terça-feira, fevereiro 01, 2011

MICRO-RESENHAS INAUGURAIS DE 2011, MAS AINDA RUMINANDO 2010

Carta aberta ao Gerard

Oi, Gerard, tudo bem? Acabei de ouvir o último álbum da sua banda, My Chemical Romance. Devo confessar que achei tão ruim quanto o anterior, The Black Parade (2006). Para começar, você continua cantando mal. Sua voz é irritante. As músicas que você faz com sua banda são um amontoado de clichês de rock de arena, sintonizado em uma certa contemporaneidade para lá de vagabunda. Meu conselho? Sai dessa vida, rapaz! Vá escrever mais quadrinhos como a sua série Umbrella Academy, que até que não é nada mal. Aquele abraço! My Chemical Romance / Danger Days - The True Lives Of The Fabulous Killjoys / Warner Music / R$ 29,90

Belle, Norah e Carey

Após um período meio em baixa, os escoceses da banda de indie folk Belle And Sebastian voltam com um álbum que quase lembra seus tempos áureos, na segunda metade dos anos 1990. Impossível ouvir canções como a faixa-título, I’m Not Living in The Real World e Little Lou, Ugly Jack, Prophet John sem abrir um sorriso de reconhecimento. Na primeira, ouve-se a voz da graciosa atriz Carey Mulligan (Educação). E na última, a musa alt.country Norah Jones dá o ar da graça em um delicioso dueto com o band leader Stuart Murdoch. Antigos fãs podem cair dentro sem medo. Belle and Sebastian / Write about love / Lab 344 - Rough Trade / R$ 27,90

Ferry ainda navega bem


Mais conhecido no Brasil pelo hit de motel Slave To Love, Bryan Ferry traz de volta às paradas o pop classudo e sofisticado que fez sua fama desde os tempos de sua antiga banda, Roxy Music. Depois do último CD, só com canções de Bob Dylan (Dylanesque, 2008), em Olympia, o bom e velho crooner retorna com tudo o que tem direito, incluindo a capa com jeito de anúncio de joalheria, típica do Roxy. Em boa forma e com a voz sempre sedutora intacta, crava ótimas composições, como Alphaville (boa para a pista), Shameless, You Can Dance e Heartache By Numbers. Bryan Ferry / Olympia / EMI / R$ 28


Parece, mas não é mesmo


A banda Stone Sour é o projeto paralelo de Corey Taylor e Jim Root – respectivamente, cantor e guitarrista dos mascarados do Slipknot. Ambos os grupos, aliás, já foram anunciados como atrações do próximo Rock in Rio. Neste terceiro álbum, o quinteto oferece mais daquele mesmo hard rock farofa contemporâneo que os caracteriza. Parece pesado, parece sombrio, parece muito rock ‘n’ roll – mas só para quem nasceu ontem. Ou nunca ouviu Sepultura, Faith No More e White Zombie. Prefira as originais. Stone Sour / Audio Secrecy / Roadrunner-Warner Music / R$ 29,90


Emulando o Joy Division

Quinto álbum da badalada banda norte-americana The National, High Violet foi saudado com elogios superlativos pela crítica especializada e figura entre os primeiros lugares das listas de melhores de 2010. Com canções – à primeira audição – acabrunhadas e tristonhas, a banda faz muito bem o que muitos passaram esta última década inteira tentando: atualizar / reeditar o som do Joy Division. Obviamente, a voz grave de Matt Berninger ajuda um tantão, mas os arranjos meio grandiloquentes também impressionam. Porém, quem procura algo original de fato deve passar ao largo. The National / High Violet / Lab 344 / R$ 24,90


Fantasmas da China


Organizado por Márcia Schmaltz e Sérgio Capparelli, esta linda edição – ricamente ilustrada e em papel cuchê – traz 25 dos mais fantásticos contos chineses. A seleção abrange desde o ano 475 a.C até o século XVIII. Contos sobrenaturais chineses / 128 p. / R$ 38 / L&PM








Revistinhas de sacanagem

Organizada por Gonçalo Júnior, esta 2ª caixa de catecismos eróticos traz as Tijuana Bibles, revistinhas pornográficas americanas produzidas entre as décadas de 1930 a 50. Erotismo vintage para os apreciadores. Quadrinhos Sujos: Caixa 2 - O Catecismo Americano (1930- 1950) / R$ 69 / Peixe Grande Editoractiva








