Blog (que, nos seus primórdios, entre 2004-05, foi de um programa de rádio) sobre rock e cultura pop. Hoje é o blog de Chico Castro Jr., jornalista formado pela Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia. Atualmente, é repórter do Caderno 2+ do jornal A Tarde, no qual algumas das matérias vistas aqui foram anteriormente publicadas. Assina a coluna Coletânea, dedicada à música independente baiana. Nossa base é Salvador, Bahia, a cidade do axé, a cidade do terror.
segunda-feira, maio 31, 2010
O PEQUENO LIVRO DO ROCK: BELA HOMENAGEM AO PRIMEIRO SÉCULO DO GÊNERO
Contar a história do rock é fácil. O seminal bluesman Muddy Waters – um dos pioneiros do gênero – a resumiu de maneira definitiva ao cantar, no seu álbum Hard Again (1977): “The blues had a baby and they named it rock and roll“. O blues teve um filho e este se chamou rock and roll.
Tendo o correr das décadas tornado esta história um tanto mais extensa (e controversa) , o quadrinista francês Hervé Bourhis resolveu contá-la a sua maneira, no álbum O pequeno livro do rock (Conrad).
Desenhista de recursos a primeira vista limitados, mas de habilidade inequívoca para retratar seus personagens com fidelidade aos traços que os tornam reconhecíveis, Bourhis revê a trajetória roqueira ano a ano, começando quase 100 anos atrás – em 1915, quando uma fábrica de Chicago lança a primeira máquina jukebox.
A história segue até 2009, com o autor registrando a eleição de Barack Obama e prenunciando o que parece ser o crepúsculo da primeira era roqueira: “A opinião geral é que a banda de fanfarra psicodélica Animal Collective é o melhor grupo atual . Triste época“, escreve, com toda razão.
Por aí, já se vê que a história do rock segundo Bourhis não se resume apenas à música – e nem poderia ser diferente, visto que rock está longe de ser apenas música: é comportamento, moda, visual, design, letras.
Desta forma, além dos astros e LPs “discoteca básica“ do rock, o cartunista também registra cortes de cabelo, fatos, movimentos e até a criação de instrumentos importantes, como o sintetizador Moog, inventado por Bob Moog em 1964.
Outro mérito do livro de Bourhis é que seu autor não é americano. Desta forma, destituído da visão histórica estreita que costuma acometer os conterrâneos menos afortunados de Charlton Heston, Bourhis inclui no seu relato brasileiros importantes, como os Mutantes, Sepultura – e mesmo não tão importantes assim, como o Cansei de Ser Sexy.
Até João Gilberto, com o LP Chega de Saudade (1958) é citado. Quem diria: a bossa-nova faz parte da história do rock?
Os astros franceses, claro, também marcam forte presença, o que é bem legal para quem quer se inteirar mais do pop francófono, com muitas referências a gênios como Serge Gainsbourg, Johnny Hallyday, e mais recentemente, os duos Air, Daft Punk e Justice.
O autor homenageia seus conterrâneos com graça e inteligência, como nesta passagem: “1959: Serge Gainsbourg estala os dedos em frente a um jukebox“.
Projeto híbrido, O pequeno livro do rock não é uma HQ, pois sua narrativa não configura uma sequência gráfica propriamente dita. Tampouco é um livro de texto, já que também há diversas ilustrações “mudas“.
No exterior, o nome que dão para livros do gênero é flipbook, ou seja, livro de folhear. Pode-se abrir em qualquer página e sair lendo. Claro, apocalípticos e chatos de plantão já terão seus argumentos na ponta da língua: ora, se não é um livro de texto, se não é sequer um livro de HQ, isso não é nada.
Alto lá. Pode-se até criticar a forma escolhida por Bourhis, mas, qualquer um que se disponha a ler – não apenas folhear – O pequeno livro do rock poderá constatar que seu mérito como pesquisador é incontestável. E pesquisador em diversas frentes.
Além de desenterrar diversos fatos obscuros (o que confirma uma ampla pesquisa histórica / factual), Bourhis lança mão de um vastíssimo acervo visual do rock e da cultura pop – tudo convertido ao seu próprio traço, incluindo aí reproduções de fotos clássicas, capas icônicas, vestimentas da moda de cada período, logotipos de bandas e por aí vai. Um trabalho visivelmente exaustivo do autor.
E depois, não importa a ordem – ou desordem – de leitura, ao fechar o livro, o leitor médio terá, no mínimo, aumentado bastante seu repertório sobre a história do rock.
Com sua homenagem apaixonada – sim, não há outra explicação para um trabalho tão detalhista – Bourhis concede um alento para quem já perdeu as ilusões quanto ao futuro do rock – hoje, um parquinho cada vez mais infantilizado. Se parece não haver futuro, pelo menos tivemos um lindo passado.
O pequeno livro do Rock / Hervé Bourhis
Conrad / 224 páginas / R$ 44,90
sexta-feira, maio 28, 2010
JOHNNY WINTER LEVA ROCKLOQUISTA ÀS LÁGRIMAS
Nosso enviadão especial (o cara é grande!) Nei Bahia conta tudo o que viu e sentiu no sensacional show do Johnny Winter em São Paulo
Confesso que estava com receio do que ia encontrar durante toda a jornada até chegar ao Via Funchal no sábado a noite, pra ver um dos meus heróis. Muitas coisas indicavam que poderia estar indo a um encontro simbólico, em que a música fosse complemento, pois as últimas imagens de Johnny que tinha visto eram dele tocando sentado e pior, chegando ao palco praticamente carregado.
Soube depois que muita gente não foi ao show por não querer o ver assim. O risco era real, e dentro do avião as imagens se misturavam na cabeça; o homem de 66 anos (oficialmente) , que não consegue carregar a própria guitarra (tendo nos anos 80 encomendado guitarras mais leves, para retardar a chegada dos problemas de coluna) com mais heroína no corpo que Keith Richards; e o gigante de cabelo brancos, que ,despertava a admiração de todos que tocavam guitarra no fim dos anos 60, começo dos 70, a ponto de, ao tocar com Hendrix, este muitas vezes tocar mais baixo.
O trajeto para o show propriamente dito acabou acontecendo de uma forma bem peculiar; devido à alguns imprevistos cheguei de trem, nada mais coerente com o que ia presenciar. A casa estava com cerca de 2 terços de ocupação, mas dava pra ver que a maioria era de gente que esperava por aquilo há muito tempo. Como eu vivo aqui, longe do Brasil, nem imaginava que em mais de uma ocasião foi anunciada e dada como certa a vinda de Johnny, sendo que houve até casos de ingressos chegarem a ser vendidos.
Finalmente chega a hora, e o trio que toca com ele inicia um tema instrumental, não identificado – o que só aumenta a expectativa. E aí, surge o cara pelo lado direito do palco, jeans, camisa preta , botas e chapéu marrom, e pra minha grande felicidade, andando sozinho, ainda que devagar e com alguma dificuldade.
Sim, era verdade: Johnny Winter estava tocando, sentado numa cadeira, na minha frente.
O choro foi instantâneo, a sensação era de pura felicidade – dupla, por vê-lo bem mais saudável e por estar realizando mais que um sonho. Entre lágrimas, ouço ele anunciar a primeira música do show, que só me deixou mais tocado ainda: “Hideway”, tema instrumental de outro texano, Freddie King, que é um dos meus bluesmen preferidos.
