terça-feira, maio 15, 2018

DIEGUITO GOES HIP HOP

Dieguito manda a mensagem. Foto Davide Bori
Figuraça do rock baiano, o baterista Dieguito Reis já fez muitos fãs na banda Vivendo do Ócio – tanto pela garra com que toca, quanto pelo carisma.
Agora, abre novos caminhos ao se lançar como artista solo. Seu primeiro single já está disponível no You Tube: Favela Sincera. E sabe o que mais? Não é rock. É rap.

Com participação do parça Jajá Cardoso (vocal da VdÓ) cantando a parte do refrão, Dieguito fala de suas origens no bairro soteropolitano do Uruguai e dá um pé na bunda dos fascistas de Facebook: “Pobreza mata mais que droga / E os comédia ainda aprova / Auxílio casa pra juiz e político enquanto pobre toma bota”.

Em breve, Dieguito solta o disco, intitulado Patcharas, produzido pelos irmãos João Del Rey (Del Jay), de apenas 18 anos, e Peu Del Rey.

“O primeiro grupo que eu me identifiquei e vesti a camisa foi o Racionais MC's, lá no finalzinho dos anos 1990. Ficava ouvindo a fita dentro do Fusca do meu avô. Me identificava completamente com as ideias, isso no bairro do Uruguai, Cidade Baixa, onde sou nascido e criado”, conta Dieguito.

“A partir daí, fui abrindo a mente para o underground do rock. O rock nessa época tocava na quebrada e foi ele que me tirou de lá pra fazer meu primeiro show fora do país (em 2011, na Itália, com a VdÓ)”, relata o baterista / rapper.

Tantos anos depois, Dieguito começou a sentir necessidade de se reconectar com suas origens hip hop da quebrada.

“Há uns cinco anos venho sentindo a necessidade de mostrar o Dieguito além da Vivendo do Ócio, o Dieguito além do rock'n'roll, o Dieguito do Uruguai que passava noites ouvindo rap e rock com Silas no Fusca de Valdemar”, afirma.

Daí, Patcharas: “É um disco que a base é o rap, porém transita muito pela música brasileira. Favela Sincera, minha com Jajá Cardoso, é um trap de mensagem com suíngue baiano. Aqui Não é Montevideo, próximo single, fala do bairro do Uruguai,  é um boom bap de verão. Tem músicas que nem rima tem, porém a base sempre é o rap”, descreve.

Filme e disco novo

Mas acalmai vossos corações, fãs da Vivendo do Ócio! A banda segue firme e forte.

“Disco da VdÓ em 2019 com certeza! Esse ano ainda vamos lançar alguns singles e o filme Vive Le Rock, que fizemos na Itália. Ele rodou em festivais pelo mundo e chegou a hora de jogar ele na rede”, conta.

“Atualmente, a banda se encontra em São Paulo, ensaiando as músicas novas do tão esperado quarto álbum, que com certeza vai ser o disco mais dançante que a banda já lançou”, promete. Que venha!



ENTREVISTA COMPLETA: DIEGUITO REIS

Por que disco solo? Eram ideias que não cabem na VdÓ?

Dieguito. Foto Davide Bori
DR: Então, o primeiro grupo underground que eu me identifiquei e vestir a camisa foi o Racionais MC's, lá no finalzinho dos anos 90, ficava ouvindo a fita dentro do fusca do meu avô, era o único lugar que tinha toca fita na casa, me identificava completamente com as ideias que tinham naquela fita, isso no bairro do Uruguai, cidade baixa, onde sou nascido e criado, a partir dai fui abrindo minha mente pra bandas do underground de rock, conheci o Planet Hemp, Limp Bizkit, Gritando HC, Blind Pigs, Dead Fish, Nitrominds e fui pegando gosto pela bateria e pela música... todas essas bandas eu conheci na favela, o rock nessa época tocava na quebrada e foi ele que me tirou de lá pra fazer meu primeiro show fora do país e me deu força pra chegar aqui com esse projeto, porém há mais ou menos 5 anos eu venho sentindo a necessidade de mostrar o Dieguito além da Vivendo do Ócio, o Dieguito além do Rock'n'roll, o Dieguito do Uruguai que passava noites ouvindo rap e rock com Silas no fusca de Valdemar, o Dieguito que só os chegados conhecem a origem, dai veio a ideia de um disco solo, da necessidade de mostrar um eu que nem Chico Castro conhecia rsrsrs

É um disco essencialmente de rap ou tem outros estilos também?

DR: "Patcharas" é um disco que a base é o rap, porém transita muito pela música brasileira. "Favela Sincera", música que fiz em parceria com Jajá Cardoso, é um trap de mensagem com suíngue baiano. "Aqui Não é Montevideo", que é o próximo lançamento, fala do bairro do Uruguai, em Salvador-BA, e é um Boom Bap de verão. Tem músicas que nem rima tem, porém a base sempre é o rap. Esse disco nasceu a partir de uma poesia que coloquei no stories do instagram, Peu del Rey viu e falou que o irmão dele, João del Rey, estava fazendo beat.  Troquei meia hora de ideia com João, ele me enviou um beat e no mesmo dia já enviei um verso. De lá pra cá, o que era pra ser apenas uma música virou um EP, que agora é disco, pois tem mais de 6 faixas. Esse disco só foi possível por conta da colaboração de muita gente, principalmente dos irmãos João e Peu, que assinam a produção do disco. Eu já tinha desistido desse projeto, mas eles colocaram tanta pilha que acabou virando um disco. Muito obrigado de coração a toda família Del Rey!

