Allefe, Geo e Petão. Foto Ney Santos |
A banda lança o álbum Flower Power neste sábado, com um show no festival de cervejas artesanais Beer, Rock & Blues, no Centro Espanhol.Com um som fortemente calcado no suíngue pesado e psicodélico de Jimi Hendrix, Flower Power é um bom veiculo para a excelência instrumental de Geo, Petão (baixo) e Állefe (bateria) – que diga-se de passagem, são pai e filho.
“Hendrix sempre foi a minha referencia e inspiração, e ainda é. Na minha adolescência eu comecei tocando contra baixo em bandas de escola e quando eu ouvi Hendrix pela primeira vez, eu tinha 16 anos, quis mudar imediatamente pra a guitarra. Aquele som pra mim soava mágico e muito original, apesar de um pouco estranho. Enquanto meus amigos (Octávio Américo e Raul Carlosgomes, do Mar Revolto) ouviam Beatles e Rolling Stones, eu só ouvia Hendrix”, conta Geo.
“Sim, a banda Alquímea tem o clássico modelo do Power Trio, típico das bandas de rock do final da década de 60 e o nosso repertório autoral tem à ver com aquela década, onde se processou grandes transformações no mundo com o surgimento da cultura hippie ou movimento da contra-cultura. Por isso o CD chama-se Flower Power, onde se ouve na faixa de mesmo nome: "...sou mais um, vivi o Flower Power, creio ainda existe amor. Sou um a mais, de espinho, espada e amor no peito pra salvar a flor..."; se referindo à necessidade de unirmo-nos em favor da preservação ambiental, uma das tônicas do nosso trabalho e uma das tônicas da geração Paz & Amor, declara.
Pioneiro da música independente no Brasil, Geo lembra que o primeiro álbum do Mar Revolto (1979) foi gravado fora das grandes gravadoras, as quais à época, dominavam o mercado com mãos de ferro.
"Na época da formação da banda, éramos basicamente uma banda de rock influenciada por tudo que ouvíamos na época embora com estilo próprio: Beatles, Rolling Stones, Led Zepplin, Hendrix, Cream, Deep Purple, Yes, The Who e etc. Fazíamos um trabalho autoral e tocávamos em colégios, universalidades, teatros e no interior da Bahia, sempre levando mensagens de otimismo e de positividade nos nossos shows. Depois de atuar bastante na Bahia, sentimos a necessidade de ir pra outros centros e de registrar em disco o nosso trabalho. Isso foi muito antes do surgimento da Axé Music. Moramos no Rio de Janeiro no intuito de gravar o nosso primeiro disco, onde colocamos no nosso rock elementos da musica nordestina. Tal gravação aconteceu em 79. Esse disco (Long Play), foi um marco na história dos discos independente no Brasil pois apesar de existirem algumas gravadoras interessadas em nos contratar, nós preferimos fazer a nossa gravação de uma maneira totalmente independente, coisa dificílima na época, pois recusamos a nos adequar aos interesses do mercado promovido pelas multi-nacionais do disco, que queriam que gravássemos um tipo de música "água com açúcar", totalmente diferente da filosofia e proposta musical do grupo Mar Revolto", relata.
O Mar Revolto no tempo flower power. Geo é primeiro à esquerda em cima? |
Há alguns anos, Carlinhos Brown, que acompanhou a banda entre 1981 e 83, anunciou que ia produzir e lançar um álbum novo do Mar Revolto. O disco está gravado há algum tempo, mas ainda aguarda lançamento. Senta que lá vem história.