Pesadelos clássicos


O que estes três clássicos do horror tem em comum? Além de estarem reunidos neste único volume, os três tiveram origem em um pesadelo de seus respectivos autores em alguma noite de sono especialmente inquieto. Leitura obrigatória – e não só para fãs do gênero terror. Drácula, Frankenstein e O médico e o monstro / Bram Stoker, Mary Shelley e Robert L. Stevenson / 688 p. / R$ 95 / L&PM






Nos canos

Clássico libertário sul-americano, este livro do uruguaio Eduardo Galeano volta às livrarias em nova tradução (de Sérgio Faraco) e edições pocket e convencional. O autor faz o triste inventário da exploração e submissão que tem vitimado a América Latina, do século XVI até hoje. As veias abertas da América Latina / Eduardo Galeano
/ L&PM / 392 p. / R$ 44 e R$ 22 (pocket) /lpm.com.br







Areias escaldantes


Duna, um clássico monumental da FC, volta às livrarias com novas edição e tradução (Maria do Carmo Zanini). Em um mundo desértico, meio medieval, meio futurista, um jovem príncipe, Paul Atreides, tenta sobreviver em meio a intrincadas conspirações políticas. Saga só comparável a’O Senhor dos Aneis. Duna / Frank Herbert / Aleph / 544 p. / R$ 56 / www.editoraaleph.com.br






Mais um produto para Gaimaníacos brazucas

O escritor inglês Neil Gaiman (Sandman) já é coisa nossa, uma paixão brasileira. Neste livro, o jornalista carioca Heitor Pitombo dá uma geral em toda a sua vasta obra, catalogando tudo o que saiu (e não saiu) no Brasil. De quebra, uma boa entrevista com o homem. Obra de referência para fãs brazucas. Entes Perpétuos: O universo onírico de Neil Gaiman / Heitor Pitombo / Kalaco / 192 p. / R$ 39/ www.kalaco.com.br







Legítimo manifesto punk

Grande representação local do punk rock, a Pastel de Miolos revisa a carreira de 15 anos. O resultado é este manifesto (a capa cita a carteira de trabalho) contra o sistema que condena o cidadão a trabalhar por uma miséria até morrer. É panfletário? Pode até ser, mas é também muito legítimo – tanto quanto os robôs alienados que cantam “hits de verão” em onomatopeias infantis. Ou como eles dizem, “Não se engane / Você não é livre / Condicionado a falta de opinião / Suscetível a qualquer sugestão”. A perfeita tradução da Bahia atual. Pastel de Miolos / Da Escravidão Ao Salário Minimo / Brechó-Big Bross-Tamborete-Pisces Records / R$ 10


Poesia, piano e amigos

Poeta veterano do rock, Tony Lopes assume a persona Reverendo T neste belo álbum com sonoridade baseada em piano, baixo e bateria. São 20 faixas. Da faixa 1 até 10, ele mesmo canta. Da faixa 11 até 20, heróis do underground local interpretam as mesmas faixas. Ronei Jorge detona em Maluca. Artur Ribeiro emociona em Casca do Ovo. Há ainda Paulinho Oliveira, Nancyta, Dois em Um, Moisés Santana, Dão e outros, fazendo o melhor registro da obra do Reverendo desde sempre. Reverendo T & Os Discípulos Descrentes / Pequenos milagres de um santo barroco de barro / Brechó-Big Bross-Torto Fonogramas-São Rock / R$ 10


Os esquizo-nerds voltaram

Vinte anos se passaram entre o último álbum do Devo (os pioneiros da new wave), e este, Something For Everybody. Considerando-se que Smooth Noodle Maps (1990) era uma boa porcaria, este, que não é tão ruim, já sai com uma vantagem. O disco diversas vezes soa com uma auto-paródia – uma armadilha bem difícil de se evitar – mas aqui e ali salvam-se algumas canções que chegam a lembrar os bons tempos dos hits Whip It e Peek-a-Boo. São elas: Mind Games, Sumthin’, Please Baby Please e Cameo. Os esquizo-nerds do mal ainda mandam bem. Devo / Something for Everybody / Warner Music / R$ 24,90



As pessoas e os lugares

No 2º volume (de 4) da série Close-Up, em que revê sua carreira, Suzanne Vega destaca as pessoas e lugares de suas canções. Estão aqui, portanto, seus dois maiores sucessos: Luka e Tom’s Diner. De acordo com a estética minimalista adotada no 1º disco, ambas surgem quase desnudas, apenas com violão, um baixo acústico aqui, uma percussão ali, um cello acolá. As músicas envelheceram bem, mantendo sua força e comunicabilidade pop. NY is a Woman, porém, surge como a canção mais brilhante do CD. Mais um belo disco da musa do Greenwich Village. Suzanne Vega / Close-up Vol. 2: People and Places / Lab 344 / R$ 29,90

22 comentários:

glauberovsky disse...

opa, vo ouvir esse suzanne vega 2, que eu nao sou besta nem nada!
G.

glauberovsky disse...

aah, quem fez esse cartaz? muito bom!!!

http://1.bp.blogspot.com/__JtBNAaTTb4/TSiukT5dJwI/AAAAAAAAAJE/-Xixk9617TU/s1600/Sanguinho%2BNovo%2B%2528web%2529.jpg

G.

