quarta-feira, abril 06, 2011

MICRO-RESENHAS PARA QUEM PRECISA DE MICRO-RESENHAS

Como estragar as próprias obras-primas


Imagine a seguinte cena: logo após terminar de pintar a Mona Lisa, Leonardo da Vinci surta e rasga a tela a facadas furiosas. É mais ou menos isso o que Quincy Jones, um verdadeiro gênio da música universal, faz neste disco. Pegou algumas de suas maiores criações e as destruiu, adicionando horrendos arranjos no estilo hip hop de boate de playboy, além de convidar nulidades como Akon, Usher, Ludacris e outros rappers de nomes ridículos para tagarelar em cima. Dá tristeza ouvir o que ele fez com obras-primas como Ironside e Soul Bossa Nova. Salvam-se só duas faixas: Tomorrow, com John Legend, e It’s My Party, com Amy Winehouse. O resto é indefensável. Fuja. Q: Soul Bossa Nostra / Quincy Jones / Universal / R$ 29,60

Bendito fruto, Maria

Surgida em 2008, a cantora norueguesa Ida Maria fez um bom barulho entre apreciadores de um rock ‘n’ roll cru e sem firulas, mas ainda assim, dançante e divertido. Agora, com Katla, seu segundo álbum, confirma sua vocação para fazer balançar quadris – mas sem apelar, como nas faixas Cherry Red, Bad Karma e Let’s Leave. Em I Eat Boys Like You For Breakfast, pende para um ritmo latino e adiciona sopros mariachi com grande resultado. Já em Devil, comete um épico de nove minutos que não cansa e cresce a cada audição. Ida Maria / Katla / Universal - Nightliner / Importado

Loopings sonoros do mal

Mestres do rock instrumental denso e pesado, às vezes até ensurdecedor, os escoceses da banda Mogwai estão de volta com o disco (de título irônico, como de costume) Hardcore Will Never Die, But You Will. Possivelmente, trata-se do disco mais acessível do grupo – se é que dá para dizer algo assim. Entre longas (e meio sonolentas) digressões como You’re Lionel Ritchie (mais de oito minutos) e Death Rays (com seis), pode-se cortar caminho e ir direto ao filé: San Pedro (melodia cortante, guitarras em cascata), White Noise (hipnotizante) e Rano Pano, outro bom looping sonoro. Mogwai / Hardcore Will Never Die, But You Will /Sub Pop / R$ 54,40








Do tuíter para a TV


Um desempregado de 28 anos volta a morar com o pai, um viúvo rabugento de 72 anos – e passa a postar seus resmungos no Twitter. Virou livro e a sitcom Shit My Dad Says. Amostra: “Gosto dos seus amigos. Acho que eles não transariam com sua namorada, se você tivesse uma”. Meu pai fala cada m*rda / Justin Halpern / Sextante / 144 p. / R$ 19,90 / www.esextante.com.br








Leitura de macho

Mestre da narrativa ágil, sexy e violenta em inúmeros romances policiais e de western, Leonard demonstra continuar em grande forma neste novo livro. Entre ladrões de banco, mulheres de caráter duvidoso e gangsters, o ex-detento Jack Foley busca se equilibrar numa corda sempre bamba. Os comparsas / Elmore Leonard / Rocco / 256 p. / R$ 38,50 / www.rocco.com.br









Os filhos do Chefão

Original de New Jersey, terra de Bruce Springsteen, a banda The Gaslight Anthem imediatamente chamou a atenção do popular herói do rock norte-americano – até por que sua influência é muito evidente no som vigoroso e cheio de energia do grupo liderado por Brian Fallon. Em seu terceiro álbum, American Slang, à moda do Chefão Bruce, eles cantam as desventuras dos deserdados do Sonho Americano, do homem comum e dos desempregados sem perspectiva – mas sempre com aquela pegada pra cima, gloriosa. Viva Bruce (e filhos). The Gaslight Anthem / American Slang (Importado) / SideOneDummy Records / R$ 62,40





“Deus” está vivo e bem

Também conhecido como “Deus” (desde os anos 1960, após pichações nos muros de Londres), Eric Clapton entrega, em Clapton, seu melhor trabalho em anos. Com um repertório de standards do blues e da canção popular, o disco trabalha muito mais os climas e os arranjos (precisos, elegantes) do que sua proverbial habilidade com as seis cordas em solos (muitas vezes) redundantes. Cantando melhor do que nunca, é uma delícia ouvir sua interpretação para clássicos como Milkman (Fats Waller), Rocking Chair (Hoagy Carmichael), River Runs Deep (JJ Cale) e Autumn Leaves (Prevert, Kosma & Mercer). “Deus” é grande. Eric Clapton / Clapton / Warner Music / R$ 37,60




Musa new age celta baiana

Cantora baiana radicada há mais de dez anos em Oxford (Inglaterra), Mariana Magnavita traz em seu último trabalho, o EP Autograph, um belo disco de acento celta e predominantemente acústico, com delicados arranjos de pianos, violinos, cellos e violões. Afinadíssima, sua obra parece dialogar tanto com musas new age como Sarah Brightman e Enya – mas sem o tédio que costuma acomete-las – quanto com Liz Fraser (ex-Cocteau Twins). Impressiona também a desenvoltura no cantar em inglês. Muito mais que o belo par de pernas que se vê na capa. Mariana Magnavita / Autograph / Independente / www.myspace.com/marianamagnavita

