Blog (que, nos seus primórdios, entre 2004-05, foi de um programa de rádio) sobre rock e cultura pop. Hoje é o blog de Chico Castro Jr., jornalista formado pela Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia. Atualmente, é repórter do Caderno 2+ do jornal A Tarde, no qual algumas das matérias vistas aqui foram anteriormente publicadas. Assina a coluna Coletânea, dedicada à música independente baiana. Nossa base é Salvador, Bahia, a cidade do axé, a cidade do terror.
terça-feira, fevereiro 28, 2012
THE BLACK KEYS: TRAZENDO A ALMA DE VOLTA AO ROCK
Banda “do momento” The Black Keys tem CD lançado no Brasil e fala com exclusividade
Matéria publicada no verspertino da Tankred Snows Avenue (também conhecido como jornal A Tarde), no dia 21 de fevereiro de 2012. Agradecimentos a Patrícia, da Warner Music Brasil.
O duo norte-americano The Black Keys, formado em 2001 por Dan Auerbach (vocais e guitarra) e Patrick Carney (bateria), é um corpo estranho no mainstream norte-americano.
Sem pinta de galãs e rock ‘n’ roll até a medula, a dupla de Akron, Ohio, explodiu nos Estados Unidos (e em boa parte do planeta) em 2010, graças ao mega hit Tighten Up e ao (genial) disco Brothers.
Agora, com o lançamento do sétimo LP, El Camino – o primeiro a sair no Brasil – finalmente, estão ficando mais conhecidos por aqui.
Não a toa, é um dos shows mais aguardados no Sudeste, o que deve acontecer no segundo semestre.
“Rumo à Lua”
Baseados numa cidade pequena, longe da indústria do hype, Dan e Patrick refinaram seu som ao longo de uma década.
O resultado é um blues rock primitivo e empolgante, mas com pegada urgente e atual, totalmente contemporânea, no qual é possível captar traços de garage rock, soul music, pop, punk e hard rock.
Desde Brothers, o sexto álbum, reafirmaram a parceria com o badalado produtor Danger Mouse, venderam 300 mil cópias em duas semanas e ganharam muitos prêmios, incluindo três Grammy.
Ainda em julho, antes do lançamento de El Camino (que saiu em dezembro), o apresentador norte-americano Stephen Colbert (do programa The Colbert Report) os saudou ao vivo dizendo que “no ano passado, vocês eram o barbudo (Auerbach) e o cara de óculos (Carney) que tocam rock'n'roll. Agora vocês são o The Black Keys! Três prêmios Grammy. Tudo o que vocês fazem agora é demais. É como se vocês estivessem numa espaçonave rumo à Lua”.
Agora, em abril próximo, o “barbudo” e o “cara de óculos” serão headliners da primeira noite do maior festival norte-americano, o Coachella, em pé de igualdade com Radiohead e Paul McCartney em anos anteriores. Nada mal.
ENTREVISTA: DAN AUERBACH
Pergunta: Hoje em dia, a maioria das bandas que alcançam o sucesso costuma se preocupar com o segundo disco. Mas vocês acabam de lançar o sétimo. (Risos) Foi um longo caminho até o reconhecimento, não?
Dan Auerbach: Cada ano tem sido melhor que o anterior. Apesar de que, antes mesmo de sermos realmente bem sucedidos, conseguíamos vender 15 mil ingressos em Nova York, por nós mesmos. Estávamos indo bem sozinhos, mas nos últimos dois anos tivemos uma grande exposição e ninguém estava esperando por isto.
P: El Camino é o terceiro disco produzido por Danger Mouse. Qual a diferença entre o Black Keys antes e depois dele?
DA: (Para e pensa). Hum... nada, na verdade. Digo, ainda somos nós que tomamos as decisões finais sobre tudo. Ele é só mais uma pessoa no estúdio em quem confiamos para fazer música. É também um bom amigo. Então é divertido trabalhar com ele.
P: Você tem concedido muitas entrevistas para a imprensa brasileira. Já imaginou algum dia que seria famoso até aqui no Brasil?
DA: Huh... nós somos famosos no Brasil?
P: Eu diria que estão a caminho.
DA: (Risos) Eu acho incrível! Aceito isso em qualquer dia! (Pausa). Yeah... eu tô de saco cheio de excursionar pela Alemanha no inverno, sabe? Prefiro ir ao Brasil!
P: Quanto o fato de vocês virem de uma cidade pequena (Akron, Ohio) e não de Los Angeles ou Nova York os influenciou?
DA: Eu acho que vir de uma cidade pequena, para nós, é grande parte de quem somos. Isto nos tornou o “azarão”. Nos fez trabalhar muito mais duro para sermos notados. Também ficamos muito isolados por lá. Isso é bom, por que não precisamos nos preocupar com modas, fãs ou seja lá o que estiver acontecendo. Nada disso é muito útil.
P: Na minha opinião, o Black Keys formatou o modelo perfeito de blues rock contemporâneo. É o blues rock para já. Como vocês chegaram nesse som?
DA: Foi meio que natural. Não foi forçado. Nós apenas fazemos música, ouvimos música, nos inspiramos em música. Nós apenas... meio que trombamos nesse som, sabe?
P: E que bandas e artistas inspiraram vocês?
DA: Para este disco novo?
P: De forma geral.
DA: São muitos para citar, não ouvimos só blues ou... (Interrompe). Eu ouço absolutamente de tudo. Então, vamos tocando todo tipo de gênero, todo tipo de diferentes estilos quando estamos fazendo um disco. Queremos nos inspirar. Estamos reinterpretando sons que ouvimos. Não importa se é eletrônico, country, hip hop... qualquer coisa, não importa. Só nos... alimentamos de diferentes tipos de música. Digo, esta é a chave. Você tem que ter a mente aberta em relação a música.
P: Você já teve a sensação, após finalizar um disco, tipo “é isso aí, fiz um álbum perfeito”? Que disco foi esse?
DA: (Pensa). Ah, yeah. Provavelmente, teria de ser o Brothers (2010). (Pausa). Me senti como se tivessemos realizado algo que tentávamos fazer há muito tempo. Sabe, nós fizemos aquele disco sozinhos. Brian (Joseph Burton, nome real do Danger Mouse) só trabalhou em uma faixa. E foi tudo, foi só a gente. Não sei, eu apenas me senti assim.
P: Só vocês e o Danger Mouse?
DA: Não, foi só eu e o Pat (Patrick Carney, baterista). Danger Mouse não trabalhou no Brothers. Ele só participou de uma faixa.
P: Tighten Up?
DA: Sim, o resto do disco foi só com Patrick e eu. Eu acho que... eu não sei, eu... os climas, os sons, as coisas que estávamos ouvindo, os sons que estavam na minha cabeça, é divertido poder capturá-los com a ajuda de um ótimo engenheiro de som, um ótimo profissional de mixagem. Tem sido bem divertido para mim.
P: Os vídeos que vocês produzem nos clipes também são sensacionais. Vocês se envolvem na concepção deles?
DA: Não, não nos envolvemos muito. Nós apenas... sabe como é, nós escolhemos uma entre algumas diferentes propostas de tratamento (de roteiro), então, nós é que decidimos qual vamos usar no fim das contas. Aí simplesmente aparecemos (no dia das filmagens) e fazemos seja lá qual for a visão do diretor, sabe?
P: Ah, mas vocês atuaram muito bem em Tighten Up. (Risos)
DA: É, foi divertido, a gente tenta, né? Foi tudo feito em uma tarde e ficou ótimo.
P: E aí, vocês vem mesmo ao Brasil em 2012?
DA: Uh... não sei. Mas mal posso esperar. (Risos) Honestamente, não sei mesmo. Tentamos marcar umas duas datas, mas tivemos problemas de agenda. Mas com certeza, nos veremos logo.
P: Bom, espero muito que vocês passem algum dia pela minha cidade, Salvador. Embora minhas esperanças sejam quase zero.
DA: (Não responde, apenas ri mais do que nunca em toda e entrevista, o que é muito estranho e me deixa mais desesperançoso ainda).
P: Bom, foi um prazer falar com você. Obrigado e até a próxima.
DA: Foi um prazer. Bye bye!
No sétimo CD, TBK mostra ao rock El Camino possível de volta ao mainstream
Na grande mídia, não há gênero de música mais desacreditado hoje em dia do que o rock.
