terça-feira, agosto 23, 2011

VIVENDO O SONHO

A incrível trajetória do roqueiro baiano Lucas Ferraz, do underground local para o Zenith, a casa de shows mais chique de Paris, abrindo para Slash

Cinco de julho de 2010, camarim do Rockhal, a casa de shows mais importante de Luxemburgo, o minúsculo ducado europeu encravado entre a França, a Bélgica e a Alemanha.

O músico baiano Lucas Ferraz, vocalista e guitarrista da banda Porn Queen, relaxa o nervosismo após a passagem de som para o show de logo mais à noite – o mais importante de sua vida.

De repente, um sujeito magro e sorridente, cabeludo, descalço e sem camisa irrompe no recinto, sem aviso.

Cumprimenta Lucas e seus colegas de banda, elogia o som e a versão deles para Paperback Writer (clássico dos Beatles). Amistoso, joga conversa fora por mais algum tempo, depois se despede e se retira.

Ei, foi o Slash mesmo?

Os rapazes – Lucas, o também baiano Fred Barreto (guitarra) e os nativos Yves DeVille (bateria) e Dan Fastro (baixo) – se entreolham, ainda meio sem acreditar.

Slash, um dos músicos mais emblemáticos do hard rock, o mítico ex-guitarrista do Guns ‘n’ Roses e cujo show em Luxemburgo eles estavam prestes a fazer o número de abertura, acabara de elogia-los.

Nada mal para quem, poucos anos antes, amargava a indiferença e a falta de oportunidades reservada aos talentos baianos que não rezam pela cartilha da música popularesca de baixo nível em Salvador.

Fundador de comunidade de fãs, Lucas realizou sonho ao fazer contato via internet com rock star

Neto de portugueses que imigraram para a Bahia, Lucas Ferraz começou no rock local integrando a banda Carpe Beer – a mesma na qual se iniciou um dos maiores talentos da música baiana hoje, o produtor e multi-instrumentista Tadeu Mascarenhas (líder da Radiola).

“Estreamos a banda no Creole Cajun (casa no Pelourinho, ativa em meados dos anos 1990), abrindo para a então Dr. Cascadura”, lembra Lucas.

O nome da banda, um trocadilho infame porém simpático com a expressão em latim carpe diem (aproveite o dia), foi decidido vinte minutos antes do show.

“Criamos ali na hora, para Fábio (Cascadura) poder chamar a gente pro palco”, ri. A Carpe Beer durou até o início de 2001 – “Ou 2002? Desculpe, sou horrível de datas”, avisa Lucas.

Inquieto, poucos meses depois, ele já estava integrando a Stancia, uma banda que já existia no cenário, mas era pouco conhecida. “Os caras meio que só tocavam no interior, naquele lance de matar cachê. Aí quando eu entrei, propus que párassemos um pouco para gravar, já que eu tinha uma porrada de música composta”, relata.

Com o chapa Tadeu na produção, a Stancia lançou um álbum em 2005, que apesar de ter agradado ao povo do rock local, teve pouca repercussão.

Pouco tempo depois, a banda acabou, por “problemas internos”. “O que acontece é que eu encaro a música de forma profissional, mas parte do pessoal ainda estava naquela de ‘vida louca’, bebendo muito”, conta.

A gota d’água foi um malfadado show em um festival na cidade de Araraquara (SP). “Tivemos que segurar a onda de alguns integrantes que estavam, como direi, fora de controle. Aí, em janeiro de 2007, saí da Stancia”, continua.

Dois baianos na Europa

Depois de algum tempo trabalhando no estúdio de Álvaro Tattoo Medrado – com o qual fundou a banda Mortícia – e em um escritório de análise de crédito, resolveu seguir os pais e ir embora para Luxemburgo.

“Fui demitido do escritório com mais umas 15 pessoas. Casado e com um filho pequeno, a coisa ficou feia pra mim. Como meus pais já moravam lá há mais de dez anos, fui”, conta.

“A princípio, não tinha intenção de trabalhar com música”, jura. Na Europa, Lucas cumpriu o itinerário comum a qualquer imigrante, lavando pratos e janelas.

Pela internet, logo começou a se comunicar com uma banda alemã – e chegou mesmo a integrar o grupo por um breve período, mas não deu certo. “Saí por que não me deixavam compor. Sem espaço, não dá”, diz.

A experiência alemã, porém, serviu para aproximá-lo de outro baiano em solo europeu, o guitarrista Fred Barreto.

“Eu já o conhecia de Salvador, mas ele já estava lá na Europa há algum tempo, tocando com sua banda de blues, a Fred Barreto Group, na Alemanha”, conta. Logo, Lucas e Fred começaram a frequentar a casa um do outro, fazendo som, trocando ideias.