Não sei exatamente de sua origem, mas falar de favela pode ser complicado pra quem não vive nela. O que diria aos que - inevitavelmente - te interpelarão invocando o "lugar de fala"?

DR: Agora que Chico Castro e geral já conhece minha origem, respondo essa pergunta com um trecho do meu próximo single que vai ser lançado em junho com participação de Galf, Beatriz Oxe e Tanúbio. "Eu vim de lá do Uruguai, a fé me joga na pista, se a fuga é de meiota, eu tou na crista da onda, pro jogo estou otimista. Eu vim de la do Uruguai, sou da quebrada e não nego, no Humaitá tiro onda, no canta-galo me jogo, no paredão fico esperto." A composição é minha em parceria com Pablo Dominguez e o rapper Galf.

Vai fazer shows para lançar este trabalho? Vem lançar em Salvador?

DR: Sim, a ideia é lançar uma música por mês até dezembro, acho que quando eu lançar a quarta música começo a fazer os shows. Já recebi convites pra abrir Black Alien em Santos, Cantos dos Malditos na Terra do Nunca em São Paulo, PrimeiraMente em Osasco, porém ainda não é a hora, deixa amadurecer mais o trabalho. Daqui há uns 3 meses... aí começamos a rodar e com certeza vai rolar Salvador. A banda conta com Peu del Rey (guita, baixo, batera e mpc), Lau (guita, baixo e batera), João Del Rey (dj e backing vocal) e eu tocando o que der e cantando rsrsrsrs. Cada integrante vai circular por todos os instrumentos!

Vivendo do Ócio, foto Zoë Van Boekel
Podemos esperar disco novo da VdÓ para este ano ainda? Ou só em 2019?

DR: Disco da VDO em 2019 com certeza! Esse ano ainda vamos lançar alguns singles soltos e o filme Vive le Rock, que fizemos na Itália. O filme rodou diversos festivais pelo mundo e chegou a hora de jogar ele na rede pra todos os nossos fãs. Atualmente, a banda se encontra em São Paulo ensaiando as músicas novas do tão esperado quarto álbum, que com certeza vai ser o disco mais dançante que a banda já lançou.

Meu velho, me fala o que vc realmente queria dizer mas eu não perguntei....

DR: Já falei demais nas perguntas anteriores, muito obrigado de coração! Vou avisar pra todo o bairro do Uruguai, se sair impresso mainha e painho vão chorar de emoção rsrsrsrsrrs

NUETAS

Metal do Amapá

Em turnê, a banda amapaense de death metal   Visceral Slaughter se apresenta pela primeira vez em Salvador com as locais Profano e Old Chaos. Sexta-feira, 20 horas, no The  Other Place (Brotas), R$ 20.

Flerte Astral sábado

Mas se a sua é um som mais maneiro, Flerte Flamingo e Astralplane tocam na mesma noite na Tropos Gastrobar. 20 horas, R$ 10 (lista) ou R$ 15 (ingresso na hora).

Benete vs. System

Jovem guitar hero local oriundo do bairro de Cosme de Farias, Benete Silva lança seu novo trabalho: System of Orchestral, um tributo orquestrado (!) à banda System of a Down. Pocket show sábado, 14 horas, no Bardos Bardos. Pague quanto quiser.

3 comentários:

Franchico disse...

RIP Tom Wolfe

https://observador.pt/2018/05/15/morreu-o-jornalista-tom-wolfe/

Tenho um exemplar de Fogueira das Vaidades (1ª edição da Cia das Letras de 1987, que era de minha mãe) autografado por ele, quando veio palestrar no TCA pelo Braskem Fronteiras do Pensamento, em 2009.

Tive a honra de introduzi-lo ao palco após ler um texto de quatro ou cinco páginas apresentando-o à plateia.

Existem fotos minhas abraçado com ele nos bastidores, mas o infeliz do fotógrafo NUNCA fez a gentileza de me ceder uma cópia, a despeito de eu ter passado anos praticamente lhe implorando por isso.

Desnecessário acrescentar que o tal do retratista não fazia a menor ideia de quem era aquele velhinho de terno branco e chapéu. Não deve fazer até hoje.

Na época ainda não havia smart phones.

Bom, pelo menos meu livro autografado tá lá em casa, embalado em plástico.

Como quase todo mundo, foi gênio na juventude e meio medíocre na velhice, com tendências ao conservadorismo burro, como atesta seu último livro, O Reino da Fala. Paciência.

RIP.

rodrigo sputter disse...

o fotógrafo é do a tarde?
esses fotógrafos do a tarde sao assim mesmo...pqp...nunca passam as fotos...aliás, do correio tb...

tenho esse, se vacilar há uma década, e nunca li:

http://www.lpm.com.br/site/default.asp?Template=../livros/layout_produto.asp&CategoriaID=636453&ID=493929

vida de merda que nos faz perder tempo com idiotices...mas tou numa fase cinema, baixei tudo de cassavettes que nao tinha visto ainda...faltam poucos...

Franchico disse...

Nunca li esse.

O retratista teve breve passagem por aqui. Mas há muito tempo já.