André, Macello e Lelê: Maria Bacana 2018 |
Só não vimos justiça social e um disco novo da Maria Bacana.
Bem, a espera acabou – pelo disco novo da Maria Bacana.
O power trio oriundo da Cidade Baixa acaba de lançar A Vida Boa Que Tem Os Dias Que Brincam Leves, uma maravilhosa sequência para o mítico álbum de estreia, Maria Bacana (1997), lançado pelo selo Rock It! de Dado Villa-Lobos, então fã de carteirinha da banda.
Gravado nos Estúdios WR com produção de Apú Tude (ex-Úteros em Fúria), o CD traz 14 faixas com aquela pegada pop punk tropical da Baixa do Bonfim: direto, melodioso, cheio de riffs matadores e canções boas pra cantar junto: Palmeiras Ao Vento, Ego & Poeira, No Ônibus, Nosso Filme.
“Pra mim, ficou perfeito. É um disco que respeita nossa sonoridade mas nos coloca no século 21 em termos de timbres, arranjos. É um disco de rock moderno que quer se comunicar com todo mundo, não é só pra iniciados no rock”, afirma o band leader André LR Mendes (guitarra e vocais).
“Inclusive, eu acho que o rock hoje comete um grande erro de falar só ‘pra iniciados’. Nós, como sempre, tentamos falar pra todos”, acrescenta.
Simplão, o álbum segue praticamente a mesma receita do primeiro: não há convidados, todas as faixas são de André e tirando um violãozinho aqui outro ali, o instrumental é baixo-guitarra-bateria.
“Nós não poderíamos ficar mais satisfeitos com a produção de Apú. O cara respeitou totalmente o que trouxemos pronto / ensaiado e ajudou a ‘polir’ o resultado final com atenção aos detalhes e à como o todo estava soando. Apú é um grande produtor e uma grande pessoa, muito fácil de trabalhar junto e com um ótimo ouvido musical”, diz.
“André é muito talentoso e banda ainda tem uma química muito boa”, devolve Apú. De fato, o trio formado por André, Macello Medeiros (bateria) e Lelê Marins (baixo e backing vocals marcantes) soa como se nunca tivesse parado.
Produção independente, A Vida Boa... teve parte das gravações financiada pelos fãs e amigos, via campanha de crowdfunding. Esta, infelizmente, não alcançou a meta, mas ajudou. “A versão física deve sair daqui um mês, mais para ser recompensa dos apoiadores e souvenir pros fãs antigos”, conta André.
“Hoje em dia, o importante é estar nas plataformas de streaming. No nosso site (www.mariabacana.com) o ouvinte tem a experiência do disco, com encarte pra acompanhar as letras e a ficha técnica. Provavelmente vamos vender o CD no nosso site também. Mas o importante é ouvir, seja no site, no spotify ou no CD”, ressalta.
Pequenas, pequenez
André, Macello e Lelê em 1996 |
"Em 2015, numa sexta feira véspera do feriado da Páscoa, eu tava no telefone com Lelê (baixista) e conversa vai, conversa vem, falei em fazermos um som. Ele topou na hora. Aí ficou aquela pergunta “Será que Macello (baterista) topa?” Aí eu disse: “Peraí” e liguei pra Macello que topou na hora! No outro dia, estávamos no estúdio tocando TODAS AS MUSICAS do nosso disco de 1997 como se nunca tivéssemos parado de tocar juntos. Uma química que, até pra mim que sou da banda, é impressionante. Aí combinamos de fazer um show em 2017 pra comemorar os 20 anos do lançamento do disco de 1997. Só que eu sugeri algo maior e mais duradouro “que tal se a gente lançar o segundo disco, depois de 20 anos?” Era um terreno meio doido de pisar porque aquele disco e a banda viraram “cult” e lançar uma obra inferior “queimaria” a nossa história. Mas eu tinha certeza que lançaríamos um disco MELHOR que o de 1997. Sem falsa modéstia, nós conseguimos alcançar essa meta. Os 20 anos que vivemos entre os dois discos nos amadureceram como pessoas...e isso se reflete na música", relata.
