sexta-feira, março 09, 2018

CANTORIA SEM CARICATURA

Com novos e veteranos artistas, o quinto Encontro de Cantadores privilegia a legitimidade e a diversidade de estilos. Em dois dias gratuitos no Pelourinho, programação traz Josyara, Raymundo Sodré, Roze, Celo Costa e vários outros

Júlio Santim (SP) leva o som da viola caipira ao Encontro Foto Adriano Rosa
A cultura popular ganha o centro do palco no Largo pedro Archanjo neste fim de semana. É a quinta edição do Encontro de Cantadores no Pelô, que traz para o Centro Histórico veteranos e novas gerações de artistas populares da cantoria.

São dois dias de música com entrada gratuita: sábado e domingo, sempre a partir das dezoito horas.

No palco, grandes nomes da Bahia e do Brasil,como Raymundo Sodré, Josyara, Celo Costa, João Sereno, Roze, Bia Marinho (PE), Paulo Matricó (PE), Júlio Santin (SP), Ednardo Dali (PE), Marcelo Fonseca (MG), Luiza Brito, Rodrigo Sestrem e Verlando Gomes.

Entre os destaques, pode-se citar a veterana Roze, cantora de Tucanos, que lançou alguns álbuns muito elogiados por gravadoras major entre o fim dos anos 1970 e ínício dos 80.

Há também a celebrada Josyara, da nova geração, que lança disco ainda este ano pela Natura Musical.

O fantástico Raymundo Sodré, guardião da cultura popular do Recôncavo e autora da inesquecível A Massa.

Maviael Melo, cantador e curador do Encontro foto Heitor Rodrigues
Curador do Encontro, o cantador e poeta Maviael Melo indica ainda outros artistas dessa edição: "A gente está sempre trazendo novidades. Esta é a primeira vez que trazemos músicos instrumentais, como o paulista Júlio Santim, que toca viola caipira, e o mineiro Marcelo Fonseca, que toca violino e rabeca".

"Também apresentamos dois jovens artistas que fazem um trabalho novo, inédito no Encontro, que são Rodrigo Sestrem e Luiza Brito. São seis artistas por dia. Oito deles são inéditos no Encontro", contabiliza Maviael.

Diferente do que se pode imaginar também, o evento não se prende ao estereótipo do cantador, algo que costuma afastar pessoas menos familiarizadas com as músicas regionais do Brasil.

"A gente tirou essa concepção de ser 'ligado a terra'. Desde o segundo Encontro, quando trouxemos o (grupo carioca) 4Cabeça", lembra Maviael.

Luiz Brito, novo talento, foto divulgação
"O cantador também pode ser urbano, como no caso de Aiace, de Cláudia Cunha. A cantoria não precisa ser só da terra", reitera.

Realizado este ano quase sem recursos, apenas com alguns apoios, o Encontro se beneficia de parcerias de alguns artistas com empresas, as quais bancam os custos de sua apresentação.

"É tudo feito na base da colaboração de todo mundo. Em outros anos tivemos apoio de edital, mas esse não conseguimos, aí fazemos parcerias com artistas, empresas e vamos tocando", conta.

"Essas empresas bancam passagem, hospedagem, cachê. A gente aceita, desde que acreditemos no artista, caso do Júlio Santim. Isso também evita repetições: quanto mais gente nova, melhor", afirma o curador.

Ainda assim, o Encontro é um sucesso tão grande entre os artistas e apreciadores que Maviael é praticamente "assediado" para trazer de novo artistas de outras edições: "Olha, por nós, trazia todo mundo de novo todo ano. O pessoal liga e pede pra vir só pela passagem e hospedagem. Nem são shows propriamente ditos, são amostras de trinta minutos para cada artista, mas o astral é tão bom que se torna uma grande confraternização, uma grande celebração da cultura popular", afirma.

"Até meu irmão que também é cantador, Maciel Melo, disse que vem de qualquer jeito: 'Não quero dinheiro não, quero é subir no palco'", diverte-se Maviael.

Josyara, foto Micaela Wernicke
VIOLÃO E BATE-PAPO

Badalada na cena, a juazeirense Josyara deve fazer uma das apresentações mais aguardadas do Encontro.

Em pleno processo de gravação de seu segundo álbum – o primeiro pela Natura Musical, previsto para o segundo semestre, Josyara é o exemplo pronto da filosofia do Encontro delineada por Maviael: conectada às raízes, mas também urbana e com estilo próprio.

"Eu fico muito feliz de estar entre esses artistas que resgatam e mantém essa coisa do violão que eu trago no meu trabalho, a coisa da canção é muito presente no que eu faço. E em um espaço com o Pelourinho tudo fica melhor ainda. Estou muito feliz e ansiosa pelo Encontro", afirma Josyara.

No palco, a cantora e compositora mostrará tanto canções do seu primeiro álbum, quanto do vindouro disco pela Natura: "Esse show é uma mescla dessa músicas inéditas com meu trabalho antigo, o álbum Uni Versos, de 2012", conta.

"Mas tudo com arranjos novo e em cima do violão. A ideia é resgatar essa minha hstória, e também conversar com o publico", conclui.

Quinto Encontro de Cantadores no Pelô / Amanhã e domingo, 18 horas / Largo Pedro Archanjo, Pelourinho / Gratuito

Nenhum comentário: