terça-feira, abril 09, 2019

PANÇO VEM FAZER SOMBRA EM SALVADOR

Ex-Jason, o carioca Leonardo Panço lança o álbum Sombras, sexta, no Bardos Bardos. Night ainda tem show da Rosa Idiota

Leonardo Panço, foto Mauro Pimentel
Figura muito significativa do underground brasileiro desde os anos 1990, o músico e jornalista carioca Leonardo Panço estará em Salvador sexta-feira, lançando sua última produção, o belo álbum Sombras (disponível na versão física apenas em cassete).

Ele aproveita e também traz para vender seu fanzine Esopsa e seu álbum anterior, Superfícies (2005) , que também é um livro de fotos dele mesmo.

A banda local Rosa Idiota faz as honras (e a trilha sonora) da casa.

“Vou passar por cinco cidades do Nordeste, incluindo Salvador. Tô indo lançar meu primeiro zine em 19 anos. Todo lindo, de fotografias P&B tiradas em máquina analógica na Alemanha há 10 anos. Tem alguns textos  curtos inspirados pelas fotos”, conta Panço.

“Lanço também o Superfícies, meu livro/disco. E acabei de lançar meu terceiro disco solo e vou levar em primeira mão os cassetes mais lindos do mundo comigo”, afirma.

Baterista Guitarrista da cultuada banda carioca de hardcore Jason (do clássico Odeia Eu, de 1998), Panço se aventura a cantar pela primeira vez só agora, em seu terceiro álbum solo.

O primeiro, Tempos (2004), tinha vários cantores (inclusive nossa Nancyta Viegas). E Superfícies era instrumental.

Uma extemporânea gema pós-punk oitentista, Sombras é um must para fãs de bandas brasileiras da época, como Violeta de Outono, Mercenárias e Smack, entre outras: uma trip que, apesar de psicodélica, é também cinzenta e niilista.

“Acho que o que eu mais enxergo (em Sombras) é o Violeta de Outono. Não foi intencional, mas é que ouvi muito. Cure, Smiths, Finis Africae, Depeche Mode, New order. Junto com o punk nacional. Replicantes demais”, enumera.

Também contribuiu na sonoridade 80’s do disco a gravação com instrumentos de época.

“Ir terminar o disco em BH com o Léo Marques (da banda mineira Transmissor) tinha isso também. Tudo lá é vintage. Gravei com amplificador dos anos 50, guitarras dos anos 60, 70. Violão Giannini. Dá essa sonoridade. Escolher quem está do seu lado já é 80% da estética. O Dave, baixista, ama Robert Smith como eu. Guitarrista foda, eu acho. Coisas simples, mas lindas. É por aí que eu me guio”, afirma.

Sputter e Sandra

Panço, foto Mauro Pimentel
A única versão física de Sombras, por enquanto, é em cassete. Mas será que as pessoas que compram cassete hoje em dia o fazem só pelo fetiche do objeto vintage ou realmente tem toca-fitas para ouvir?

"Adoraria lançar em LP também, seria lindo. Mas tá fora da minha realidade financeira no momento. CD comercialmente não vale mais, pelo menos não pra mim. Cassete tem uma tiragem pequena né, foram 68 cópias somente. 59 amarelas e 9 azuis. As 10 primeiras que vendi, as pessoas compraram pra ouvir mesmo. Ficou lindo demais, super pró", afirma.

Inicialmente, ele adotou a estratégia de distribuir Sombras por Whatsapp e email. Mas depois se rendeu e subiu o disco nas plataformas digitais.

"Olha, o single funcionou super bem por zap, foi pra centenas de pessoas. Comecei a mandar o disco por e-mail e rolou uma resistência grande. As pessoas querem mais facilidade, mais conforto, acho. Acabei me rendendo e subindo pras plataformas. muito mais gente tá ouvindo, não dá pra negar", admite.

Uma das letras mais fortes de Sombras é a da faixa Um ódio tranquilo, de Jair Naves.

Prestem atenção: "cinzenta, mesquinha, raivosa / uma minoria esmagadora comemora / a ilusão da vitória / o suposto lado certo da história / quem é elite, quem é escória / para as lições do passado, nenhuma memória / terra plana, ração humana, a pequenez branca, o coração que só se engana / você me odeia e nem sabe o por que / você se odeia e nem sabe o por que / ninguém venceu, ninguém vai vencer".