O lance do Slash

“Aí aconteceu o lance do Slash”. Fã de longa data do Guns ‘n’ Roses e de seu emblemático guitarrista, Lucas havia criado na internet uma comunidade de fãs: Slash Army.

“Um dia, fiz umas perguntas para ele, via Twitter. Não é que ele respondeu?”, admira-se.

De mansinho e de forma desinteressada, Lucas foi mantendo contato com o rock star. “Eu postava a foto de meu equipamento e ele dava opiniões, tipo, ‘ah, esse amplificador é bom’”, relata.

Até que um dia, foi agendado um show dele em Luxemburgo. “Aí, como dizia minha avó, o diabo atentou”, ri.

Segundo Lucas, a iniciativa para se encontrarem pessoalmente partiu do próprio Slash. “Ele me avisou que ia rolar o show lá e disse: ‘vamos nos conhecer’”, conta.

Mais rápido do que Slash é capaz de tocar uma escala de blues, Lucas entrou em contato com a casa aonde ia rolar a apresentação do guitarrista.

“Disse que tinha uma banda, uma comunidade de fãs de Slash e solicitei uma oportunidade para abrir o show dele. Vinte minutos depois, o cara me responde, dizendo que tudo bem”, continua.

Passou um mês. Poucos dias antes do show, Slash manda uma mensagem para Lucas: “É você que está tentando abrir meu show em Luxemburgo?”

Lucas sentiu o sangue abandonar seu rosto. E se o homem ficou chateado? O temor, felizmente, não se justificou.

“Que nada! O cara perguntou por que eu não falei diretamente com ele! Aí eu respondi que não queria tirar vantagem de nossa amizade. Ele respondeu: me manda o link de sua banda”, conta Lucas.

Pouco depois, Slash manda outra mensagem para Lucas: “Vai ser um prazer ter a Porn Queen abrindo nosso show em Luxemburgo”.

No dia do show, Slash foi totalmente amistoso com Lucas e seus companheiros. “Tive que esconder meu lado fã e mostrar o amigo”, ri Lucas.

Bem-sucedida, a apresentação da Porn Queen selou a amizade entre os membros das duas bandas. Ainda hoje, eles mantém contato entre si.

Cerca de um ano se passou. A Porn Queen se apresentou em festivais como o Rock Um Knvedler, o mais importante de Luxembrurgo. “Fomos a última banda local antes das atrações principais”, afirma, sem esconder o orgulho.

Logo foram convidados para abrir o show de outros ex-Guns ‘n’ Roses, o baixista Duff McKagan: “Foi em Lille (França). Logo que nos encontrou, Duff foi dizendo: ‘Só ouço falar de vocês agora! Sinal que estão fazendo tudo certo’”, lembra.

Em 12 de julho último, foram solicitados para abrir o show de Slash novamente – desta vez, em Paris, no lendário Le Zenith, uma das casas de show mais tradicionais da Europa.

“Show para sete mil pessoas, lotação esgotada. Devo confessar que a ficha ainda não caiu”, sorri, certo que outras fichas ainda virão.

FOTOS: TOM DI MAGGIO / Divulgação

Conheça: PORN QUEEN

31 comentários:

Franchico disse...

Um agradecimento e um abraço especial à Nei Bahia, pela sugestão da pauta...

Anônimo disse...

parabéns ao lucas pela coragem em levar o rock adiante mundo afora...agora, a banda dele posa para foto com um integrante fazendo chifrinho...é hard rock ou metal previsível?
cláudio moreira

Franchico disse...

Pô, man, até banda de happy rock posa fazendo chifrinho. Isso é vício gestual de quem não sabe o que fazer com as mãos, libera o cara. A banda é hard rock L.A., Guns 'n' Roses (e similares) totalmente na veia. Não é a toa que o cara tem um fã-clube do Slash.

Franchico disse...

Um texto sobre a "cultura" na Bahia, publicadoi no Terra Magazine, está dando o que falar:

http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI5298721-EI17691,00-Bahia+Carnaval+e+cinzas.html

Aqui mesmo tem um indignado:

http://ultimobaile.com/?p=3340

Agora deixa eu dizer o que eu penso.

Acho esse papo todo dessa atual "efervescência cultural baiana" muito bonito, e, até certo ponto, real. De fato, tem muita gente produzindo. E há até gente boa na atividade, isso também é fato. Só que é tudo localizado, dirigido e consumido por uma pequena parcela da população, uma elite cultural, digamos assim, que é incentivada pelo governo – tanto para produzir, quanto para consumir – via editais da Secult (que, com isso, faz o trabalho dela, ou pelo menos, uma parte dele, diga-se de passagem). Por que a verdade é que o povão mesmo não dá a mínima para o que está acontecendo. Ou vc acha que eles vão deixar de ir ao pagodão no Wet para conferir o show de Ronei Jorge ou da Baiana System ou comparecer a uma exposição no MAM ou a uma mostra de cinema? Não vão! Isso é coisa de uma parcela da classe média, a parcela esclarecida, de universitário da Ufba, de fequentadores da Sala de Arte, leitores da Muito, pessoas educadas como eu ou vcs, creio. Me desculpem, mas não acredito em "efervescência cultural" que depende de subsídios governamentais para continuar existindo. Se não consegue se impor no mercado, é por que uma das duas coisas está acontecendo: ou os produtores culturais ditos independentes são incompetentes ou o mercado é que está corrompido. Ou ambas as coisas. Enquanto houver jabá, não há "efervescência cultural", ou produtores, por mais bravos que sejam, que resistam. Simples assim.

