quarta-feira, setembro 28, 2016

ELECTROMOD: MUDANÇA PARA PERMANECER O MESMO

Em novo CD, Cachorro Grande busca se reinventar via timbres eletrônicos. Mas essência rock permanece


Cachorros em P&B. Crédito: Muto / Divulgação
Depois de anos  de estrada, é natural que bandas / artistas busquem se reinventar.

Não é todo mundo que tem a manha dos Ramones ou Motörhead, que construíram suas carreiras gravando o mesmo disco décadas a fio.

Em Electromod, os gaúchos do Cachorro Grande investem na eletrônica em busca de renovação.

Produzido pelo conterrâneo Edu K (De Falla), um especialista tanto em eletrônica, quanto em reinvenção, o novo álbum do quinteto foi buscar inspiração no indie rock inglês dos anos 1980 / 90, com sua mistura de música eletrônica e rock psicodélico, que fez a fama de bandas como Stone Roses, Primal Scream e Charlatans.

“Se reinventar ou permanecer o mesmo? Os dois são difíceis. Mas se reinventar é o difícil prazeroso, um desafio”, afirma o cantor Beto Bruno.

 “A verdade é que eu não ia me sentir bem fazendo o mesmo feijão com arroz,  mais um disco igual. A banda gosta de fazer coisas novas. E a gente admira bandas que fazem discos diferentes, até para que, na turnê, a gente não chegue com o mesmo show”, acrescenta.

Electromod é ainda a segunda parte de uma certa “trilogia electropsicodélica”, iniciada com o álbum anterior, Costa do Marfim (2014). Mas, se neste último, as faixas eram longas digressões viajantes com faixas de até onze minutos, Electromod é mais pop, com faixas mais curtas e diretas.

"Na verdade, a gente não queria se prender a um conceito de trilogia, até por que não sabemos como vai ser o próximo. E o Costa não tem nada a ver com o Electromod. Então, é uma trilogia com o Edu K, por que vamos fazer um terceiro álbum com ele, que é importantíssimo para o Cachorro nessa nova fase. Te-lo no estúdio é como ter mais alguém da banda, não é só um produtor", afirma.

Aliás, quem ouviu o álbum de retorno do De Falla, Monstro, deve lembrar que ali já tinha uma faixa com a participação de Beto Bruno nos vocais, intitulada Timothy Leary, que bem pode ser considerada um laboratório para Electromod, com seus loops eletrônicos à Madchester.

"Tem a ver sim, muito bem observado. É o que eu e Edu temos ouvido ultimamente. E sempre fui fã do De Falla. O Edu já tava na estrada uns 15 anos antes da gente. Eu comprava todos os discos deles e nunca imaginei que futuramente ele ia trabalhar conosco. Então ele produzindo nossos discos tem sido uma fase muito criativa pra nós e para ele também. Essa música do De Falla que você lembrou  foi uma espécie de transição entre o Costa e o Electromod", relata.

“Esses dois últimos discos nos surpreenderam de forma positiva por que não chegamos nas gravações com arranjos prontos, fizemos no estúdio com as músicas mais ou menos na cabeça, só os acordes. Muitas letras foram concluídas na gravação mesmo”, diz Beto.

“É que nos (discos) anteriores, chegávamos (no estúdio) com os arranjos prontos. Aí só executávamos, sem surpresas. Quando arranjamos juntos, o som fica mais diferente do aquilo que tu tinha na cabeça, entende?”, acrescenta.

Um outro dado interessante é que, em Electromod, Beto, um vocalista conhecido por gostar de gritar, teve que se conter um pouco, para se encaixar no estilo indie de cantar, sempre mais suave - quando não sussurrado.

Cachorros em cores. Crédito: Muto / Divulgação
"(Como vocalista) Foi completamente diferente pra mim (gravar esse disco). Eu acho que cada música pede um tipo de vocal, e nesse disco tem uma lá, acho que a oitava faixa (Eu Sei Que Vai Feder), que acho que nunca gritei tanto. Eu não conseguia gravar mais nada depois dela, fiquei até com medo de leva-la pro palco. Já outras são mais contidas, mesmo. Mas tem música com vocal do Pedro (Pelotas, tecladista), do Rodolfo (Krieger, baixista) que eu adoro ouvir cantando e o (Marcelo) Gross (guitarrista) canta também, então não tem mais aquela coisa que Beto Bruno é o vocalista e a gente precisa ouvir o vocal gritado dele, por que é marca registrada da banda. Não tem esse tipo de preocupação. Na hora de criar as musicas, no show, a gente faz tudo junto.Mas no próximo disco volto com musicas mais gritadas", ri Beto.

Alvo fácil

Apesar de todo o discurso de mudança e dos timbres eletrônicos emprestados dos Chemical Brothers e Prodigy por Edu K, os gaúchos mods mantiveram a essência da banda.

Canções como Tarântula, Limpol no Astral e Eu Sei Que Vai Feder  poderiam muito bem figurar em qualquer outro disco da banda – e a propósito, isto é um elogio.