As lágrimas aumentaram mais, e era só o início do show. Mais ainda havia uma dúvida, como estaria a voz, curtida em Jack Daniels e temperada por muita heroína ao longo de muitos anos. Mas tudo estava em seu lugar, pois ele atacou de “Got my mojo workin” de Muddy Waters, e muita gente caiu pra trás.
Apesar da posição não ajudar, pois a cadeira onde ele estava não era do tipo que os cantores usam nos acústicos na vida, Johhny usou o sua garganta e seus anos de estrada pra dar o recado. Seu inconfundível grito “...rock 'n' roll..” não foi ouvido, mas não precisava, estava na mente de que estava lá perfeitamente.
E o show foi um presente para os roqueiros que tanto esperaram por ele – ou nem tanto: muita gente de 20 e poucos anos estava lá, o que quer dizer que onde há vida, há esperança. Digo presente, pois atualmente seus shows são basicamente de blues, com uma ou outra exceção, só que numa entrevista dias antes de chegar ao Brasil, ele falou que ia colocar mais “rocks”, pois era sua primeira vez aqui.
No fim, o blues “mais tradicional” tocado foi “Red House” , numa espécie de homenagem a Jimi Hendrix. “Good morning Litlle School Girl” (não tão sensacional como na versão que está no disco “And live”, mas aí é querer demais), “I´m tore down” , mais uma de Freddie King, e a coisa só ficava melhor a cada canção.
A noite foi tão mágica, que até quando Johnny e a banda não se entenderam em “She Likes To Boogie Real Low” foi especial, com Johnny sacando que estavam todos errados, mas se recusando a parar. Em vez disso, aproveitou pra solar como ele bem sabe, dando um tom de experimentação àquele momento meio confuso.
É bom acrescentar que a banda era de primeira, com destaque para o guitarrista Paul Nelson, que hoje é seu anjo da guarda. Guitarrista de pegada muito forte, com clara influência de Stevie Ray Vaughan (...outro texano!), acho que vai se falar muito dele ainda.
Fechado o set principal, que terminou com o público de pé aos berros, Johnny e banda voltaram ao palco pra terminar o “serviço” em grande estilo. Logo que retorna a sua cadeira, em vez da Lazier feita sob encomenda pra ele, sacou do case sua arma mortal: uma Gibson Firebird e disse no microfone: “Agora vou tocar com minha guitarra”, e atacou uma sequência de três músicas tiradas do “Captured live” , disco ao vivo muito popular por aqui; “It´s all over now” (de Bobby Womack, mas regravada por muitos, de Stones aos Brasileiros do Coke Luxe, do finado Eddy Teddy), “Bony Moronie” e pra terminar, a versão definitiva de “Highway 61 Revisited”, de Bob Dylan. Essa sequência foi novamente causadora de um choro de felicidade, ao ver Johnny junto com sua companheira de muito tempo.
Sem nenhum pudor, foi o melhor show de minha vida, até porque ao contrário de outros artistas que torço pra aparecerem pelos lados do Brasil, Johnny não era nem cogitado em meus maiores devaneios, pois é um artista que está longe dos holofotes principais há muito tempo – o que não deixa de ser irônico, pois quando assinou contrato com a CBS em 1968, recebeu o maior adiantamento já pago a um artista, e como já disse, até uns 5 anos atrás tinha discos seus nas Americanas da vida.
Por tudo isso, me senti mais que um fã, me senti um representante dos amigos que não puderam ir e que são fãs do albino do Texas: Ivon, Fábio , que cantava uma versão de “Bonnie moronie” nos shows da Dr. Cascadura nos primórdios, tirada do arranjo de Johnny, Cebola, cuja amizade comigo começou através de um disco chamado “Austin, Texas”, Márcio, que preferiu cuidar da cachorra, Oswaldo, que apesar da sua busca pelo nova novíssima novidade sabe bem quem é quem, Miguelito Cordeiro e todos que queriam estar e na puderam ir.
Uma palavra pra definir: PHODA!!!
Texto por Nei Bahia.
Confesso que estava com receio do que ia encontrar durante toda a jornada até chegar ao Via Funchal no sábado a noite, pra ver um dos meus heróis. Muitas coisas indicavam que poderia estar indo a um encontro simbólico, em que a música fosse complemento, pois as últimas imagens de Johnny que tinha visto eram dele tocando sentado e pior, chegando ao palco praticamente carregado.
Soube depois que muita gente não foi ao show por não querer o ver assim. O risco era real, e dentro do avião as imagens se misturavam na cabeça; o homem de 66 anos (oficialmente) , que não consegue carregar a própria guitarra (tendo nos anos 80 encomendado guitarras mais leves, para retardar a chegada dos problemas de coluna) com mais heroína no corpo que Keith Richards; e o gigante de cabelo brancos, que ,despertava a admiração de todos que tocavam guitarra no fim dos anos 60, começo dos 70, a ponto de, ao tocar com Hendrix, este muitas vezes tocar mais baixo.
O trajeto para o show propriamente dito acabou acontecendo de uma forma bem peculiar; devido à alguns imprevistos cheguei de trem, nada mais coerente com o que ia presenciar. A casa estava com cerca de 2 terços de ocupação, mas dava pra ver que a maioria era de gente que esperava por aquilo há muito tempo. Como eu vivo aqui, longe do Brasil, nem imaginava que em mais de uma ocasião foi anunciada e dada como certa a vinda de Johnny, sendo que houve até casos de ingressos chegarem a ser vendidos.
Finalmente chega a hora, e o trio que toca com ele inicia um tema instrumental, não identificado – o que só aumenta a expectativa. E aí, surge o cara pelo lado direito do palco, jeans, camisa preta , botas e chapéu marrom, e pra minha grande felicidade, andando sozinho, ainda que devagar e com alguma dificuldade.
Sim, era verdade: Johnny Winter estava tocando, sentado numa cadeira, na minha frente.
O choro foi instantâneo, a sensação era de pura felicidade – dupla, por vê-lo bem mais saudável e por estar realizando mais que um sonho. Entre lágrimas, ouço ele anunciar a primeira música do show, que só me deixou mais tocado ainda: “Hideway”, tema instrumental de outro texano, Freddie King, que é um dos meus bluesmen preferidos.
As lágrimas aumentaram mais, e era só o início do show. Mais ainda havia uma dúvida, como estaria a voz, curtida em Jack Daniels e temperada por muita heroína ao longo de muitos anos. Mas tudo estava em seu lugar, pois ele atacou de “Got my mojo workin” de Muddy Waters, e muita gente caiu pra trás.
Apesar da posição não ajudar, pois a cadeira onde ele estava não era do tipo que os cantores usam nos acústicos na vida, Johhny usou o sua garganta e seus anos de estrada pra dar o recado. Seu inconfundível grito “...rock 'n' roll..” não foi ouvido, mas não precisava, estava na mente de que estava lá perfeitamente.
E o show foi um presente para os roqueiros que tanto esperaram por ele – ou nem tanto: muita gente de 20 e poucos anos estava lá, o que quer dizer que onde há vida, há esperança. Digo presente, pois atualmente seus shows são basicamente de blues, com uma ou outra exceção, só que numa entrevista dias antes de chegar ao Brasil, ele falou que ia colocar mais “rocks”, pois era sua primeira vez aqui.