Menosprezado por boa parte da juventude, que anda muito ocupada se admirando em redes sociais e hipnotizada pelo lixo que delas emerge, o rock sucumbiu no mainstream por falta de qualidade e quórum.
Daí a importância, a necessidade de se colocar o The Black Keys no holofote desta mesma “grande mídia”.
Comendo pelas beiradas, o duo de Akron pode ser o abra-alas de uma nova geração de rock relevante no mainstream, após uma década inteira de predominância de penteados ridículos sobre o que realmente importa: música.
El Camino não supera a obra-prima que é o disco anterior do TBK, Brothers, mas dá continuidade à proposta do duo de fazer rock à vera para hoje, e ainda assim, ser totalmente conectado com a tradição bluesistica, garageira e guitarrística que caracteriza o gênero.
Se Brothers, com suas canções sinuosas como serpentes, parecia a trilha sonora de um bordel atulhado de strippers sujas e decadentes, El Camino é mais roqueiro, mais pesado e mais sujo. Mais ortodoxo, em certo sentido.
Entre os destaques,o sacolejante single de estreia, Lonely Boy, a dançante Sister (melhor do disco, na minha humilde opinião), a zepelliniana Little Black Submarines (espetacular também) e a contagiante Gold on The Ceiling.
Mas o disco como um todo é bastante regular e desce redondo, sem a necessidade de pular faixas. Nota 9.
Abram alas para The Black Keys.
El Camino / The Black Keys / Nonesuch - Warner / R$ 27,90
Crédito foto abertura e foto conversível: Danny Clinch. As outras eu procurei mas não encontrei autoria.
quinta-feira, fevereiro 23, 2012
LEONARD COHEN, FORMADOR DE CARÁTER
Poeta inspirado, romancista premiado, cantor idolatrado, performer admirável, esteta conceituado, ícone do folk rock intelectualizado, conquistador inveterado.
Como todo grande artista, o canadense Leonard Cohen, não cabe em si: carrega todas estas personas (e mais algumas) na única – e gigantesca – alma de que dispõe.
Alma da qual ele volta a nos conceder vislumbres: Old Ideas, primeiro álbum de canções inéditas desde 2004, acaba de chegar às lojas. Aos 77 anos, o judeu (Budista convertido em 1994) de Montreal, de origem polonesa, sente o peso da idade e a proximidade do fim em um CD que tem sido bastante comparado à produção mais recente de outro ícone, Bob Dylan.
O exemplo mais claro (e direto) deste caráter fatalista surge na quarta faixa de Old Ideas, Darkness (Escuridão): ”Não tenho futuro / Eu sei que meus dias são breves / O presente não é tão agradável / Só um monte de afazeres”, canta Cohen, o vozeirão grave mais rouco do que nunca, graças à idade e à longa vida na estrada.
Em um álbum de musicalidade sofisticada e sutil a base de pianos, cordas, sopros e vocais de apoio femininos, Darkness se sobressai como uma das poucas canções, no sentido clássico do termo, do álbum.
Por que na maior parte das faixas, Cohen mais recita do que canta. Ainda assim, é um trabalho transbordante de musicalidade e poesia, como pouco se vê na música popular de hoje em dia.
Não a toa, a cada disco de sua lavra, meio mundo se curva em admiração e respeito ao velho poeta canadense.
Em Going Home, a faixa de abertura, Cohen se apresenta de forma irônica em terceira pessoa, à moda dos antigos trovadores: “Eu adoro conversar com Leonard / Ele é um esportista e um pastor / Ele é um bastardo preguiçoso / Vivendo em um terno”, murmura.
O tom crepuscular que permeia o álbum reflete bem o humor agridoce do artista, quase sempre fazendo referências bíblicas, citando amores perdidos e observações sociais desencantadas.
Pode não animar sua festa, mas massageia seu espírito com mãos de pedra. Como um chinesinho forçado a correr nu na neve, Leonard Cohen é “formador de caráter”.
Livro chega em 1º de março
Em outra frente da obra de Leonard Cohen – a literatura – a editora Cosac Naify anunciou que no dia 1º de março chega às livrarias seu primeiro livro publicado no Brasil: A Brincadeira Favorita (Rocco, 300 pgs., R$ 39,90), traduzido por Alexandre Barbosa de Souza.
Original de 1963, é o primeiro romance de Cohen, que já era escritor antes de se lançar na música (seu primeiro LP, Songs of Leonard Cohen, é de 1967).
A Brincadeira Favorita relata seus “verdes anos” em Montreal através do alter ego Lawrence Breavman, um jovem judeu às voltas com desilusões amorosas e descobertas literárias.
Respeitadíssimo também como escritor, Cohen foi outorgado em 2011 com o prêmio espanhol Príncipe das Asturias de Letras, uma das mais importantes premiações literárias do mundo ocidental.
Houve algum protesto no meio literário. Alguns alegaram que Cohen é músico – resmungo inexato, de fato e de direito.
Com sua poesia lítero-musical, Cohen cumpre a mais nobre de todas as aspirações artísticas: explodir fronteiras.
Leonard Cohen / Old Ideas / Sony / R$24,90 / R$ 114,90 (vinil importado na Livraria Cultura)
Como todo grande artista, o canadense Leonard Cohen, não cabe em si: carrega todas estas personas (e mais algumas) na única – e gigantesca – alma de que dispõe.
Alma da qual ele volta a nos conceder vislumbres: Old Ideas, primeiro álbum de canções inéditas desde 2004, acaba de chegar às lojas. Aos 77 anos, o judeu (Budista convertido em 1994) de Montreal, de origem polonesa, sente o peso da idade e a proximidade do fim em um CD que tem sido bastante comparado à produção mais recente de outro ícone, Bob Dylan.
O exemplo mais claro (e direto) deste caráter fatalista surge na quarta faixa de Old Ideas, Darkness (Escuridão): ”Não tenho futuro / Eu sei que meus dias são breves / O presente não é tão agradável / Só um monte de afazeres”, canta Cohen, o vozeirão grave mais rouco do que nunca, graças à idade e à longa vida na estrada.
Em um álbum de musicalidade sofisticada e sutil a base de pianos, cordas, sopros e vocais de apoio femininos, Darkness se sobressai como uma das poucas canções, no sentido clássico do termo, do álbum.
Por que na maior parte das faixas, Cohen mais recita do que canta. Ainda assim, é um trabalho transbordante de musicalidade e poesia, como pouco se vê na música popular de hoje em dia.
Não a toa, a cada disco de sua lavra, meio mundo se curva em admiração e respeito ao velho poeta canadense.
Em Going Home, a faixa de abertura, Cohen se apresenta de forma irônica em terceira pessoa, à moda dos antigos trovadores: “Eu adoro conversar com Leonard / Ele é um esportista e um pastor / Ele é um bastardo preguiçoso / Vivendo em um terno”, murmura.
O tom crepuscular que permeia o álbum reflete bem o humor agridoce do artista, quase sempre fazendo referências bíblicas, citando amores perdidos e observações sociais desencantadas.
Pode não animar sua festa, mas massageia seu espírito com mãos de pedra. Como um chinesinho forçado a correr nu na neve, Leonard Cohen é “formador de caráter”.
Livro chega em 1º de março
Em outra frente da obra de Leonard Cohen – a literatura – a editora Cosac Naify anunciou que no dia 1º de março chega às livrarias seu primeiro livro publicado no Brasil: A Brincadeira Favorita (Rocco, 300 pgs., R$ 39,90), traduzido por Alexandre Barbosa de Souza.
Original de 1963, é o primeiro romance de Cohen, que já era escritor antes de se lançar na música (seu primeiro LP, Songs of Leonard Cohen, é de 1967).
A Brincadeira Favorita relata seus “verdes anos” em Montreal através do alter ego Lawrence Breavman, um jovem judeu às voltas com desilusões amorosas e descobertas literárias.
Respeitadíssimo também como escritor, Cohen foi outorgado em 2011 com o prêmio espanhol Príncipe das Asturias de Letras, uma das mais importantes premiações literárias do mundo ocidental.
Houve algum protesto no meio literário. Alguns alegaram que Cohen é músico – resmungo inexato, de fato e de direito.
Com sua poesia lítero-musical, Cohen cumpre a mais nobre de todas as aspirações artísticas: explodir fronteiras.
Leonard Cohen / Old Ideas / Sony / R$24,90 / R$ 114,90 (vinil importado na Livraria Cultura)
BAIANO CRIA UNIVERSO PRÓPRIO DE PERSONAGENS DE HQ
Nas HQs, é comum diversos personagens diferentes conviverem em um mesmo universo. É assim na Marvel (Homem-Aranha, Thor etc) e na DC (Superman, Batman etc) para ficar nos exemplos óbvios.