“Carlinhos Brown foi um dos integrantes do Mar Revolto em uma das fases da banda entre os anos 1981 a 1983, antes da banda terminar. Após o termino da banda eu fui morar no Rio de Janeiro, abandonando mais tarde a atividade de músico depois de ter acompanhado em excursão o artista Gilberto Gil e nos anos 90 montei um estúdio de gravação, produtora e selo musical, trabalhando exclusivamente como produtor musical, prestando serviços de produção, locação de estudio e lançamentos de artistas de diversas gravadoras multinacionais sediadas no Brasil. Após esse período já de volta à Bahia, sempre que encontrava com Brown, ele manifestava, por diversas vezes, o interesse em fazer um CD com o Mar Revolto, tendo o rock como estilo musical que ele estava muito interessado em se envolver, compondo, tocando e cantando. A princípio eu não me mostrava muito interessado pois já havia tempos que eu não tocava e estava ocupado com outras coisas. Raul Carlosgomes, me ligou certa vez dizendo que Brown tinha falado com ele pra a gente se reunir e "fazer um som". Combinamos então em nos encontrar em um determinado estúdio: eu, Raul (bateria) e Octávio Américo (baixo) pra ver se ainda a gente se entendia musicalmente. Pois bem, quando começamos a tocar e improvisar vimos que a "energia" e a sintonia ainda tava no "sangue". Liguei imediatamente pra Carlinhos Brown e falei que tava rolando o som. Ele apareceu em minutos com muita vontade de nos ver juntos, tocando. Quando abriu a porta a gente já tava a mil, aí ele pegou imediatamente o microfone e mandou ver. A sintonia foi perfeita. Nessa mesma tarde compomos uma música, "Marina dos Mares", minha em parceria com ele e após esse "ensaio", ele nos convidou pra participar do seu CD que estava em fase de produção. Participamos como Mar Revolto desse seu CD solo, e daí que veio a ideia de gravarmos um CD de rock com o título de "Carlinhos Brown é Mar Revolto". Começamos a montar o repertório imediatamente e em seguida a ensaiar. Músicas inéditas de Brown feitas exclusivamente para o projeto e músicas antigas do Mar Revolto que não tinham sido gravadas anteriormente mas que sofreram um upgrade nas letras, compostas por Brown, além de três músicas minhas em parceria com ele sendo uma dessas com participação de Raul e Octávio. Depois de alguns meses o CD foi finalizado com a capa e tudo mais . Durante o processo, nos apresentamos no Festival Gueto Square, dentro do festival de Verão em SSA, no Festival de Inverno de Conquista e na entrega do prêmio Bahia Recall no TCA, sempre anunciando o lançamento desse novo CD. A partir daí, Brown começou a ficar muito ocupado, cumprindo uma extensa agenda de shows no Brasil e no exterior. Sentimos que seria difícil ele conseguir lançar o CD da maneira que ele queria, ao mesmo tempo que ele começou a sentir vontade de remixar o disco todo e logicamente de remasterizar todo o material, pois, inventivo como todos sabemos que é Carlinhos Brown, ele queria o máximo de satisfação pessoal nesse trabalho e a todo momento quando se tinha tempo, ele queria sempre melhorar a produção. A partir daí, acredito que por falta de tempo, por indisponibilidade de técnico de gravação nesse período para dar continuidade ao processo de remixagem e por ele ter que ficar ausente por causa dos compromissos na Europa, Estados Unidos e Ásia, o projeto foi caindo no esquecimento. Mas, acho que qualquer dia ele ainda lança, pois esse trabalho é atemporal”, aposta Geo.
Com o fim do Mar Revolto, ele se mudou para o Rio de Janeiro, onde atuou em estúdios.
“Sim, após o termino do Mar Revolto, como tinha falado antes, fui morar no Rio. Lá, depois de alguns anos tocando com vários artistas e trabalhando como músico em alguns estúdios, resolvi montar uma produtora com estúdio próprio e um selo musical distribuído pela Polygram, hoje Universal Music. Tive uma relação muito boa com todas as gravadoras sediadas no mercado, onde produzi diversos artistas, a exemplo da cantora Amelinha (Polygram), Cia. Clic com a cantora Carla Vizi (Polygram), o trio dance music de nome Lilith liderada pela globeleza Valéria Valença (Polygram), cuja musica Todo Amor é Bom, composição minha e do saudoso Bruno Nunes foi abertura do seriado Sex Appeal da Rede Globo; a banda de reggae Central do Brasil (Wanner/Continental), a cantora baiana Silvinha Torres em parceria com o também saudoso Wesley Rangel (BMG), a cantora amazonense Eliana Prints (Geo&Cia/Polygram), o grupo carioca de samba Fora de Série (Virgen/EMI) entre outros menos conhecidos. Passaram também pelo meu estúdio, nomes como Jorge Vercilo, Ana Carolina, Cássia Eller, Gilberto Gil, Paulinho Boca, Moraes Moreira, Edil Pacheco, Armandinho, Jussara Silveira, José Augusto, Negritude Junior, Banda Eva, Banda Mel, Beto Barbosa, Banda Magnificos, Reginaldo Rossi e Jerry Adriani entre tantos outros”, relata.