No fim, o blues “mais tradicional” tocado foi “Red House” , numa espécie de homenagem a Jimi Hendrix. “Good morning Litlle School Girl” (não tão sensacional como na versão que está no disco “And live”, mas aí é querer demais), “I´m tore down” , mais uma de Freddie King, e a coisa só ficava melhor a cada canção.
A noite foi tão mágica, que até quando Johnny e a banda não se entenderam em “She Likes To Boogie Real Low” foi especial, com Johnny sacando que estavam todos errados, mas se recusando a parar. Em vez disso, aproveitou pra solar como ele bem sabe, dando um tom de experimentação àquele momento meio confuso.
É bom acrescentar que a banda era de primeira, com destaque para o guitarrista Paul Nelson, que hoje é seu anjo da guarda. Guitarrista de pegada muito forte, com clara influência de Stevie Ray Vaughan (...outro texano!), acho que vai se falar muito dele ainda.
Fechado o set principal, que terminou com o público de pé aos berros, Johnny e banda voltaram ao palco pra terminar o “serviço” em grande estilo. Logo que retorna a sua cadeira, em vez da Lazier feita sob encomenda pra ele, sacou do case sua arma mortal: uma Gibson Firebird e disse no microfone: “Agora vou tocar com minha guitarra”, e atacou uma sequência de três músicas tiradas do “Captured live” , disco ao vivo muito popular por aqui; “It´s all over now” (de Bobby Womack, mas regravada por muitos, de Stones aos Brasileiros do Coke Luxe, do finado Eddy Teddy), “Bony Moronie” e pra terminar, a versão definitiva de “Highway 61 Revisited”, de Bob Dylan. Essa sequência foi novamente causadora de um choro de felicidade, ao ver Johnny junto com sua companheira de muito tempo.
Sem nenhum pudor, foi o melhor show de minha vida, até porque ao contrário de outros artistas que torço pra aparecerem pelos lados do Brasil, Johnny não era nem cogitado em meus maiores devaneios, pois é um artista que está longe dos holofotes principais há muito tempo – o que não deixa de ser irônico, pois quando assinou contrato com a CBS em 1968, recebeu o maior adiantamento já pago a um artista, e como já disse, até uns 5 anos atrás tinha discos seus nas Americanas da vida.
Por tudo isso, me senti mais que um fã, me senti um representante dos amigos que não puderam ir e que são fãs do albino do Texas: Ivon, Fábio , que cantava uma versão de “Bonnie moronie” nos shows da Dr. Cascadura nos primórdios, tirada do arranjo de Johnny, Cebola, cuja amizade comigo começou através de um disco chamado “Austin, Texas”, Márcio, que preferiu cuidar da cachorra, Oswaldo, que apesar da sua busca pelo nova novíssima novidade sabe bem quem é quem, Miguelito Cordeiro e todos que queriam estar e na puderam ir.
Uma palavra pra definir: PHODA!!!
Texto por Nei Bahia.
quarta-feira, maio 26, 2010
GUIA DE PRODUÇÃO PODE SER FERRAMENTA PRECIOSA PARA MILITANTES DO UNDERGROUND
Só quem produz, sabe a dificuldade que é encontrar equipamentos decentes e profissionais qualificados para trabalhar nos shows de rock locais.
Foi pensando em formas possíveis de desatar esse nó que a jovem Clara Marques Campos (em foto de Sara Regis), formanda do curso de Produção Cultural da Facom-Ufba, pensou em reunir todos os profissionais e empresas que atuam na área em um único lugar, o Guia de Produção do Rock.
Como a moça está se formando, resolveu unir o útil ao mais útil ainda e transformar a iniciativa em seu TCC (Trabalho de Conclusão de Curso). “A ideia é mapear os profissionais que trabalham na cadeia produtiva do rock e da música independente de salvador“, define.
“Não é uma coisa para elencar artistas e músicos. O Guia de Produção é voltado aos profissionais de produção mesmo, a galera que está por trás: produtores musicais, produtores executivos, casas de show, assessores de comunicação, técnicos de som, roadies, fotógrafos, designers, empresas de aluguel de som e iluminação, até advogados“, enumera.
Ex-repórter do site independente Salvador Alternativo (infelizmente, fora do ar), Clara diz que vinha acalentando essa ideia desde que começou a botar a mão na massa, produzindo Ênio & A Maloca e a banda de covers traVoltA toca Rock (grafado desta forma).
“Comecei a sentir essa necessidade de precisar de um roadie ou de um estúdio. Aí ligava para os conhecidos, pedindo indicação. Daí pensei em criar uma ferramenta que reunisse isso tudo“, conta. “Também queria fazer uma coisa prática, que não ficasse esquecida depois da formatura“, acrescenta.
Depois de apresentar o TCC, Clara pretende disponibilizar todos os dados que captou no site do Guia – no qual todos os usuários poderão atualizar seus dados sempre que necessário – e também em uma versão impressa. Claro, tudo ainda depende de captação de apoio.
Além dos dados e contatos, o Guia ainda contará com a contribuição – na forma de textos – de profissionais como o músico e Coordenador de Música da Funceb (Fundação Cultural do Estado da Bahia) Gilberto Monte, o produtor musical andré t., a produtora Cássia Cardoso, os jornalistas Luciano Matos, Bruno Nogueira e este que vos escreve.
Para acessar e se cadastrar: www.guiadeproducaodorock.com.br
NUETAS
A última do Paulinho
Sábado é o último dia da temporada de Paulinho Oliveira no Teatro Sitorne. O colunista assistiu o show de sábado passado e curtiu bastante. Bom som, sala climatizada, iluminação cênica e uma banda poderosa, mandando ver nos cascos. 18 horas, R$ 20, R$ 10 (meia), R$ 5 (para conveniados) e grátis para alunos da rede pública, através do telefone 3347-7089.
Demoiselle de graça
Neste mesmo sábado, também tem show gratuito da banda Demoiselle no Pelourinho. E o que ela tem em comum com Paulinho? Ora, assim como ele, os dois guitarristas da banda, Toni Oliveira e Ricardo The Flash Alves também são ex-membros da Cascadura. Sábado, no Largo Teresa Batista, às 21 horas.
segunda-feira, maio 24, 2010
ESTRONDO NA FLORESTA
Em 1974, um estrondo abalou a África. Foi o Rumble in the Jungle (Estrondo na Floresta), lendária luta entre dois titãs do boxe peso-pesado: no canto esquerdo, Muhammad Ali. No canto direito, George Foreman (aquele que hoje virou marca de grelha), então detentor invicto do título de campeão mundial.
O quebra-pau, que já rendeu um livro extraordinário de Norman Mailer (A luta, Cia. das Letras) e um documentário oscarizado igualmente magnífico, (Quando Éramos Reis, 1996) foi também o pretexto para um festival de três dias com muita música no estádio de Kinshasa, no Zaire (hoje República do Congo).
É este festival que agora ressurge no documentário O Poder do Soul (Soul Power), lançado em DVD (nas locadoras) e Blu-Ray (venda direta).
Praticamente um “filme-irmão“ de Quando Éramos Reis, O Poder do Soul, que só foi exibido em festivais de cinema no Brasil, foi dirigido por Jeffrey Levy-Hinte, montador de Quando... e produzido por Leon Gast, diretor do mesmo filme.
A ideia dos organizadores do festival, Hugh Masekela e Stewart Levine, era casar os dois eventos em um clima de “volta para casa“, reunindo os maiores músicos negros americanos, bem como dois dos seus maiores esportistas.