Agora, aqui em Salvador, um jovem e ambicioso criador arquiteta seu próprio universo de HQ, denominado Aurora Comics.
Habitado por ninjas, super-heróis, dragões e até um caçador de recompensas baiano, o universo criado pelo designer Oliver Borges se desenrola em séries contínuas de HQs on line, em um site próprio.
“A ideia é desconstruir esse tipo de ambiente super-heroico de HQ, transformando-o em algo mais humano, fugindo um pouco do padrão das roupinhas coladas e do maniqueísmo bem versus mal”, define Oliver.
Elaborado, o Universo Aurora conta com duas séries no ar, que se desenvolvem na mesma “realidade”, mas em tempos diferentes.
Uma Nova Vida se passa nos dias de hoje e é protagonizada majoritariamente pelo ninja Serpente, pelo caçador de recompensas Prego (o baiano) e pelo vigilante Mist.
Já Crepúsculo de Um Tempo Esquecido, com dragões, bárbaros e feiticeiros, se desenrola em um passado medieval que “foi intencionalmente ocultado pelos historiadores, para não causar pânico”, conta o quadrinista.
Há ainda a Aurora Comics Extra, que traz contos isolados e tapa pequenos buracos, contando o que ele chama de “bastidores do Universo Aurora”.
Álbum on demand
Em algum momento, as duas narrativas devem se cruzar, mas ele não revela como, nem quando. “Aí seria spoiler”, justifica, usando o jargão nerd de informação que estraga a leitura.
“São duas séries, por enquanto. Tá tudo on line e é gratuito. Como somos independentes e não temos apoio, só disponibilizamos edições impressas via gráfica por demanda. O primeiro álbum de luxo leva quinze dias para ficar pronto e sai em torno de R$ 35, de acordo com a cotação do dólar”, informa.
Sonho de garoto (ele começou a criar essas histórias em 1993), Oliver não ganha a vida fazendo quadrinhos, mas sim como designer freelancer.
“Sou um criador. Não quero desenhar para editoras gringas por que aposto muito nas minhas próprias ideias. Não sou só um desenhista, eu quero é contar minhas histórias”, diz.
Ao lado de seu irmão, Dan Borges, que também desenha, além de mais uns poucos colaboradores, Oliver já planeja expandir sua produção de quadrinhos, com duas graphic novels que se passam fora do Universo Aurora.
Mas nada da HQ indie sentimental que virou moda no Brasil. “Terá um traço diferente, mais artístico, mas só que a história é na linha do policial e da ação”, avisa.
Leia / conheça: www.auroracomics.com
segunda-feira, fevereiro 20, 2012
SHOWZIM INTEIRO DO BLACK KEYS NO ZANE LOWE
Já mencionei por aqui que acho essa banda foda - a melhor do mundo hoje?
Amanhã, terça-feira de Carnaval, leiam no vespertino da Tankred Snows Avenue entrevistinha por telefone deste que vos escreve com Dan Auerbach, vocalista do Black Keys.
Qui foi? Também sou gente, pô!
sexta-feira, fevereiro 17, 2012
CARNAVAL DA EXCLUSÃO: QUEM DEFENDE ISSO?
Ora, todo$ $abemo$$$ quem.
E aqui, nosso professor Messias Bandeira escreve com a toda sua propriedade, inclusive de folião, sobre os absurdos (para não dizer excrescências) que brotam da boca dessa gente.
Este post é só para marcar posição, demarcar território.
Quero deixar claro que assino embaixo de cada palavra de Messias.
Feliz Carnaval para quem puder.
E aqui, nosso professor Messias Bandeira escreve com a toda sua propriedade, inclusive de folião, sobre os absurdos (para não dizer excrescências) que brotam da boca dessa gente.
Este post é só para marcar posição, demarcar território.
Quero deixar claro que assino embaixo de cada palavra de Messias.
Feliz Carnaval para quem puder.
terça-feira, fevereiro 14, 2012
MICRO-RESENHAS COM SUGESTÕES PARA (TENTAR) ESQUECER A #*$%#*%@$#* DO CARNAVAL DE #*$%#*%@$#* DO #*$%#*%@$#*!
A revelação do Revelator
Formado em torno do casal de guitarristas Derek Trucks e Susan Tedeschi (que é também uma senhora vocalista), a Tedeschi Trucks Band foi apontada como uma das revelações de 2011 graças à este álbum, ironicamente intitulado Revelator. Consistente, o disco traz como trunfos a interação das guitarras do casal e o vozeirão da moça em 12 faixas encharcadas de blues. Ortodoxos, é verdade, eles passam longe da pegada contemporânea e roqueira de um Black Keys, por exemplo, mas ainda assim, batem um bolão. Come See About Me e Bound For Glory já valem o CD. Tedeschi Trucks Band / Revelator / Sony / R$ 27,90
Cinco chances para o Mick
Ruivo, branquelo e turrão, o inglês Mick Hucknall jamais se recuperou do trauma de não ter nascido negro. Porque tudo o que ele fez ao longo de sua carreira à frente do extinto Simply Red foi tentar cantar como um soulman de Memphis. É o que se pode concluir desta caixinha com os seus cinco primeiros LPs: Picture Book (1985), Men and Women (1987), A New Flame (1989), Stars (1991) e Life (1995). Não conseguiu, mas sua busca não foi em vão, pois cravou alguns hits pop bem elegantes no caminho, como Come To My Aid, Money’s Too Tight (To Mention), It’s Only Love e outros. Simply Red / Original Album Series / Warner / R$ 64,90
Ah, os anos 90...
No início dos anos 1990, o underground brasileiro fervilhava com uma nova leva de bandas de rock – e no Rio de Janeiro não era diferente. Aqui está o relato detalhado, cômico e passional em primeira pessoa de um dos protagonistas do movimento carioca, o guitarrista e jornalista Leonardo Panço (da banda de hardcore Jason). Dos primeiros ensaios e shows em bibocas ao Jô Onze & Meia, a trajetória da cena que legou nomes como Gangrena Gasosa, Soutien Xiita, Poindexter e Planet Hemp. Esporro / Leonardo Panço / Jovens Escribas / 258 p. / R$ 30 / www.jovensescribas.com.br
Segredo bem guardado
Pouco (re)conhecido, o paulista Eduardo Schloesser é um talento de primeira categoria. Sua série Zé Gatão, protagonizada pelo musculoso gato antropomorfizado, traz uma guerra interespécies recheada de ação, drama e intriga política em uma narrativa vibrante e desenhos espetaculares. Dez. Zé Gatão: Memento Mori / Eduardo Schloesser / Devir / 256 p. / R$ 32,90 / www.devir.com.br
Apocalipse com didática
Com o subtítulo O Apocalipse na Ciência e na Religião o livro do astrofísico Marcelo Gleiser lança mão de um enfoque multidisciplinar para esclarecer questões como “o Sol brilhará para sempre?”, “a vida na Terra acabará algum dia?”. Linguagem acessível e didática. O Fim da Terra e do Céu / Marcelo Gleiser / Companhia de Bolso/ 384 p./ R$ 27/ www.companhiadasletras.com.br
Fim de saga vampírica brazuca
Na quarta (e última) parte da saga vampiresca em quatro volumes da maranhense Nazarethe Fonseca, Kara Ramos, a Rainha dos Vampiros, se encontra em meio a um triângulo amaroso e uma conspiração para lhe tomar a coroa. Entre terror e romance, a série já vendeu 10 mil exemplares. Alma e Sangue: A Rainha dos Vampiros / Nazarethe Fonseca / Aleph / 376 p. / R$ 39 / www.editoraaleph.com.br
Os donos do dinheiro
A história da ascenção do capitalismo europeu é também a incrível história da família de banqueiros Rothschild. Judeus anteriormente chamados de Amschel, a dinastia está intimamente ligada a fatos históricos cruciais, como o Caso Dreyfus, a crise de 1929, os colaboracionistas de Vichy e o governo Mitterrand. A Dinastia Rothschild / Herbert R. Lottman / L&PM / 400 p. / R$ 58 / www.lpm.com.br
O efeito sanfona indie