Cronista do homem comum, André explora nas letras as pequenas alegrias do dia-a-dia, como em Palmeiras Ao Vento: “Cheiro de mijo / palmeiras ao vento / Roberto Carlos ainda toca no rádio / Brasil medieval, doce purgatório à beira-mar / Escultura de areia que o mar dissolve / Picolé de dois Reais”.
Em outras, como Ego e Poeira, explora a pequenez do ser humano perante o universo: “Você já viu aquela foto da Terra vista distante? / Um ponto entre outros, nem maior, nem menor, nem mais brilhante /.../ E a gente fica aqui, ego e poeira cósmica / Com histórias repetidas como farsa”.
“O disco fala das pequenas coisas da vida que marcam pra sempre: um telefonema, um cheiro de café que toma conta da casa, o amor de um casal que dura a vida inteira. Uma tentativa de viver bem, uma busca pela leveza”, afirma.
"Algo tão difícil de alcançar plenamente nesse momento que nosso país vive, onde fascistas, racistas, demagogos, canalhas, misóginos e avarentos tomaram o poder com um golpe jurídico midiático e hoje fazem o que querem, rindo da cara do povo que, em alguma parcela, como numa síndrome de Estocolmo, apoia seus algozes. Mas a gente tenta falar de amor e sinceridade. Uma gota de positividade nessa sociedade que se encontra doente. É a poesia diária e simples da vida do homem comum", acrescenta.
Em breve, o trio anuncia a data do show de lançamento: “Ainda não tem data porque estávamos completamente focados no disco. Agora vamos voltar à ensaiar, construir um show. Na sua história, a Maria Bacana passou mais tempo em estúdio criando do que no palco. Talvez seja uma característica nossa. Mas também temos nosso lado explosivo no palco. Quem já nos assistiu sabe da nossa entrega ao vivo”, garante.
"Seria massa ter um empresário ou produtor que cuidasse dessa parte pra gente, ajudasse à tornar a banda uma “empresa” nesse momento.. Estamos abertos à propostas! Quem quiser ganhar dinheiro com a gente, estamos aí (risos). Nosso plano agora é continuar fazendo nossa música, levando presencialmente ou virtualmente nosso som pro maior número de pessoas, mostrar que dá pra fazer rock com canções no país no século 21 sem soar requentado, burro ou brocha", conclui André.
Maria Bacana / A Vida Boa Que Tem Os Dias Que Brincam Leves / Independente / produção: Apú Tude / Ouça: www.mariabacana.com
Leia a história da primeira encarnação da Maria Bacana neste belo texto de Ricardo Cury:
http://rockloco.blogspot.com.br/2011/10/saga-da-maria-bacana.html
NUETAS
Soulshine na quinta
Com Candice Fiais a frente, a Soulshine Blues Band faz a night véspera de feriado nesta quinta-feira, na Tropos. No repertório, clássicos de Joni Mitchell, Allman Brothers, Eric Clapton e Bonnie Raitt e outros. 21 horas, pague o quanto quiser / puder.
Danilo faz Cazuza
Com direção artística de Lelo Filho, o cantor Danilo Medauar apresenta na semana que vem duas sessões do seu espetáculo Todo Músculo que Sente, só com repertório de Cazuza. No Teatro Sesi Rio Vermelho, dias 5 (quinta-feira) e 6 (sexta), 20 horas. R$ 60 e R$ 30. Ingressos na bilheteria do Teatro Sesi ou no Sympla
Maglore, Canto
Duas bandas bem queridas da rapaziada, Maglore e Canto dos Malditos na Terra do Nunca, inauguram a session Sons Daqui, que promete “apresentações de artistas locais nos largos do Pelourinho a preços populares“. Começou bem, ficam os votos de sucesso da coluna. Vai ser no dia 14 de abril (um sábado), 20 horas, no Largo Pedro Arcanjo. R$ 20 e R$ 10, no Sympla.
Garotos Podres, oi!
Esse também é pra se programar: a clássica banda punk paulista Garotos Podres se junta às locais Barulho S/A e Carburados Rock Motor para um show no dia 12 de maio, no Largo Quincas Berro D'Água. R$ 30 (1º lote) e R$ 40 (2º), no www.pelorockfest.com.br.