Praieiro com cérebro

O ex-Maria Bacana e Os Culpados André Mendes deixou a culpa de lado em seu primeiro disco solo e foi curtir a praia, a brisa do mar e as coisas boas da vida. Em um álbum essencialmente acústico (com algumas guitarras limpas aqui e ali), André exercita sua veia poético-tropical esquivando-se de neotropicalismos cabeça e buscando a simplicidade e a singeleza em belas faixas, como Ouro Sol Milho e Sal, Os Padrões São Feitos Só Para Atrapalhar, Rio e Te Ter. Beach Boys no Porto da Barra, em co-produção de andré t. André Mendes / Bem Vindo à Navegação / Independente / Download gratuito: www.andremendes musica.com.br

Literatura policial grega?!?

Roteirista dos filmes contemplativos de Theo Angelopoulos, o escritor grego Petros Markaris faz um retrato da Grécia urbana contemporânea através dos romances policiais protagonizados pelo seu personagem Kostas Xaritos, um comissário de meia-idade pra lá de mal-humorado. Os amantes da noite / Petros Markaris / Record / 480 p. / R$ 57,90 / www.record.com.br






E ainda tem idiota que acha a bandeira dos confederados muito "cool"

A guerra do norte industrializado contra o sul escravista e agrícola, que partiu os Estados Unidos ao meio entre 1861 e 1865, é explicada aqui com riqueza de detalhes. Momento de definição, o episódio, que é considerado a “primeira guerra moderna”, marcou o país para sempre e até hoje tem reflexos em sua sociedade. Guerra da Secessão / Farid Ameur / L&PM / 128 p. / R$ 12 / www.lpm.com.br






Para os fãs do explorador / intelectual / aventureiro / doidão inglês

Com o subtítulo Antropologia, Política e Livre Comércio 1861- 1865, o historiador Gebara, doutor em História pela Usp, traça neste livro um perfil da África que o famoso explorador inglês Richard Burton (1821- 1890) encontrou durante seu período como cônsul britânico. A África de Richard Francis Burton / Alexsander Gebara / Alameda / 260 p. / R$ 41 / www.alamedaeditorial.com.br









O som do Rio Babilônia

Che é o pseudônimo de Alexandre Caparroz, autor deste verdadeiro túnel do tempo em direção ao Rio de Janeiro da era disco, Banda Black Rio e Lincoln Olivetti, ali entre o fim dos anos 1970, início dos 80. Um delicioso som que remete aos primórdios da era FM e a filmes da época, como Rio Babilônia e Menino do Rio: patins, muito suíngue e libidinagem sem culpa, nem Aids. Destaques para A Crazy Night at Papagaio com a diva disco Lady Zu, Bairro Peixoto (James Brown no juízo) e Voo Livre (trilha para voar de asa delta). Uma homenagem e tanto. Che / Papagaio’s Fever / YB Music - Somzera / Preço não divulgado






A última ousadia de Neil

Neil Young, quase 50 anos de carreira e dezenas de álbuns (diversos deles, geniais) no currículo, já fez disco de todo jeito: acústico, elétrico, eletrônico, com big band de sopros e grandes bandas de apoio (como Pearl Jam). Em Le Noise, ele e o produtor Daniel Lanois (U2, Bob Dylan) optaram por fazer um disco de voz, guitarras (paredes delas) e (muitos) efeitos. O resultado tem sido saudado pela crítica como mais um grande álbum do mestre canadense. Mas não se enganem, não é um disco fácil. A pulsação da bateria faz muita falta, mas há ótimos momentos. Para digerir aos poucos. Neil Young / Le Noise / Warner - Reprise / R$ 32






Um dia qualquer no Rajastão, um cara entrou na estação de trem...

Em uma estação de trem, quatro passageiros, desconhecidos entre si, jogam conversa fora enquanto esperam para embarcar. Publicado originalmente em 1951, Meu tipo de garota é um dos livros mais importantes de Buddhadeva Bose (1908- 1974), grande nome das letras bengalis. Meu tipo de garota / Buddhadeva Bose / Cia. das Letras / 152 p. / R$ 33 / companhiadasletras.com.br












Ah, Atenas!

Em linguagem simples, o professor de português Cláudio Moreno destrincha, em crônicas bem humoradas, diversos mitos da Grécia antiga. Ele mostra como, seja hoje ou há 5 mil anos, nossas angústias, desejos e ansiedades continuam exatamente as mesmas. Educativo sem ser chato. Um Rio que Vem da Grécia / Cláudio Moreno / L & PM / 160 p. / R$ 12 / www.lpm.com.br

3 comentários:

Franchico disse...

A volta (a 17ª, na última vez que parei para contar) do Monstro do Pântano...

http://www.bleedingcool.com/2011/04/05/big-brightest-day-spoilers-you-will-kill-youself-if-you-read/

Franchico disse...

Paul is coming back....

http://www.omelete.com.br/musica/shows-de-paul-mccartney-no-rio-de-janeiro-tem-datas-marcadas/

Franchico disse...

Já baixou seu CD da Acord? Não? Então baixa, mané, baixa!

www.bandaacord.com.br

Eu agarântio!