Falei isso por aqui há algum tempo, mas vou repetir por causa do quero falar agora. Na edição estrangeira do Hot Fuss, primeiro disco do The Killers, banda americana que todo mundo já cansou de ver na MTV no clipe de Somebody told me, a faixa oito é uma puta balada emocionante muito legal chamada Indie rock n' roll. Na edição nacional, não se sabe por que cargas d'água, essa faixa foi substituída por uma outra chamada Change your mind.
Bom. Menciono isso por que, a propósito daquela discussão sobre indie rock que rolou no Clash City Rockers, eu gostaria de dar minha opinião aqui. Décadas atrasado, mas tudo bem. Em Indie rock n' roll (o título aí em cima é parte da letra), os The Killers fazem a sua profissão de fé. Pelo que eu entendi. Não busquei a letra para saber se era uma ironia, mas pelo que entendi e senti, pela emoção que a banda imprimiu na música e que o vocalista passou na sua interpretação, que eles têm sim, muito orgulho de fazer o tal do indie rock n' roll. É uma homenagem, mais do que merecida, na minha opinião. O que seriam os anos 80 e os 90 (principalmente) sem o indie rock? Não se enganem: Nirvana era indie rock. Via punk, mas era indie (aliás, existe indie rock que não seja via punk?).
E muito me agradou tal postura do The Killers, diferente da maioria das pessoas que malharam o pobre rapaz (o indie rock) no Clash City. Vejam bem, ainda que muitas das bandas que eu mais gosto se encaixem e representem muito bem o dito estilo, não me considero indie. Até por que acho que esse estilo ficou no passado, ficou restrito aos anos e às bandas que o criaram e o fizeram brilhar ali entre 1985 e 1997, época em que eu acho que se pode dizer que o indie rock ainda existia como estilo, ainda estava vivo. Em 1985 saiu o Psychocandy, do Jesus and Mary Chain, disco que considero o marco zero do estilo. E esse é um conceito meu, eu não li isso em lugar nenhum. Eu, na pior da hipóteses, estou chutando. Devo estar errado, mas por um raspão. E em 1997, sairam The fat of the land, o CD arrasa quarteirão do Prodigy, e aquele do Chemical Brothers que tem Block rockin' beats, que varreram os meninos de franja e all-star pra debaixo das lonas das raves. E ali o indie meio que se esgotou. Ah, teve também o OK Computer, como pude esquecer, que virou o estilo do avesso naquele mesmo ano.
Na boa, hoje em dia, eu acho que indie rock, assim como o heavy metal, são estilos já meio congelados no tempo. Você tem não sei quantas mil bandas de indie e metal ainda espalhadas por aí ao redor do mundo, mas nenhuma delas está mais abrindo caminhos, definindo o estilo, criando a sonoridade típica do estilo. Por que isso já foi feito, décadas atrás. Então essas são bandas de indie rock e de metal se limitam a seguir um estilo. São bandas que vestem a roupa e cortam (ou não) o cabelo de acordo com o estilo, mas que não podem mais cria-lo, por que isso já foi feito.
Então essa discussão acerca do rapaz (o tal do indie) é muito boa? Sim, claro, por que as discussões têm mais é que rolar mesmo, é super saudável. Mas talvez ela esteja um pouquinho atrasada. Para mim é quase a mesma coisa se eu resolvesse discutir aqui no Rock Loco os metaleiros (rá, rá, rá).
O Pulp acabou em 2003. O Suede também. O Blur se desvirtuou e lançou um último disco bem fraco. O Oasis virou uma piada. O brit pop é hoje apenas uma boa lembrança dos anos noventa.
Sim, tivemos rasgos de criatividade incríveis pós 97 de algumas bandas eminentemente indies do outro lado do Atlântico. Os Flaming Lips, o Mercury Rev, o Teenage Fanclub, pô, sei lá. Me ajudem aí. Ainda assim, o Luna anunciou o fim de suas atividades e o Guided by Voices também. O Pavement já era faz tempo.
