Vovó do Mangue, foto Carlos Alberto Gomes |
De Maragojipe (Recôncavo), a Vovó do Mangue faz o retorno da vez ao lançar, finalmente, seu primeiro álbum.
Formada no início dos anos 1990, a Vovó atuou até 2007, quando encerrou as atividades. Na ativa, se apresentou no Festival Garage Rock (1998), no Palco do Rock (2000) e na Bienal do Recôncavo (1998, 2000, 2002 e 2004).
"A banda encerrou suas atividades em 2004, principalmente devido às dificuldades de conciliação da rotina de trabalho dos seus membros com o dia a dia do grupo. Foi um momento em cada um estava focado na consolidação da sua vida profissional, estruturando a família, etc. Entretanto, por sermos amigos de infância, nunca deixamos de ter um forte contato um com o outro (mesmo com Gustavo Mello, guitarrista, que mora em salvador). Em 2007, nos reunimos para uma apresentação em comemoração aos 10 anos da Fundação Vovó do Mangue e, durante os ensaios, compomos rapidamente a música Moderno (que está presente no disco, como faixa bônus), o que demonstrou que ainda tínhamos uma consistente interação. Em 2013, Gustavo Mello lança seu primeiro disco solo – Tambor de Corda -, influenciado pela música das religiões de matriz africana, e convida Francisco Alecy (baixo) para uma agenda de apresentações", relata o baterista Luiz Carlos Brasileiro.
"A banda surgiu espontaneamente dum movimento de jovens da cidade, que curtiam skate, literatura, música – coisas desse tipo, um certo tipo de influência 'gringa' do final dos anos 1980. Nesse período, Maragojipe era uma cidade com movimentação cultural muito mais diversificada e pulsante do que hoje. Rolavam vários estilos musicais nos bares (claro que os mais comerciais prevaleciam), teatro, saraus de poesia, etc. A cidade tinha certa aura, que, infelizmente, foi se dissipando nos anos seguintes (parece um ciclo – há dez anos, por exemplo, a cidade tinha voltado a fervilhar; nos dias atuais, reencontrou a decadência). No começo, éramos tidos como rebeldes e radicais (perturbadores da ordem social – rsrsrsr) e constantemente nos deparávamos com certo desdém das pessoas. Mas isso foi logo deixado para trás, e rapidamente conseguimos conquistar espaço na cena local", acrescenta.
Em 1997, ajudou a fundar a ONG Fundação Vovó do Mangue, com projetos nas áreas de cultura, educação e meio ambiente.
Nada mais justo, portanto, que o show de lançamento do primeiro álbum do grupo, neste sábado, seja justamente na sede da ONG que emprestou seu nome.
“A ideia de fazer o disco surgiu em 2014, quando, nos reencontramos para fazer novas músicas. Bateu a curiosidade: como seria a Vovó do Mangue nos dias atuais? Por outro lado, também não nos sentimos confortáveis em abandonar as músicas antigas. Em 2015, iniciamos a gravação do disco com as nossas principais composições da década de 1990”, conta.
"Fizemos as gravações em três estúdios diferentes. Iniciamos os trabalhos no estúdio Akuarius, em Cruz das Almas (2015), gravando as guias e redefinindo tons, andamentos e pausas das músicas. Lá também foram gravadas as pistas da bateria de todas as canções. Ainda em 2015, pela necessidade de facilitar a logística, nos mudamos para o JP Produções/Nairo Estúdio, em Salvador. Durante esse período, gravamos as linhas de baixo e as principais linhas de guitarra. Foi um momento importante na consolidação da sonoridade do disco, pois tivemos muito tempo para experimentar timbragens, feitos e arranjos. Em 2016 fomos para o WR Bahia, onde finalizamos as gravações e, já em 2017, foram feitas a mixagem e masterização do disco. Toda a produção foi realizada pela banda", relata Brasileiro.
Rock na base de tudo
Vovó do Mangue, foto Carlos Alberto Gomes |
No som da Vovó, uma bem azeitada engenharia sonora conjuga rock e blues com ritmos regionais do Recôncavo – mas sem soar caricatural, um risco sempre presente nessas misturas.
“No inicio da banda, nossas influências eram grupos de destaque do rock nacional. Não muito tempo depois, começamos a descobrir as principais referências do rock mundial. Isso tudo sempre foi um mundo muito fascinante para nós, que despertava a criatividade, a inquietação e a ansiedade e em construir, em produzir várias coisas. O rock (com suas vertentes e matrizes) foi e é uma forte influência. Mas, por outro lado, em Maragojipe, desde a infância, sempre fomos rodeados por sons, manifestações e expressões artísticas variadas. Aqui, a cultura popular é muito forte e presente - por instinto, ela penetra nossos corações e colabora fundamentalmente para a nossa formação enquanto pessoa, enquanto cidadão. Sempre tivemos forte contato com samba de roda, candomblé, filarmônicas, orquestras populares, capoeira, carnaval tradicional, tradições juninas, terno de reis, além da culinária, artesanato e literatura local. Como também não se apaixonar e se influenciar por tudo isso? Num ambiente como esse, teria sido uma fatalidade não buscar e provocar uma mistura de gêneros musicais”, conta.
"(Agora) Vamos trabalhar na promoção do disco até meados do ano que vem. Faremos alguns shows em Salvador (o primeiro em dezembro ou janeiro próximos) e em outras cidades baianas – Feira de Santana, Cachoeira... Vamos também lançar mais dois clipes", conclui Brasileiro.
Vovó do Mangue / Sábado, 21 horas / Fundação Vovó do Mangue (Praça Conselheiro Antonio Rebouças, 16, Centro - Maragojipe) / Ingressos: www.facebook.com/bandavovodomangue
NUETAS
Game, Iorigun, Jell
Game Over Riverside, Iorigun e Sofie Jell são as atrações do Quanto Vale o Show? de hoje. Dubliner’s Irish Pub, 19 horas, pague quanto quiser.
Retrofoguetes sexta
Os fabulosos Retrofoguetes fazem mais um show de divulgação do álbum Enigmascope Vol. 1 nesta sexta-feira, no Qattro Gastronomia & Cultura (R. Fonte do Boi) 22 horas, R$ 20 (direito a CD).
Kids, Erasy, Orelha
O festival Supernada – mais uma cortesia do incansável Kairo, da produtora NHL – traz os cariocas do Deaf Kids e os feirenses do Erasy para tocar com as locais Aphorism, Orelha Seca e Culinária Guerrilha. Punk noise neste sábado, no Bukowski Porão Bar (Pelourinho), 17 horas, R$ 15.
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