Apolonio é um quinteto paulistano com duas peculiaridades que a destacam do mimimi habitual que ora aflige o rock brasileiro. A primeira é que, ao contrário da cartilha ufanista atual, as letras são em inglês e pronto, lidem com isso. A segunda peculiaridade é que a formação inclui uma sanfona. O resultado sugere uma colisão entre o indie rock do Blur com o som de Nova Orleans do Buckwheat Zydeco. É uma maravilha? Ainda não, mas tem muito potencial. Baixa lá, a audição compensa. Apolonio / Stand your ground / Conteúdo Musical - Cornucópia Discos / R$ 20 / Download Grátis: www.apoloniomusic.com.br
Beirut: prefira o sanduíche
Depois de quase promoverem a depredação do Teatro Castro Alves no PercPan 2010, quando tocaram bêbados e chamaram a plateia (adolescente e histérica) para subir no palco, a banda norte-americana Beirut volta com seu novo disco, The Rip Tide. E a dúvida que fica é se eles fazem mais estragos bêbados ao vivo ou sóbrios no estúdio. Apesar da sonoridade aparentemente elaborada e sofisticada, baseada em instrumentos acústicos e de sopro, as canções de Zach Condon & Cia soam anódinas, entrando por um ouvido e saindo imediatamente pelo outro, sem deixar vestígios. Beirut / The Rip Tide/ SLAP / R$ 29,90
Os reis do “já vi isso antes”
Os precursores do nü metal, que já nasceu velho (pena que o Faith No More já tinha feito tudo antes – e melhor, né?), tentam renovar seu som pongando na onda do momento, o tal do dubstep – e sua estrelinha, o DJ Skrillex. O resultado soa a faixas engavetadas pelo Prodigy e Aphex Twin ainda nos anos 1990 – ou seja, nada de novo por aqui. Desavisados devem curtir, até por que essa edição especial traz um interessante DVD com um show gravado sem plateia, em meio a uma plantação de trigo. Pena que o Pink Floyd também já fez isso antes, em Pompeia. Korn / The Path of Totality - Special Edition (DVD + CD) / Warner / R$ 59,90
Metal de alta responsa
Após estourar no meio heavy metal em 2007 com o álbum The Blackening (com direito a indicação ao Grammy), o quarteto californiano Machine Head retorna pisando fundo geral neste Unto The Locust. Mesclando bem as influências do metal clássico (Iron, Judas Priest), Big Four (Metallica, Slayer & Cia) e até do Sepultura, a banda crava apenas sete faixas no CD – que compensam em duração (média de sete minutos cada) e no peso. A primeira, I Am Hell (Sonata in C#), uma suíte em três partes, é o cartão de visitas perfeito para todo o resto do CD: épico, veloz – e macho pra cacete. Machine Head / Unto The Locust / Roadrunner - Warner / R$ 24,90
Ajoelhai-vos, ó hereges!
O termo “preciosidade” ainda não faria justiça a este álbum de 1975, resgatado pelo selo Discobertas, da cantora Ademilde Fonseca – hoje com 90 anos, e segundo consta, plenamente lúcida. Conhecida como A Rainha do Choro, esta adorável potiguar foi a primeira cantora a gravar a versão letrada do standard Tico-Tico no Fubá (Zequinha de Abreu), em 1942. Neste álbum tudo soa clássico. Do repertório (com Tico-Tico, Brasileirinho, Choro do Adeus, O Que Vier Eu Traço e outros), a banda de acompanhamento, com Dino (o Jimi Hendrix do violão de 7 cordas), Wilson das Neves (bateria) Canhoto (cavaquinho), Altamiro Carrilho (flautas) – o negócio aqui é sério, muito sério. Ademilde Fonseca / Ademilde Fonseca / Top Tape - Discobertas / R$ 19,90
Intérprete bem azeitada
Uma grata surpresa o segundo CD da cantora carioca Renata Gebara. Essencialmente intérprete, a moça, dona de voz suave e sedutora, relê com muito frescor e dignidade boas canções (e nada óbvias, o que é melhor ainda) de compositores consagrados, como Fossamba 70 (da incrível baiana Rosa Passos e Fernando Oliveira), Tome Continha de Você (Dolores Duran e Edson Borges), Planeta Vênus (Baby Consuelo, Pepeu e Riroca Gomes) e Stormy Weather (Harold Arlen e Ted Koehler). No fim das contas, um disco de sonoridade muito bem equilibrada entre o samba, o jazz e a bossa. Renata Gebara / Caixa de Música / Lab 344 / R$ 23,90
FC visionária de fato
Uma raça de salamandras inteligentes é o ponto de partida desta fábula, uma impiedosa crítica a todas as utopias, do tcheco Karel Capek, publicada em 1936. Pouco lembrados, autor e romance são clássicos visionários. Curiosidade: foi na peça R.U.R. (1920), de Capek, que surgiu a palavra “robô”. A guerra das salamandras / Karel Capek / Record / 336 p. / R$ 39,90 / www.record.com.br
Mosqueteiros saltando da página
A clássica saga de Athos, Porthos, Aramis e D’Artagnan contra as intrigas do Cardeal Richelieu ganha esta excelente adaptação para os quadrinhos. Destaque para os desenhos do espanhol Rubén, plenos de movimento, quase uma animação colorida saltando da página. Os Três Mosqueteiros / A. Dumas com Morvan, Dufranne e Rubén / Salamandra / 208 p. / R$ 48,90 / www.salamandra.com.br
Dilema de macho
A dura luta de Eduardo, homem casado, para resistir às “irresistíveis pernas de Úrsula” é o mote desta novela de 2001 da gaúcha Claúdia Tajes (A vida Sexual da Mulher Feia, 2005). Agora em edição pocket, o texto conserva seu humor, centrado na paixão reprimida do narrador, que ainda tem um melhor amigo chamado Dylan. As pernas de Úrsula / Claudia Tajes/ L&PM / 144 p. / R$ 14 / lpm.com.br
Jornalismo e vida mundana
O mais extenso romance do conjunto formado pel’A Comédia Humana, Ilusões Perdidas centra sua narrativa na trajetória do jornalista Lucien de Rubempré, poeta provinciano que sai da pequena Angoulême para vencer na vida em Paris e se afunda na sujeira política à beira do Sena. Fundamental. Ilusões perdidas / Honoré de Balzac / Penguin - Cia. das Letras / 792 p. / R$ 38 / www.companhiadasletras.com.br/penguin
A revolução dos bichos
Mestre do humor veterinário nonsense, as tiras de Fernando Gonsales são habitadas por todo tipo de bicho sem noção: do rato-astro Níquel Nausea ao cachorro do Superman, estão aqui galinhas irritadas, bodes intelectuais, unicórnios safadinhos, gatos alcóolatras, vagalumes top model e mais. Níquel Náusea: Cadê o Ratinho do Titio? / Fernando Gonsales / Devir / 48 p. / R$ 24 / www.devir.com.br
quinta-feira, fevereiro 09, 2012
OSBA E RUMPILEZZ FAZEM ENCONTRO INÉDITO NO TCA
Nem só de encontros de trios vive Salvador.
Um encontro inédito entre a Orquestra Sinfônica da Bahia (Osba, foto de Adenor Gondim) e a Orkestra Rumpilezz no Teatro Castro Alves, sexta-feira, promete se tornar uma ocasião histórica.
As duas orquestras iniciam o concerto tocando em separado, cada qual com seu repertório tradicional. Na terceira parte do concerto, elas se unem para executar juntas o (cavalo de batalha) Bolero de Ravel.
O convite partiu da Osba, atualmente regida por Carlos Prazeres. Segundo o maestro, este concerto é o pontapé inicial de uma série de atividades ao longo de todo o ano.
“Temos um plano audacioso denominado Osba 30 anos, que vai levar para toda a Bahia uma programação diferenciada de nivel internacional. Para isto, contamos com um olhar diferenciado do governo do estado para esta instituição”, conta.
Prazeres detalha que este concerto com a Rumpilezz é o primeiro de uma série de quatro, chamada Osba+.
“Será uma de nossas séries mais ousadas. Ela soma a irreverência da música popular com a tradição da erudita”, acrescenta.
Por não ter nomes confirmados, ele não abriu com quem seria os outros três concertos Osba+, mas dá pistas: “Não nos restringiremos à Bahia, pois a ideia é fazer parcerias com ícones populares do mundo todo. Mas de início, creio que parceiros como Margareth Menezes e Carlinhos Brown estarão conosco nessa empreitada”, conta.