Sal da Terra
Foto Ney Santos |
"Esse foi um 'achado' mágico. Desde quando voltei do Rio, depois de ficar 18 anos trabalhando com produções em estúdio, eu vim me estabelecer em Santo Antônio de Jesus, onde eu tinha passado parte da minha infância e adolescência antes de me mudar para Salvador, quando integrei o Mar Revolto. Posteriormente ao meu regresso, tive o prazer de conhecer Petão, hoje baixista da Alquímea, que trabalhava como músico e produtor de diversos artistas da região, tendo realizado trabalhos com Seu Jorge, Edson Gomes, Peu Meurray, entre outros, e que tinha um filho de 9 anos que tocava muito a bateria e era uma espécie de menino prodígio da cidade, muito elogiado e respeitado por todos. O filho de Petão chamava-se Állefe que a partir da idade de quatro anos, já tinha começado a tocar bateria, tendo ainda bem jovem acompanhado o guitarrista Kiko Loureiro em apresentações de shows e oficinas de música. Állefe sempre recebeu muitos convites para morar em SP e nos Estados Unidos para acompanhar artistas consagrados e continuar os estudos do instrumento. O tempo foi passando, Állefe continuou no interior, sempre estudando o instrumento e tocando com muitos músicos de SAJ e de Salvador. Durante todo esse tempo, eu sempre estava de olho neles pois já tinha a ideia de dar continuidade ao projeto Alquímea que eu tinha começado com outros músicos locais e aquela pegada de pai e filho tinha tudo a ver com a ideia do Power Trio que eu realmente queria: um baixista marcante, seguro e presente, e um baterista livre, solto, com técnicas jazzisticas aplicadas ao rock. Pronto, Alquímea tava de cara nova, tendo o pai Petão no baixo, o filho Állefe na bateria e eu, Geo Benjamin, como uma espécie de 'mãe' do projeto, na guitarra e vocal. Enfim, a família tava formada", relata Geo.
No momento, as suas atenções estão voltadas para a Alquímea.
“O trabalho de divulgação do CD da banda Alquímea já começou. Já esta sendo executada em mais de doze rádios no interior da Bahia a música O Sal da Terra, composição de Beto Guedes e Ronaldo Bastos, lançada em LP pelo Beto em 1981, que fez muito sucesso na época. Fizemos um arranjo na nossa pegada rock nessa música que é de uma poesia e de um lirismo maravilhoso e que tem uma mensagem totalmente de acordo com "os tempos atuais", onde, na canção, prega-se a fraternidade universal, a união entre os seres humanos e um futuro mundo novo sem opressões, desigualdades e com a paz reinando no planeta. Também uma das tônicas presente no contexto do nosso trabalho autoral, que pode ser ouvida nas músicas que compõe o CD Flower Power. Além das rádios convencionais, estamos também sendo executadas em várias web rádios, destacando-se a Radio Rock Freeday que também lançou recentemente um CD na sua coletânea anual com a música "Roubalheira" além da musica O Sal da Terra estar sendo executada em sua programação diária”, conta.
“Após essa temporada de lançamento do CD e shows incluindo o interior da Bahia, queremos fazer o mesmo em SP. Acredito que no segundo semestre mas, antes disso, em Maio, já estarei indo pra preparar o terreno pra nossa excursão”, conclui Geo.
Alquímea / Festival Beer, Rock & Blues / Sábado, 19 horas / Clube Espanhol / R$ 35 / www.alquimea.com
NUETAS
Malgrada, Búfalos
O Malgrada Trio e o duo Búfalos Vermelhos & A Orquestra de Elefantes são as atrações no Quanto Vale o Show? de hoje. Dubliner’s, 19 horas, pague quanto puder.
Primata rodando
O guitarrista master Ricardo Primata promove desde ontem uma série de workshops por várias cidades. Ontem ele passou por Juazeiro e Petrolina. Hoje ele está em Senhor do Bonfim (na Rios Eletrônica), amanhã é Jacobina (Eletrônica Ednailsom). Quinta-feira é em Conceição do Coité (Musical Show) e sexta, Feira de Santana (Som Brasil).
Velas para Sputter
Rodrigo Sputter Chagas (Honkers) comemora aniversário discotecando sexta-feira, 17h30, no Brooklyn (Bonocô Center, Loja 17). Grátis.
Um comentário:
valeu chico!!!
obrigado pela gentiliza de sempre!!
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