Space Rovers, foto Diego Orge |
Mas basta alguém lembrar do codinome Jorginho King Cobra para ver sorrisos se acenderem.
"Este reconhecimento público com o King Cobra se fez maior para o público das noites do Rio Vermelho, para uma galera que vivia diariamente seus delírios de rock, músicos e apoiadores que se encontravam quase que diariamente, e nos fins de semana tocavam com suas bandas, mas no meio underground, que é um universo à parte do mainstream mais eclético da cidade", observa a figura.
Figura inescapável do rock local nos últimos 25 anos (por baixo), Jorginho volta à cena com sua nova banda, Space Rovers.
Neste sábado, quem quiser já pode conferi-la no primeiro dia do Palco do Rock.
Praticamente sócio do lendário inferninho Calypso, foi lá que Jorginho ficou mais conhecido, graças à interminável temporada de anos seguidos se apresentando por lá com sua banda King Cobra, especializada em covers de clássicos do hard rock 70’s e 80’s.
Só que, vejam só, nem este colunista sabia: Jorginho já dava seus pulos há bem mais tempo: “Em 1991 fundei (como baterista), junto a Eduardo Slayer e Josué Machado, a primeira banda de doom metal do Brasil, The Cross, importantíssima banda do metal brazuca que até hoje está na estrada, sob o comando de Eduardo”, conta Jorge.
Pouco tempo depois, ele largou as baquetas para estrear como cantor na banda Gridlock, ao lado do guitar hero Martin Mendonça (Pitty), que veio a ser seu parceiro também na banda seguinte, a King Cobra: “Migrei para a recém-formada Gridlock já como vocalista. Tivemos uma faixa na antológica coletânea 2 da Bahia, abrindo a mesma com a música emblemática Tears of Revolution, que teve excelente aceitação do público heavy. Neste ínterim, a necessidade de conseguir algum dinheiro com música impeliu a mim e a Martin Mendonça, guitarrista, a montar uma banda para tocar nos finais de semana na noite de Salvador trazendo um repertório de Hard rock, coisa inédita para a época”.
Uma década se passou e lá foi Jorginho viver uma temporada na Inglaterra: “Em Birmingham, berço do Black Sabbath, toquei em algumas bandas que duraram pouco. Aí me mudei para Londres, onde toquei com a Metal Works num pub em Camden Town”.
Em 2003, ele volta e retoma a King Cobra e, em paralelo, canta na banda Slow. Essa última não existe mais, mas a KC existe até hoje: “Após mais de 15 anos sem trabalho autoral, fui seduzido pelos riffs de meu amigo de décadas Pedro Paulo (guitarra), e começamos a compor para Space Rovers, isso já em 2017. Agora trabalho com a música autoral do Space Rovers paralelamente a King Cobra e o AC/DC Tribute, que convivem bem em relação as suas agendas”.
Um cara, Jorginho, outro cara e o baixista xodó da Bahia. Ft Diego Orge |
Jorge, Pedro Paulo Alvim e Chagas Jr. (guitarras), Cadinho Almeida (baixo) e Ricardo Agatte (bateria), os Space Rovers, já gravaram um EP com quatro faixas que é um must para fãs de Black Sabbath, metal clássico e stoner.
"Chegamos com a gravação do EP com 4 músicas co-produzidas pela banda e o produtor Tadeu Mascarenhas (Casa das Máquinas) com Nancy Viegas no apoio técnico das vozes, tudo feito em apenas 2 dias, todos os vocais feitos em uma sessão de quatro horas. Excelente material, se comparado ao tempo de produção, nos levou a um material muito sincero, poderosamente honesto!
Nossa intenção é continuar compondo e preparando sempre alguma novidade para as apresentações ao vivo", afirma Jorginho.
Bandas com o perfil da Space Rovers costumam fazer um som pesado calcado em Black Sabbath - e nas letras muitas menções a drogas, viagens picodélicas, fantasia e ficção científica. A SR pretende preencher todos esses requisitos ou vai nos surpreender de alguma forma?
"As composições (letras), são escritas na maioria por mim, tenho uma forma de escrever em inglês que se assemelha a forma que falo o idioma: coloquial, sem muitos aforismos. Os temas são variados, na maioria tem um teor filosófico, mas temos também a necessidade de falar sobre politica, principalmente neste momento preocupante em nosso país, drogas, misticismo, medos e experiencias plúmbeas, reflexos do que nos alimentou intelectualmente durante este tempo de vida, apenas um sintoma, não a verdadeira doença. Pra entender as letras do Space, tem que saber ler nas entrelinhas...", ensina o Cobra Kai do rock baiano.
Tábua de salvação para quem precisa de salvação |
"Nesta nova odisseia musical em que estamos envolvidos existe um monte de obstáculos que sei que não são privilégio nosso. Todos sabem o quão difícil é manter um conjunto de pessoas unidas e ainda soar harmônico, entre as inevitáveis saídas e entradas de músicos, amigos e colaboradores, manteremos a nave sempre voltada ao desconhecido, ao que grita por exploração, a este universo infindável que se chama 'nossa alma', se tornará um dia, quem sabe, nosso sistema solar, onde orbitaremos nas reverberações da música pesada, densa e cruelmente verdadeira", viaja.
Sentiu aí, mané? Sábado, no Palco do Rock.
Palco do Rock 2019 / de sábado até terça-feira / Sábado: VL2, Cães, Jack Doido, Jacau, Space Rovers, Sacrificed (MG), Malefactor, Evollution, OS INFORMAIS e 4 Stones / Coqueiral de Piatã / 17 horas / Gratuito
NUETAS
Ian Kelmer e São Rock
O músico Ian Kelmer faz um som folk bem bacana quinta-feira, no Bardos Bardos. O colunista ouviu e recomenda. 19 horas, pague quanto puder. E na sexta, São Rock em pessoa (Tony Lopes, quem mais?) lança sua nova obra: Com Ódio, Pra Você, um livro composto por postais ilustrados com poemas, tudo dele.
Retros e Amy free
Os fabulosos Retrofoguetes retornam a cena amanhã, com show na hambugueria Bravo (Barra). É o CarnaSounds, que segue na quinta, com show da Amy Reggaehouse (como se apresenta a cantora Clariana Fróes). 18 horas, gratuito.
Maratona PdR ‘19
O Palco do Rock começa sábado. 39 bandas, no Coqueiral de Piatã. Programe-se.
Um comentário:
A propósito, não se ofendam com a legenda "um cara, Jorginho, outro cara" etc. É que realmente não sei quem é quem. Se me disserem, corrijo. Pela atenção, obrigado.
Postar um comentário