A grande derrapada de Electromod não é estética. É, bem adequadamente a estes dias tão confusos, ideológica.

A letra da faixa título é, tranquilamente, a pior apresentada pela banda desde o início de sua carreira. Ansiosos para se identificar de alguma forma com o zeitgeist, optaram pela saída mais fácil e se prestaram a um papel de gosto duvidoso: chutar cachorro morto (ops), atirar em alvos facinhos.

“Não sabe beber / Depois vem dizer que eu não tô legal / Vota no PT / Depois vem pagar de intelectual / Fora do DCE / Não sabe como é, a vida real”, vocifera Beto Bruno em Electromod. Sinceramente, Lobão não faria melhor – e não, isto não é um elogio.

“É uma crítica generalizada. A gente cita o PT na letra, mas poderia ter citado qualquer outro partido. Essa música foi mal interpretada”, defende Beto.


“Como todo mundo, a gente está insatisfeito com tudo o que acontece. Mas não pendemos nem para a esquerda, nem para a direita. Sabemos que tem gente boa e ruim nos dois lados”, acrescenta.

Voltando a falar do que realmente importa, Beto não esconde que está ansioso para voltar à Bahia para fazer show. “Todas as vezes que tocamos ai adoramos, dá  tristeza quando vamos embora”, afirma.

“Somos apaixonados pela Bahia, terra de muitos amigos, como (o cineasta) Ricardo Spencer e meu mestre Fábio Cascadura, um cara que me ensinou muito de som e da vida. Mas estamos em vias de fechar shows em Fortaleza e Salvador no mesmo fim de semana. Aguardem”, conclui.

Electromod / Cachorro Grande / Produzido por  Edu K / Coqueiro Verde / R$ 19,90

8 comentários:

Rodrigo Sputter disse...

xxxiiiiii...coxinizou ou é ironia...pelo jeito num é ironia não...e aí chico??/

blz tem q gente chata pacas na esquerda...mas nesse momento fazer uma letra assim...sei não...e só mete pau na galera de esquerda ou alternativa...kd metendo o pau do outro lado??

quer mamar num novo público??

mas lobão tá sem...coxinha gosta de rock??

acho q se for em sp sim...embora a maioria dos meus amigos e amigas de lá não sejam coxinhas...aliás, não lembro de nium...

pq num assume??
fica com discurso q foi mal interpretado...

a emenda saiu pior q o soneto...

nunca fui fã mesmo...pegar todas as faixas dos 4 primeiros disco e espremer saiu um BOM disco de rock...mas sempre achei os discos fracos...como um álbum...desde o 1o...e olha que tava LOUCO pra ouvir o 1o quando saiu, só consegui ouvir em 2003 numa tour q fiz pra curitiba e outras capitais do sul/sudeste...q uns amigos me gravaram...ouvi num momento ultra feliz e me decepcionei...do disco todo achei 3 ou 4 BEM legais...o resto...

Rodrigo Sputter disse...

os covardes nunca assumem seus erros ou seus pensamentos...ficam se escondendo atrás de desculpinhas..."prefiro" um nazista/racista assumido, do que um facista enrustido...pelo menos a pessoa é sincera e num tem medo de assumir seus preconceitos...ela tem direito de ser o que quiser...agora, não de impedir na liberdade de direito de outrem.

pode criticar o pt a vontade...uns alternachatos...mas num vi hora niuma esse discurso em outro disco q ouvi...mesmo q rapidamente...e juro que comecei a ouvir esse e parei na 2a...aí ouvi a faixa título e me deparei com essa pérola coxinha...os gaúchos apaulistanaram.

Franchico disse...

Pois é, né Sputter? Por isso minha crítica. Bater no PT e em estudante politizado é facinho, facinho. Quero ver bater nos poderosos de verdade, de peito aberto, naqueles que a maioria tem medo de bater. Aí se aputa. Do jeito que ficou na letra, parece muito mais que quiseram fazer média com o tucanato paulista, com o imenso público fascista / coxinha. Não gostei. Acho uma saída covarde, indigna de uma banda de rock de respeito. Legítima a defesa que ele faz na entrevista, mas convence pouco. Quer protestar? Protesta contra quem realmente fode com a gente. Não tira onda de fodão batendo na esquerda não, que isso a internet toda já faz, sem precisar gravar álbum nenhum. Quando você toma esse tipo de posição, você apenas está se alinhando com os bolsolixos e temers da vida. OU VOCÊ PROTESTA CONTRA A PORRA TODA, OU ENTÃO NÃO PROTESTA. Fora isso, você é partidário. Fim de papo.

andre L.R. mendes disse...

mais um artista q se joga na vala histórica dos merdas políticos.
nesses tempos sombrios q vivemos,sim,basta uma frase.