Lais disse...

Confira post sobre Led Zeppelin em:

http://working-mock.blogspot.com/

Franchico disse...

Vem aí o filme do Tim Maia. Alice Braga (arf! arf!) está no elenco. Um tal de Duani fará o papel do Síndico.

http://www.omelete.com.br/cinema/tim-maia-alice-braga-vai-estrelar-cinebiografia/

Franchico disse...

Depois dos nazistas, a indústria automobilística é a maior desgraça que já aconteceu com este planeta.

O pior é que o povão, sempre manipulado de forma acintosa pela propaganda (outra indústria desgraçada, nociva e FDP), continua achando que só vai ser gente quando possuir um desses monstrengos grosseiros de lata.

Em Salvador, por exemplo, como toda cidade de baixo IDH (ou seja, desprovida de educação básica, de nível médio ou superior que seja), carros são considerados muito mais importantes do que pessoas. Basta andar por aí. Vc não encontra uma ÚNICA calçada que não esteja bloqueada por carros, carros e mais carros. Ah, vc anda de cadeira de rodas e precisa passar pela calçada? FODA-SE! Meu carro é infinitamente mais importante do que vc, seu aleijado. Vá pelo meio fio e se arrisque a ter um buzu em alta velocidade passando por cima de vc. Vc é velho? Vc está passando com carrinho de bebê? FODA-SE, FODA-SE E FODA-SE!

Salvador é um lixo de cidade.

É preciso ter muito ódio no coração para aguentar tudo isso.

http://andrebarcinski.folha.blog.uol.com.br/arch2011-01-30_2011-02-05.html#2011_02-02_00_38_06-147808734-0

glauberovsky disse...

suzanne vega: "ny is a woman", sem dúvida, chicão. "tom's diner", que gosto muito, não ficou tão boa. os 2 discos são muito bons. mas meu preferido é o ;'nine objects of desire"

GLAUBEROVSKY

Franchico disse...

Uh-uh-uh-uh-uh-uh-uh-uh-uh!

http://www.omelete.com.br/series-e-tv/beavis-butt-head-vao-voltar/

Uh!

You said dick! Uh-uh-uh-uh!

osvaldo disse...

Morre Maria Schneider, protagonista de "Último Tango em Paris"


Porra, aquela cena da manteiga é uma das cenas mais marcantes da historia. Teve tambem uma musiquinha que Didi Mocó fez no seu auge.

Papai eu quero me casar
Ô minha vc diga com quem
Eu quero me casar com Marlon Brando
Com Marlon Brando vc não casa bem
Porque papai?
Marlon Brandon amanteigou Maria Schneider
E vai querer amanteigar vc tambem.

Genio Bertolucci
Genio Brando
e Genio Didi Mocó.
Schneider foi eleita pelas circunstancias.



http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/870101-morre-maria-schneider-protagonista-de-ultimo-tango-em-paris.shtml

Franchico disse...

Brama, gênio é vc por se lembrar disso! ;-)

Franchico disse...

Recebido - lá ele - agora há pouco por email:

A banda JONAS (www.myspace.com/conjuntojonas) toca HOJE, SEXTA-FEIRA, 4 DE FEVEREIRO, de graça no Largo de Dinha- Rio Vermelho com: Mapache Man,Buster e Fracassados do Underground às 21hs.

Tem cerveja e acarajé pra todo mundo!! Vai não??

Sem contar que é o meu primeiro show com esses rapazes rockeiros!! vamo nessa!
--
Glauco Neves

Franchico disse...

Uh-uh-uh-uh! You said fuck! Uh-uh-uh-uh!

http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/870197-american-idol-se-desculpa-apos-steven-tyler-dizer-palavrao.shtml

Nei Bahia disse...

My godinho...rock no Rio Vermelho!!


Será que ainda pode?

Nei Bahia disse...

Oswaldo lembrou do "Pastoril do vêio faceta", um clássico!!