No elenco do festival estavam James Brown (Soul Brother Number One), B.B. King, Bill Withers (esquecido, mas fantástico soulman), o grupo vocal The Spinners, Miriam Makeba, Celia Cruz e muitos outros.
Para quem não viu Quando Éramos Reis (que, infelizmente, não está disponível em DVD), talvez todo o contexto (e o clima) do confronto polarizado entre direita, representada por Foreman, e esquerda (Ali) passe despercebido.
Ainda assim, Ali, um poço de carisma com seu discurso radical baseado no Pan-Africanismo dos Panteras Negras, é uma das estrelas do filme, com diversos momentos de língua solta e mumunhas hilárias.
Na coletiva de imprensa, ainda em Nova York, quando o empresário Don King começa a anunciar os artistas que vão ao festival, Ali solta gemidos de satisfação e faz comentários irreverentes o tempo todo.
Performances magistrais
Sem utilizar imagens atuais, contando apenas com o material capturado na época, o documentário mostra a loucura que foi organizar um evento daquela magnitude em plena África, em 1974.
De cara, um corte no rosto sofrido por Foreman durante um treino adiou a luta por mais de um mês, o que acabou tirando do festival a primazia de ocorrer em paralelo ao evento esportivo.
A primeira metade do filme se prende aos bastidores da luta e do festival, com muitas conversas de escritório entre os realizadores e entrevistas com alguns dos músicos convidados.
Na segunda metade, o filme decola de vez, graças as performances magistrais dos artistas, com James Brown como atração principal.
A farra começa já no avião, com o clima de euforia tomando conta dos músicos que estavam “voltando para casa“.
A sequência musical é aberta pelos Spinners, um sensacional grupo na linha dos Temptations (do hit My Girl), com suas coreografias, vozeirões e ternos com raios de lantejoulas.
Miriam Makeba é outro destaque, com seu cantar cheio de estalares de língua e outros ruídos. B.B. King arrepia geral com o clássico The Thrill is Gone, enquanto Bill Withers, apesar de cantar muito, pareceu subaproveitado e meio melancólico, apenas com o violão no palco.
Já James Brown, bom, o cara é o chefão do soul. Varreu todo mundo – e aí não teve pra mais ninguém, brother.
O Poder do Soul (Soul Power), de Jeffrey Levy-Hinte / Sony Classics / Blu-ray: R$ 89,90 / DVD: só locação
O quebra-pau, que já rendeu um livro extraordinário de Norman Mailer (A luta, Cia. das Letras) e um documentário oscarizado igualmente magnífico, (Quando Éramos Reis, 1996) foi também o pretexto para um festival de três dias com muita música no estádio de Kinshasa, no Zaire (hoje República do Congo).
É este festival que agora ressurge no documentário O Poder do Soul (Soul Power), lançado em DVD (nas locadoras) e Blu-Ray (venda direta).
Praticamente um “filme-irmão“ de Quando Éramos Reis, O Poder do Soul, que só foi exibido em festivais de cinema no Brasil, foi dirigido por Jeffrey Levy-Hinte, montador de Quando... e produzido por Leon Gast, diretor do mesmo filme.
A ideia dos organizadores do festival, Hugh Masekela e Stewart Levine, era casar os dois eventos em um clima de “volta para casa“, reunindo os maiores músicos negros americanos, bem como dois dos seus maiores esportistas.
No elenco do festival estavam James Brown (Soul Brother Number One), B.B. King, Bill Withers (esquecido, mas fantástico soulman), o grupo vocal The Spinners, Miriam Makeba, Celia Cruz e muitos outros.
Para quem não viu Quando Éramos Reis (que, infelizmente, não está disponível em DVD), talvez todo o contexto (e o clima) do confronto polarizado entre direita, representada por Foreman, e esquerda (Ali) passe despercebido.
Ainda assim, Ali, um poço de carisma com seu discurso radical baseado no Pan-Africanismo dos Panteras Negras, é uma das estrelas do filme, com diversos momentos de língua solta e mumunhas hilárias.
Na coletiva de imprensa, ainda em Nova York, quando o empresário Don King começa a anunciar os artistas que vão ao festival, Ali solta gemidos de satisfação e faz comentários irreverentes o tempo todo.
Performances magistrais
Sem utilizar imagens atuais, contando apenas com o material capturado na época, o documentário mostra a loucura que foi organizar um evento daquela magnitude em plena África, em 1974.
De cara, um corte no rosto sofrido por Foreman durante um treino adiou a luta por mais de um mês, o que acabou tirando do festival a primazia de ocorrer em paralelo ao evento esportivo.
A primeira metade do filme se prende aos bastidores da luta e do festival, com muitas conversas de escritório entre os realizadores e entrevistas com alguns dos músicos convidados.
Na segunda metade, o filme decola de vez, graças as performances magistrais dos artistas, com James Brown como atração principal.
A farra começa já no avião, com o clima de euforia tomando conta dos músicos que estavam “voltando para casa“.
A sequência musical é aberta pelos Spinners, um sensacional grupo na linha dos Temptations (do hit My Girl), com suas coreografias, vozeirões e ternos com raios de lantejoulas.
Miriam Makeba é outro destaque, com seu cantar cheio de estalares de língua e outros ruídos. B.B. King arrepia geral com o clássico The Thrill is Gone, enquanto Bill Withers, apesar de cantar muito, pareceu subaproveitado e meio melancólico, apenas com o violão no palco.
Já James Brown, bom, o cara é o chefão do soul. Varreu todo mundo – e aí não teve pra mais ninguém, brother.
O Poder do Soul (Soul Power), de Jeffrey Levy-Hinte / Sony Classics / Blu-ray: R$ 89,90 / DVD: só locação
sexta-feira, maio 21, 2010
VANDEX LANÇA 1º CD SOLO HOJE, NO GROOVE
A loucura, a feiúra e tudo aquilo que não parece normal, mas que na verdade faz parte da vida e do cotidiano – tanto quanto o que é convencional. É nessa vertente que o cantor e compositor Vandex (ao lado, em foto de Sora Maia) buscou a inspiração para conceituar seu primeiro CD solo, Ironia Erótica, cujo lançamento oficial será amanhã, no Groove Bar, com abertura da banda de surf music Capitão Parafina & Os Haoles.
Ex-baixista e fundador da banda Úteros Em Fúria, de importância fundamental para a cena roqueira baiana dos anos 1990, Vandex passou boa parte da última década trabalhando com a banda Guizzzmo, que liderava em parceria com outro ex-membro de Úteros, o guitarista Apú Tude.
Após lançarem um álbum, Macaca! (2005), desfizeram a banda em 2006. Decidido a seguir solo, Vandex chega agora ao primeiro álbum cheio, viabilizado graças ao apoio do Projeto Pixinguinha, da Fundação Nacional de Artes (Funarte).
Alter ego
No CD, Vandex parece explicitar uma intenção de, mais do que um artista de rock, querer se impor como compositor dentro da tradição de “malditos“ da MPB, como Walter Franco, Arnaldo Baptista e Zé Rodrix.
Não a toa, o repertório do show conta com covers de Franco (Canalha) e Rodrix (Mestre Jonas). O cantor confirma essa intenção / pretensão. “É verdade, há esse diálogo. Ano passado, até fui convidado para me apresentar em um festival de música de vanguarda no Pelourinho. Cantei na mesma noite do Arrigo Barnabé“, lembra.
