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É essa produção clássica e pouco lembrada do autor de O Falcão Maltês que chega agora às livrarias, no álbum Agente Secreto X-9 (Devir).
Criado em 1934, a mando do magnata da imprensa William Randolph Hearst como uma resposta ao sucesso que as tiras de Dick Tracy, de Chester Gould, faziam nos jornais concorrentes, o Agente Secreto X-9 teve a bênção de cair no colo de Hammett, então um autor popular, e do desenhista Alex Raymond.
Este último é outra lenda da cultura pop por méritos próprios, sendo ninguém menos que o criador de um dos mais conhecidos personagens da ficção científica, Flash Gordon.
Dono de um traço tecnicamente perfeito e dinâmico, Raymond ainda concedeu aos personagens de X-9 uma elegância digna dos croquis de um estilista: os homens usam sobretudos, chapéus e ternos bem cortados. E as mulheres, sejam fêmeas fatais ou mocinhas em perigo, parecem ter saído de um filme de Billy Wilder.
Longa trajetória
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Somente as três primeiras, contudo, foram escritas por Hammett. Como conta o editor Leandro Luigi Del Manto no prefácio, “com o passar das semanas, os leitores começaram a se sentir meio perdidos em meio à trama complexa desenvolvida por Hammett”.
Com isso, os editores da King Features, sindicato fundado por Hearst que distribui (até hoje) as tiras de X-9, “começaram a fazer pequenas alterações nos textos de Hammett para deixá-los mais fáceis”, escreve Leandro.
Depois da terceira aventura, O Caso Martyn, Hammett foi demitido e Raymond continuou – mas só até a sétima aventura (a última do álbum), O Organizador, escrita por Leslie Charteris, autor famoso por ter criado outro personagem clássico dos romances policiais: O Santo.
Daí em diante, X-9 passou pelas mãos de inúmeros quadrinistas, como Mel Graff, Al Williamson e Archie Goodwin (os dois últimos, velhos conhecidos dos leitores de gibis da Marvel e DC), até ser cancelado, em 10 de fevereiro de 1996.
O álbum da Devir, com o material inicial da dupla Hammett / Raymond, é uma leitura bastante prazerosa para fãs do estilo vintage que caracteriza a obra como um todo: desde as tramas de o ritmo ágil ao lindo estilo do desenho e o clima anos 30 das histórias.
Nas telas e passarelas
Nos cinemas, X-9 ganhou duas adaptações nos antigos seriados para as matinês. Uma em 1937, na qual o detetive misterioso foi interpretado por Scott Kolk.
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Na segunda adaptação, de 1945, ganhou o rosto de Lloyd Bridges (pai do oscarizado Jeff Bridges). Anos mais tarde, Lloyd se tornaria um ídolo da TV ao protagonizar o seriado Aventura Submarina.
No Brasil, X-9 foi bastante popular, sendo até hoje sinônimo de dedo-duro, de alguém infiltrado com o intuito de espionar. Na cidade de Santos, em São Paulo, há até uma escola de samba chamada X-9.
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Um comentário:
Deuses Americanos, livro de Neil Gaiman, vai virar série na HBO.
http://www.omelete.com.br/series-e-tv/deuses-americanos-produtora-de-tom-hanks-compra-direitos-para-criar-serie-na-hbo/
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