Contudo, ninguém baixa um decreto e declara o fim de um estilo. As pessoas são livres para fazer o que bem entendem. Se eu quiser montar um grupo de lambada, eu posso muito bem faze-lo, correto? Dessa mesma forma, muitas e muitas bandas de indie rock ainda surgirão, a exemplo do metal. Eventualmente teremos revivals e quem sabe, até alguém que reinvente o estilo e o faça renascer por algum tempo, como já aconteceu diversas vezes com o estilo dos camisas pretas.
A brincando de deus ainda tá aí. Quem sabe?
Ah. Procurem essa faixa do The Killers por aí. É linda, emocionante.
A seguir: Dez razões (ou dez discos, não decidi ainda) para amar o indie rock.
Blog (que, nos seus primórdios, entre 2004-05, foi de um programa de rádio) sobre rock e cultura pop. Hoje é o blog de Chico Castro Jr., jornalista formado pela Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia. Atualmente, é repórter do Caderno 2+ do jornal A Tarde, no qual algumas das matérias vistas aqui foram anteriormente publicadas. Assina a coluna Coletânea, dedicada à música independente baiana. Nossa base é Salvador, Bahia, a cidade do axé, a cidade do terror.
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17 comentários:
indie rock apenas um jeito de levar o rock adiante, existencialmente e esteticamente falando...a vida segue e música deve sempre ser criada e reiventada...rock!
Cláudio...
Hehehe, indie gate revisited, a missão. Só para constar, o Teenage Fanclub lançou há pouco um belo disco, Man-Made. Agora, se BDD é indie, Jesus e Mary Chain é indie, The Killers é indie, Que Porra é Indie? Continuamos na mesma. O rótulo do jeito que anda sendo usado está por demais elástico e, sendo tudo 'indie', nada é 'indie'. No mais, The Killers, apesar de ser da Costa Oeste, faz mesmo é New York Sound; new wave novaiorquina na veia. E o Jesus... pô Chicão, pega leve. Abç.
ERRATA (HEHEHE)_ indie rock apenas um jeito de levar o rock adiante, existencialmente e esteticamente falando...a vida segue e música deve sempre ser criada e reinventada...rock!
Cláudio...
ERRATA (HEHEHE)_ indie rock apenas um jeito de levar o rock adiante, existencialmente e esteticamente falando...a vida segue e música deve sempre ser criada e reinventada...rock!
Cláudio...
pô Marcão, Jesus & MC não é indie? então, desisto. se as guitarras encharcadas de fuzz, as melodias doces e os vocais sussurrados que eles apresentaram logo no primeiro disco não foram a mais completa definição do som indie na sua essência, eu não sei mais o que é, mesmo. agora eu boiei legal... help, Braminha!! ;-)
no chance no way no how!! jesus and mary chain não é indie de jeito nenhum. e graças a deus Elvis, indie rock IS DEAD
indie rock é rock fofo anódino insípido ffeito por tolinhos
Bom chico, ce sabe q tb adoro indie rock, mas quanto ao jesus concordo com marcos, não são indie não. Talvez os indie rockers tenham adotado também aquela estética, mas nem na época nem agora, jamais vi os cara se definirem ou serem definidos enqunto tal.
acho que está sendo feita uma confusão entre a origem do termo, e a imagem que as pessoas cristalizaram como sendo indie rock. postei lá no clash que o termo se disseminou no pós-punk inglês para designar as dezenas de gravadoras e selos independentes,as indie record companies ou indie labels.elas se caracterizavam( e ainda se caracterizam-se) por não terem ligação com as grandas gravadoras do mainstream(as majors), utilizando-se principalmente de uma cadeia de distribuição alternativa, "independente" do mainstream, ou de acordos de distribuição alternativos.depois o termo se alastrou e passou a ser utilizado para se referir as bandas dos indie labels, que então passaram a ser indie bands, depois indie rock bands.obvio que a imprensa musical inglesa "criou" outros sub-generos como guitar band e shoe-gazing para bandas dos mid-80´s como o jesus & mary chain, mas o jesus pode ser considerada uma banda indie sim, afinal eles eram do selo indie blanco y negro,depois absorvido pela major warner, destino afinal de quase todas as gravadoras indie.