"Jair naves é um grande letrista e foi natural pedir algo a ele. Só que pedi com melodia e ele mandou só a letra. O que foi perfeito pra mim, porque pude eu mesmo encaixar, criar a melodia e cantar do meu jeito. Não tive que aprender a melodia dele. Foi mais fácil. e o título eu que dei também. tomara que ele termine o livro dele e cumpra a promessa de uma tour comigo sobre nossos livros", conta Panço.

No disco, Panço contou com a colaboração de alguns letristas. O baiano Rodrigo Sputter Chagas (The Honkers), assina três delas: Technicolor, João e Quando.

"Uma letra na íntegra que não mexi em nada, uma que adicionei uma frase e virou parceria e uma que escrevi depois de um boa noite dele pelo zap com essa frase 'quando for dormir, não pense em nada, apenas sonhe'", relata Panço.

“Nos conhecemos há anos, porque sempre fui a Salvador tocar com o Jason, depois com meus livros etc. Ficamos mais próximos quando ele foi a um lançamento meu em São Paulo levando Sandra, das Mercenárias. Um grande presente. Ganhei cervejas do dono do bar por ter a Sandra lá. Valeu, Sputter. E partimos daí. Volta e meia ele deleta tudo, zap, Instagram... Fica mais difícil, né. Mas seguimos falando”, conclui.

Lançamento: Sombras (cassete), Esopsa (Fanzine), Superfícies (Livro / CD) / Com a banda Rosa Idiota / Sexta- feira, 20 horas / Bardos Bardos



NUETAS

Lia com Torquato

A cantora Lia Lordelo apresenta seu espetáculo Torquatália, um tributo ao grande Torquato Neto hoje, na Sala do Coro do TCA. 20 horas, R$ 30.

Eric com Matheus

Sexta-feira tem Eric Assmar no Solar Gastronomia (Rio Vermelho) com o convidado Matheus Carvalho. Blues no prato principal. 20h30, R$ 15.

Okwei no Mercadão

A diva soul nigeriana Okwei Odili faz show sábado, no  Mercadão.CC. Horário e preço no www.instagram.com/mercadao.cc.

Ódio, Aborígenes...

Todo meu Ódio, Aborígenes e Organoclorados quebram tudo no Buk Porão. Sábado, 19 horas, R$ 10.

Um comentário:

Rodrigo Sputter disse...

"seja offline, seja herói"
ehhhehe
em tempos de fakes news pelo zap e pseudo-presidente tuiteiro...melhor ficar off...

o pior é que o meu email é "acoplado" no cel...uso o gtal...e ainda tem até icq pra pagar de old school...tudo no cel...diariamente tem como se falar...antigamente era por carta...

rapaz...Panço tomou umas cervas de graça pq fui com minha grande amiga Sandrinha e eu nem aproveitei essa breja-ehhehehe
nesse dia que fui no lançamento em sp, ele me botou pra ler um trecho de um texto do livro SUPERFÍCIES...sandra tocou guita (coisa rara pq ela é baixista), que por sinal era uma guita meio metal e tudo, panço acho que tocou a outra guita...tinha um brodinho na batera e baixo (e acho que uma terceira guita), enfim, me surpreendi com a leitura e a base musical...casou tudo...foi massa...e a galera gostou...e a gente mais ainda!!

esse disco dele o SUPERFÍCIES, que é um livro/cd, é uma obra prima...uma das melhores coisas já feita no rock brazuca...gostei MUITO...

sexta tou lá...pior que um amigo casa tb...no mesmo dia...mas vou dar esse chega lá sem dúvida...agora panço se esquece que na verdade a amizade rolou pq tocamos muito jason e honkers...por isso eu fui no lançamento em sp (E outros aqui tb), por conta disso...pela velha amizade roquista...hehhehehehe...grande panço, gosto muito dele...foi uma enorme alegria participar dessa parceria...e muito feliz com essa matéria...porque eu falei pra ele entrar em contato contigo...pq pintar na cidade e não ter uma matéria do Grande Chico Castro, é a mesmo coisa que não pisar na terrinha.