Sílvia e Eduardo, foto Renato Mangolin |
Não à toa, seu novo DVD traz um espetáculo concebido em parceria com uma de suas maiores influências: Eduardo Dussek.
Conhecido pela verve humorística, o compositor, cantor e pianista carioca assina (com o parceiro Luis Carlos Góes) nove das quinze faixas do DVD Dussek Veste Machete (Biscoito Fino e Canal Brasil), além de fazer uma participação especial no gran finale do espetáculo.
Machete e Dussek, de fato, parecem almas gêmeas: bem humorados, ainda que românticos. Boemios, ainda que solares. E escrachados, ainda que rigorosos em seus ofícios.
Na tela, vemos a cantora (em um glorioso longo preto de Guto Carvalho) acompanhada apenas do multi-instrumentista Danilo Andrade (piano e teclados em geral) interpretando canções de Dussek (Aventura, Cabelos Negros, Saga, A Índia e o Traficante, Totalmente Tchá Tchá Tchá) e outras que dialogam com os artistas: Back to Black (Amy Winehouse), Great Balls of Fire (Jerry Lee Lewis), Tango da Bronquite (Angela Rô Rô).
“A gente sempre flertou musicalmente e nas piadas, mas nunca teve a oportunidade de realmente montar alguma coisa. Aí surgiu um edital e nos juntamos para poder trabalhar coim uma infra legal”, conta Silvia, por telefone, do Rio.
“Daí fui juntando as músicas, as letras e os personagens que mais me atraem da boemia, aquelas figuras exageradas, sabe? A partir dessas músicas, fui vendo também outros compositores que dialogavam com essa parte”, acrescenta.
Com isso, veio a inclusão de Amy Winehouse e Angela Rô Rô no repertório.
“Sobre Amy, chegamos à conclusão que ela foi a Rô Rô da Inglaterra. Elas tem essa coisa boemia da mulher arrasada, mas que é ao mesmo tempo romântico. Me enxergo muito nesse mundo romântico exagerado, cheio de álcool e mistério”, diz.
“E aí tem os hits, tipo Aventura, que é bem romântica e representativa da boemia carioca, Leo Jaime, o cabaré carioca. Considero essa turma dos anos 80, 70, o nosso cabaré. Eles cantavam nossas noitadas, o álcool”, afirma.
Não atrapalhe a cantora
Muito riso, muita alegria. Foto Renato Mangolin |
Pego no contrapé, o povo cai na risada.
A parceria com Dussek, irreverente de carteirinha, não poderia mesmo ser mais acertada.
“A ideia era misturar o imaginário dele com o meu. Ele é muito teatral, engraçado. Eu não sou tão engraçada quanto ele. O Dussek me mata de rir, tá louco!”, diverte-se.
“Então no palco eu uso muitas máscaras (no sentido figurado). Isso faz parte de minha vida no meu palco, usar vários tipos de vozes, cantar com o peito, com a cabeça, com vários músculos”, conta.
Mas nem tudo são só risos e piadas no show. As músicas mais escrachadas de Dussek, como Rock da Cachorra (na verdade, de Leo Jaime) e Barrados no Baile, por exemplo, não entraram no repertório.
“Achamos que essas fugiam um pouco da proposta. São escrachadas demais. O pessoal diz que eu sou escrachada, mas eu não acho, não. Na verdade, não é o que você faz. É o como”, reflete Silvia.
Nessa pegada, tiveram vez no repertório canções mais emocionais de Dussek, como Cabelos Negros, Anjo da Cena (composição inédita) e Moderno Pássaro Andante.
Já a opção por ser um show em duo com o pianista Danilo Andrade foi acertada: excelente músico, o rapaz faz backing vocals e também interage bastante com Silvia e a plateia, meio que servindo de “escada” em algumas piadas.
“Fiquei muito próxima do Danilo nos últimos anos, amiga mesmo. E ele é muito palhação, tem uma veia cômica também, rolou um lance ali. Fora que ele é bem jovem, então eu posso montar nele”, diverte-se a cantora.
“Falando sério, o fato de ele ser pianista, como o Dussek, tem tudo a ver, é mais uma homenagem a ele”, diz.
Para 2018, a cantora planeja uma temporada com o show em São Paulo, e, quem sabe, traze-lo a Salvador.
“Cara, quero ir tanto a Salvador faz tempo. Espero um convite. Não é muito fácil viajar com esse show, tem uma cenografia, mas vamos ver”, conclui.
Dussek Veste Machete / Silvia Machete / Biscoito Fino - Canal Brasil / Direção artística: Eduardo Dussek / R$ 47,90
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