sábado, abril 27, 2019

TRILOGIA EM CONCERTO

Show Os Três Primeiros Ao Vivo vai agitar geral a Concha Acústica do TCA hoje. No palco, o Skank relembra seus primeiros anos, cheios de sucessos e balanço reggae

Haroldo, Lelo, Samuel e Henrique, foto Diego Ruahn
Na longa (e louca) história do pop rock brasileiro, são poucas as bandas de sucesso que logram  manter a mesma formação por muito tempo. Uma dessas poucas é o Skank. O quarteto mineiro traz hoje à Concha Acústica o show que relê seus três primeiros álbuns. No palco, os mesmos quatro músicos que gravaram os três discos há mais de 20 anos.

Já disponível em áudio (CD, streaming) e vídeo, os show Os Três Primeiros Ao Vivo traz uma seleção de canções dos álbuns Skank (1992), Calango (1994) e O Samba Poconé (1996), alternando sucessos inescapáveis e também aquelas que Samuel Rosa, Henrique Portugal, Haroldo Ferretti e Lelo Zaneti consideram importantes na trajetória do quarteto.

“O show traz uma seleção de músicas, mas não na ordem dos álbuns e nem são os álbuns completos, o show ficaria muito longo”, conta Henrique, o tecladista, ao Caderno 2+.

“Fizemos uma seleção a partir de duas referências. Uma, músicas conhecidas do público. A outra são canções importantes para nossa história e que acabaram não se tornando tão conhecidas na época de lançamentos dos álbuns. A cada disco a gente ia viajando e conhecendo mais o Brasil, desenvolvendo musicalmente, artisticamente, sendo mais ousados a cada álbum”, diz.

Assim, o público na Concha hoje poderá ouvir ao vivo Jackie Tequila, Tanto,  É Uma Partida de Futebol, Garota Nacional, Tão Seu, Pacato Cidadão, O Homem que Sabia Demais,  Baixada News, Sem Terra, Eu Disse a Ela, Te Ver e outras.

Assim como outra sólida formação, os Paralamas, o Skank partiu da celula mater jamaicana do reggae para depois incorporar elementos diversos ao seu som, característica possível de ser observada (ouvida) nos três álbuns iniciais da sua próspera carreira.

Se Skank era puro reggae pós-Bob Marley calcado na abordagem industrial da banda inglesa UB40, Calango já trouxe mais tempero na receita, trazendo dancehall, raggamuffin e o ritmo folclórico mineiro que dá nome à obra.

Já O Samba Poconé aprofundou essa abordagem, adicionando um toque roqueiro a mais. “Concordo totalmente com sua definição sobre a diferença de cada um dos álbuns, mas acho que isso foi consequência de nossa experiência. O primeiro foi gravado de forma 100% independente, em Belo Horizonte”, afirma.

“No segundo já tivemos uma estrutura de estúdio de melhor qualidade, estrutura da gravadora, chamamos o Dudu Marote para ser o produtor. Então demos um passo a mais no Calango. E o terceiro álbum foi o que inclusive nos levou para fora do Brasil. Garota Nacional a gente comenta que é nosso hit internacional e realmente foi uma evolução”, reflete o músico.

Hoje prática consolidada, a mistura de música pop (e rock) com outros ritmos, marcadamente os  brasileiros, era uma quase novidade nos anos 90, ja que iniciativas semelhantes nos anos 80 (honrosa exceção aos Paralamas) não eram muito bem recebidas.

“O Skank surgiu na primeira metade da década de 1990, junto com outros artistas que tinha essa característica de pegar uma referencia internacional e misturar com alguma fonte cultural local forte. Tinha o Raimundos, que misturava hardcore com repente, o Skank o dancehall com calango, Chico Science também fez a mistura”, observa Henrique.

“O que acho muito bacana daquele inicio dos anos 90 é que foram bandas que ficaram. Uma boa parte delas existe até hoje, e isso já faz tempo, sinal que foi uma geração que tem conteúdo”, afirma

Inéditas agora e no futuro

Você pode não ser fã, mas tem que admitir: os caras tem dignidade. Diego R.
No show, respeito aos arranjos originais, o que faz muito fã respirar aliviado: “Buscamos respeitar os arranjos originais das canções, mas as mudanças tecnológicas acabam nos obrigando a fazer algumas alterações. Mas Para quem conhece as músicas originais eu tenho certeza que ficará muito satisfeito, porque nos empenhamos bastante em fazer ao vivo algo bem proximo do que fizemos no estúdio”.

No álbum Os Três Primeiros Ao Vivo o Skank incluiu duas canções inéditas: Algo Parecido e Beijo Na Guanabara, as quais também devem ser ouvidas no show. “Algo Parecido já está tocando bem nas rádios, tá  na novela, é muito gostosa de tocar ao vivo”, conta.

“Já Beijo na Guanabara  foi composta naquela época dos três primeiros. Aí criamos um arranjo respeitando as referências musicais que utilizávamos”, acrescenta.

Com isso, Henrique não sabe dizer quando haverá um novo álbum de inéditas do grupo. Velócia, o mais recente, é de 2014. “Está nos planos, mas com todas essas mudanças, a maioria dos artistas lançando somente singles, ainda estamos pensando como vamos fazer: se lançamos uma música por vez ou um álbum completo”, conta.

“Ainda acreditamos bastante no conceito de álbum, mas preferimos, neste momento, divulgar essas duas inéditas que saíram junto com essa revisão de carreira”, conclui.

Skank: Os Três Primeiros  Ao Vivo / Hoje, 17 horas /  Concha Acústica do Teatro castro Alves / R$ 120 e R$ 60 / Camarote: R$ 240 e R$ 120 / Vendas: Bilheteria TCA, SACs Shopping Barra e Shopping Bela Vista ou www.ingressorapido.com.br

OS TRÊS PRIMEIROS COMENTADOS

Skank (1992 / 93)



Gravado e lançado de forma independente pela própria banda em 1992, o álbum de estreia do Skank  foi relançado com mais alcance no ano seguinte pela Sony, que contratou o quarteto. Basicamente reggae moderno linha UB40, tem hits como Indignação, Tanto (I Want You, de Bob Dylan) e Let Me Try Again (Sinatra)

Calango (1994)



Produzido por Dudu Marote (inaugurando longeva e próspera parceria), o segundo álbum do Skank expôs melhor tanto sua identidade musical / artística quanto sua brasilidade. Resultado: uma avalanche de hits como É Proibido Fumar, Te Ver, Jackie Tequila, Pacato Cidadão e outros

O Samba Poconé (1996)



O terceiro do Skank ampliou ainda mais o sucesso da banda junto ao público, vendendo mais de dois milhões de cópias na época. Garota Nacional, com seu ousado clipe cheio de atrizes  famosas seminuas, foi sucesso até na gringa. É Uma Partida de Futebol é uma das melhores canções sobre o esporte.

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