Rodrigo Sputter disse...

bicho, assume e pronto...fica de mimimi...olha, "tiro o chapéu" pra lobão e roger nesse quesito...assumem a porra deles e cabou...num momento político como esse, vc se alinha com um pensamento golpista é dose...mete o pau no pt? blz...e kd os outros? vai deixar passar?
kd meter o pau na industria da carne (sou carnívoro viciado, "infelizmente"), a porra da comida que nos colocam guela abaixo é bizarra...tem gente de esquerda, esquerdista, natureba com discurso mais pra o reacionário do q pra outro? sim...gente chata, sim...mas NUNCA vi os caras comentarem NADA de política no disco deles...posso tá errado...mas...kd um tem o direito de pensar o que quiser...num quero ficar de patrulhamento ideológico...mas q soa estranho soa, nesse momento, soa...eu tava cheio de críticas ao pt, sai do face antes da copa e das eleições...mas na hora H, num se pode compactuar com certas coisas...pelo menos pra mim...na hora q o bicho pega, num se pode bater de um lado...e fortalecer o outro...pelo menos lobão por mais chato q esteja, mais mimimi, ele assume a porra dele...e foda-se quem num gosta...foram no danilo gentilli e pensei q iam falar da letra...nem falaram...estranhei pacas isso...gentilli deixar passar batido essa letra? roger...vi hj a entrevista...passei por alto e num vi...citar hora niuma essa letra...ouvi boas partes e umas fui passando...enfim, acho q se "arrependeram" ou num assumiram a porra dele...vc acha q ele se saiu bem...eu acho q "aputou"...desculpinha..."vc tá radical sputter", o momento pede radicalidade, não imbecilidade ou 'burricidade"...mas BEM estranha...fora o lance ali de spray de pimenta q nem vou me dar o luxo a reler...bizarro...compactuar com violência policial em protesto...é no mínimo ditadura...quero ver o q o mestre e amigo deles, o cascadura, falaria...vai passar a mão na cabeça no mínimo...mas na de roger num sei se passa, na de lobão q lançou eles no bogary tb num sei...enfim...não sou amigo de nenhum desses citados...aqui só de vcs dois q comentaram...e respeito a opinião de cada um, por mais q discorde ou concorde...e até onde sei são pessoas integras que nunca mamaram de teta esquerda ou direita do governo...todos somos humanos e erramos...mas deixa pra lá...letrinha TOSCA...e aliás, cá pra nóix...novidade musical aí nesse disco num vi niuma...se isso é novidade...imagine...quer tocar esse som, de boa...direito deles...mas dizer q mudou pra soar "moderno", pra mim é balela.

Rodrigo Sputter disse...

"A gente se surpreendeu com esse bafafá todo. Não é uma música política", diz ao UOL o guitarrista Marcelo Gross, que compôs "Electromod" com o vocalista Beto Bruno e o baixista Rodolfo Rodolfo Krieger. Segundo ele, o trio simplesmente foi adicionando versos sonoros que se encaixavam ao tema ou que soavam engraçados.

"É uma letra anarquista. O personagem da música é um punk que sai vociferando sobre tudo que está rolando aí, toda essa situação virulenta", explica Bruno, afirmando que a letra também continha trechos alvejando a direita e o PSDB. Mas eles acabaram preteridos por "não caber" na composição.

"O que a gente é contra de verdade é essa galera fake. O hipster que compra vinil só porque está na moda, não porque gosta realmente do som; De quem vai na manifestação só parar tirar selfie e aparecer, não por estar engajado."

http://musica.uol.com.br/noticias/redacao/2016/08/10/cachorro-grande-gera-polemica-ao-criticar-engajados-de-ocasiao-em-musica.htm

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anarco batendo só na esquerda??
sei...

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“Temos amigo que fica batendo ‘selfie’ em passeata, que está menos preocupado com o país e mais preocupado com a internet. Claro que nós estamos aflitos, mas a gente não é direita nem essa falsa esquerda que está aí, a gente é pra frente. Vamos se ligar, galera, vamos abrir o olho”, diz Rodolfo Krieger sobre a ácida letra da faixa que dá nome ao disco.

http://redutodorock.com.br/redutodorock/site/2016/07/30/faixa-a-faixa-cachorro-grande-comenta-as-dez-musicas-do-novo-disco-electromod/


puxa...pelo menos num caguetam o "amigo" né??

Adelvan disse...

Mais patético do que essa "letra" vexaminosa, só as desculpas esfarrapadas dadas pra explicá-la. Enfim, nem vale a pena gastar as pontas dos dedos teclando sobre esse lixo. Ainda bem que eu nem curto mais a banda - gosto dos três primeiros discos. A fase mais baladeira e agora essa pseudo-eletrônica semi-psicodelica poperô edukazistica, não. Como se não bastasse apelarem na sonoridade, agora apelam nas letras. Ridículo.

Rodrigo Sputter disse...

as letras ultimamente estavam bem fracas...umas rimas fracas...acho mais legal aquela pegada gaúcha de sexexperienced, cleptomaniaca de corações...debaixo de meu chapéu...essas são legais..as duas 1as que citei mais ainda...bem sacadas...

Concordo com Adelvan, deu mole...assuma sua porra...ou assuma q pensa assim...se lobão tá um babaca ressentido, roger tb...é um direito deles...pelo menos eles assumem a porra deles...por mais chatos q sejam...