Anônimo disse...

chico...vc jamais vai me ver fazendo chifrinho...sou fã de dio, mas os fãs de rock pesado da minha geração sabem muito bem a deturpação imagética que rolou em cima desse chifrinho...no entanto lembro com carinho de apresentação da carpie na barra tocando thin lizzy pelos idos de 98...sei lá...vou ouvir essa banda do lucas...apesar do chifrinho...
cláudio moreira

Franchico disse...

Grant Morrison: "Superman passou a infância colhendo feno em uma fazenda e é um herói da classe operária, por isso as pessoas não gostam dele. Já o Batman é um bilionário que dorme até as três da tarde, veste uma roupa de borracha e sai pra dar porrada nos pobres. É uma fantasia dos nossos desejos."

Aqui: http://omelete.uol.com.br/mulher-maravilha/quadrinhos/mulher-maravilha-grant-morrison-quer-versao-sexualizada-da-heroina/

Nei Bahia disse...

Grant Morrinson tá politacamente correto.....?
Tô fudidoo!!!

Franchico disse...

Por que refazer um filme que já era perfeito? Por que meu deus, por que?

http://omelete.uol.com.br/cinema/straw-dogs-remake-de-sob-o-dominio-do-medo-tem-novos-posteres/

Franchico disse...

Taí um programa que eu assistiria, se meu plano de tv cobrisse a TV Brasil:

http://omelete.uol.com.br/series-e-tv/trash-hour-allan-sieber-em-novo-programa-humoristico-do-canal-brasil/

glauberovsky disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
cebola disse...

Chifrinho quem merece é o Grant. Grant está é caduco. Mas quem foi fazer música no além foi um absoluto gênio da raça! R.I.P mr Jerry Leiber. Esse fez o mundo mais feliz!
http://www.publico.pt/Cultura/morreu-jerry-leiber-compositor-de-classicos-maiores-do-rock-n-roll_1508801

Franchico disse...

Superman dá adeus à sunga por cima da calça.

http://omelete.uol.com.br/superman-homem-de-aco-man-of-steel/cinema/superman-o-homem-de-aco-confirmado-o-visual-do-heroi-e-vila-surge-no-set/

A lógica agradece. A fantasia heróica, nem tanto.

O que eu posso dizer? É um novo século!

Franchico disse...

A HQ original é uma bela porcaria e o filme promete seguir o mesmo caminho. Mas eu vou querer ver assim mesmo...

http://www.universohq.com/quadrinhos/2011/n24082011_03.cfm

Com um elenco desse, eu veria até se fosse dirigido pelo Godard com roteiro de Bergman adaptando remake de filme iraniano.

Franchico disse...

Deep Purple toca até em Belém e Fortaleza.

http://omelete.uol.com.br/shows-no-brasil/musica/deep-purple-confirma-show-no-brasil/

osvaldo disse...

fantastica a entrevista que simon reynolds deu a andre barcinsky na folha. no blog de barcinski tem uma versao otima. reynolds., eh depois de robert christgau, o maior critico d musica do planeta, so que reynolds eh mais academico e procura olhar nuances sociologicos e culturais , pintando um quadro mais amplo que chrstgau, que melhor na questao musical. indispensavel para quem gosta de musica e cultura pop.
http://andrebarcinski.folha.blog.uol.com.br/arch2011-08-01_2011-08-31.html#2011_08-23_12_49_26-147808734-0

Franchico disse...

Descobriram o Brasil.

http://camaraempauta.com.br/portal/geral/wikileaks-tira-mascara-da-midia-brasileira-e-comprova-estao-a-servico-dos-eua

glauberovsky disse...

"O segundo encontro aconteceu em 2009, quando Waack foi chamado para dar informações sobre as conformações das facções partidárias visando o processo eleitoral de 2010. O terceiro foi em 2010, com o atual embaixador ianque, Thomas Shannon, quando o jornalista novamente abasteceu os ianques com informações detalhadas sobre os então candidatos a gerente da semicolônia Brasil"

esta é uma acusação deveras grave, chicón.
G.

Franchico disse...

De fato, Glauber. Mas é como dizem: eles que são brancos, que se entendam!