Como estratégia para ajudar a soltar os bichos, o músico, nascido Evandro Botti em Cruz Alta (RS), filho de pai baiano e mãe gaúcha, criou um alter ego de cara pintada (foto), similar a um duende. “Vandex é meio que um personagem, alguém que se entrega às paixões e não se curva aos dogmas intelectuais. É mais ou menos o que eu gostaria de ser“, admite, rindo.
“Me inspirei em Erasmo de Rotterdam (filósofo, 1467-1536) e no seu livro Elogio à loucura, que teve um grande impacto em mim. Ele mostra como o intelectual é vaidoso , se torna um solitário e acaba sofrendo muito por isso“, explica.
Em oposição a essa sina, Vandex, o personagem, adota uma postura de irreverência, desequilíbrio e devassidão.
“O que amarra o conceito do trabalho é menos a estética musical e mais a proposta filosófica. Até por que o CD passeia por vários gêneros como rock, bossa, bolero“, enumera.
Desta forma, encarando o rock como uma ideia – em oposição aos que o veem como um som específico – Vandex exalta no seu trabalho “o prazer de ser escroto, a beleza da sacanagem“, como ele mesmo define.
“As letras são baseadas no que o título – Ironia Erótica – propõe: uma certa atração pelo irônico, pelo perverso, pelo degenerado. Tudo o que se contrapõe aos padrões de beleza mais apolíneos, ocidentais“, viaja.
Participações diversas
No CD, a maioria das faixas são de autoria do próprio Vandex, mas também há algumas parcerias. Gasolina Azul é uma (rara) faixa de autoria de Mário Jorge, baterista da Úteros em Fúria e da Penélope. Já As Pedras da Casa tem letra do poeta Fred Souza Castro.
Nas gravações, ele contou com a participação preciosa de músicos do porte de Dom Lula Nascimento (bateria), Aderbal Duarte, Poliana Monteiro (Banda de Boca) e Nancyta, com que faz dueto na faixa O Mel das Paixões. “Fazemos um casal sadomasô que troca carícias e porradas“, diverte-se Vandex.
No palco, a banda de apoio conta com Maurício Pedrão (baterista de Ronei Jorge & Os Ladrões de Bicicleta), Son Melo (baixo) e Diego Andrade (guitarra). Na abertura, diversão garantida com Capitão Parafina.
Lançamento do CD Ironia Erótica, de Vandex / Show de Abertura: Capitão Parafina e Os Haoles / Amanhã, 22 horas / Groove Bar / Rua Marques de Leão, 351, Barra (3267-5124) / R$ 25 e R$ 20 (nome na Lista Groove - Orkut) / Classificação: 18 anos
VANDEX TV / EPISÓDIO DE 18 DE MAIO DE 2010 / CONVIDADOS: ROGÉRIO BIG BROTHER E BANDA VANDEX
terça-feira, maio 18, 2010
HARD ROCK LINHA COBRA BRANCA
O rock ortodoxo, aquele que usa calças justas de couro e tem sua base no rhythm & blues pesadão de bandas como Led Zeppelin, Deep Purple e Whitesnake, parece estar em alta na Bahia. Além da temporada de Paulinho Oliveira aos sábados no Teatro Sitorne, nesta sexta-feira a banda IV de Marte (em foto de Victor Kaupatez) lança seu primeiro álbum no Irish Pub.
Liderada pelos irmãos Cristiano (vocais) e Marcos Brandão (guitarra), a IV de Marte conta ainda com Arodir (baixo) e Cristiano Silva (bateria). O CD auto-intitulado, gravado e produzido por eles mesmos no Estúdio Jazz Café, traz ainda a participação do tecladista Gilberto Cabral fazendo as vezes de Jon Lord (tecladista do Deep Purple).
“Somos uma banda de rock ‘n‘ roll clássico, só que moderno, por estarmos na era digital. Temos bastante influência dos anos 70, é verdade. Mas nossa proposta é mostrar nossa verdade mesmo“, define Marcos.
“Como eram quatro membros na banda e o pessoal sempre perguntava de onde somos, a gente brincava, dizendo que éramos de outro planeta“, ri Marcos. Foi daí que, de Mato Seco (antigo nome da banda), eles se tornaram os IV de Marte. “Mas na verdade, somos do bairro do Cabula“, conta.
Bom e velho rock ‘n‘ roll
Na ativa desde 2001, os irmãos Brandão já tiveram várias formações diferentes e tocaram em vários locais da cidade.
“Já fizemos show com Cascadura, Dead Fish, tocamos no Motofest, no Palco do Rock, no Pelourinho, nos bares do Rio Vermelho, na Barra. E quer saber? Nesse momento, não tem nenhuma outra banda fazendo o som que a gente faz“, garante o guitarrista.
Com um vocalista de gogó poderoso, bons riffs e algumas levadas dançantes, a IV de Marte deve agradar bastante aos fãs do bom e velho rock ‘n‘ roll.
O CD demonstra uma banda de bom potencial, mas que, em estúdio, se ressentiu da falta de um produtor mais capacitado. É de se pensar o que essas figuras poderiam render nas mãos de profissionais como Tadeu Mascarenhas ou andré t.
Lançamento do Cd da IV de Marte / participação das bandas Faro & Os Vagabundos Iluminados e Voltrox / Dubliner‘s Irish Pub (Porto da Barra) / Sexta, 21 de maio, a partir das 19 horas / R$ 10
Ouça: http://www.myspace.com/ivdemarte
NUETAS
Capitão a bordo
Retirada da cena há quase um ano, a banda de surf music e rock ‘n‘ roll Capitão Parafina & Os Haoles retorna aos palcos da cidade nesta sexta-feira, no Groove Bar, ao lado do louquíssimo Vandex, que lança seu primeiro CD solo. Um dos shows mais divertidos da cidade, o Capitão Parafina é também uma das bandas prediletas desta coluna. Salve, Capitão! É bom tê-lo a bordo novamente. Sexta, 22 horas, R$ 20 na lista do Groove no Orkut.
Nucleador na área
Esta é para os fortes. Também nesta sexta-feira, só que em Simões Filho, as bandas Nucleador (de Sergipe), Mácula e Homem Meteoro prometem detonar os tímpanos da rapaziada que comparecer no Denis Bar (final de linha da Pitanguinha Velha, perto do CEFET). Hardcore na veia, sem frescura. A partir das 19 horas, por R$ 5.
sexta-feira, maio 14, 2010
FRAZETTA: PALETA DE FOGO
Dizem que, no mundo da arte, existem dois tipos de artistas: aqueles que influenciam e aqueles que são influenciados. Frank Frazetta, ilustrador americano que morreu na última segunda-feira, de derrame cerebral aos 82 anos, certamente pertencia ao primeiro time.
Seu estilo selvagem e explosivo de ilustração o tornou um ícone da cultura pop. Cria direta das capas dos pulps dos anos 30 e 40, mas com uma pegada muito mais sinistra, Frazetta marcou época com seu trabalho ultrafantasioso e sempre impactante, recheado de guerreiros musculosos e garotas em trajes sumários às voltas com bárbaros, monstros, demônios, ogros, magos e outras figuras típicas da literatura de fantasia.