Franchico disse...

Nei, nesse caso, acho que a Sucom é quem vai dizer, né?

Acho engraçado isso, por que, todo sacrossanto dia, nessa "província besta e bela", centenas de carros, bares e templos evangélicos "podem" infernizar a população com seus pagodes, arrochas e berros por Je$us.

Mas na hora que vc pluga uma guitarra, a coisa muda de figura, né? Aí sim, vc está "perturbando a paz".

Insisto: Salvador é um lixo.

Até prova em contrário.

cebola disse...

Bobagem. Tem um lugar massa em salvador. Aeroporto. Sempre que estou lá de passagem na mão sinto uma alegria tremenda. Indescritível!

Mirdad disse...

RIP Gary Moore - http://migre.me/3PfAm

Marcos Rodrigues disse...

RIP Gary Moore. Foda, mas por puro acaso a TAZ dessa semana é blues rock. Whiskey in the jar: http://www.youtube.com/watch?v=DgJnqAx5N9Y&feature=player_embedded#t=419s

Nei Bahia disse...

Tristeza e choque....algo não estava bem nesse domingo, no fim da tarde me deu um cansaço estranho, dormi mais cedo que o normal e agora acho saber porque; perdi um herói de adolescência, com todo seu exagero era a representação do Guithar Hero de verdade e não de vídeo games.
TAZ amanhã totalmente em nome de Gary Moore, o mínimo ...o obvio!!!

Anônimo disse...

morreu um dos meus heróis na guitarra...quem conhece os trabalhos de gary moore nos anos 70 sabe do que falo...hoje vou ouvir o black rose (thin Lizzy) em sua homenagem...descanse em paz!!!!!!!!!!!
cláudio moreira

Márcio A Martinez disse...

Bem... depois dessas notícias de morte aí, temos muito o que brindar no TAZ desta terça...
Deveria ser TODO em homenagem a Gary Moore mesmo, mas há quem não entenderia/suportaria...

cebola disse...

É a boca maldita de Marquinhos ;) Um dia antes da morte do homem ele sugeriu a idéia do TAZ Blues Rock. Daí, vai ser O Taz Blues Moore Rock!

Ernesto Ribeiro disse...

Salvador não é cidade. É favela.


O Brasil não tem cidades: somente favelas super-crescidas.
Ou super inchadas. A única exceção seriam os 3 estados do Sul do país, de colonização alemã. Os sulistas têm todo o direito de se separar desse desastre de 8 milhões de quilômetros quadrados.



A paisagem brasileira é a coisa mais feia do mundo porque é produzida por um povo feio e sem graça, triste e deprimente, podre e monstruoso. É a matéria-prima dessa imensa favela, nessa maldita capitania hereditária, essa aglomerado tosco, esburacado, nojento, destruído, imundo, fétido, inacabado, monótono, cinzento, arruinado.


O Terceiro Mundo não tem cidades: possui toletes gigantes habitados por bilhões de moscas.


Brasileiro só faz o que não deve, só gosta de porcaria, só copia mau exemplo e só consome o que não presta.


Essa multidão apática de gente feia, triste, deprimente, imbecil, covarde, repugnante. Esse povinho de merda, que só sabe fazer batucada estressante de macacos ensandecidos e histéricos como a trilha sonora adequada para esse inferno.


Esse povo bárbaro odioso que desobedece descaradamente todas as leis, inclusive a Lei do Silêncio, tocando axé e pagode e breganejo num volume ensurdecedor até no trânsito, até dentro dos ônibus, até em frente a hospitais, com pacientes tentando se recuperar ou sendo submetidos a cirurgias; até de madrugada, com trabalhadores precisando dormir para acordar cedo e com crianças chorando de dor de cabeça, pois os psicopatas fazem questão de impor a bosta odiosa que eles escutam a todos em volta.


Essa gentalha sadomasoquista que não sabe o que é respeito para si mesmos, nem para os familiares, vizinhos, nem ninguém. Medíocres. Uma multidão de débeis sem educação, sem cérebro, sem vergonha, sem brios, sem atitude, sem caráter, sem seriedade, sem bom gosto, sem noção de certo e errado, sem nenhum conteúdo. Cretinos. Uma escória que tem orgulho de ser escória, eternamente condenada a sempre torcer pelo lado errado e se juntar aos piores. Uma cultura superficial e vazia, sem nenhuma originalidade, que do estrangeiro só sabe macaquear os defeitos. Essa gente podre que merece viver na merda porque escolheu assim.