Programação consistente
Do lado da Rumpilezz (foto de Leonardo Nova), o maestro Letieres Leite parece igualmente entusiasmado: “Para nós, tem um significado subjetivo muito grande: o fato de a música ancestral-sacra-baiana ir para a sala de concerto dividindo o espaço com uma orquestra sinfônica de tradição europeia mostra para mim que os paradigmas acadêmicos estão caindo mesmo”, observa.
“O maestro Prazeres foi extremamente gentil e entende a importância da música de origem popular. As fronteiras estão caindo, a academia deve estudar música, ponto. Não importa de onde ela venha”, acredita.
Prazeres assina embaixo e acrescenta: “O maestro Radamés Gnatalli (1906-1988) dizia que ‘não existe música erudita e música popular. Existe música boa e música ruim’. E tudo o que for bom, merece ser feito“.
“Como poderíamos fazer parte de um dos estados mais ricos de cultura musical e ficar imunes a isto? Um estado com tantas influências diferentes, que produziu ícones como Caetano, Gil, a questão do axé. Não podemos ficar imunes a isso. A Osba tem que ter o tempero da música da Bahia e do mundo”, afirma.
Para Letieres, o concerto é uma boa oportunidade para uma nova visão de ambos os lados: “Que o público erudito passe a olhar com cuidado a música popular feita com seriedade. E que os músicos populares contemplem a música erudita, por que ela representa a evolução da humanidade”.
Mas nem só de parcerias viverá a Osba 2012. Uma programação “pesada e complicada” (palavras de Prazeres) vem aí.
“Críticos vão dizer que ‘o Prazeres está transformando a Osba numa orquestra popular’, mas não é verdade. Temos uma programação consistente, com peças de (Gustav) Mahler, sinfonias de (Anton) Bruckner, o poema sinfônico Uma Vida de Herói, de Richard Strauss. Vamos inserir a Osba no cenário nacional e internacional”, diz.
Orquestra Sinfônica da Bahia & Orkestra Rumpilezz / Teatro Castro Alves / sexta-feira, 20 horas / R$ 20
Um encontro inédito entre a Orquestra Sinfônica da Bahia (Osba, foto de Adenor Gondim) e a Orkestra Rumpilezz no Teatro Castro Alves, sexta-feira, promete se tornar uma ocasião histórica.
As duas orquestras iniciam o concerto tocando em separado, cada qual com seu repertório tradicional. Na terceira parte do concerto, elas se unem para executar juntas o (cavalo de batalha) Bolero de Ravel.
O convite partiu da Osba, atualmente regida por Carlos Prazeres. Segundo o maestro, este concerto é o pontapé inicial de uma série de atividades ao longo de todo o ano.
“Temos um plano audacioso denominado Osba 30 anos, que vai levar para toda a Bahia uma programação diferenciada de nivel internacional. Para isto, contamos com um olhar diferenciado do governo do estado para esta instituição”, conta.
Prazeres detalha que este concerto com a Rumpilezz é o primeiro de uma série de quatro, chamada Osba+.
“Será uma de nossas séries mais ousadas. Ela soma a irreverência da música popular com a tradição da erudita”, acrescenta.
Por não ter nomes confirmados, ele não abriu com quem seria os outros três concertos Osba+, mas dá pistas: “Não nos restringiremos à Bahia, pois a ideia é fazer parcerias com ícones populares do mundo todo. Mas de início, creio que parceiros como Margareth Menezes e Carlinhos Brown estarão conosco nessa empreitada”, conta.
Programação consistente
Do lado da Rumpilezz (foto de Leonardo Nova), o maestro Letieres Leite parece igualmente entusiasmado: “Para nós, tem um significado subjetivo muito grande: o fato de a música ancestral-sacra-baiana ir para a sala de concerto dividindo o espaço com uma orquestra sinfônica de tradição europeia mostra para mim que os paradigmas acadêmicos estão caindo mesmo”, observa.
“O maestro Prazeres foi extremamente gentil e entende a importância da música de origem popular. As fronteiras estão caindo, a academia deve estudar música, ponto. Não importa de onde ela venha”, acredita.
Prazeres assina embaixo e acrescenta: “O maestro Radamés Gnatalli (1906-1988) dizia que ‘não existe música erudita e música popular. Existe música boa e música ruim’. E tudo o que for bom, merece ser feito“.
“Como poderíamos fazer parte de um dos estados mais ricos de cultura musical e ficar imunes a isto? Um estado com tantas influências diferentes, que produziu ícones como Caetano, Gil, a questão do axé. Não podemos ficar imunes a isso. A Osba tem que ter o tempero da música da Bahia e do mundo”, afirma.
Para Letieres, o concerto é uma boa oportunidade para uma nova visão de ambos os lados: “Que o público erudito passe a olhar com cuidado a música popular feita com seriedade. E que os músicos populares contemplem a música erudita, por que ela representa a evolução da humanidade”.
Mas nem só de parcerias viverá a Osba 2012. Uma programação “pesada e complicada” (palavras de Prazeres) vem aí.
“Críticos vão dizer que ‘o Prazeres está transformando a Osba numa orquestra popular’, mas não é verdade. Temos uma programação consistente, com peças de (Gustav) Mahler, sinfonias de (Anton) Bruckner, o poema sinfônico Uma Vida de Herói, de Richard Strauss. Vamos inserir a Osba no cenário nacional e internacional”, diz.
Orquestra Sinfônica da Bahia & Orkestra Rumpilezz / Teatro Castro Alves / sexta-feira, 20 horas / R$ 20
HQS DE ZUMBIS DA RODADA: 3 BOAS OPÇÕES
Agora já é. Os zumbis já estão à nossa porta. E na TV, cinema, games, livros e HQs. Com tanta oferta, a mesmice é inevitável.
Até o papa do gênero, o cineasta George Romero, recusou oferta para dirigir episódio do seriado The Walking Dead. “Não gosto do quão popular os zumbis se tornaram”, justificou.
Com boa vontade, porém, é possível pescar boas novidades. Nessa linha, três HQs recentes despontam nas livrarias: Yuri - Quarta-Feira de Cinzas, do carioca Daniel Og, O Guia de Sobrevivência a Zumbis: Ataques Registrados, de Max Brooks e Ibraim Roberson (que é brasileiro) e Zumbis: Mundo dos Mortos, coletânea com autores ingleses e brasileiros.
A mais consistente – e incomum – dos três álbuns é justamente Yuri.
Surreal, com tons de comédia farsesca, traz uma boa dose de brasilidade ao tema e chega a lembrar obras de Dias Gomes e Ariano Suassuna.
O personagem-título é um jovem deprimido e entediado, que comete suicídio e retorna em pleno Carnaval – que ele aliás, detesta.
Insatisfeito por continuar na Terra, tenta de tudo para “morrer de novo”. Em sua jornada, ganha um estranho aliado, Andrei, um ladrão de carros gordo e gay que é a cara do ator italiano Bud Spencer.
Entre ataques de blocos de Carnaval e passistas faixa-preta de caratê, Yuri é consagrado santo por uma multidão, em cenas hilárias, que misturam estética de mangá estilizado com surrealismo mágico sul-americano, à moda Saramandaia.
Ao longo da História
Já O Guia de Sobrevivência a Zumbis: Ataques Registrados, é uma espécie de “extra” do livro Guia de Sobrevivência a Zumbis, de Max Brooks (que também é autor de Guerra Mundial Z, breve nas telas, com Brad Pitt).
O álbum, que traz desenhos espetaculares do paranaense Ibraim Roberson, mostra como os mortos-vivos vem empreendendo ataques ao longo da história (e ao redor do mundo), desde o tempo das cavernas até os dias de hoje, passando pelo Império Romano, Idade Média, Era das Navegações, Revolução Industrial e 2ª Guerra.
É um álbum de leitura ligeira e algumas boas soluções de roteiro, indicada para fãs do gênero em si.
Olho em Roberson, que desenha muito e promete crescer no cenário das HQs.
Coletânea inglesa
A terceira boa opção é Zumbis: Mundo dos Mortos, coletânea da editora inglesa Accent UK.
De HQs curtas, a edição brasileira conta com a adição de três histórias de quadrinistas nacionais.
Como toda coletânea, tem altos e baixos, mas a média é boa.
São 31 HQs, então há espaço para todo tipo de abordagem e situação.