Franchico disse...

“Ode à Solidão”, primeira música da carreira solo de Candice Fiais, está disponível para download na página www.reverbnation.com/candicefiais

osvaldo disse...

poh chicovsky, estou atrasado vc ja tinha dado a dica da entrevista de simon reynolds desde a semana passada. em todo caso reynolds continua acompanhando a musica contemporanea produzida e pode discutir com propriedade sobre o atual estado da musica. e como ele tem vies que rock nao eh so musica, ele engoba tb a questao comportamental, temos um prato cheio, apesar de resvalar no academicismo eventualmente.

Anônimo disse...

Salvador virou caso para tese de doutorado em comunicação, produção cultural e economia...todo mundo sabe que um show do deep purple na concha até dia de semana iria lotar...que enigma é esse? que classe de produtores de shows é essa? que imprensa é essa? essa cidade é o cemitério do rock porque que ficou refém da indústria da axé music e depois do pagode elétrico...se tivesse grana daria esse presente à cidade...
cláudio moreira

Franchico disse...

Tinha lido a entrevista, Bramis. Fiquei na pilha de ler o livro, com certeza. É bem por aí mesmo que vivemos hj em dia. Mesmo as bandas / discos que mais gosto atualmente, como Black Keys e Rome (Danger Mouse / Danielle Lupi) são óbvios casos de "arqueologia do ontem". Sinal dos tempos.

Claudio, devo concordar com vc nessa. É triste nascer e viver em Salvador. É um carma da pesada. Estou pensando em fazer as malas.

Anônimo disse...

cacilda...lembrei desse guitarrista baiano que toca com lucas...conheço ele...o cara toca muito..lembro dele tocando blues na noite numa jam...
cláudio moreira

Anônimo disse...

justamente o cara do chifrinho....hehehehehe...é ele...o conheço dos meus tempos de rio vermelho há 12, 10 anos...é um músico sério e toca muito, mas muito mesmo...esa banda deve ser boa...a ficha caiu agora...poxa, quem sabe essa banda não dá uma revigorada no rock pesado...vamos aguardar o cd...
cláudio moreira

Márcio A Martinez disse...

Chico, vc não faz mala nem pra ir ao bar da esquina, quem diria pra sair de salvador...

Ah, esqueci, vc fez aquele esforço hercúleo pra ir pra Itália... já é um começo, hein?
huaaahuahuaaaaa...

Franchico disse...

Maláááárcio....

Franchico disse...

Y - O Último Homem chega ao volume 6 e só melhora a cada edição...

http://www.universohq.com/quadrinhos/2011/n25082011_02.cfm

Old School disse...

Na boa,se o cara ta fazendo chifrinho na foto ou nao,isso eh de menos.O q importa eh q teve culhao pra fazer o q todo rocker q se preze q nasceu em SSA deve fazer:vazar dessa merda ai.Salvador eh o cu do mundo elevado a milesima potencia,muito triste dizer isso da minha propria terra,mas eh isso ai mesmo.
Esse tem o rock no coracao e na alma,diferente dos palhacos q preferem 'dar um toque de rock' em banda de axe e adjacencias,sempre repetindo as mesmas desculpas:"tenho contas a pagar","tenho filho pra criar".Desses axezeiros enrustidos nunca esperei nada,so papo e pose.

Franchico disse...

Old School, vc disse tudo. Tudo bem que Lucas teve a boa sorte de ter dupla nacionalidade (por ser neto de europeu) e uma família já estabelecida em Luxemburgo. Mas fora isso, o sujeito correu atrás de todo o resto, na cara e na coragem. Torço sinceramente por ele e pela banda.

Anônimo disse...

se vc quer trampar com a música que vc tem na alma e essa não é a do gosto dos mass media daqui, só há um caminho para quem reside em salvador: aeroporto...se fosse música já teria vazado...agora, também não me deslumbro com o velho mundo nem com os eua...
cláudio moreira

Ernesto Ribeiro disse...

1 - "Descobriu o Brasil" já era uma ironia malvada. Você tornoou-a ainda mias venenosa. Great!


2 - Viu o que eu disse?
Grant Morrison não perdoa: mata.
Olha só o que ele falou de Watchmen no livro Super-Deuses:

"Só mesmo um narrador que precisa ser superior aos seus personagens iria mostrar que até o homem mais inteligente do mundo faria a coisa mais imbecil do mundo depois de passar a vida inteira pensando nisso como solução para salvar o mundo."


3 - "Com um elenco desse, eu veria até se fosse dirigido pelo Godard com roteiro de Bergman adaptando remake de filme iraniano."

ASSINO EMBAIXO e rio um bocado com a metáfora: você descreveu o definitivo paroxismo da chatice intelectual que envenena o "cinema-cabeça" --- em todas as eras.