande mídia em geral. Mas o rock sempre tá rolando no subterrâneo, alguma banda aí fora vai romper isso. Tá todo mundo cansado disso tudo, vivemos num país violento, em um momento crítico de crise econômica e não vejo ninguém reclamando muito na música e nas artes em geral. Nossa geração, a dos anos 80, nasceu naquele momento de fim da ditadura e criaram esse ambiente (de protesto), então teve bandas como a gente, Legião Urbana, Paralamas. Então, agora, em temos de contexto social, eu diria que tá bem propício para acontecer de novo com bandas legais – e estamos esperando por isso. Fizemos esse disco até no sentido de mostrar para as gerações mais novas que rock é mais que canções de amor. A gente, com mais de 30 anos de carreira, quis fazer um novo trabalho relevante.

Os Titãs pensam em disco novo para 2016?

TB: Acabamos de lançar esse DVD e, justamente pelo sucesso do Nheengatu, vamos fazer uma turnê com shows por lugares que não chegamos ultimamente do Norte e Nordeste. O ano que vem não definimos ainda, mas pode ser que sim, que lancemos um disco novo.

Tá escrevendo mais algum livro?

TB: Sim, tô trabalhando, mas nada ainda que possa dizer que tá praticamente pronto com título e tudo. Mas é uma coisa que me faz muito bem, alternar esse trabalho na literatura com a música, é uma coisa que gosto muito de fazer e faço sempre. Espero que ano que vem já possa lançar um livro novo.

Quase todos os Titãs ou ex-Titãs tem carreira solo, acho que menos você, Branco Mello e Charles Gavin. Algum dia teremos um trabalho solo do Tony Belloto?

TB: Olha, eu confesso que não tenho muita vontade ou motivação para isso. Me realizo muito como guitarrista dos Titãs. E quando não estou com os Titãs, eu quero escrever. Então, não tenho essa vontade de fazer isso. Sou muito concentrado nos Titãs, me realizo muito bem com a banda.

6 comentários:

Ernesto Ribeiro disse...

Comentário de um quadrúpede:


Esta Constituição Federal de 1988 é fajuta e inválida, e os militares de outrora já suspenderam constituições ineficazes e incoerentes, como esta.


Minha resposta:


Para um CRIMINOSO, todas as Leis são invalidas. Os militares bandidos brasileiros (e latino-americanos bananeiros cucarachas em geral) têm uma tradição de séculos de GOLPISMO, de VIOLAÇÃO DE LEIS e de RASGAR CONSTITUIÇÕES promulgadas por representantes eleitos pelo voto direto dos cidadãos honestos trabalhadores. Por isso que os milicos de países subdesenvolvidos do Terceiro Mundo como o Brasil são os militares mais desprezados do planeta. Não é surpresa que os povos desenvolvidos olhem de cima para baixo e encarem nossos soldados com tanto desprezo.

Franchico disse...

Por falar em militar desprezível...

http://www.brasilpost.com.br/2015/10/05/jair-bolsonaro-apoio-pm_n_8244412.html?utm_hp_ref=brazil

Mas o pior é que o bolsonazi não só um típico militar golpista ditatorial vagabundo quadrúpede terceiro mundista: é um típico político brasileiro na sua pior acepção. Por que é bem típico de políticos brasileiros partirem sempre para as medidas mais preguiçosas, que atacam apenas os sintomas e não as causas.

Quando ele sugere que a PM devia é matar mais, ele está apenas evitando sugerir que o governo deveria priorizar a educação e inclusão social (a de verdade, não a inclusão do consumo) para que, daqui a pelo menos uma geração, o Brasil deixe de ser o campeão mundial da violência.

Ou seja, ele não apenas é um militar irresponsável com sede de sangue (de pretos e pobres), é um político da pior estirpe, sem caráter ou culhões para militar pela solução real por que esta é de longo prazo, não dará tempo para ele capitalizar em sua futura campanha para presidente.

Em suma: bolsonazi é o pior entre os piores.

E como o brasileiro médio tb é uma anta irrecuperável (graças, de novo, aos milicos, que destruíram o sistema educacional brasileiro em um crime de lesa-pátria gravíssimo, pelo qual eles jamais serão responsabilizados, diga-se de passagem), é bem capaz desse monstro acabar eleito.

Enfim: Angela Merkel! Obama! Alguém me tira daqui, por favor!?!

Franchico disse...

Chupa, otário!

https://br.cinema.yahoo.com/post/130206903816/voc%C3%AA-deve-ter-muita-coragem-para-dizer-isso-diz

Foda-se a Apple. Jamais teria um imac iphone ipod ipad iocaralhoquefor.

Franchico disse...

O incrível Sean Philips (da fodíssima Punk Rock Jesus) fez a curadoria de uma exposição de capas de LPs desenhadas por grandes artistas das HQs:

http://www.bleedingcool.com/2015/10/04/when-comic-creators-draw-album-covers-the-exhibition/

e aqui:

http://theartofseanphillips.blogspot.co.uk/2015/09/phonographic-exhibition.html

Rodrigo Sputter disse...

"Para que entrar na marinha se você pode ser um pirata?"
Steve Jobs, eu nunca "entendi" essa frase dele...eu nunca veria um filme sobre ele...posso até um dia ter um aparelho...embora nunca tive...e nem faço questão de ter...

sobre bolsonaro...man...tenha medo de 2018...nem vi o video todo...

Ernesto Ribeiro disse...

Se este filme é o Titanic, Seth Rogen é o iceberg.