Há desde HQs mais ortodoxas como Sacrifício (de Kieran Brown, até dramas familiares (Um, de Darren Ellis e Roland Bird), comédia (a série Entrevista Com Zumbis, de David Baillie), crítica social (Morte em Vida, de Dave West), paródia de desenhos animados (Pagando o Pato, de Maurício Muniz e Álvaro Omine) e por aí vai.
Uma curiosidade para os brasileiros fãs de Alan Moore (o cultuado autor de Watchmen) é a HQ A Maldição dos Mortos-Vivos, assinada pela filha do barbudão, Leah Moore, em parceria com John Reppion e bons desenhos de David Hitchcock.
A dupla Moore / Reppion já tem alguma experiência no mercado inglês assinando HQs do Sherlock Holmes, mas esta é sua primeira HQ no Brasil.
Ah! Não custa lembrar: The Walking Dead volta ao ar 12 de fevereiro nos EUA.Ainda não há data no canal Fox Brasil. No Brasil a série volta com episódios inéditos já no dia 14 (terça-feira que vem).
Yuri: Quarta-feira de cinzas / Daniel Og / Conrad/ 272 p./ R$ 36/ e-mail www.lojaconrad.com.br
Zumbis: Mundo dos Mortos / Vários autores / Gal Editora/ 144 p./ R$ 34,90/ www.galeditora.com.br
O Guia de Sobrevivência a Zumbis: Ataques Registrados/ Max Brooks & Ibraim Roberson / Rocco/ 144 p./ R$ 24,50 / www.rocco.com.br
Até o papa do gênero, o cineasta George Romero, recusou oferta para dirigir episódio do seriado The Walking Dead. “Não gosto do quão popular os zumbis se tornaram”, justificou.
Com boa vontade, porém, é possível pescar boas novidades. Nessa linha, três HQs recentes despontam nas livrarias: Yuri - Quarta-Feira de Cinzas, do carioca Daniel Og, O Guia de Sobrevivência a Zumbis: Ataques Registrados, de Max Brooks e Ibraim Roberson (que é brasileiro) e Zumbis: Mundo dos Mortos, coletânea com autores ingleses e brasileiros.
A mais consistente – e incomum – dos três álbuns é justamente Yuri.
Surreal, com tons de comédia farsesca, traz uma boa dose de brasilidade ao tema e chega a lembrar obras de Dias Gomes e Ariano Suassuna.
O personagem-título é um jovem deprimido e entediado, que comete suicídio e retorna em pleno Carnaval – que ele aliás, detesta.
Insatisfeito por continuar na Terra, tenta de tudo para “morrer de novo”. Em sua jornada, ganha um estranho aliado, Andrei, um ladrão de carros gordo e gay que é a cara do ator italiano Bud Spencer.
Entre ataques de blocos de Carnaval e passistas faixa-preta de caratê, Yuri é consagrado santo por uma multidão, em cenas hilárias, que misturam estética de mangá estilizado com surrealismo mágico sul-americano, à moda Saramandaia.
Ao longo da História
Já O Guia de Sobrevivência a Zumbis: Ataques Registrados, é uma espécie de “extra” do livro Guia de Sobrevivência a Zumbis, de Max Brooks (que também é autor de Guerra Mundial Z, breve nas telas, com Brad Pitt).
O álbum, que traz desenhos espetaculares do paranaense Ibraim Roberson, mostra como os mortos-vivos vem empreendendo ataques ao longo da história (e ao redor do mundo), desde o tempo das cavernas até os dias de hoje, passando pelo Império Romano, Idade Média, Era das Navegações, Revolução Industrial e 2ª Guerra.
É um álbum de leitura ligeira e algumas boas soluções de roteiro, indicada para fãs do gênero em si.
Olho em Roberson, que desenha muito e promete crescer no cenário das HQs.
Coletânea inglesa
A terceira boa opção é Zumbis: Mundo dos Mortos, coletânea da editora inglesa Accent UK.
De HQs curtas, a edição brasileira conta com a adição de três histórias de quadrinistas nacionais.
Como toda coletânea, tem altos e baixos, mas a média é boa.
São 31 HQs, então há espaço para todo tipo de abordagem e situação.
Há desde HQs mais ortodoxas como Sacrifício (de Kieran Brown, até dramas familiares (Um, de Darren Ellis e Roland Bird), comédia (a série Entrevista Com Zumbis, de David Baillie), crítica social (Morte em Vida, de Dave West), paródia de desenhos animados (Pagando o Pato, de Maurício Muniz e Álvaro Omine) e por aí vai.
Uma curiosidade para os brasileiros fãs de Alan Moore (o cultuado autor de Watchmen) é a HQ A Maldição dos Mortos-Vivos, assinada pela filha do barbudão, Leah Moore, em parceria com John Reppion e bons desenhos de David Hitchcock.
A dupla Moore / Reppion já tem alguma experiência no mercado inglês assinando HQs do Sherlock Holmes, mas esta é sua primeira HQ no Brasil.
Ah! Não custa lembrar: The Walking Dead volta ao ar 12 de fevereiro nos EUA.
Yuri: Quarta-feira de cinzas / Daniel Og / Conrad/ 272 p./ R$ 36/ e-mail www.lojaconrad.com.br
Zumbis: Mundo dos Mortos / Vários autores / Gal Editora/ 144 p./ R$ 34,90/ www.galeditora.com.br
O Guia de Sobrevivência a Zumbis: Ataques Registrados/ Max Brooks & Ibraim Roberson / Rocco/ 144 p./ R$ 24,50 / www.rocco.com.br
ADEUS AO CEARENSE QUE GANHOU A AMÉRICA
O desenhista cearense Álvaro Araújo Lourenço do Rio, conhecido como Al Rio, foi encontrado morto na sua casa em Fortaleza, no último dia 31.
As circunstâncias da morte não foram divulgadas pela Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança (Ciops), de Fortaleza. Especula-se, porém, que ele tenha cometido suicídio.
Em seu site pessoal (alrioart.com), seu agente norte-americano, Terry Maltos, deu uma pista na sua mensagem de despedida para o artista.
“Depressão e pensamentos suicidas não devem ser ignorados. Sinto que posso ter negligenciado meu amigo, não reconhecendo que ele precisava de ajuda profissional”, escreveu.
Já o site do estúdio Glasshouse Graphics, para o qual Rio trabalhou, diz que foi um “aparente suicídio por enforcamento”.
Pouco conhecido do grande público no Brasil, Al Rio era famoso mesmo nos Estados Unidos, já que desenhou vários títulos para a Marvel, DC e Image, como Gen13, Hulk, X-Men, Homem-Aranha, Capitão América, Lady Death, Vampirella e WildCATS, entre outros.
Ídolo da good girl art
Versátil, tinha bom domínio de narrativa sequencial e variava bem o estilo, indo do cartunesco ao realista. Mas sua praia era mesmo retratar pin ups em trajes mínimos e poses provocantes.
Nos Estados Unidos, era conhecido como artista de good girl art, de tradução óbvia.
Lá, há tanta demanda por esse tipo de arte que a editora SQP chegou a publicar dois livros em capa dura (os chamados coffee table books) só com seus desenhos, The Art of Al Rio Vol. 1 (2005) e Volume 2 (2007).
No seu site, era possível adquirir não apenas artes originais com suas pin ups, mas também canecas, camisetas, ímãs de geladeira, adesivos e chaveiros, entre outros produtos.
Seu último trabalho ficou inconcluso: a graphic novel Exposure, para a editora Random House.
Poucos dias antes de morrer, ele concedeu sua última entrevista para Rodrigo Monteiro, do Glasshouse Graphics, durante o Sana Fest 2012 (evento anual de quadrinhos de Fortaleza).
Rodrigo perguntou o que o fazia seguir em frente.
Al respondeu: “Sou apaixonado pelo desenho. Tá no sangue. No meu DNA tem lápis e nanquim. Isto me define, desenhar é a coisa mais importante da minha vida. É meu superpoder. Graças a Deus, minha missão na Terra é desenhar”.
Al Rio deixou três filhos: René, Adrielle e Isabel, além da esposa, Zilda. Ele foi enterrado no dia 1º de fevereiro, no Cemitério São João Batista, em Fortaleza. Ele tinha 49 anos.
Conheça: www.alrioart.com
As circunstâncias da morte não foram divulgadas pela Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança (Ciops), de Fortaleza. Especula-se, porém, que ele tenha cometido suicídio.
Em seu site pessoal (alrioart.com), seu agente norte-americano, Terry Maltos, deu uma pista na sua mensagem de despedida para o artista.
