Zé Rodrix, foto cortesia Ed. Olhares |
Autor do eterno hit (na voz de Elis Regina) Casa no Campo, ele tem sua história – e importância – resgatadas na biografia O Fabuloso Zé Rodrix, do jornalista Toninho Vaz.
Dono de talentos vários e personalidade esfuziante, Rodrix foi uma daquelas pessoas que nasceram para estar no centro das atenções.
E certamente esteve, por muito tempo. A partir do final dos anos 1960 até o início dos 80, ele marcou presença em muitos momentos cruciais da música brasileira.
Em 1967, aos 19 anos, integrou (ao teclado) a Momento Quatro, banda que acompanhou Edu Lobo e Marília Medalha na apresentação de Ponteio (parceria de Lobo com o baiano Capinam), vencedora do mítico Festival Internacional da Canção daquele ano.
Em 1970 ingressou na Som Imaginário, que era nada menos que a banda que acompanhava Milton Nascimento, e que tinha entre seus integrantes Wagner Tiso, Naná Vasconcelos e o violonista Tavito – que pouco tempo depois viria a ser parceiro de Zé na composição da própria Casa no Campo.
Esta, defendida por ele e Tavito no Festival de Música Popular de Juiz de Fora em 1971, acabou em primeiro lugar.
Adivinha quem era a presidente do júri? Elis Regina. Ali mesmo, no camarim, a cantora avisou aos músicos que iria gravar a canção.
O resultado foi um sucesso estrondoso, que marcou época e atravessou gerações.
Foi naquele mesmo ano de 1972 que Rodrix formou um trio com dois outros músicos conhecidos da cena carioca de então: Luiz Carlos Sá e o baiano Gutenberg Garabyra.
Juntos, Sá, Rodrix & Guarabyra formaram uma espécie de Crosby, Stills & Nash brasileiro, misturando a delicadeza da música acústica de estilo campestre à psicodelia da época, gerando um subgênero conhecido como rock rural.
O SR&G é hoje cultuado como uma formação histórica no Brasil, responsável por canções geniais como Mestre Jonas, Hoje Ainda é Dia de Rock e Primeira Canção da Estrada, entre outras.
Sempre inquieto, Rodrix deixou o trio após dois discos (Passado, Presente & Futuro, de 1972 e Terra, de 1973), partindo para a carreira solo, na qual seguiu cravando sucessos como Soy Latino Americano e Hora Extra, além de fazer trilhas sonoras de novelas da Globo (O Espigão), peças de teatro (como a primeira versão brasileira do musical Rocky Horror Show) e filmes.
Até que, em 1982, ele desapareceu de cena, protagonizando o que o autor Toninho Vaz chamou de “a primeira das três mortes de Zé Rodrix”.
Razão: a morte repentina de Elis Regina, cantora de quem era muito amigo e que fez sua carreira decolar.
Em depressão, decidiu se retirar do meio artístico e do jogo de pressão das gravadoras, que exigiam um disco novo por ano de seus artistas contratados.
Nos tempos de Casa no Campo. Cortesia Ed. Olhares |
E foi com Tico – se que se tornou um amigo inseparável –, e o rentável trabalho na propaganda, que Rodrix encontrou novo alento.
Um novo baque viria no fim dos anos 1990, quando Tico morreu.
E esta foi a segunda morte de Zé Rodrix. A terceira (e definitiva) foi em 2009, após um enfarto.
Senhor das Hipérboles
Iniciativa muito bem-vinda, esta biografia de Zé Rodrix por Toninho Vaz preenche uma lacuna importante no mercado das biografias musicais, cobrindo com um trabalho muito sério de reportagem e pesquisa alentada a vida desta figura tão singular.
Vaz também constrói um perfil muito competente do homem Rodrix, um sujeito hiperativo a quem o autor chama de “Senhor das Hipérboles”, por conta de sua capacidade de transformar qualquer banalidade em algo grandioso.
Finda a leitura, o leitor tem a sensação de ter conhecido o biografado em pessoa.
Aqui e ali há pequenas falhas – de digitação e também de dados – que certamente deverão ser corrigidos em edições futuras.
Íntimo do artista, Vaz desenterra diversos causos e detalhes de sua vida familiar, como suas infidelidades conjugais e um filho ilegítimo – depois assumido por Rodrix.
Vaz chega mesmo a transcrever um email de Rodrix para os companheiros Sá & Guarabyra – na ocasião de um revival já nos anos 2000 – onde ele chega às raias do constrangimento, ao criticar duramente Sá por conta de discordâncias artísticas durante a gravação do álbum Amanhã (lançado postumamente, em 2010).
Essas indiscrições – claro – só tornam o livro ainda mais saboroso e de leitura ágil.
Figura de proa na música, no teatro musical (os musicais de Cláudia Raia também são dele), na propaganda e até na Maçonaria, Zé Rodrix merece ser mais conhecido pelas novas gerações.
O Fabuloso Zé Rodrix é uma ótima introdução.
O Fabuloso Zé Rodrix / Toninho Vaz / Olhares/ 324 páginas / R$ 68 / www.editoraolhares.com.br
Um comentário:
comprei ontem uma bio escrita por toninho vaz...do torquato neto...nem sabia ou lembrava...10 contu...no iguatemi.
e a pergunta q não quer calar, kd os batedores de panela ??
vão dizer q não votaram em temer...verdade, mas tiraram dilma...
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