sim, esse fenômeno de compra de gravadoras independentes por grandes gravadoras, se não me engano, na segunda metade da década de 80, inclusive no segmento do heavy metal...Cláudio
sim, esse fenômeno de compra de gravadoras independentes por grandes gravadoras começou, se não me engano, na segunda metade da década de 80, inclusive no segmento do heavy metal...Cláudio
tão vendo? Bramz concorda comigo. Jesus & MC é indie sim, claro. mesmo que eles nunca tenham dito isso, até por que quando eles começaram isso não existia, só foi se estabelecer como linguagem musical depois, a partir do Psychocandy. reparem que me refiro à estética musical, e não ao movimento das gravadoras independentes, origem do próprio termo.
E o anônimo ali é indie e nem sabe. fã do Jesus. é indie sim, meu filho. e o indie rock está tão dead quanto o metal, o punk, a surf music, e em última análise, o próprio rock n' roll. no fim é tudo rock mesmo. qtas vezes já não disseram que o rock já era? como diz Big, o rock nunca morre.
quanto The Killers, pelo jeito essa coisa de separar o ny sound do indie não faz muita diferença pra eles não, senão como explicar a homenagem rasgada na música citada?
já senti que vc tem algum problema exagerado com o metal...tá morto nada...pode estar trancafiado mercadologicamente num gueto, mas nem todo mundo que gosta de heavy metal fica preso numa "garrafinha"...qual é chicão?! sei da saturação estética do gênero, mas toda hora vc dá uma porrada no coitado do metal...existe vida inteligente no gênero...eu, hein?!nem parece que ouviu judas priest (sei que vc ouvi, cara)...Cláudio
ERRATA - já senti que vc tem algum problema exagerado com o metal...tá morto nada...pode estar trancafiado mercadologicamente num gueto, mas nem todo mundo que gosta de heavy metal fica preso numa "garrafinha"...qual é chicão?! sei da saturação estética do gênero, mas toda hora vc dá uma porrada no coitado do metal...existe vida inteligente no gênero...eu, hein?!nem parece que ouviu judas priest (sei que vc ouviu, cara)...Cláudio
Bom, então chegamos à conclusão que quase toda banda do universo conhecido já foi indie em algum momento de sua existencia, neste sentido, e só nesse, concordo em meter o jesus como indie. Afinal, quase toda banda deste universo supracitado já gravou por indie labels.
Pra mim, Indie Rock é todo som feito por uma galera que não tá nem aí pra conservatório de musica e não entende nada da triade e nona aumentada. E isso não significa que o resultado final seja necessariamente ruim, pelo contrário, quem não manja nada de estrutura de acordes e musica contemporânea, muitas vezes produz o melhor som. O que acontece é que a palavra indie, como todos sabem, vem de independente. Qual a forma de se produzir algo no meio dessa galera que mau tem dinheiro pra pagar ensaio? o som tosco, cria uma sonoridade particular que a meu ver é indie. Agora, é possível produzir som rude com músicos de 1º qualidade! E nem tudo que é gravado de forma grosseira tb é bom. Assim como nem todos os discos de Bethovem (meu ídolo) são, digamos, audíveis.
Vamos pegar uma turma nova, com suas guitarras gianninni e levar pra "Toca do Bandido" e gravar lá. Eles serão indies.
As produções quando não mechem na alma de um grupo, acabam por imortaliza-las.
Concordo com Marcos e Cebola. JMC não era indie. Aquele som foi cuidadosamente planejado em estúdio por uma gente que entendia bem do que estava fazendo.
essa discussão de indie rock já foi dissecada no outro blog e fica parecendo que eese franchico é apaixonado mesmo por indie rock e num se conforma com o q já foi dito. franchico: gostar de indie rock não é pecado, é só falta do que fazer. aceite sem tristeza que o indie já acabou. seja mais criativo e procure outro assunto henrique
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