“Depressão e pensamentos suicidas não devem ser ignorados. Sinto que posso ter negligenciado meu amigo, não reconhecendo que ele precisava de ajuda profissional”, escreveu.
Já o site do estúdio Glasshouse Graphics, para o qual Rio trabalhou, diz que foi um “aparente suicídio por enforcamento”.
Pouco conhecido do grande público no Brasil, Al Rio era famoso mesmo nos Estados Unidos, já que desenhou vários títulos para a Marvel, DC e Image, como Gen13, Hulk, X-Men, Homem-Aranha, Capitão América, Lady Death, Vampirella e WildCATS, entre outros.
Ídolo da good girl art
Versátil, tinha bom domínio de narrativa sequencial e variava bem o estilo, indo do cartunesco ao realista. Mas sua praia era mesmo retratar pin ups em trajes mínimos e poses provocantes.
Nos Estados Unidos, era conhecido como artista de good girl art, de tradução óbvia.
Lá, há tanta demanda por esse tipo de arte que a editora SQP chegou a publicar dois livros em capa dura (os chamados coffee table books) só com seus desenhos, The Art of Al Rio Vol. 1 (2005) e Volume 2 (2007).
No seu site, era possível adquirir não apenas artes originais com suas pin ups, mas também canecas, camisetas, ímãs de geladeira, adesivos e chaveiros, entre outros produtos.
Seu último trabalho ficou inconcluso: a graphic novel Exposure, para a editora Random House.
Poucos dias antes de morrer, ele concedeu sua última entrevista para Rodrigo Monteiro, do Glasshouse Graphics, durante o Sana Fest 2012 (evento anual de quadrinhos de Fortaleza).
Rodrigo perguntou o que o fazia seguir em frente.
Al respondeu: “Sou apaixonado pelo desenho. Tá no sangue. No meu DNA tem lápis e nanquim. Isto me define, desenhar é a coisa mais importante da minha vida. É meu superpoder. Graças a Deus, minha missão na Terra é desenhar”.
Al Rio deixou três filhos: René, Adrielle e Isabel, além da esposa, Zilda. Ele foi enterrado no dia 1º de fevereiro, no Cemitério São João Batista, em Fortaleza. Ele tinha 49 anos.
Conheça: www.alrioart.com
terça-feira, fevereiro 07, 2012
NÃO & PROLIFERAÇÃO: VETERANOS DO PUNK LOCAL, CHEGADOS EM UM REGGAE, ADEREM ÀS GUERILLA GIGS
O rock de guerrilha – bandas que armam o som na rua e mandam ver ali mesmo – ganha mais adeptos em Salvador.
Agora é a veterana banda punk Não & Proliferação (na foto da eterna rockloquista Sora Maia) que tem feito diversos shows em bairros como São Caetano, Rio Vermelho, Imbuí e Capelinha.
É o projeto Tapete Voador, que em breve, pousará no Porto da Barra e no Largo da Madragoa (Ribeira).
Surgida a partir da união de membros de duas bandas punks formadas ainda nos anos 1980, a Não & Proliferação é formada por Beto (guitarra e vocal), Henrique Simões (baixo) e Dielson Portella (bateria).
A ideia de fazer esses eventos, além de totalmente coerente com o ideal do it yourself (faça você mesmo) que norteia a filosofia punk, também decorre da velha deficiência de espaços para tocar.
“E também por que queremos levar nosso som para pessoas que não nos conhecem, sequer sabem de nossa existência. E depois, sabe como é o rock em Salvador. É quase sempre o mesmo público que comparece nos shows”, observa Beto.
“Por enquanto, o rock tá rolando na cara dura. A gente chega sem aviso no local, fala com o dono de algum estabelecimento que tem ponto de luz e mandamos ver”, relata.
Disco duplo em breve
A resposta do público pego de surpresa tem sido sempre positiva, segundo o band leader: “O feedback tem sido bem positivo. Muita gente que está passando para pra assistir, os ônibus passam devagar, o pessoal acena, fotografa”, conta.
Outra coisa bacana é que ele garante caprichar na produção, com direito a um pequeno PA (som profissional para shows). E como se pode ver pela foto, rola até figurino.
“A gente bota um som decente, até por que não somos mais meninos para tocar em som ruim”, reitera o músico, de 43 anos.
“Aí a gente tem dois figurinos para esses shows: terno e gravata ou guerrilheiro, estilo The Clash. Chama bastante atenção, quem passa, para”, diverte-se.
Ainda não há data para o próximo voo do Tapete Voador, mas a banda se apresenta no Vandex TV semana que vem. E até o meio do ano solta álbum duplo.
“Um disco com canções novas e outro só com covers de Bob Marley”, adianta Beto.
Não & Proliferação no Vandex TV: dia 14, 20h30, no site www.vandex.com.br
Ouça: www.rathus.tnb.art.br
NUETAS:
O hippie não morreu
As bandas Lunata e Expresso Libre (juntas na foto ao lado, de Marcelo Schmalb) promovem neste domingo o primeiro Happy Hour da Família Hippie. Parece que haverá decoração temática e as bandas estarão fantasiadas a rigor. No Farol do Rio vermelho, domingo (12), 18 horas, R$ 15. Quem entrar na brincadeira (ou seja, também ir fantasiado) paga só R$ 10. Separe o incenso e aquela bata indiana...
Ocupa Imbuí Skate
Na mesma levada do rock de guerrilha do Não & Proliferação, o Coletivo das Ruas (leia-se blog TomanacaraHC e bandas coligadas) volta a ocupar uma praça de Salvador com muita paz, hardcore e rock ‘n’ roll. Desta vez, com a banda potiguar Mahatma Gangue, a sergipana The Renegades of Punk e as locais Fracassados do Underground e Buster. Domingão (dia 12), na Pista de Skate do Imbuí, 14 horas, grátis.
O evento semanal Blues Free Salvador desta semana traz como convidados especiais a dupla italiana Mr. Furto& Lady Theft Paccottilla (foto ao lado). Segundo informações da produção, "a dupla faz um som no formato White Stripes, com apenas uma bateria e uma guitarra distorcida, fazendo muito barulho - o que eles auto-intitulam de “Stoner Mantra Blues Rock”. Como de costume, a banda Água Suja e o bluesman Marconi Lins completam a night. Amanhã, 22 horas, no Dubliner's Irish Pub (Rio Vermelho), grátis.
Agora é a veterana banda punk Não & Proliferação (na foto da eterna rockloquista Sora Maia) que tem feito diversos shows em bairros como São Caetano, Rio Vermelho, Imbuí e Capelinha.
É o projeto Tapete Voador, que em breve, pousará no Porto da Barra e no Largo da Madragoa (Ribeira).
Surgida a partir da união de membros de duas bandas punks formadas ainda nos anos 1980, a Não & Proliferação é formada por Beto (guitarra e vocal), Henrique Simões (baixo) e Dielson Portella (bateria).
A ideia de fazer esses eventos, além de totalmente coerente com o ideal do it yourself (faça você mesmo) que norteia a filosofia punk, também decorre da velha deficiência de espaços para tocar.
“E também por que queremos levar nosso som para pessoas que não nos conhecem, sequer sabem de nossa existência. E depois, sabe como é o rock em Salvador. É quase sempre o mesmo público que comparece nos shows”, observa Beto.
“Por enquanto, o rock tá rolando na cara dura. A gente chega sem aviso no local, fala com o dono de algum estabelecimento que tem ponto de luz e mandamos ver”, relata.
Disco duplo em breve
A resposta do público pego de surpresa tem sido sempre positiva, segundo o band leader: “O feedback tem sido bem positivo. Muita gente que está passando para pra assistir, os ônibus passam devagar, o pessoal acena, fotografa”, conta.
Outra coisa bacana é que ele garante caprichar na produção, com direito a um pequeno PA (som profissional para shows). E como se pode ver pela foto, rola até figurino.
“A gente bota um som decente, até por que não somos mais meninos para tocar em som ruim”, reitera o músico, de 43 anos.
“Aí a gente tem dois figurinos para esses shows: terno e gravata ou guerrilheiro, estilo The Clash. Chama bastante atenção, quem passa, para”, diverte-se.
Ainda não há data para o próximo voo do Tapete Voador, mas a banda se apresenta no Vandex TV semana que vem. E até o meio do ano solta álbum duplo.
“Um disco com canções novas e outro só com covers de Bob Marley”, adianta Beto.