Nascido em Nova York em fevereiro de 1928, Frazetta começou desenhando HQs para a DC Comics (então, National Periodical) na tenra idade de 16 anos. Em 1953, tornou-se assistente do genial Al Capp na série Lil‘ Abner (no Brasil, Ferdinando).
Nos anos 60, passou a colaborar com outro monstro sagrado da arte sequencial, o polêmico Harvey Kurtzman (criador da revista Mad), na série Little Anny Fannie (Aninha, no Brasil), publicada na Playboy.
Foi mais ou menos nessa época que Frazetta descobriu que era melhor ilustrador do que narrador sequencial, passando a adornar inúmeras capas de livros, posteres de filmes (O Que é Que Há, Gatinha?, de Woody Allen, por exemplo) e as capas dos antológicos gibis da editora Warren, como Creepy, Eerie e a inesquecível Vampirella.
Suas telas foram para as capas dos os livros do bárbaro Conan, de Robert E. Howard, bem como as das séries Tarzan e John Carter de Marte, ambas de Edgar Rice Burroughs, marcando gerações de leitores. Não a toa, hoje em dia, o valor de suas pinturas já rompeu a casa dos sete dígitos.
A tela Conan The Conqueror (Conan O Conquistador), de 1967, foi arrematada no ano passado por 1 milhão de dólares para um colecionador anônimo (o qual, segundo noticiou o site Omelete, seria Kirk Hammett, guitarrista do Metallica).
Não a toa, dizem que foram suas capas para os livros de Conan que proporcionaram os primeiros reais sucessos de venda da série, criada nos anos 20.
Já a tela Escape On Venus (Fuga em Vênus), da série de Burroughs, alcançou a cifra de 250 mil dólares em um leilão realizado em 2008.
Influência incalculável
Medir a influência da arte de Frank Frazetta na cultura pop atual é tarefa quase impossível. Seu estilo se faz sentir em HQs, filmes, games, literatura e até na música, com suas capas para bandas de heavy metal e hard rock, como Nazareth, Molly Hatchet, Ingwie Malmsteen e Wolfmother, entre outras.
Para os fãs, há pelo menos dois filmes fundamentais: Fogo e Gelo (Fire and Ice, 1983), de Ralph Bakshi, animação de fantasia e aventura baseada em suas ilustrações (disponível em DVD no Brasil) e Painting With Fire (2003), documentário sobre sua vida e obra.
Nos últimos anos, viúvo e já retirado do mercado devido à saúde precária, viu seus filhos se digladiarem pelo valioso espólio sobre sua obra, com direito ao filho Frank Jr. invadindo seu museu com carro e tudo para roubar suas telas.
quarta-feira, maio 12, 2010
segunda-feira, maio 10, 2010
DESTROYER KISS COVER DESTRUIU - PENA QUE PARA POUCOS
Um público menor do que o esperado – possivelmente, devido a fraca divulgação do evento – compareceu ao Groove Bar na sexta-feira, para o primeiro dia (de dois) de apresentações da banda Destroyer Kiss Cover.
Ainda assim, fiel ao espírito do Kiss, a banda paulista, ganhadora de um concurso no Domingão do Faustão, fez um belo e fidelíssimo tributo aos mascarados novaiorquinos.
Com o repertório estritamente centrado no filé da banda (fase mascarada, entre 1973 e 82), Fábio Stanley (voz, guitarra), Tutú Simmons (voz, baixo), Rodrigo Frehley (guitarra solo, voz) e Léo Criss (bateria, voz) desempenharam seus papéis com brilhantismo e simpatia.
O espetáculo do rock
Destaques para Tutú e Rodrigo – ambos reproduzem seus personagens com uma fidelidade impressionante, incluindo aí trejeitos, vozes e solos, tudo reproduzido nota por nota.
Já o front man Fábio, se não tem o alcance vocal de Paul Stanley (e quem teria?) ganhou a plateia no ato pelo carisma e bom humor, assim como Léo Criss, batera de responsa.
Outro fator que é impressionante no Destroyer Kiss Cover é a busca pelos timbres exatamente iguais aos usados pela banda original – até por que usam os mesmos instrumentos, a começar pela maravilhosa Gibson Les Paul de Rodrigo / Ace Frehley, passando pela caixa e pelos tom-tons de Léo / Peter Criss.
Os hits eram cantados em coro: Deuce, Cold Gin, I Love It Loud, Firehouse, Shout It Out Loud, Do You Love Me e a apoteótica Rock ‘n‘ Roll All Nite, com direito a chuva de papel picado e volta para casa com a alma lavada.
(Só faltou uma de minhas preferidas do Kiss em todos os tempos: Parasite. Mas valeu, foi lindo. Melhor sorte - e divulgação - da próxima vez: para a banda e para a casa).
quinta-feira, maio 06, 2010
PAULINHO OLIVEIRA: NOVA TEMPORADA NO SITORNE EM AÇÃO PARA FORMAR PLATEIAS
Dois anos depois de uma bela temporada no Teatro Sitorne (divulgada nesta coluna), o cantor e guitarrista Paulinho Oliveira (em foto de Alessandra Nohvais) volta ao mesmo palco para mais série de shows – desta vez, com várias novidades.
A principal delas é que, graças ao projeto de formação de platéia encampado pelo Sitorne, chamado Ação-Formação, 50% dos ingressos serão disponibilizados gratuitamente aos estudantes da rede pública.
Isso mesmo que você leu aí.
Se você estuda em escola pública e está a fim de conhecer o somzão estilo classic rock de Paulinho, solicite a direção do seu colégio que entre em contato com a produção do projeto pelo telefone 3347-7089 (ou e-mail: producao@sitorne.com .br) para se cadastrar e receber os ingressos.
Detalhe: os shows são cedinho, dá para ir e voltar antes das 21 horas.
Formação de plateia rocker
Mas tem mais: quem trabalha em uma empresa ou ONG conveniada ao Sitorne, paga só R$ 5 pelo ingresso.
“É importantíssimo o interesse da Petrobras (patrocinadora) neste tipo de projeto“, elogia Paulinho.
“Até por que ele abarca não apenas minha temporada, mas uma programação que vai até dezembro, com espaço para várias linguagens: teatro, palhaço, teatro de rua, workshops... é uma vasta programação de arte-educação e espetáculos“, detalha.
Sobre seu show em si, Paulinho lembra que o repertório abrange desde as faixas do seu primeiro CD solo (Um Bom Motivo, 2007), as composições do próximo álbum, as músicas da sua fase na Cascadura (1995- 2000) e covers de clássicos do rock (Beatles, Led, Guns etc).
Na programação ainda há espaço para a participação de diversos nomes do cenário local, como Ronei Jorge, Fábio Cascadura, Leonardo Leão, André Mendes, Jorginho King Kobra e Endy.
Na entrada, uma banquinha com CDs, camisetas e outros produtos das bandas. “A ideia é apresentar o rock local para todo uma galera nova“, diz.
Em outubro, com o CD novo já lançado (produção de Jorge Solovera), ele volta para mais uma temporada. “Sabe como é, cada dia é uma night“, conclui.
