Black Francis era a identidade de Frank Black, ou melhor, Charles Kitteridge Thompson IV (seu nome de batismo), durante o tempo em que esteve a frente da lendária e super-influente banda Pixies, na virada da década de 80 para a de 90. Quando a banda acabou, o gordinho de voz esganiçada - que cantava como se estivesse sempre à beira de um ataque de nervos - adotou o nome de Frank Black, com o qual tocou uma prolífica carreira-solo. Em 2004, os Pixies voltaram, fizeram uma turnê (que passou até por Curitiba), lançaram um punhado de CDs e DVDs ao vivo e sumiram de novo. Qual não foi a surpresa dos fãs, portanto, ao se depararem com o novo álbum do ex-band-leader, utilizando o antigo cognome pixiano. A brincadeira das múltiplas identidades, contudo, não ofusca o velho talento para compor algumas pérolas do rock alternativo. Provavelmente, Blue Finger se parece mais com um disco dos Pixies do que se estes resolvessem gravar um CD novo. Está tudo aqui: o clima me-segura-que-eu-vou-dar-um- troço-agora mesmo (em Threshold Apprehension), os riffs surf music (Captain Pasty), o pop perfeito (Lolita), os vocais femininos em contraposição ao dele próprio (Discotheque 36, com a cantora Violet Clark). O interessante é que o disco inteiro é uma homenagem ao cantor, pianista e artista plástico holandês Herman Brood - morto em 2001, após pular da janela de um hotel -, de quem ele regravou o rockão You Can‘t Break a Heart and Have It. Bala.Blue Finger
Black Francis
Deckdisc
R$ 24,90
www.blackfrancis.net
Suspense pronto para virar filme
Uma pousada esquecida em uma estrada poeirenta é o cenário da trama macabra de loucura e assassinatos que se desenrola em Fim do jogo (House, no original), dos escritores Frank Peretti e Ted Dekker. Dois casais, desconhecidos entre si, são os protagonistas desta história que, se não é lá muito original, pelo menos, prende o leitor pelo ritmo frenético, cinematográfico da narrativa. Após chegaram na casa, os personagens são surpreendidos com a proposta de um jogo, cujas regras só fazem sentido para mentes insanas. Fãs de filmes como Jogos Mortais e O Albergue têm diversão garantida aqui.Fim do jogo
Frank Peretti e Ted Dekker
Ed. Thomas Nelson Brasil
297 p. | R$ 44,90
www.thomasnelson.com.br
Terrorismo musical só para iniciados
A banda mais radical, barulhenta e indefinível da atualidade, a The Mars Volta é formada por Cedric Bixler-Zavalla e Omar Rodriguez-Lopez e convidados. Sua proposta é tão avançada que os críticos nunca lograram em criar um rótulo que cole na dita. O som é uma colagem esquizofrênica de thrash metal, free jazz, hardcore, funk metal, progressivo etc. O engenheiro de som teve um colapso nervoso durante as gravações do CD, uma peça sobre o poder do oculto - o Goliath do título é o nome de um espírito conjurado por Rodriguez-Lopez através de uma tábua Ouija comprada em Jerusalém, brinquedo preferido da banda durante as turnês. Tenha medo.The Bedlam in Goliath
The Mars Volta
Universal
R$ 29,90
www.themarsvolta.com
Coelhinho peludo, armado e perigoso
Usagi Yojimbo (coelho guarda-costas), é uma HQ de grande sucesso, criada pelo japonês naturalizado americano Stan Sakai. Com animais antropomórficos, ele conta, a partir do personagem principal, o coelho Usagi, a história de Miyamoto Musashi (1584-1645), o mais lendário guerreiro samurai de todos os tempos. Os grande méritos de Sakai, além de passar ao largo do cansado estilo do mangá clássico - sem contar que ler no sentido oriental, de trás para a frente, é muito chato - são o seu traço virtuoso, detalhista, e a narrativa clássica: linear, mas extremamente bem-resolvida. Nada de bichinhos fofinhos aqui, grandes caracterizações.Usagi Yojimbo: Daisho
Stan Sakai
Devir /Dark Horse
208 p. | R$ 28
www.devir.com.br
Jarre regrava o próprio clássico

Pioneiro da música eletrônica, o multi-instrumentista francês Jean Michel Jarre costuma ser mais conhecido pelos shows pirotécnicos do que pela qualidade da sua obra. Eis que, talvez para lembrar ao mundo de que ainda está vivo, ele resolveu regravar o álbum que lhe concedeu fama mundial - além de ser o seu maior clássico: Oxygene, de 1977. O disco em si, apesar de já ter servido muito como trilha sonora de comercial de cursinho pré-vestibular, é uma longa viagem de rock progressivo / erudito, portanto, não é para qualquer ouvido. Sua qualidade, contudo, é inegável, graças à inocência com que o jovem Jarre manipulava o maravilhoso arsenal de instrumentos eletrônicos de que dispunha: um desfile de Minimoogs, Farfisas, ARP 2600, Mellotrons. Belo. Acompanha DVD.
Oxygene
Jean Michel Jarre
EMI
R$ 58,90
www.jeanmicheljarre.com
O mestre inglês da sátira na 2ª Guerra

Apesar de pouco conhecido no Brasil, Evelyn Waugh (1903-1966) foi um dos mais geniais e hilariantes escritores ingleses do século XX. Esnobe, católico e filho de aristocratas decadentes, era dono de uma pena afiada como navalha, como demonstrou nos romances Um punhado de pó e Furo!, nos quais ridicularizava sem dó a fleugma e os costumes dos nobres britânicos. Rendição incondicional, contudo, mostra uma outra face de Waugh, como um crítico da guerra e das políticas por trás delas. O livro é baseado nas suas próprias experiências - e as muitas desilusões que teve - durante a 2ª Guerra Mundial, quando serviu na Grécia e Iugoslávia.
Rendição incondicional
Evelyn Waugh
Nova Fronteira
288 p. | R$ 39,90
www.novafronteira.com.br