Não & Proliferação no Vandex TV: dia 14, 20h30, no site www.vandex.com.br
Ouça: www.rathus.tnb.art.br
NUETAS:
O hippie não morreu
As bandas Lunata e Expresso Libre (juntas na foto ao lado, de Marcelo Schmalb) promovem neste domingo o primeiro Happy Hour da Família Hippie. Parece que haverá decoração temática e as bandas estarão fantasiadas a rigor. No Farol do Rio vermelho, domingo (12), 18 horas, R$ 15. Quem entrar na brincadeira (ou seja, também ir fantasiado) paga só R$ 10. Separe o incenso e aquela bata indiana...
Ocupa Imbuí Skate
Na mesma levada do rock de guerrilha do Não & Proliferação, o Coletivo das Ruas (leia-se blog TomanacaraHC e bandas coligadas) volta a ocupar uma praça de Salvador com muita paz, hardcore e rock ‘n’ roll. Desta vez, com a banda potiguar Mahatma Gangue, a sergipana The Renegades of Punk e as locais Fracassados do Underground e Buster. Domingão (dia 12), na Pista de Skate do Imbuí, 14 horas, grátis.
Blues Free à italiana
O evento semanal Blues Free Salvador desta semana traz como convidados especiais a dupla italiana Mr. Furto& Lady Theft Paccottilla (foto ao lado). Segundo informações da produção, "a dupla faz um som no formato White Stripes, com apenas uma bateria e uma guitarra distorcida, fazendo muito barulho - o que eles auto-intitulam de “Stoner Mantra Blues Rock”. Como de costume, a banda Água Suja e o bluesman Marconi Lins completam a night. Amanhã, 22 horas, no Dubliner's Irish Pub (Rio Vermelho), grátis.
TIÊ E DOIS EM UM - AINDA TEM MAIS UM SHOW HOJE, NO CINE UNIJORGE
Enquanto as atrações fazem música, o artista visual Marcondes Dourado projeta suas imagens no telão.
A primeira vem consolidando uma carreira a meio caminho entre o mainstream e o alternativo. Integrante do cast da major Warner, que lançou seu segundo álbum, o elogiado A Coruja & O Coração (2011), ela tem na voz doce e nas canções delicadas, melodiosas, suas características mais marcantes.
Ex-modelo da agência Ford, Tiê fez o primeiro show ontem e o segundo hoje, acompanhada apenas de um músico, com o qual se revezará entre guitarras e violões.
“Achei a ideia (do show no cinema, com VJ) bem divertida. O único problema é eu me distrair com as imagens esquecer de cantar”, diverte-se.
“Mas adorei a ideia, é outra linguagem que vem somar e trazer outro tipo de emoção, você lida com outros sentidos e isso é muito legal”, acrescenta.
O fato de ser um show estilo “cedo & sentado” também inspira a artista. “Ah, eu converso bastante entre uma música outra, conto histórias, piadas. Tem um clima lá em casa, que me agrada bastante”, anima-se.
No repertório, Tiê vai lançar mão de canções dos seus dois CDs, incluindo o hit Você Não Vale Nada, Mas Eu Gosto de Você (Calcinha Preta), que ela regravou em elegante arranjo estilo flamenco.
“Claro, esse é o hit do meu show. Tenho paixão por essas músicas denominadas de bregas, mas que são, na verdade, universais”, afirma.
Dois Em Um: no estúdio
Já o duo Dois Em Um (foto Mayra Lins), formado pelo guitarrista e tecladista Luisão Pereira e pela violoncelista e cantora Fernanda Monteiro, vai estrear um novo formato de show, com dois novos integrantes.
“Integramos Felipe Dieder na bateria e João Meirelles no teclado e programações”, conta Luisão.
Além da nova formação, o público poderá ouvir novas músicas, além do repertório já conhecido do CD homônimo de estreia, lançado em 2009.
“Vamos tocar três músicas novas: Um Porto e Nos Olhos, que são minhas em parceria com o letrista Mateus Borba. A terceira é Compadre, que é de autoria do meu tio, o sambista Ederaldo Gentil”, enumera.
Sobre a interação com o VJ, ele conta que deixa Marcondes Dourado “bem livre”. “Ele vai lá mostrar o trampo dele. Mas sei que ele ouviu nosso disco para rolar uma sintonia, uma interação. Então, tem tudo para ser bem bonito”, acrescenta.
Em março, o Dois Em Um começa a gravar seu segundo CD. “Vamos gravar umas bases no Casa das Máquinas, de Tadeu Mascarenhas, e finalizar no Rio de Janeiro. O produtor, por enquanto, sou eu mesmo”, diz.
Música no Cinema com Tiê, Dois em Um e VJ Marcondes Dourado / Hoje, 20 horas / Cine Cena Unijorge (Shopping Itaigara) / R$ 40 e R$ 20
quinta-feira, fevereiro 02, 2012
DIGITÁLIA JÁ COMEÇOU – MAS CONTINUA ATÉ DOMINGO
E o evento da temporada que melhor se encaixa nesse perfil começa hoje: é o Digitália – novo até no formato, meio congresso acadêmico, meio festival de música.
Idealizado pelo Doutor em Comunicação / músico / agitador cultural Messias Bandeira (foto: Beatriz Franco), o Digitália tem um tema central, que é “celebrando a primeira década de música on line”.
“A razão de ser desse tema é que nenhum outro segmento da cultura foi tão afetado quanto a música”, justifica Messias.
“Ela foi ao limite das questões de compartilhamento. A internet mudou de fato toda a cadeia da produção musical”, percebe.
Para dar conta de tema tão palpitante, o organizador tratou de atrair para a cidade tanto estudiosos da academia, quanto músicos que conhecem na prática – e até mesmo simbolizam – este momento.
Na primeira categoria estão Volker Grassmuck, “da Universidade de Berlin, que trabalha muito na área de gestão coletiva dos direitos autorais”; Derrick de Kerckhove, diretor do McLuhan Program in Culture and Technology; Ronaldo Lemos, “que escreve para a Folha de S. Paulo, é diretor de Centro de Tecnologia & Sociedade da Fundação Getúlio Vargas e é professor de da Universidade de Princeton”, descreve Messias.
Na outra frente estão músicos e ativistas como Gilberto Gil, o badalado rapper Criolo e o norte-americano Paul Miller AKA DJ Spooky, que se apresentou ontem, na abertura, ao lado da Orkestra Rumpilezz e do DJ Psilosamples (MG).
“Além de DJ, Spooky é professor, escritor e circula muito pelas universidades do EUA e Europa”, diz.
A rede e o rio de Heráclito
Uma das particularidades do Digitália é que ele também traz Gilberto Gil (Crédito foto: blogs.cultura.gov.br) de volta a Salvador em um formato incomum, como palestrante.
“Vou abordar tópicos ligados ao tema, as novidades dos aspectos positivos e negativos em relação a internet, ao ciberespaço, a convergência de tecnologias”, enumera Gil.
O ex-ministro da cultura relaciona a internet ao conceito filosófico de Heráclito (aprox. 535 a.C. - 475 a.C.): “A internet cresceu e transbordou como o postulado filosófico de Heráclito. O Pierre Levy tem uma frase que se refere isto: 'o rio de hoje, não contente de correr sempre, também transborda'. É exatamente como a internet”, observa.
“Para a internet convergiu todo o conhecimento, a biblioteca mundial, o mundo pictórico, a TV, o rádio, o cinema. É o grande acervo cultural mundial, todas as línguas, tudo. Nada hoje vive sem a internet”, afirma.
“E como ela é um conjunto de técnicas de um dinamismo extraordinário, ela impõe esse dinamismo a todos os outros campos. É o grande receptáculo de toda a vida mental humana”, conclui. A palestra promete.
Quem também faz palestra, mas ao seu próprio modo (o modo do rap), é Criolo (foto: Junior Furlan), a quem cabe encerrar o Digitália, domingo, na Concha Acústica.
Na semana passada ele esteve na cidade, aonde gravou um clipe em homenagem ao Ilê Ayiê, dirigido pelo baiano Ricardo Spencer: “Fui convidados para participar de um projeto de valorização dos blocos afro, o que já foi uma grande honra para mim”, conta.
A honra se estende até domingo, quando estreia em um dos melhores palcos da cidade e apresenta, com banda completa, o show do premiado álbum Nó Na Orelha (2011). “Cara, meu coração tá feliz demais por essa oportunidade. Já percebi que vou aprender muito. Como é um festival, esperamos contribuir e aprender”, conclui.
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