Paulinho Oliveira e banda / 08, 15, 22 e 29 de maio, às 16 horas (show começa as 17h) / R$ 20 e R$ 10 / Teatro Sitorne (Rua Deputado Cunha Bueno, 55, Rio Vermelho)
BIG NUETA
Kiss Cover no Groove é o show da semana
Há quem deplore esse negócio de bandas cover – assim como há quem se amarre. Mas quando se trata de um cover daquela sua banda do coração, que dificilmente você verá ao vivo tão fácil (leia-se, sem precisar pegar um avião e morrer numa nota preta), fica difícil resistir a tentação. Vai daí que o show da semana (para este humilde colunista) é o da banda paulista Destroyer Kiss Cover no Groove Bar. Vencedora de um concurso nacional no Faustão (o que não significa que a banda seja necessariamente boa), eles impressionam pela mise en scene, fidelíssima aos tempos áureos do grupo, nos gloriosos anos 70. Se forem tão bons músicos quanto imitadores, a night promete ser excelente. Dica: quem só conhece o repertório xarope da fase sem máscara (anos 80) pode ter uma agradável surpresa rock ‘n‘ roll. Diversão descomprometida a conferir, nesta sexta (7) e sábado (8), às 22 horas, por R$ 25.
terça-feira, maio 04, 2010
SEXO, RISCOS, LOUCURA
Livro Os bastidores de Hollywood na Vanity Fair é dossiê da pesada sobre alguns dos filmes mais importantes do cinema americano
Em 1968, Dustin Hoffman e Jon Voight andavam a esmo pelas ruas de Nova Iorque, tentando encontrar o tom certo para seus personagens Ratso Rizzo e Joe Buck no filme Perdidos na Noite (Midnight Cowboy, 1969). Ratso, um tuberculoso, exigiu de Hoffman um capricho a mais nas cenas de tosse. Numa dessas, após forçar uma crise, Hoffman vomitou direto nas botas de caubói de Voight. Este olhou meio enojado para o primeiro. "Cara, por que você fez isso"?
São histórias como essa – e muitas outras – que fazem do livro Os bastidores de Hollywood na Vanity Fair (Agir) uma deliciosa leitura para cinéfilos – descontados os fluidos corporais que surgem aqui e ali.
Organizado por Graydon Carter, editor da Vanity Fair, revista norte-americana especializada em cultura pop e celebridades, o livro traz dez textos sobre os bastidores de dez clássicos de Hollywood: Cleópatra (Cleopatra, 1963), A Embriaguez do Sucesso (Sweet Smell of Success, 1957), Sob o Signo do Sexo (The Best of Everything, 1959), A Primeira Noite de Um Homem (The Graduate, 1967), A Malvada (All About Eve, 1950), Primavera Para Hitler (The Producers, 1968), Os Embalos de Sábado À Noite (Saturday Night Fever, 1977), Juventude Transviada (Rebel Without a Cause, 1955), Reds (Idem, 1981) e o já citado Perdidos na Noite.
Muito bem pesquisados, escritos e detalhados, os textos dos repórteres da Vanity Fair são – além de extremamente reveladores sobre os intestinos da indústria hollywwodiana – uma aula de jornalismo cultural e investigativo de primeira.
Outro aspecto muito interessante do livro é que, através dele, é possível acompanhar o processo que transformou a "velha Hollywwood" do glamour em P&B, na "nova Hollywood", com filmes socialmente relevantes e de estética crua, beirando o documental, como o já citado Perdidos na Noite e Easy Rider - Sem Destino (1969), de Dennis Hopper.
Surgida no final dos anos 60, o marco inicial da nova Hollywood, segundo o livro, seria Bonnie & Clyde - Uma Rajada de Balas (Bonnie & Clyde, 1967), de Arthur Penn.
Sexo, sexo e mais sexo
Como seria de se esperar, podres dos astros não faltam no livro. Burt Lancaster, astro e produtor de A Embriaguez do Sucesso, gostava de espancar mulheres. A frente de uma verdadeira gangue de mulherengos incorrigíveis, convocava "reuniões de trabalho" para discutir quem poderia ser o alcoviteiro oficial da turma.
Sal Mineo e Dennis Hopper, coadjuvantes de James Dean em Juventude Transviada, tiveram de transar com Nicholas Ray, o diretor, para conseguir seus papéis – assim como Natalie Wood, a estrela da película, com quem veio a namorar e que na época tinha 16 anos.
Grandes filmes que surgiram a partir dos maiores fracassos previstos
Uma característica que parece unir muitos dos filmes abordados em Os bastidores de Hollywood na Vanity Fair é que quase sempre, as películas em questão eram vistas pelos executivos dos estúdios – e, em alguns casos, até pelos próprios diretores – como fadados ao fracasso, por serem ousados demais ou mesmo malucos demais.
É o caso, por exemplo, de A Primeira Noite de Um Homem, Perdidos na Noite, Primavera Para Hitler, Reds e Juventude Tansviada. O capítulo sobre Reds, de Warren Beatty, assinado pelo jornalista Peter Biskind, é especialmente curioso.
Bonitão, mas realmente talentoso e bom de bilheteria, Beatty tinha acabado de arrebentar em Hollywood com O Céu Pode Esperar (Heaven Can Wait, 1978), um imenso sucesso de público e crítica.
Valendo-se da moral conquistada, resolveu produzir seu filme dos sonhos, contando a história do jornalista John Reed, autor de Dez dias que abalaram o mundo, relato em primeira mão sobre a revolução russa de 1917 e o único americano enterrado no Kremlin.
25 milhões para esquecer
Claro que convencer os executivos americanos – em plena vigência da Guerra Fria – a produzir um "épico com mais de 3 horas de duração sobre um herói comunista que morre no final", como o próprio Beatty descrevia seu filme, foi outro épico por si só.
Beatty chegou a receber uma oferta de US$ 25 milhões para "esquecer" a ideia.
Junte-se a tudo isso a obsessão do diretor em realizar até 80 tomadas de cada cena, buscando sabe-se lá o quê, e tem-se aí uma das produções mais difíceis da história do cinema.
Os bastidores de Hollywood na Vanity Fair / Graydon Carter (Org.) Trad: Clóvis Marques / Agir / 320 páginas / R$ 49,90
Em 1968, Dustin Hoffman e Jon Voight andavam a esmo pelas ruas de Nova Iorque, tentando encontrar o tom certo para seus personagens Ratso Rizzo e Joe Buck no filme Perdidos na Noite (Midnight Cowboy, 1969). Ratso, um tuberculoso, exigiu de Hoffman um capricho a mais nas cenas de tosse. Numa dessas, após forçar uma crise, Hoffman vomitou direto nas botas de caubói de Voight. Este olhou meio enojado para o primeiro. "Cara, por que você fez isso"?
São histórias como essa – e muitas outras – que fazem do livro Os bastidores de Hollywood na Vanity Fair (Agir) uma deliciosa leitura para cinéfilos – descontados os fluidos corporais que surgem aqui e ali.
Organizado por Graydon Carter, editor da Vanity Fair, revista norte-americana especializada em cultura pop e celebridades, o livro traz dez textos sobre os bastidores de dez clássicos de Hollywood: Cleópatra (Cleopatra, 1963), A Embriaguez do Sucesso (Sweet Smell of Success, 1957), Sob o Signo do Sexo (The Best of Everything, 1959), A Primeira Noite de Um Homem (The Graduate, 1967), A Malvada (All About Eve, 1950), Primavera Para Hitler (The Producers, 1968), Os Embalos de Sábado À Noite (Saturday Night Fever, 1977), Juventude Transviada (Rebel Without a Cause, 1955), Reds (Idem, 1981) e o já citado Perdidos na Noite.
