sábado, maio 13, 2017

DIVA DE VOLTA

Gal Costa traz de volta à Salvador o show Estratosférica – desta vez, na Concha Acústica e com participações de Márcia Castro e Nara Gil. Ao Caderno 2+, a cantora fala do show, da vontade de fazer sua  biografia e de como ela vê o papel do político

Gal Costa, foto Bob Wolfenson
Quando é bom, o povo pede bis, ensina a sabedoria popular. Mais do que bem-vindo então, o bis do show Estratosférica, de Gal Costa, que volta à cidade hoje, na Concha Acústica do Teatro Castro Alves.

Marcado para o último dia 28, o show foi adiado devido a greve geral ocorrida naquele dia. Com isso, ganhou duas convidadas: Márcia Castro e Nara Gil (primogênita de Gilberto Gil).

Apresentado em 2015 na Sala Principal do TCA, o show do álbum Estratosférica agora ganha em descontração – e volume de público – na Concha Acústica.

“Eu estreei o show do Estratosférica aí no TCA”, lembra Gal, por telefone, de São Paulo. “Dessa vez é na Concha, devo atingir um outro público, o que é muito bom. E também ainda não conheço a Concha depois de reformada, me disseram que está linda”, acrescenta.

De bom humor e bem disposta ao telefone, Gal ainda lembrou que também fez no mesmo local o show do álbum anterior, Recanto (2011).

“Nossa, foi lindo aquele show do Recanto na Concha! O público da Concha é muito especial, adoro cantar lá”, disse.

Neste segundo show do Estratosférica, o repertório não muda em relação ao show de 2015 – e por uma boa razão.

“Sim, será exatamente o mesmo repertório. É que só agora é que eu vou gravar o DVD do Estratoférica. Então estamos fazendo shows em alguns lugares, antes de grava-lo aqui em São Paulo”, conta.

“Não tenho a data da gravação ainda, mas com certeza até junho gravamos isso. Vai ser no Teatro Casa Natura, que será inaugurado agora em maio”, revela.

Repertórios

Produzido por Alexandre Kassin e Moreno Veloso na esteira de Recanto (produzido pelo pai de Moreno), Estratosférica mostrou que Gal segue renovada, investindo em novos compositores e estilos de arranjo, mas sem esquecer dos parceiros de sua geração.

Desta forma, há tanto canções de Mallu Magalhães (Quando Você Olha pra Ela) e Céu (Estratosférica, com Pupillo), quanto  Antonio Cícero (Sem Medo Nem Esperança, com Arthur Nogueira) e Tom Zé (Por Baixo), entre outros.

No show, o repertório do Estratosférica ainda ganha o reforço de grandes sucessos da carreira de Gal, como Cabelo (de Arnaldo Antunes), Brasil (Cazuza), Pérola Negra (Luis Melodia), além de outros clássicos, como Vingança, de Lupicínio Rodrigues e Os Alquimistas Estão Chegando, de Jorge Ben Jor.

Márcia Castro, foto Pedro Bonacina
“(No show e no disco) São muitos compositores novos, mas também tem música de Caetano com o filho Zeca (Você Me Deu), tem Roberto Carlos, músicas que gravei mais no passado, como Namorinho de Portão de Tom Zé e Como Dois e Dois, do Caetano”, conta Gal.

Biografia e política

Sobre os 50 anos do Tropicalismo, comemorados este ano a partir do álbum Panis Et Circensis (1967), Gal diz que não tem planos para a ocasião, mas se sai bem na réplica.

“Acho que o Estratosférica tem tudo a ver com o Tropicalismo. Não só sobre minha história passada, mas a presente também. Eu o considero uma celebração do movimento, porque tem tudo do ver com as coisas que eu fazia nos anos 1960, ligada ao rock, à música eletrônica, ao experimentalismo, tem tudo a ver. Então, não deixa de ser uma homenagem”, afirma.

“E não me chame de senhora não, rapaz! Eu sou jovem, pode me chamar de você, assim me sinto velha”, pede ao repórter, quebrando de vez o gelo da entrevista.

Deixa perfeita para perguntar sobre a delicada questão das biografias – afinal, ainda não existe uma dedicada à ela, uma das cantoras mais importantes do Brasil.

“Olha, tenho planos (para uma autobiografia) sim, mas não tenho me preocupado muito com isso, não. Ainda quero fazer muitas coisas, e se eu escrever uma biografia agora fica incompleta”, ri Gal.

“Mas que eu faça, então espero que ninguém se antecipe. É que agora eles (O Superior Tribunal Federal) liberou, qualquer pessoa pode fazer. Acho que tinha que ter o consentimento do biografado, por que pode ter erros e tal”, afirma.

“Me preocupa muito o Brasil, mas está havendo uma limpeza, por que sempre houve esse tipo de coisa, então acho positivo  que essas coisas se deflagrem, que venham à tona”, afirma.

“Eu vejo o papel do politico como um pontificado, uma coisa mais espiritualizada no sentido de ser generoso, de cuidar das pessoas, e não o contrário disso. É um trabalho altruísta, não devia nem receber salário. Deveriam estar felizes de poder cuidar de um povo sofrido, que precisa de ajuda. Se eu fosse político, agiria dessa maneira”, afirma.

Gal Costa: Estratosférica / Hoje, 19 horas / Concha Acústica do Teatro Castro Alves / Plateia: R$ 40 e R$ 20

Um comentário:

Rodrigo Sputter disse...

https://pt.wikipedia.org/wiki/James_Cotton
zorra, o james cotton morreu e eu nem soube...rip!!