Muito bem pesquisados, escritos e detalhados, os textos dos repórteres da Vanity Fair são – além de extremamente reveladores sobre os intestinos da indústria hollywwodiana – uma aula de jornalismo cultural e investigativo de primeira.
Outro aspecto muito interessante do livro é que, através dele, é possível acompanhar o processo que transformou a "velha Hollywwood" do glamour em P&B, na "nova Hollywood", com filmes socialmente relevantes e de estética crua, beirando o documental, como o já citado Perdidos na Noite e Easy Rider - Sem Destino (1969), de Dennis Hopper.
Surgida no final dos anos 60, o marco inicial da nova Hollywood, segundo o livro, seria Bonnie & Clyde - Uma Rajada de Balas (Bonnie & Clyde, 1967), de Arthur Penn.
Sexo, sexo e mais sexo
Como seria de se esperar, podres dos astros não faltam no livro. Burt Lancaster, astro e produtor de A Embriaguez do Sucesso, gostava de espancar mulheres. A frente de uma verdadeira gangue de mulherengos incorrigíveis, convocava "reuniões de trabalho" para discutir quem poderia ser o alcoviteiro oficial da turma.
Sal Mineo e Dennis Hopper, coadjuvantes de James Dean em Juventude Transviada, tiveram de transar com Nicholas Ray, o diretor, para conseguir seus papéis – assim como Natalie Wood, a estrela da película, com quem veio a namorar e que na época tinha 16 anos.
Grandes filmes que surgiram a partir dos maiores fracassos previstos
Uma característica que parece unir muitos dos filmes abordados em Os bastidores de Hollywood na Vanity Fair é que quase sempre, as películas em questão eram vistas pelos executivos dos estúdios – e, em alguns casos, até pelos próprios diretores – como fadados ao fracasso, por serem ousados demais ou mesmo malucos demais.
É o caso, por exemplo, de A Primeira Noite de Um Homem, Perdidos na Noite, Primavera Para Hitler, Reds e Juventude Tansviada. O capítulo sobre Reds, de Warren Beatty, assinado pelo jornalista Peter Biskind, é especialmente curioso.
Bonitão, mas realmente talentoso e bom de bilheteria, Beatty tinha acabado de arrebentar em Hollywood com O Céu Pode Esperar (Heaven Can Wait, 1978), um imenso sucesso de público e crítica.
Valendo-se da moral conquistada, resolveu produzir seu filme dos sonhos, contando a história do jornalista John Reed, autor de Dez dias que abalaram o mundo, relato em primeira mão sobre a revolução russa de 1917 e o único americano enterrado no Kremlin.
25 milhões para esquecer
Claro que convencer os executivos americanos – em plena vigência da Guerra Fria – a produzir um "épico com mais de 3 horas de duração sobre um herói comunista que morre no final", como o próprio Beatty descrevia seu filme, foi outro épico por si só.
Beatty chegou a receber uma oferta de US$ 25 milhões para "esquecer" a ideia.
Junte-se a tudo isso a obsessão do diretor em realizar até 80 tomadas de cada cena, buscando sabe-se lá o quê, e tem-se aí uma das produções mais difíceis da história do cinema.
Os bastidores de Hollywood na Vanity Fair / Graydon Carter (Org.) Trad: Clóvis Marques / Agir / 320 páginas / R$ 49,90
segunda-feira, maio 03, 2010
ELES JÁ FORAM BONS
Que Axl Rose é um típico rock star white trash republicano, megalomaníaco, racista e sem noção todo mundo já sabe. O que não se entende é por que, ainda hoje, sua banda, a mutilada e descaracterizada Guns ‘n‘ Roses, ainda seja capaz de lotar estádios mundo afora.
Pois bem, a resposta está no DVD Live at The Ritz 1988, recém-lançado pela Coqueiro Verde. Se algum dia o Guns ‘n‘ Roses foi uma grande banda de rock – de hard rock do bom – este dia está registrado neste vídeo.
Em 1988, o rock estava numa fase de entressafra difícil. Quem mandava nas paradas era o xaroposo Bon Jovi e seus insuportáveis clones do chamado hair metal, podreiras indizíveis como Poison, Cinderella e afins, que apenas diluíram a proposta do glam rock setentista dos New York Dolls.
Inicialmente identificado como apenas mais uma dessas bandas, o Guns ‘n‘ Roses logo se destacou pela pegada infinitamente mais suja – roots, mesmo – do seu som, uma trombada entre Led Zeppelin, Aerosmith, The Stooges e – dizem as más línguas – a obscura Black Oak Arkansas, de cujo carismático vocalista, Jim Dandy, Axl Rose "emprestou" a voz rasgada e aguda ao mesmo tempo.
Neste show, com o sucesso ainda chegando, mas não totalmente estabelecido, o Guns ‘n‘ Roses era, possivelmente, a melhor banda de rock do planeta.
Com o carisma ainda intacto, Axl Rose, mais o incrível Slash e a formação original (e melhor, sem dúvida) e o repertório centrado no seu primeiro (e melhor) álbum, não tem como errar: showzaço de rock.
A má notícia é que a qualidade – tanto do som quanto da imagem – não é lá essas coisas. Parece uma transposição direto de uma fita VHS para o DVD. Mas como o conteúdo é do melhor e o preço é camarada, é uma aquisição que, no fim das contas, vale a pena.
Guns ‘n‘ Roses Live at The ritz 1988 / Coqueiro verde / DVD: R$ 14,90
ROCKET QUEEN Live at The Ritz, NY City - Bons tempos, hein?!?
Pois bem, a resposta está no DVD Live at The Ritz 1988, recém-lançado pela Coqueiro Verde. Se algum dia o Guns ‘n‘ Roses foi uma grande banda de rock – de hard rock do bom – este dia está registrado neste vídeo.
Em 1988, o rock estava numa fase de entressafra difícil. Quem mandava nas paradas era o xaroposo Bon Jovi e seus insuportáveis clones do chamado hair metal, podreiras indizíveis como Poison, Cinderella e afins, que apenas diluíram a proposta do glam rock setentista dos New York Dolls.
Inicialmente identificado como apenas mais uma dessas bandas, o Guns ‘n‘ Roses logo se destacou pela pegada infinitamente mais suja – roots, mesmo – do seu som, uma trombada entre Led Zeppelin, Aerosmith, The Stooges e – dizem as más línguas – a obscura Black Oak Arkansas, de cujo carismático vocalista, Jim Dandy, Axl Rose "emprestou" a voz rasgada e aguda ao mesmo tempo.
Neste show, com o sucesso ainda chegando, mas não totalmente estabelecido, o Guns ‘n‘ Roses era, possivelmente, a melhor banda de rock do planeta.
Com o carisma ainda intacto, Axl Rose, mais o incrível Slash e a formação original (e melhor, sem dúvida) e o repertório centrado no seu primeiro (e melhor) álbum, não tem como errar: showzaço de rock.
A má notícia é que a qualidade – tanto do som quanto da imagem – não é lá essas coisas. Parece uma transposição direto de uma fita VHS para o DVD. Mas como o conteúdo é do melhor e o preço é camarada, é uma aquisição que, no fim das contas, vale a pena.
Guns ‘n‘ Roses Live at The ritz 1988 / Coqueiro verde / DVD: R$ 14,90
ROCKET QUEEN Live at The Ritz, NY City - Bons tempos, hein?!?
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